Os sem-casa de 18 ocupações de Belo Horizonte e Grande-BH participaram hoje de uma grande manifestação no centro da capital mineira para reivindicar uma solução para o direito de moradia. Eles saíram em passeata da Praça da Estação até a Praça 7, de onde seguiram até a sede da prefeitura. Muitos deles temem serem despejados durante a pandemia e cobram do governador Romeu Zema (Novo), e dos prefeitos Alexandre Kalil (PSD), de BH, e Alex de Freitas (PSDB), de Contagem.
Manifestantes percorreram o centro da cidade até a prefeitura – Fotos de Cadu Passos/JL
Participaram da manifestação sem-casa das ocupações Camilo Torres, Zilá, Professor Fábio Alves, Vicentão, Carolina, William Rosa e Marião, estas duas em Contagem, Cidade de Deus, em Sete Lagoas, Eliana Silva, Vila Fazendinha, Nelson Mandela, Forte, Paulo Freire, Manoel Aleixo, Zezéu Ribeiro, Norma Lúcia, Esperança e Helena Greco da Isidora.
O problema da falta de moradia fica cada vez mais acentuado na Grande Belo Horizonte, o que explica a preocupação dos sem-casa, principalmente diante do crescente desemprego. Enquanto isso, cresce na capital de forma assustadora o número de moradores de rua. Conforme levantamento da prefeitura, na capital eles já somam quase 6 mil pessoas.
Manifestantes se reuniram nessa segunda-feira para a 26ª edição do Grito dos Excluídos, ato que ocorre tradicionalmente no 7 de setembro, e realizaram protestos em várias cidades do Brasil. Em 2020 o tema da manifestação foi “A vida em primeiro lugar” com o lema “Basta de miséria, preconceito e repressão”.
No Recife, integrantes de movimentos sociais se concentraram no parque 13 de Maio por volta das 9h e seguiram pelas ruas do Centro da capital Pernambucana com bandeiras, faixas, cartazes e gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo federal. O ato lembrou as vítimas da Covid-19 e também pediu justiça para o menino Miguel, que caiu de um prédio quando estava sob os cuidados da patroa da mãe da criança.
Estiveram presentes no ato integrantes de diversos sindicatos, da Central Única dos Trabalhadores, e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de representantes de partidos políticos e de organizações não governamentais. O presidente da CUT, Paulo Rocha, destacou que, no Brasil, mais de 120 mil pessoas morreram devido à Covid-19.
Devido à pandemia do novo coronavírus, o desfile de 7 de Setembro, que acontece toda ano na Zona Sul do Recife, não foi realizado em 2020.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Pedro Caldas/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Pedro Caldas/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Pedro Caldas/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Miguel Solano/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Miguel Solano/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Miguel Solano/Jornalistas Livres.
26º Grito dos Excluídos em defesa da vida reúne manifestantes no centro do Recife nesta segunda-feira (7). Foto: Miguel Solano/Jornalistas Livres.
Na manhã deste sábado, 4 de julho, ocorreu no bairro de Santo Amaro, zona Sul da cidade de São Paulo, um ato antifascista e pela Democracia.
O movimento reuniu centenas de pessoas e foi organizado pela Frente de Luta antifascista e antirracista da região Sul da cidade de São Paulo.
O protesto teve início às 10h no Largo 13 de Maio, em Santo Amaro. Os manifestantes caminharam pelas avenidas Santo Amaro e Adolfo Pinheiro até chegar, às 12h40, na estação Borba Gato do Metrô, onde há uma estátua em homenagem ao bandeirante. O ato foi encerrado às 13h30.
Fotos: Frente Antifascista e Antirracista da Zona Sul da Cidade de São Paulo
por Isabela Moura e Luiza Abi Saab, Jornalistas Livres em Portugal
Os atos antirracistas #JusticeForFloyd tomaram conta de Portugal neste último sábado, 06 de junho de 2020. As principais cidades de Portugal foram ocupadas por milhares de manifestantes em atos antirracistas que pediam justiça para George Floyd. Os atos aconteceram principalmente nas cidades de Lisboa, Coimbra, Porto e Braga.
Em LISBOA, a manifestação levou milhares de pessoas em marcha até à Praça do Comércio – importante espaço de reivindicação política da capital portuguesa. O encontro em Lisboa foi articulado entre diversas organizações, estavam previstos três atos em dias diferentes, mas as iniciativas foram unificadas em apenas um ato.
O contexto português e a questão da colonização foram abordagens presentes nos cartazes e nas vozes que se fizeram ouvir. José Falcão, da SOS Racismo, afirma que é necessário mudar o currículo escolar para que se possa saber de fato o que foi o passado português. “A história deste país é só a história do colonialismo, não é das vítimas do colonialismo, não é das pessoas que lá estavam a quem não pedimos autorização par ir. Onde ficamos durante 500 anos a escravizar as pessoas e essa história nunca é contada”, justifica o integrante de umas das associações que organizou a manifestação de sábado.
Mayara Reis, escritora de 25 anos e uma das vozes intervenientes menciona também a importância da educação nesse combate: “É preciso falar sobre isso nos manuais de história, falar sobre o Tratado de Tordesilhas, porque Portugal não é inocente”. “Não foi nossa escolha, foi escolhido por nós. O futuro que eu estou a ter agora vem disso”, refere a escritora sobre as decisões históricas que marcaram o passado colonial de países como a terra de onde veio – a Guiné-Bissau.
No PORTO o ato aconteceu na Avenida dos Aliados. Em referência ao norte americano George Floyd, assassinado pela polícia dos Estados Unidos, vários manifestantes trouxeram consigo os dizeres “I Can’t Breathe”, em português, “Não Consigo Respirar”. As reivindicações ecoavam pela avenida com o grito “Nem mais uma morte”, denunciando também os casos de racismo em Portugal.
Em COIMBRA a manifestação aconteceu na Praça da República, próxima à Universidade de Coimbra e foi organizada por estudantes da cidade. Centenas de pessoas se reuniram no local, seguindo as regras de segurança da Direção Geral de Saúde de Portugal (DGS).
O ato contou com depoimentos, gritos por reivindicações da luta antirracista e uma performance que representava Jesus negro interpretando trecho do texto “A Renúncia Impossível”, de Agostinho Neto.
Em BRAGA, a manifestação “Vidas Negras Importam” uniu cerca de 300 pessoas que prestaram sua solidariedade aos atos por George Floyd que acontecem há 10 dias nos Estados Unidos. Os presentes também denunciaram a violência policial contra negros, lembrando os casos de vítimas como Cláudia Simões e Alcindo Monteiro.
O antifascismo passa por um processo de hellokittyzação. De luta vinculada a campos políticos bem delineados com projetos políticos bem definidos, ela se transformou numa luta do bem contra o mal no último ciclo eleitoral, e hoje mobiliza de maconheiros a apreciadores de café, passando por ex-economista do Banco Mundial e influenciadores digitais.
Pelo menos os apreciadores de café não trocaram as cores. Podemos dizer que eles bebem tanto do anarquismo quanto do comunismo?
Por “hellokittyzação” eu quero dizer essa massificação despolitizada em que a estética se basta enquanto significado. A simbologia perde o vínculo com o objeto que pretende representar, e nesse caso temos uma legião de antifascistas sem um antifascismo, sem um movimento político de oposição ao movimento político que é o fascismo. Você já reparou que a Hello Kitty é uma gata muito estranha, que não tem boca? Ou já leu que na verdade a Hello Kitty não é oficialmente uma gata, mas uma menina? Alguém se importa? As pessoas usam na roupa, compram chinelo, tem carimbo pro caderno. As pessoas se identificam com ela. Tanto faz o que ela é. Ela é muito bonitinha e vende bem.
É uma descaracterização disfarçada de popularização. Apesar da famosa foto do Che feita por Alberto Korda ter virado estampa de camiseta na C&A, as pessoas pelo menos reconhecem o Che pela cara e compreendem vagamente que ele era um revolucionário. Já a Frida Kahlo deixa de ser a artista comunista militante e vira aquela moça de flor no cabelo, símbolo de não se sabe bem o que.
Mesmo com orelhinha de Mickey, o Che ainda é o Che
Não sei quem cometeu esse crime, mas depois da revolução certamente receberia uma multinha por propaganda anticomunista
Compartilho com desgosto a FridaMoji, cometida por um designer gráfico estadunidense, o Sam Cantor
Tem também a Fridinha Kawaii
Antifascistas sem antifascismo
Comentei sobre esses dois casos pra abrir uma discussão sobre essa nossa memetização dos símbolos de luta: nada contra “viralizar” as coisas, muito pelo contrário. Política tem é que ser popular. A gente faz militância pra popularizar as ideias que a gente defende, porque acreditamos que são as melhores e que se colocadas em prática vai todo mundo viver melhor. Quer dizer, pra militância de esquerda é todo mundo. Militância de direita defende outra coisa.
A camiseta do Che vendendo em shopping center é resultado de uma campanha de despolitização em torno da figura dele e também ajuda a avançar esse processo, neutralizando a sua imagem enquanto um símbolo de luta. Da mesma forma, a apropriação das bandeirinhas antifascistas por pessoas que não compreendem o que é fascismo (e por consequência não têm como se opor a ele) sinaliza uma onda de antifascistas sem antifascismo, com uma multidão que não é necessariamente antifascista, apenas “se identifica como”.
Veja bem, não estou criticando pessoas que expressam seu apoio ao antifascismo mas não se engajam na luta de formas mais orgânicas. Nem todo mundo vai ser militante, e uma massa de pessoas expressando o apoio a uma causa é um bom sinal de que a disputa ideológica está indo bem para tal causa. O que estou dizendo é que tem muita gente que está expressando apoio a qualquer coisa que por coincidência tem o mesmo nome do movimento histórico de combate ao fascismo que teve ampla participação de comunistas e anarquistas.
“Ah, mas as pessoas tão só se apropriando do símbolo de luta e transformando no delas”
É esse o problema. A mudança das cores é uma customização não só estética, mas simbólica. Ela sinaliza que é possível customizar o antifascismo com a sua ideologia preferida, e que ela pode ser nacionalista, de direita, conservadora, isentona, desvinculada da classe trabalhadora ou o que você preferir.
Outras customizações que tão rolando
Estou acompanhando 3 narrativas principais circulando sobre o fascismo (percebam que eu disse 3 narrativas e não 3 posições):
1) Fascistas e simpatizantes: Temos grupos como o famoso 300 do Brasil de Sara Winter, além de outros grupelhos neonazistas (ligados ou não ao atual presidente) e alguns grupos da base de apoio do presidente Bolsonaro que têm cara de nazifascistas, cheiro de nazifascistas, mas não se identificam publicamente como neonazistas ou fascistas. A ideologia é fascista, com elementos de ultra nacionalismo, militarismo, anticomunismo e tradicionalismo, e a prática política é fascista, com alguns grupos – como os próprios 300 – se constituindo na forma de grupos paramilitares/milícias armadas. Mas eles não se dizem fascistas porque sua ideologia ainda não tem o apoio que eles precisam. Estão em um momento inicial de trabalho de base e disputa ideológica que seria comprometido caso se mostrassem abertamente fascistas.
Peguei aqui esse comentário aleatório para ilustrar por falta de fonte melhor. Mas o discurso é o mesmo. A tática aqui é se defender não do conteúdo da acusação, mas da acusação em si, se vitimizando.
Eles dizem que não são fascistas, que fascismo é crime e que todo extremismo deveria ser (como por exemplo o feminismo). Dizem que são antifascistas e anticomunistas. Daí vêm propostas como as defendidas pelos Bolsonaro como essa ideia legislativa aqui: “Tornar apologia ao comunismo, nazismo e fascismo um crime.” Nessa narrativa também cabe o discurso “anti antifa” do Trump, que diz que tratará “o grupo” como terrorista por meio de um tweet compartilhado pelo Bolsonaro.
2) É o felipenetismo: entra aqui um elemento despolitizador que defende que antifascismo não é uma posição política, e sim uma posição moral que todos devemos defender. A confusão aqui é que parte dessa afirmação é verdade: antifascismo é a única posição moralmente defensável (partindo de uma moral progressista e libertadora). Mas ela é a única posição política moralmente defensável. Antifascismo é política, e afirmar algo diferente é por coerência dizer que o próprio fascismo não é política. Vou jogar aqui a definição que aparece no próprio Google pra ninguém dizer que eu tô buscando significados obscuros ou inacessíveis:
Quando alguém diz que fascismo não é política só pode ser ignorância ou má fé. No caso da ignorância à la Felipe Neto, é dito que a oposição ao fascismo não é política porque as pessoas associam política a partidos, e essa seria uma forma de aumentar o apoio ao antifascismo entre aquelas pessoas que rejeitam a política representativa e os partidos políticos no geral. Não funciona, e vou argumentar por que: quando dizemos que o fascismo não é política, ele é apenas “o mal” e que precisa ser combatido, qual a proposta para combater efetivamente? Usar apenas a força da vontade expressa a partir de memes de bandeirinhas coloridas?
“A discussão, hoje, não é mais política. É sobre liberdade e opressão. Quando o presidente manda um jornalista ‘calar a boca’, não é mais um lado político. A gente não pode validar o fascismo” – Felipe Neto tentou explicar no Roda Viva que antifascismo não é uma posição política. Em defesa dele, o influencer tem também falado de política abertamente e pode ser uma boa influência para jovens no próximo ciclo eleitoral. Mas ainda precisa dar aquela afinadinha na estratégia, Felipe!
3) O terceiro grupo aqui é a esquerda de fato, que leva adiante a militância antifascista desde a época em que o fascismo e o nazismo eram regimes políticos. E isso é importante: dentre essa oposição política significou trabalho militante organizado para destruir o fascismo e o nazismo. E quem estava nessas frentes de luta em grande parte eram anarquistas e comunistas – daí vêm esse símbolo antifascista que conhecemos, e por isso as bandeiras dentro dele são a preta, simbolizando o anarquismo, e a vermelha, simbolizando o comunismo. Manter esse legado vivo tem uma importância que não é só histórica, mas também política: não se combate uma ideologia sem outra pra por no lugar. Precisamos de um projeto de sociedade para contrapor ao fascismo. A esquerda defende o socialismo.
É verdade que não é preciso ser anarquista nem comunista para ser antifascista. Mas não tem como apoiar um movimento e se opor a quem o constrói e à ideologia de quem o constrói. Quem propôs e se esforçou para construir uma frente ampla de combate ao fascismo foram esses anarquistas e comunistas, que compreendiam que é necessário construir alguns consensos sobre o que é e o que não é o fascismo (e por consequência o antifascismo), construir uma plataforma de oposição e partir para a ação. E que até hoje anarquistas e comunistas continuam engajados na luta de expor e combater o nazifascismo onde quer que ele apareça, construindo alianças com outros setores progressistas e disputando politicamente a sociedade.
Não temos como combater o fascismo sem fazer oposição política com nossos movimentos disputando as narrativas com outras ideologias, rejeitando não só o fascismo como algo abstrato, mas sua economia (que é capitalista e imperialista), sua noção de direito (que não considera os direitos humanos de outros povos, imigrantes, mulheres, homossexuais, pessoas com deficiência, judeus) e tudo mais que constitui o fascismo. E não temos como combater o fascismo quando ocupa espaço no Estado – com deputados e até o presidente sinalizando simpatia a ele – sem nossos partidos e candidatos de oposição. Mesmo que o sistema político esteja irreparavelmente corrompido e que sejamos críticos a ele.
Não vou entrar aqui nos motivos para isso porque seria um outro texto gigante, mas vou me limitar a dizer que a defesa do capitalismo e mesmo a indiferença a ele são incompatíveis ao combate do fascismo por que não apresentam outra proposta, e por que o capitalismo, ainda que não seja ele mesmo fascista, também não se opõe a ele necessariamente. E que o fascismo e o nazismo não teriam surgido sem interesses capitalistas, e que valores como o expansionismo, o militarismo e o imperialismo, partes fundamentais do nazifascismo, também só existem num contexto de capitalismo global. E vou deixar o lembrete de que tanto o nazifascismo quanto outros regimes autoritários (como a ditadura militar no Brasil!) foram implantados também com a justificativa de combater o comunismo.
Aqui é que entra a bagunça colorida que estamos vendo nesses últimos dias: quem olha sem atenção vê bandeira de tanta cor que pode achar que é alguma comemoração junina virtual que as pessoas estão fazendo por causa da quarentena. De anarquismo e comunismo mesmo não se vê quase nada. E tem organizações de esquerda entrando nesse arco-íris do bem contra o mal sem prestar atenção nesse processo de despolitização do antifascismo. Aqui vão alguns lastimáveis:
O amarelo é a cor dos anarcocapitalistas (bandeira da direita, em todos os sentidos, que de anarquistas não têm nada e são de extrema direita, compartilhando muitos valores justamente com os grupos que queremos combater.
Dá pra tentar entender qual a ideia aqui, mas qual o sentido de um antifascismo nacionalista que troca a bandeira vermelha pela verde e amarela? Só mesmo se for a galera do primeiro grupo.
Essas cores aí são do anarcoprimitivismo – aquela galera que defende desindustrialização e o fim da energia elétrica. Tem também um grupo de “terceira posição” (grupo 1) que usa essas cores e a combinação também agradou aos integralistas brasileiros. Infelizmente a Frente Brasil Popular, que também usa a cor verde na sua identidade visual, mirou no Brasil e acertou o tom da Nova Resistência. Verde no Brasil também é a cor do Partido Socialista Cristão.
Por mais que o movimento LGBT tenha se engajado historicamente no movimento antifascista, até por que homossexuais foram perseguidos pelo nazismo e pelo fascismo, eu questiono qual a ética por trás de priorizar a autoafirmação a ponto de preferir as cores da sua autoidentificação às do movimento a que quer se vincular. Parece que importa mesmo é a sua identidade, e não os valores do movimento que você diz fazer parte.
O junho antifascista exagerou nas cores das bandeirinhas
Na minha opinião, o grupo 2 acaba sem querer ajudando o grupo 1. O grupo 1 aposta na despolitização, tanto porque ela abre caminho para vincular essa luta contra o mal ao anticomunismo, ao dizer que ambos são extremismos e portanto errados, quanto porque ela enfraquece iniciativas efetivas de combate ao fascismo – que podem ir desde uma frente eleitoral que apresente boas alternativas até grupos de autodefesa para desmobilizar na marra atos fascistas e grupos armados de extrema-direita. E quando organizações da própria esquerda entram na onda do meme e tentam “viralizar” sem prestar atenção na mensagem, acabam contribuindo com o ruído que é o grupo 2 e fortalecendo a narrativa de que apagar o comunismo e o anarquismo da luta antifascista não traz prejuízo nenhum. Que é exatamente o que o grupo 1 quer agora. Depois eles mudam a narrativa, mas até lá as bandeiras vermelhas e pretas vão sumindo aos poucos. E a gente sabe quem sai perdendo disso aí.
Pra não dizer que só critiquei ou que eu sou contra adaptações e atualizações dos símbolos, vou terminar com alguns exemplos de uma galera que acertou o tom:
Essas sim são apropriações e adaptações que não descaracterizam a simbologia e nem se desvinculam da simbologia antifascista. Alguns tomaram mais liberdades que outros, mas todas são exemplo de que adaptações são bem vindas quando elas não descaracterizam a mensagem. São pessoas que tomam tanto o símbolo quanto a própria luta como delas, em vez de trocar o símbolo e alterar a luta pra caber na identidade política que elas já têm.
*O post foi editado para corrigir o símbolo do Palmeiras Antifascista. Na versão original a versão que aparecia era na verdade o símbolo “anti antifascista” que também está circulando pela internet e aparece quando buscamos “palmeiras antifascista”.
O ato ocorreu neste domingo (19/4) em frente ao Comando Militar do Sudeste (II Exército), localizado no bairro do Ibirapuera, região nobre da cidade e reuniu, em sua maioria, pessoas brancas de classe média, dentro de carrões. Os manifestantes, muitos dos quais com roupas de camuflagem, como as usadas por militares, são fissurados por tudo envolva a caserna, como o próprio presidente sociopata, Jair Bolsonaro, que eles idolatram.
Os presentes na manifestação serão responsáveis, também, pelo aumento da disseminação do COVID-19 na cidade de SP, pois deveriam estar em suas casas (muitos estão fazendo home office), mas reclamam que não podem passear com seu cachorrinho, que suas empregadas devem voltar ao trabalho, que Doria é “comunista” (ô criatividade!). Ouve-se o hino ufanista do governo do general Emílio Garrastazu Médici, tocado a milhão pelos auto-falantes instalados na caçamba de uma caminhonete 4X4 tinindo de nova: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo / Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil / Eu te amo, meu Brasil, eu te amo / Ninguém segura a juventude do Brasil”. O hino, da dupla Dom e Ravel, embala os discursos malucos, segundo os quais a pandemia “não é tão letal” assim. É um contra-senso seguido de outro.
A PM nem deu as caras na manifestação, que deveria ser dispersada, já que atenta contra a ordem do governador João Doria, de isolamento em casa em prol da saúde pública. Agora imagine se fossem professores manifestando-se ali, no mesmo local. Seria pau na certa (como é sempre, aliás). É inaceitável que defender a Democracia seja proibido e defender a morte seja legal.
Captando as imagens dessa manifestação, em meio às tantas insanidades que vimos e ouvimos, proferidas por esse gado perdido nas ruas do entorno do Ibiraquera, foi-nos perguntado se éramos jornalistas do bem ou do mal. Respondemos: Do bem, é claro. Também nos perguntaram se éramos de direita ou de esquerda. De direita, é claro (dizer outra coisa seria arriscado demais, pensamos). Aproveitamos para orientar um senhor que, como Bolsonaro, não sabia usar a máscara corretamente. Ele estava com o nariz para fora da proteção contra o COVID-19.
Saímos do meio dessa aglomeração o mais rápido que pudemos, pois ao contrário deles, acreditamos em Coronavírus e estamos fazendo toda a produção de conteúdos dos Jornalistas Livres, de dentro de nossas casas, com exceção dessa. Seguimos todos os protocolos de proteção durante a manifestação, porque somos responsáveis e não queremos levar coronavírus de fascistas para outras pessoas. Ao chegar em casa, um banho imediato —para combater algum vírus mais saliente e para limpar a onda ruim dessa gente que odeia a Democracia. Fique em casa e assista!