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  • De um lado da avenida, militantes históricos, do outro, jovens que constroem uma história

    De um lado da avenida, militantes históricos, do outro, jovens que constroem uma história

     

    Vídeo de Laura Capriglione e Katia Passos e Fotos: Caio Chagas e Karla Boughoff

    A segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018, pode não ter sido um dia de milhões de pessoas nas ruas, de metrô, ônibus e trens paralisados em SP, mas sem dúvida, foi um dia histórico para novos e experientes militantes da esquerda contra a Reforma da Previdência e a intervenção militar no Rio de Janeiro. Já para mim, foi um dia de renovação.

    Desde muito cedo, movimentos sociais fizeram diversos trancamentos em grandes avenidas da cidade, panfletagens e caminhadas. Profissionais de educação pública, metalúrgicos e algumas outras categorias aderiram em peso aos protestos, para depois, se somarem às centrais sindicais e movimentos de moradia que estavam concentrados no vão livre do MASP.

    Mas de tudo que vi como jornalista livre nesta segunda, nada me deixou mais feliz, do que dois extremos geracionais que me encheram de esperança na Avenida Paulista.

    Numa ponta do ato, um grupo de militantes históricos da esquerda erguiam uma faixa que trazia os dizeres “Abaixo a Ditadura” e do outro, uma reunião de militantes muito jovens pintavam o asfalto com a frase “Intervenção militar no Rio é Ditadura”. Da maneira como descrevo agora, parecem ações muito simples, mas não são. Presencialmente, senti uma força amorosa no ar.

    Curiosa com a faixa que destoava daquelas confeccionadas em gráfica, fui logo conversar com um dos militantes “da velha guarda”.

    Eles me contaram que haviam passado o final de semana, criando a faixa de maneira “artesanal” e aproveitaram para debater sobre a formação de um comitê em defesa da candidatura de Lula que será lançado, em março, de maneira simbólica, na frente da casa do ex-presidente.

    O outro grupo, de jovens militantes batucava e cantava funks, sambas, tudo transformado em versões políticas contra a Reforma da Previdência, a prisão de Rafael Braga e o principal, simultaneamente, bradavam as rimas de luta e faziam, também de maneira bastante artesanal, uma intervenção usando rolo de pintura de parede e tinta branca no asfalto em frente ao vão livre do MASP.

    Até agora, não disse nada além do factual, mas é importante contextualizar para trazer quem não foi à manifestação em SP ou em outras cidades, para essas realidades.

    Ontem foi um dia importante para eu perceber que há tempos, eu, jornalista não milito verdadeiramente em protestos. Há tempos eu, jornalista não grito sequer um “Fora Temer”. E, embora eu viesse caminhando por esse Brasil, ouvindo de amigos próximos que estava fazendo a tal luta, eu, mesma, na realidade, acho que preciso fazer mais e muito mais.

    Aliás, quero dizer que depois do impeachment eu tive pensamentos sobre o que é ficar em paz ou alcançar alguma espécie de calma. Fiquei imaginando que poderia me dar ao luxo de ficar inerte, de parar de ter o gás dos militantes históricos que carregam hoje a faixa contra a Ditadura, que poderia deixar de fazer intervenções com a disposição da juventude.

    Depois da queda de Dilma, passei tempos e tempos pensando que tudo o que eu poderia fazer era ficar ali, no cafofo do meu apartamento, ouvindo Música Popular Brasileira e curtindo minha canabis. Saindo de lá, durante a semana para a redação e na portaria do prédio, eu me imaginava cega e surda para o mundo. Ia, voltava e tudo estaria bem. Na mediocridade do viver, eu deixando o tempo passar para não sofrer mais, revoltada com os mandos e desmandos de um país, que tem um Vampiro Neoliberal na presidência, revoltada por viver em uma terra que amo, mas que não me representa mais.

    Ah! Mas ontem eu acordei.

    Despertei de um pesadelo, daquele de cair da cama, onde eu estava mergulhada, desde, pelo menos, 2015, eu despertei!

    Aliás, desde sábado, depois de um post nas redes sociais, realizado por uma amiga preocupada sobre o que fazer para ajudar a população dos morros no RJ, na intervenção do Temer, acho que eu comecei a acordar.

    Mas, ontem, na Paulista aqueles dois grupos me balançaram. De dentro de mim, reviveu a militante negra de esquerda que estava querendo viver deixando a tal luta para depois. Saiu de mim a reação que a gente deve ter, frente a tempos de Temer, MBL, bancada da bala, bancada da bíblia, intervenção militar, lama, lama e lama. Os grupos de jovens e velhos que estavam ontem nas ruas podem agora sim, voltar a contar comigo. E eu queria muito contar com você que está em dúvida se agora é luta ou não. Revolta agora, só se for pra defender nossas irmãs e irmãos que estão sendo trucidados com ações temerosas.

    Como diz Oswald de Andrade, no Manifesto Antropófago “Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente”

    Eu vou fazer a minha Antropofagia por aí.

    Veja vídeo dos grupos que me empolgaram para novas e velhas formas de luta, todas lindas:

    https://youtu.be/gUVoFjBWcHA

     

     

  • Mães militantes criam esquema de rodízio para cuidar dos filhos

    Mães militantes criam esquema de rodízio para cuidar dos filhos

    Mães que não podiam continuar com suas atividades militantes por causa dos filhos pequenos tiveram uma ideia: por que uma não ser a babá do filho da outra para que, em um esquema de rodízio, todas pudessem comparecer aos atos dos coletivos e movimentos em que militam? Assim nasceu a Cirada pela Democracia, grupo de mães e pais que se uniram com o propósito de serem babás nesses momentos.

    De início, a ideia era tomar conta dos filhos para que os pais pudessem ir para as ruas. Agora, as crianças também participam dos atos juntos à família. Raquel Otoni, mãe, professora e militante dos Diretos Humanos, explica que a Ciranda tem o objetivo de fornecer uma formação lúdica para as crianças, contribuindo para que sejam adultos cientes e conscientes de suas obrigações e direitos. Ela afirma que a grande preocupação é “ensinar aos pequenos que os conflitos podem ser resolvidos por meio do diálogo, sem a necessidade de violência”.

    Além de pais, mães e filhos saírem ganhando com a ajuda mútua, Raquel também conta que, ao dialogar com as crianças, os próprios adultos “são levados a refletir junto delas, em um processo em que filhos ensinam pais e vice-versa”.