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  • MNU emite nota sobre a flexibilização do governo de Pernambuco

    MNU emite nota sobre a flexibilização do governo de Pernambuco

    NOTA PÚBLICA

    Tendo em vista que a população negra, segundo pesquisas oficiais da Organização Mundial de Saúde e IBGE, tem sido a mais atingida pelos efeitos devastadores da pandemia do novo Coronavírus no Brasil.

    O Movimento Negro Unificado – MNU em Pernambuco, vem a público, por meio desta, manifestar profunda preocupação e indignação pela iniciativa do poder executivo estadual, bem como dos governos municipais, de flexibilizar as medidas de isolamento em combate à pandemia do Coronavirus.

    Sabemos que o atual momento é de calamidade pública, onde a ameaça do Coronavírus ronda todas as cidades do país, estando inclusive a curva epidemiológica, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em ascensão, sendo, portanto, inadmissível que o Estado ceda a pressão dos empresários, flexibilizando as normas de distanciamento social, sem para isto garantir a estrutura necessária à segurança da população, no que se refere às normas sanitárias atuais recomendadas pela ciência, e sem realizar a testagem em massa desta mesma população, o que faz com que milhares tenham de se expor no traslado para o trabalho e no exercício de suas atividades profissionais, expondo também seus familiares quando do retorno para casa.

    Diante dessa problemática, conclamamos os poderes públicos estadual e municipais a adotarem medidas para mitigar riscos e diminuir a contaminação, como por exemplo:
    a) apoio de profissionais para organizar as viagens no transporte público, garantindo o distanciamento seguro previsto nas normas ditadas pelo Estado;
    b) punição das empresas gestoras dos sistemas de transporte público, bem como das empresas contratantes de trabalhadores que não cumpram com as determinações fixadas no decreto estadual, bem como as demais recomendações sanitárias;
    c) adição no decreto estadual sanitário, de uma cláusula punitiva (multa) para os patrões infectados pela covid-19 que insistirem em manter a prestação do serviço por empregadas domésticas arriscando-lhes a vida. Tendo como marco o primeiro caso de morte por Covid detectado pelo sistema de saúde no estado, em que uma empregada doméstica morreu após ter sido contaminada pelos patrões e também o caso do menino Miguel, que caiu de um prédio de luxo enquanto sua mãe e sua avó trabalhavam numa casa em que o patrão foi testado positivo para o Coronavirus.

    Temos em conta que a população mais necessitada encontra-se “entre a cruz e a espada”, tendo que se submeter a perigo de contaminação e morte para garantir o alimento de si e de suas famílias e essa situação não pode ser negligenciada pelas instâncias públicas de poder e pela sociedade civil, que devem tomar medidas urgentes para mitigar riscos diante desta situação.

    Recife, 24 de Junho
    de 2020.

    MNU/Seção -PE.
    Coordenadoria de comunicação.

  • GOG, o poeta: “Se tivesse teste psicotécnico, Bolsonaro não seria presidente!”

    GOG, o poeta: “Se tivesse teste psicotécnico, Bolsonaro não seria presidente!”

    Os repórteres Katia Passos e Fernando Sato, dos Jornalistas Livres conversaram com o poeta GOG, Genival Oliveira Gonçalves, no último dia 5, sobre sua carreira, que completa trinta anos em 2020, política, RAP e seu novo lançamento. O artista nascido em Sobradinho, no Distrito Federal, é conhecido como poeta do RAP Nacional e tem um grande histórico de contribuição para a construção do estilo no país, tendo sido o primeiro a abrir o próprio selo.

    Ao relembrar os trinta anos de carreira, GOG destacou o papel político de suas canções ao abordar o racismo e os partidos de esquerda:

    “Nossa carência política é de lideranças. Cadê as pessoas, a sororidade? Você não percebe isso nem na esquerda nem na direita. Quem está fazendo, quem está nas quebradas, hoje é o movimento social, é o MST que está produzindo.”

    GOG também não poupou de suas críticas o governo Bolsonaro:

    “Se tivesse teste psicotécnico, o Bolsonaro não seria presidente. Qualquer gestor público tem que passar por provas de inteligência emocional.”

    O poeta ressaltou que o presidente perdeu a oportunidade de unir o país neste momento. Para ele a crise política dos partidos esquerda pode ser resolvida quando ela se voltar para si mesma, esquecer o Bolsonaro e voltar e para as base.

    GOG destacou a importância das mídias independentes e como essa contra-narrativa dialoga  com o próprio RAP, como forma de comunicação crítica de de produção de narrativas marginalizadas. Ao longo da entrevista, o rapper cantou alguns de seus sucessos, como ‘Assassinos Sociais’ e ‘Brasil com P’. GOG respondeu diversas perguntas dos internautas ao longo da entrevista, além das perguntas dos repórteres.  

    Ao falar de RAP, o poeta mencionou as importância das rappers, e o papel feminino na cena:

    “É muita gente, a começar pela Ellen Oléria. Eu gosto muito tanto da música quanto da postura da Preta Rara. Ela me traz uma cena que passa pela transversalidade da música e da mulher negra mais empoderada”.

    Para ele, o RAP é anti-sistêmico por natureza, por emocionar ao falar das realidades em que é feito. Sobre seu novo trabalho, o 12º disco, com sete faixas, terá participação de Renan Inquérito e Fábio Brazza. O foco é ancestralidade e nesse ponto contará com a participação, também, de Milton Barbosa do MNU (Movimento Negro Unificado).

    Sobre o COVID-19, GOG lembrou:

    “Nessa pandemia do coronavírus, tem que ter atitude. Mas qual o papel do governo e porque o estado mínimo não serve? O Estado tinha que estar preparado para receber, também, o que é emergência e o que não foi esperado”.

    GOG insistiu sobre a importância de permanecer em casa, mesmo entendendo a preocupação de quem tem que sair para trabalhar: “Sem saúde você não traz o alimento”.

    Veja a entrevista: