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  • Vídeo – Escracho na Casa do Vice-Presidente Michel Temer

    Vídeo – Escracho na Casa do Vice-Presidente Michel Temer

    Os jovens abrem o tempo da confrontação direta com os golpistas. Mais de 50 ativistas do Levante Popular da Juventude estão agora (8h30) desta quinta-feira feira diante da casa de Michel Temer, num bairro rico de São Paulo.
    SIGNIFICATIVO: A LUTA ABERTA E DIRETA CONTRAS OS GOLPISTAS COMEÇA NO DIA DE TIRADENTES. SOMOS LUTADORES HERDEIROS DOS QUE MORRERAM POR UM BRASIL LIVRE.

  • Escracho na Casa do Vice-Presidente Michel Temer

    Escracho na Casa do Vice-Presidente Michel Temer

    Cerca de 50 jovens, militantes do Levante Popular da Juventude, promovem escracho agora diante da casa do vice-presidente golpista, Michel Temer, no bairro rico do Alto de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. “Bom dia Michel Temer, como Vai?”, cantavam os manifestantes, denunciando o Golpe e defendendo a Democracia. Foram feitas pichações no chão da rua de Temer! Golpe, não!

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  • EDITORIAL: TemerCunha, um só coração

    EDITORIAL: TemerCunha, um só coração

    Pouco tempo antes da votação da admissibilidade do pedido de impeachment pela Câmara dos Deputados, cresce na sociedade a percepção negativa de que Temer e Cunha cheguem a ser os responsáveis pela gestão pública e pelos rumos do país no próximo período. Apesar da propalada discrição do Vice-Presidente e aspirante a presidente, Michel Temer, não é difícil confirmar que ele e Cunha são parceiros de longa data, nunca tiveram conflitos e, muito pelo contrário, em muitas situações se apoiaram mutuamente em busca de seus objetivos.

    Quando confrontado sobre o polêmico aliado, Temer relativizou as críticas e declarou à “Revista Piauí” (edição 45, junho de 2010): “O Eduardo Cunha tem lá o jeito dele (…) Mas ele é competente, trabalhador, dedicado e tem uma inteligência privilegiada. Só recentemente descobri que ele não é advogado, e conhece o direito tanto quanto eu. Toda medida provisória, todo projeto importante o Eduardo Cunha conhece em detalhes”.

    O que deixa claro que além da parceria política e as alianças por resultados, a admiração entre eles vem mesmo de longa data. Cunha foi um dos principais artífices da eleição de Temer a Presidente da Câmara. No ano seguinte, quando Temer foi indicado para ser candidato a Vice-Presidente, a proximidade com o faminto-por-cargos-Cunha foi tema de resistências por parte do governo. Aliás, um dos motivos conhecidos do ódio de Eduardo Cunha pela Presidenta foi o desmonte de um esquema que ele mantinha em Furnas, órgão que esperava ter o controle por indicação de seu padrinho, Michel Temer.

    A chamada “chapa” Cunha-Temer ganhou corpo e materialidade com a proximidade da votação do dia 17 e com o anúncio recorrente pela mídia tradicional de que Temer já começa a discutir seu “futuro governo”. A pressa para anunciar a vitória dos favoráveis ao impeachment e o papel central de Cunha em cada passo do processo foi, portanto, catalisadora da reação negativa que a dupla enfrenta nesse momento. Diversos conteúdos na imprensa e nas redes sociais colaboraram para ressaltar isso.

    A matéria do “New York Times”, intensamente repercutida e replicada em redes sociais, que inclui a ambos numa lista de políticos corruptos que querem cassar uma Presidenta que não é acusada de corrupção foi talvez o principal deles, assim como um vídeo do ator Gregório Duvivier em que lança luz sobre a figura de Temer e diversos outros memes e textos na rede.

    A rejeição a Cunha, aliás, é um fato a parte nesse enredo. Ninguém no Brasil é tão rejeitado como ele, sua figura causa repulsa em grandes camadas da sociedade e poucos políticos hoje gostariam de associar sua imagem a dele. Temer precisa dele para ser presidente e por mais que tente “voar pra longe” está obrigado a tabelas com o parceiro. Os efeitos disso parecem ser inevitáveis: muitas pesquisas, públicas e feitas por parlamentares, apontam para a impopularidade cada vez mais alta de Michel Temer – e a soma das duas rejeições foi a força motriz que balançou o tabuleiro do jogo de xadrez da votação do impeachment.

    Ora, muitos deputados estão votando neste processo movidos pela pressão e pelo medo de serem identificados como apoiadores de um governo que é hoje muito impopular, mas se há poucas horas da votação eles percebem que o governo que pode assumir no lugar pode ser tão impopular ou mais e que tem muita gente nas ruas do país todo prometendo resistir ao golpe, a promessa do voto pelo “sim” começa a trazer menos bônus do que eles foram levados a acreditar.

    Isso abre espaço para dois caminhos: o mais simples, que é a negociação com o governo federal e com governadores de estados que não apoiam o golpe e, além disso, um movimento novo que foi relatado hoje na coluna de Monica Bergamo como “nem Dilma, nem Temer”, que levaria deputados de alguns partidos a se abster de votar.

    Portanto, a lembrança avassaladora de que Cunha e Temer podem estar prestes a assumir o país é uma “verdade inconveniente” para a maioria dos brasileiros. E a manutenção dos dois, aparecendo sempre juntos na narrativa dos que combatem o golpe, funciona como forte antídoto natural para o vírus do impeachment para uma parte mais sensível do parlamento.image

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    Texto: Fernando Stern

  • As propostas econômicas do golpismo

    As propostas econômicas do golpismo

    Não é o propósito deste artigo tratar das dificuldades econômicas que o Brasil está enfrentando no momento presente. Todos sabemos a respeito do aprofundamento do quadro recessivo, do aumento do desemprego e da redução sistemática da capacidade do Estado em oferecer os serviços básicos de cidadania a sua população.

    É de amplo conhecimento também que o quadro atual guarda relação íntima com a opção realizada pela Presidenta Dilma logo após a vitória eleitoral de outubro de 2014. Naquele instante, ela resolveu abandonar o programa de governo que apresentara à população e entregou a condução da política econômica nas mãos dos mais legítimos representantes do financismo.

    Os resultados vieram na sequência. Convencida de que o essencial seria combinar a mistura explosiva de juros elevados com cortes nas despesas públicas, a candidata do coração valente converteu-se na fiadora entusiasta da política do austericídio. O País iniciou uma perigosa aventura ladeira abaixo, onde a meta principal do governo era centrada no seguinte binômio: cortar gastos sociais e promover arrocho monetário.

    Ocorre que nem tudo que atinge o nível do péssimo tem como única opção sua melhoria. Assim como ainda não chegamos ao fundo do poço, esse quadro de perversidade social e econômica tem todas as condições de se tornar ainda mais dramático. E aqui eu me refiro explicitamente à possibilidade de êxito da estratégia golpista em curso e do eventual afastamento de Dilma da Presidência da República. Há sérios riscos de um enorme retrocesso, e não apenas em termos da colocação em xeque dos fundamentos do Estado democrático de direito. Apesar da gravidade da crise, é importante percebermos que a coisa pode piorar, e muito.

    Nesse caso, estaria aberta a alternativa de montagem de uma equipe de governo sob a batuta do vice Michel Temer. Seu partido, o PMDB, apresentou há alguns meses um programa de saída para a crise, que seu recebeu o sugestivo título de“Uma ponte para o futuro”. Ali estão apresentadas as propostas que expressariam a divergência da direção da agremiação com relação à condução da política econômica de Dilma. Porém, a leitura atenta do documento revela a essência conservadora de suas sugestões.

    Na verdade, ao contrário do que deixa a entender, o que o texto oferece ao leitor é uma verdadeira “ponte para o passado”. Ali mantém-se o diagnóstico de que os maiores problemas enfrentados hoje pelo Brasil são a crise fiscal, o suposto descontrole das contas públicas e a retomada da inflação. Assim, a solução passaria pela retomada do tripé da política macroeconômica, para conferir maior credibilidade ao governo. E nesse ponto o programa peemedebista se articula com as ideias dos economistas vinculados ao tucanato, cuja expressão maior agora é representada por Armínio Fraga. Além disso, vale lembrar que um dos nomes cogitados para comandar a área econômica do governo de “transição” é Henrique Meirelles, ex tucano, atual correligionário de Temer e sempre quadro bem preparado da banca internacional.

    Isso significa que a taxa oficial de juros, a SELIC, deveria ser mantida nos níveis atuais ou ainda mais elevados, pois seria o único mecanismo para evitar a alta dos preços. Isso significaria aumentar ainda mais a extração de superávit primário, de forma a assegurar tranquilidade ao sistema financeiro. Mas para obter esse resultado, o novo governo deveria reduzir ainda mais as despesas orçamentárias com a área social e com os investimentos. Afinal, a mágica embutida na armadilha do superávit primário é justamente deixar de fora do cálculo as despesas de natureza financeira, ou seja, aqueles pagamentos destinados a cobrir as obrigações com juros e serviços da dívida pública.

    Há uma tentativa em marcha de promover a desconstrução dos avanços obtidos na Constituição, cujos dispositivos asseguram à população o acesso a valores universais como educação, saúde e previdência social, por exemplo. O argumento falacioso cada vez mais difundido é que os direitos ali previstos foram incluídos em 1988 e não cabem mais no orçamento nos dias de hoje.

    Os golpistas pretendem dar continuidade às mudanças iniciadas quando Joaquim Levy ocupava o Ministério da Fazenda e que foram mantidas mesmo depois da sua substituição por Nelson Barbosa. Trata-se de retirar direitos na área de proteção do trabalhador, a exemplo do seguro desemprego, do abono salarial, do auxílio doença e outros benefícios previsto na CLT. Trata-se de retirar direitos no sistema de previdência social, por meio da divulgação enganosa de falsos déficits estruturais do modelo gerenciado pelo INSS e da solução milagrosa que viria sob a forma de uma “reforma previdenciária”.

    O programa liberalóide do golpismo pretende restaurar a ideia do Estado mínimo, com a intenção de ampliar o leque de alternativas para o processo de acumulação de capital. Com isso, aprofunda as sugestões de privatização de empresas públicas e a generalização de concessões e permissões de serviços públicos ao capital privado. Pegando uma carona oportunista na crise a que a Petrobrás está atualmente submetida, cria-se um movimento para jogar a opinião contra a existência de empresas estatais. Em um cenário de depressão das atividades econômicas, uma venda eventual de tal patrimônio seria realizada a preços bastante reduzidos. Uma triste repetição daquilo que foi a entrega da Vale, das empresas de telefonia e de eletricidade sob a batuta de FHC.

    Outra frente de ação do retrocesso seria a tão falada independência do Banco Central. Os representantes desse pensamento neoliberal não se cansam de insistir que os problemas da inflação e do gasto público excessivo são explicados pela chamada “interferência política” na condução da política monetária. Assim, clamam por uma falaciosa neutralidade técnica na direção do Banco Central, que seria obtida por meio dessa autonomia radical a ser conferida por lei a seus diretores, que teriam um mandato fixo e que seriam inamovíveis partir da posse.

    O problema é que não existe um saber isento ou neutro na formulação e na implementação da política econômica. A outorga de um imenso poder a uma tecnocracia para decidir como bem entender a respeito de aspectos essenciais da política monetária é um movimento antidemocrático e antirepublicano. Seria a perpetuação do encastelamento do financismo no comando de uma agência do governo federal que deveria, ao contrário do que tem feito há décadas, promover a fiscalização e a regulação do sistema financeiro.

    Na linha da distribuição de renda e da remuneração das camadas da base da pirâmide social, o discurso dos apoiadores do golpe propõe abertamente a revogação da atual lei de valorização real do salário, bem como a introdução de regras para promover a desvinculação do salário mínimo dos pisos de benefícios da previdência social. Com isso, estaríamos frente à real possibilidade de redução ainda mais expressiva das conquistas obtidas ao longo da última década.

    Enfim, como se pode perceber, é imensa a lista de malefícios que uma eventual vitória golpista poderia promover em nosso País. Seria a trilha para retroagir a um Brasil do século passado. Corremos o risco de voltarmos a ser um país muito mais marcado pela desigualdade socioeconômica do que essa ainda existente e pela eliminação de todo e qualquer traço de um Estado capaz de operar como estímulo ao desenvolvimento inclusivo e sustentável.


    * Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.