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Tag: O amor vence o ódio

  • Márcio Greik: em resposta aos “cristãos” que defendem a violência.

    Márcio Greik: em resposta aos “cristãos” que defendem a violência.

    Em resposta aos “cristãos” que defendem a violência.

    Sou cristão e não voto no candidato da violência. Não voto neste candidato porque é despreparado intelectualmente e politicamente; porque apoia abertamente a tortura; porque trata a mulher como inferior; porque não respeita os quilombolas, os índios, os homossexuais e outras minorias; porque trata o trabalhador como um ser inferior. Não voto no candidato da violência porque, como cristão, não posso concordar com o expediente da violência, com a Lei de Talião.

    Estou escrevendo porque um “bom cristão” – mas desconfio fortemente que não seja um bom conhecedor da Bíblia – mostrou-se estarrecido pelo fato de muitos cristãos e, inclusive Pastores, votarem no Haddad. Quanta ignorância! Não estamos escolhendo um Papa. O que está em jogo não é a escolha de um líder para os cristãos. Estamos escolhendo/avaliando um candidato a Presidente; também não se trata de escolher um xerife.

    E, na minha opinião – como cristão que defende um Estado laico – um Presidente, além de condições intelectuais e políticas precisa reunir condições humanas, éticas e democráticas. Como cristão preciso votar em um presidente que, após vencer as eleições, seja o representante de todos e não de alguns segmentos e algumas teses. Precisamos de um presidente que não destile ódio a cada palavra que pronuncie; precisamos de um presidente que não legitime, por sua conduta irrefletida, a violência contra a mulher, a violência contra o diferente.

    Eu não quero ver torturas e mortes em meu país, de nenhuma forma, por nenhum tipo de expediente, sob nenhum pretexto. Não quero ver torturas e mortes causadas pelo aprofundamento das diversas formas de exploração do povo trabalhador; não quero ver torturas e mortes causadas pela imposição ditatorial de paradigmas monolíticos; não quero ver torturas e mortes alimentadas pela ignorância e ódio de muito “religiosos”.

    Muitos evangélicos estão sendo sequestrados pelo ódio e intolerância de alguns líderes. Muitos são vítimas aprisionadas pelo discurso do medo alimentado pela mentira e pelo horror ao diferente, ao divergente. Onde erramos? Qual Cristo esses cristãos seguem? Existe um outro Cristo? Um Cristo que inspire palavras como “bandido bom é bandido morto”? Será que o Cristo verdadeiro é pacato demais? Será que Ele ama demais? Onde está a incompatibilidade? O que fere mais o Cristo que ama, votar no PT ou votar na intolerância?

    Precisamos resolver nossas crises existenciais primeiro, realinhar nossa vida. Primeiro aplicamos em nós e, depois, somente depois, podemos tentar contribuir com a resolução da crise humanitária que atinge nossa sociedade.

    Chega de preconceito, chega de ódio e, por favor, um pouco mais de cristianismo.

    Márcio Greik é Professor, Jornalista e Pastor Evangélico.

  • Nota de repúdio do coletivo BRADO-NY aos ataques de conteúdo racista, sexista e de classe contra a ativista Alline Parreira

    Nota de repúdio do coletivo BRADO-NY aos ataques de conteúdo racista, sexista e de classe contra a ativista Alline Parreira

    NOTA DE REPÚDIO

    ​O coletivo BRADO-NY manifesta seu repúdio aos ataques de conteúdo racista, sexista e de classe, postados no Facebook, contra a ativista Alline Parreira, que foi convidada por nosso grupo para compartilhar sua história inspiradora na palestra “A Luta de uma Mulher Negra Contra a Opressão”, no último dia 15, na CUNY University, em Nova York. O evento foi um sucesso e contou com uma platéia formada por professores e alunos do Graduate Center, além de brasileiros, americanos e pessoas de diversas nacionalidades, que se interessaram pelos temas que foram discutidos, entre eles: identidade, racismo, educação e desigualdade social.
    ​No entanto, após termos notado o grande interesse por esta ponte que tentamos criar entre a academia e a comunidade, através de temas tão relevantes, fomos surpreendidos por ataques feitos por usuários do Facebook e membros da página ‘Brasileiros em New York (NY)’. Em um post da própria ativista, antes da palestra e em um segundo post feito por um dos membros da página de brasileiros que compareceu ao evento, além de palavras e imagens ofensivas direcionadas à Alline, houve comentários de cunho discriminatório e preconceituoso contra a população negra, pobre e até contra homossexuais. Após inúmeras denúncias feitas desde o último sábado, tanto a página do grupo de brasileiros quanto os moderadores do próprio Facebook não tomaram providências cabíveis para excluir tais comentários e banir os usuários agressores o quanto antes, de forma a evitar maiores danos e constrangimentos à ativista e a quaisquer outros indivíduos que pudessem se sentir ofendidos.


    ​É triste perceber que a trajetória de uma mulher negra, que superou inúmeras adversidades e que segue lutando por um mínimo de reparação social e igualdade, seja atacada por alguns brasileiros de formal tão vil e covarde. O que choca não são apenas as ofensas, mas também a indiferença daqueles que leram os cometários na rede social e se silenciaram diante da disseminação do ódio ou de outros que apoiaram os ofensores. Ao organizarmos este evento, nossa intenção foi estabelecer uma discussão que desse protagonismo à experiência prática e ao lugar de fala de indivíduos que estão iseridos em um contexto social e político que os impacta diretamente. Nossa luta por um Brasil mais justo, fundamentado no fortalecimento da democracia, involve o combate a qualquer forma de preconceito, discriminação e intolerância. Por isso, manifestamos nosso apoio à Alline Parreira e a todos que foram vítimas de tais comportamentos lamentáveis.


    BRADO-NYC

    *Somos um coletivo de brasileiras, brasileiros e pessoas interessadas no Brasil sediado em Nova York e áreas ajdacentes, com biografias e identidades diversas. Coletivamente, repudiamos o golpe legislativo, judicial, midiático e corporativo contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Golpe este que, derrubando o estado democrático de direito, instaurou uma política econômica neoliberal que vem trazendo inúmeros retrocessos aos direitos adquiridos por cidadãs e cidadãos brasileiros desde a retomada democrática do fim dos anos oitenta.

    Diante desta situação, estamos comprometidos com a luta pelo retorno da democracia e contra as injustiças sociais que ocorrem no Brasil. E para isso, cultivamos processos de reflexão sobre a atual conjuntura sócio-política brasileira e mundial para que assim possamos conceber, deliberar e expressar posições individuais e coletivas de uma forma democrática e crítica.

    Buscamos criar esse espaço de reflexão e troca para informar nossas ações de protesto e luta.

    Nosso coletivo se chama Brazilian Resistance Against Democracy’s Overthrow – New York (BRADO-NY).