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Tag: Imperialismo

  • O duplo ataque recebido pela Venezuela nesta sexta-feira

    O duplo ataque recebido pela Venezuela nesta sexta-feira

    O Itamaraty acaba de publicar, na noite desta sexta-feira (4), um comunicado que declara todo o corpo diplomático venezuelano no Brasil como “personae non gratae”. Esta declaração é um instrumento jurídico extremo das relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo como tal em seu território.

    Este tipo de ação, em um governo que respeita as relações exteriores, ocorre quando justificada por algum fato que indique o rompimento das relações diplomáticas entre os países, o que não é o caso entre Brasil e Venezuela, senão os indícios do governo de Jair Bolsonaro em servir aos interesses dos Estados Unidos.

    O comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores, dirigido por Ernesto Araújo, declara que o corpo diplomático venezuelano não precisa sair do Brasil, mas não serão reconhecidos como autoridades representantes de Caracas. Perdem, então, o status diplomático, além das imunidades e privilégios correspondentes a estes cargos, por exemplo suas próprias moradias.

    O Ministro do Poder Popular para Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, declarou que esta é a resposta primitiva do governo do Brasil à carta enviada no dia 7 de agosto, cujo conteúdo demonstrava o interesse do governo venezuelano em relação ao brasileiro, em dialogar e enfrentar a crise sanitária pandêmica juntos, deixando de lado as diferenças. ”Definitivamente, o Itamaraty está sequestrado pela anti-diplomacia fascista, subordinada a Washington”, declarou Arreaza em seu Twitter.

    Esta é a segunda vez durante a pandemia da Covid-19 que o Ministério das Relações Exteriores do governo de Bolsonaro faz uso desta medida de diplomacia extrema, sem nenhum fato que justifique tal atitude. No fim de abril deste ano, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, interveio em outra manobra executada por Ernesto Araujo e vetou a tentativa de expulsão, que determinava 48h como prazo máximo para a saída de todo o corpo diplomático venezuelano do Brasil.

    Alegando que os funcionários não representavam nenhum perigo ao Brasil, a decisão assegurava que os representantes venezuelanos ficassem no país enquanto durasse o estado de calamidade pública e emergência sanitária reconhecido pelo Congresso Nacional em função da pandemia.

    Quatro meses depois, o estado de calamidade pública no Brasil cresceu exponencialmente, o Brasil já registra mais de 100 mil mortes pela Covid-19. Além de negar a cooperação proposta pelo governo de Maduro, que tem dado exemplo no combate à crise sanitária do coronavírus, o Ministério das Relações Exteriores insiste em colocar o corpo diplomático em risco mais uma vez.

    Já não bastasse a agressão sofrida pelo consul da Venezuela em Boa Vista, Faustino Torella, que morreu no dia 5 de agosto, após contrair a covid-19 em território brasileiro e ter seu tratamento negado nas unidades de saúde do estado de Roraima, segundo denunciam as autoridades venezuelanas. O governo de Bolsonaro continua a sinalizar o desprezo pela soberania do país vizinho, contribuindo para aumentar a tensão entre latino-americanos, que sempre mantiveram boas relações e respeito mútuo.

    AÇÕES COORDENADAS

    Também nesta sexta-feira (4), o governo da República Bolivariana da Venezuela denunciou, diante da comunidade internacional, novas agressões intervencionistas de Washington. Em violação ao Direito Internacional, o governo de Donald Trump pretende impor ilegalmente medidas coercitivas unilaterais contra as instituições democráticas venezuelanas, procurando interferir na realização das eleições parlamentares previstas na Constituição para dezembro de 2020.

    O governo dos Estados Unidos acusa a presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Indira Alfonzo, bem como três outras autoridades venezuelanas de realizar “interferências” para impedir que as eleições legislativas sejam transparentes.

    Em comunicado oficial, o governo da Venezuela afirma que “com estas medidas ilegais, a administração de Trump pretende impedir o inevitável. Nenhuma pressão externa poderá evitar que o povo venezuelano exerça seu direito ao voto e decida seu destino de maneira soberana”.

    Trump e sua trupe está sinalizando que não reconhecerá os resultados das eleições parlamentares marcadas para dezembro. O CNE Venezuelano tem tentando articular com a União Europeia (EU) e a Organização das Nações Unidas (ONU) para acompanhar como observadores internacionais e garantir a legitimidade das eleições.

    Em função das duras agressões imperialistas impostas pelo bloqueio econômico desde a administração de Barack Obama, em 2015, potencializadas por Donald Trump, as eleições de dezembro se revelam como uma das mais importantes eleições parlamentares da Venezuela. O papel da assembleia é fundamental para aprovar acordos internacionais por meio dos quais o governo pode receber fundos e créditos internacionais e reverter toda a crise econômica criada por Washington no país latino-americano

    Desde as últimas eleições para o congresso venezuelano, em 2015, quando o governo perdeu maioria para a oposição, o partido de Nicolás Maduro, Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), aumentou consideravelmente seu número de militantes. Em 2015, o PSUV era composto por 5 milhões de pessoas, hoje, registra-se 7,8 milhões de militantes, em um país com 30 milhões de habitantes, o que faz do PSUV um dos maiores partidos do mundo.

    Esta crescente organização popular no partido que guarda o legado de Hugo Chavez pode ser um indicador dos resultados das eleições de dezembro, o que contraria os interesses imperialistas dos Estados Unidos sobre o país com a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

  • Brian Willson, um norte-americano herói nacional da Nicarágua

    Brian Willson, um norte-americano herói nacional da Nicarágua

    Há 33 anos o dia primeiro de setembro marca um acontecimento trágico que fez de um norte-americano, veterano do Vietnã, um verdadeiro herói nacional para o povo da Nicarágua.

    Por Juliana Medeiros

    Durante protestos que ocorriam em 1987 nos EUA pelo fim da ingerência na região centro-americana, o pacifista Brian Willson teve as pernas amputadas por um trem carregado de armas dos EUA cujo governo apoiava diretamente os chamados contra, tentando derrotar a revolução sandinista que vencera em 1979 a ditadura dos Somoza, uma das mais sanguinárias e longevas das Américas.

    Brian Willson

    Brian e mais outros dois veteranos acreditavam que o trem – em baixa velocidade em razão da presença de manifestantes na área – seria parado e, de acordo com a lei e protocolos vigentes, ele e seus companheiros seriam detidos em seguida. No entanto, ocorreu o oposto ao esperado por todos: o trem acelerou o triplo de sua velocidade – de 5HPM para 17HPM – atropelando Brian Willson e quase o matando.

    Depois de um longo período de cirurgias, adaptação às próteses e recuperação dos vários ferimentos por todo o corpo, Brian sobreviveu para seguir fazendo o mesmo de então: ser uma voz dissonante da narrativa bélica e imperialista de seu próprio país. Em seu perfil no Facebook  ele afirmou: “Foi uma tentativa de assassinato. Portanto, estou comemorando 33 anos desde minha quase morte, junto a meus companheiros e irmãs nicaraguenses”.

    CELEBRIDADE DA LUTA PELA PAZ

    A vice-presidenta Rosário Murillo anunciou no dia anterior que o dia 1º seria repleto de homenagens do povo nicaraguense “ao sacrifício do herói da solidariedade e da paz e que honra a Nicarágua vivendo em nosso país”. O anúncio oficial em cadeia nacional era um convite aos nica para que participassem do evento já que na Nicarágua todos conhecem bem e se orgulham desse personagem. Desde esses acontecimentos, Brian Willson tornou-se uma verdadeira celebridade, sendo às vezes difícil para ele uma simples caminhada nas ruas sem ser abordado por nicaraguenses ávidos por conversar e tirar fotos com o ídolo.

    O dia de homenagens começou na Chancelaria do país e depois Brian – que já havia sido condecorado em 1988 com a Medalha Augusto César Sandino – foi homenageado na Assembleia Nacional onde recebeu a Ordem José Dolores Estrada em seu máximo grau. No final do dia ele ainda esteve em outro evento na Universidade Nacional.

    A honraria recebida por Brian na Assembleia remete à outra luta do povo nicaraguense, anterior ao período dos Somoza. Em 1855 outro norte-americano, o flibusteiro William Walker, foi para a Nicarágua acompanhado de seus recrutas mercenários e acabou se envolvendo em um conflito interno se unindo ao lado que procurava derrubar o então presidente Fruto Chamorro Pérez. À medida em que avançava em sua campanha militar, conseguiu fraudar o processo eleitoral e  se “autoproclamou” presidente da Nicarágua. O então presidente dos EUA, Franklin Pierce, reconheceu imediatamente seu governo como “legítimo”, em mais uma das várias evidências históricas da política intervencionista que os EUA mantêm até os dias hoje contra dezenas de países. Na ocasião, o General nicaraguense José Dolores Estrada comandou e venceu a batalha conhecida como San Jacinto (região próxima à Capital, Manágua). William Walker depois de fugir da Nicarágua, tentou ainda ocupar Honduras, mas foi capturado e fuzilado no país vizinho. As invasões do “aventureiro” Walker – que já havia estado também no México – acabaram contribuindo para a formação do conceito de América Latina. Já o General Estrada, homem mestiço negro e índio, mesmo tendo libertado seu país do invasor não foi devidamente reconhecido na época. As elites nicaraguenses se recusaram a render homenagens a um mestiço. Foi o governo revolucionário que, décadas depois de sua morte, decidiu dar seu nome a um dos graus máximos de distinção nacional.

    Brian Willson relatou no documentário que conta sua história- Paying the Price for Peace – que em janeiro de 1986 pediu demissão de seu trabalho no escritório de atenção a veteranos no estado de Massachusetts para viajar à Nicarágua e “aprender sobre a Revolução Popular Sandinista”. O então jovem novaiorquino disse que “queria ver com seus próprios olhos a natureza e extensão da intervenção”, realizada pelo governo do então presidente Ronald Reagan, que financiava os contra – mercenários que com dinheiro do Congresso e apoio da CIA foram armados e treinados com o objetivo de exterminar a resistência popular à ditadura dos Somoza. Quando voltou aos EUA, Willson se comprometeu ainda mais com as manifestações pela paz no seu país e organizou o protesto em frente à base militar no estado da Califórnia, de onde saíam as munições para a repressão na Nicarágua. Mas as cerca de 50 pessoas envolvidas no ato pacífico não foram presas por desobediência civil, como estabelecia a lei. Willson relata que mais tarde soube que o FBI já os investigava desde 1986, a ele e outro veterano, suspeitos de “terrorismo doméstico” e que houve “uma ordem para que a tripulação não detivesse o trem”. 

    UMA HONRA COMPARTILHADA

    Em seu discurso na Assembleia Nacional da Nicarágua, o veterano de 79 anos recém-completados – Willson faz aniversário, ironicamente, no dia 4 de julho quando os EUA celebram sua independência – lembrou desse período e resumiu o que o motivou a correr o imenso risco, inclusive sofrendo ataques fundamentalistas e perseguição em seu próprio pais, e seguir defendendo a causa sandinista até hoje:

    “(…) O trem estava carregado com armas, munições e explosivos que seriam transportados a El Salvador e Nicarágua com o objetivo de assassinar camponeses nesses países e atender aos interesses criminosos do Congresso e governo dos EUA. Eu e mais de 40 manifestantes fomos à base militar na Califórnia para tentar impedir que o trem saísse e o que nós esperávamos é que seríamos presos por conta disso. Mas nesse dia o trem não parou, ao contrário, acelerou três vezes mais que o limite de velocidade. Diferente dos outros manifestantes eu estava sentado nos trilhos com as pernas cruzadas e não consegui sair a tempo e o trem passou por cima de mim. Soubemos depois que já éramos investigados por “terrorismo doméstico” pelo FBI e que o trem recebeu ordens de não parar. Hoje, portanto, é o aniversario dessa tentativa de assassinato (…).

    Eu desenvolvi essa motivação para denunciar a política dos EUA depois de 1969 quando fui enviado a comandar uma unidade militar no Vietnã. Nós literalmente cometemos atrocidades todos os dias naquele país. Eu tinha 27 anos, um pouco mais do que a média dos que cumpriam o serviço militar na ocasião, e tive uma epifania enquanto assistia aos bombardeios [dos EUA no Vietnã]. Todos incluíam Napalm [bomba incendiária] e com isso nós destruímos milhares de vilarejos e matamos incontáveis vietnamitas. Foi quando comecei a questionar o que eu estava fazendo ali e o que esses pobres camponeses tinham a ver com tudo aquilo. Pessoas que simplesmente queriam viver suas vidas tranquilamente. Mas nós, nos EUA, sempre usamos aquela “palavra mágica” e os classificamos de “comunistas”, mesmo não tendo a menor ideia do que isso significa. Eu me dei conta, vendo aqueles milhares de corpos de camponeses vietnamitas pelo chão, de que essas eram pessoas realmente autenticas e que não fazia o menor sentido eu estar ali, há mais de 9000 milhas de casa, matando aquelas pessoas. Eu me senti como um robô ideológico, cumprindo ordens insanas e criminosas. Foi através dessas experiências que me tornei crítico à política dos EUA e passei, nos últimos 50 anos, a estudar a história do meu próprio país e aí me dei conta de outra coisa:  tudo que nos ensinaram sobre as origens e fundação dos EUA era uma mentira. Nada ocorreu como nos contaram, os EUA sempre foram um estado policial para indígenas, negros e para as mulheres. É basicamente uma terra de supremacistas brancos e a verdade é que sempre foi assim. Nós criamos uma identidade falsa que nos permite até hoje fazer o que quisermos contra qualquer um que consideramos inferior a nós, e isso é o que domina nossa história (…).

    Eu cheguei em 1986 na Nicarágua procurando entender a revolução sandinista porque é algo que jamais ocorreu nos EUA. Nós falamos dos fundadores da pátria como revolucionários, mas na verdade esses eram um monte de brancos que tinham seus escravos e cujas propriedades passaram a ser valorizadas quando eles iniciaram o extermínio da população indígena. Por isso me entusiasmou muito ver na Nicarágua um povo que tinha a valentia de se livrar de uma ditadura apoiada pelos EUA. Também foi muito emotivo ver o que esse governo vem realizando desde 2007 com tantos programas sociais(…).

    Brian Willson discursando na sessão solene

    Não é casual que Cuba, Venezuela e Nicarágua vem sendo chamados de “trio do mal” pelos EUA. É simplesmente porque esses são os países que se recusam a adotar as políticas neoliberais impostas por Washington na região e servem sua população com programas de educação, saúde, nutrição, com rodovias, pontes, que literalmente investem em sua gente(…).

    E agora temos esse plano mais recente dos EUA, uma guerra cibernética contra a Nicarágua usando softwares especiais e alta tecnologia para tentar gerar distúrbios na sociedade nicaraguense. Este plano foi revelado no final de julho deste ano e eu quero alertar o povo nicaraguense para que esteja preparado para os distúrbios que vão ocorrer, com desestabilização da conexão WiFi no país, interferências na rede elétrica, dentre outros. Mas saibam que nós, os expatriados que estamos aqui, certamente estaremos defendo junto a vocês sua soberania. Essa revolução não vai se deter(…).

    Por fim, eu apenas queria lembrar a vocês que nem todos os gringos são estúpidos, há muitos que tem consciência, ainda que como eu, tenham famílias cuja maioria é de extrema direita. Donald Trump,  podemos dizer que é a uma pessoa asquerosa, detestável, mas cumpriu uma função histórica importante. Ele mostrou a natureza autêntica desse governo que sempre foi o mesmo. Quando aquele policial colocou seu joelho no pescoço de George Floyd, naqueles 8 minutos e 46 segundos o mundo viu a fotografia real desses 400 anos de supremacia branca, 400 anos de perseguição aos pobres, indígenas, negros. E  a verdade é que ninguém pode prever o que vai ocorrer nos próximos 3 meses. Trump tem 85 milhões de seguidores no Facebook, muitos deles estão armados e eu acho que Trump vai fazer sua parte para incentivar que haja mais violência. Então talvez tenhamos uma guerra civil, talvez um cometa nos atinja, não sei, mas sei que será um momento de calamidade nos EUA e no mundo. E é por isso que o exemplo da Nicarágua, tentando preservar os avanços que conseguiu em sua luta são tão importantes. Vocês [o governo sandinista] são exemplo de justiça para seu povo. E eu sei que a oposição vem sendo bastante apoiada e financiada pelos EUA, mas quando ouço e vejo suas ações eu apenas penso que francamente eles deveriam se mudar para lá e deixar a Nicarágua em paz(…)

    Foto: Jairo Cajina/Nicarágua

    COMPANHEIROS VETERANOS

    Marvin Ortega, atual Embaixador da Nicarágua no Panamá, conta que a maioria dos nicaraguenses passou a saber da existência de Brian Willson em razão da greve de fome que ele e seus companheiros fizeram na escadaria do Capitólio, antes dos fatos ocorridos na Califórnia.

    “Eu o conheci através de uma amiga norte-americana que casou e vive Nicarágua e que é o ponto de contato com a solidariedade nos EUA. Ela realizou um evento da solidariedade e ele estava nessa festa, mas até aquele momento, Brian era mais um dentre tantos – porque realmente eram e continuam sendo muitos os norteamericanos solidários à Nicarágua. Mas a partir dessa greve de fome ele passou a ficar realmente conhecido no país. Desde esse momento ele já foi elevado a uma personalidade nacional de primeira linha e começou a ser visto como “o cara” da solidariedade nos EUA. E ele tem sido uma pessoa muito ativa nas relações com a Nicarágua, inclusive participou de uma caminhada na fronteira organizada por Miguel D’Escoto [teólogo e ex-chanceler da Nicarágua, falecido em 2017] em que participou também Dom Pedro Casaldáliga [Bispo hispano-brasileiro da prelazia de São Félix do Araguaia, falecido em agosto deste ano]”

    O sandinista, de 75 anos, conclui: “Depois desse episódio trágico, ele se tornou uma celebridade na Nicarágua porque isso é algo realmente muito forte e mesmo depois que perdemos as eleições [em 1989] ele continuou vindo e apoiando a revolução”.

    Já o advogado e ativista norteamericano Dan Kovalik, que também tem uma longa história de solidariedade com a Revolução Sandinista e cujo último livro (“No More War: How the West Violates International Law by Using ‘Humanitarian’ Intervention to Advance Economic and Strategic Interests” ) conta com um cuidadoso prefácio de Willson, lembra que o conheceu ainda em 1988, um ano depois do trágico ocorrido participando do Comboio da Paz dos Veteranos:

    “Por acaso estava na Nicarágua em 1º de setembro de 1987, quando Brian fez seu grande sacrifício pela paz na América Central. Soubemos muito rapidamente que isso havia acontecido e me afetou muito, especialmente porque os nicaraguenses foram muito afetados por isso. É tão irônico e comovente que Brian, um oficial militar dos EUA no Vietnã, tenha ficado gravemente ferido e sido quase morto, não no campo de batalha, mas em sua ação pela paz. Depois, conheci Brian brevemente em 1988, quando estava dirigindo para a Nicarágua com o Comboio. Brian havia perdido as pernas menos de um ano antes, mas estava de volta à estrada para apoiar nossos esforços e continuar seu trabalho pela paz. Finalmente, passei um tempo real com Brian durante o verão de 2018 em sua casa em Granada, Nicarágua. Foi justo na época em que a crise [mais recente tentativa de golpe de estado] daquele verão estava acabando [Dan trabalhou na ocasião na produção do documentário: The April Crises & Beyond]. Brian sofreu muito durante este período, de depressão e solidão, já que muitos de seus ex-amigos na Nicarágua se voltaram contra a revolução que ele ama. Mas ele perseverou e se recuperou desde então. Brian é um homem de grande força, determinação e compaixão. Não se pode deixar de ser inspirado e grato por seu incrível exemplo”.

    Brian Willson com o presidente Daniel Ortega

    MAIS DE 40 ANOS DE RESISTÊNCIA POPULAR

    Brian e a Nicarágua só veriam a Frente Sandinista de Libertação Nacional vencer de fato a guerrilha dos contra em 1989, quando estes perderam capacidade combativa, mas a luta popular precisou seguir resistindo. Em 1986, depois de ganharem as primeiras eleições pós-revolução, os sandinistas foram vítimas do intenso desgaste provocado por anos de guerra e seguidas tentativas de interferências em seu governo por parte das elites e da direita no país, o que fez com que perdessem as eleições em 1989 para a liberal Violeta Barrios de Chamorro. O movimento não voltou à luta armada, reconheceu a derrota e se reorganizou em suas bases para voltar a vencer eleições em 2006 com Daniel Ortega, um dos comandantes da guerrilha que vem sendo reeleito desde então. Mas abandonar as armas não foi o suficiente para os EUA que negando, como costumeiramente faz, ter participado das várias prisões ilegais, torturas e chacinas promovidas pelos Somoza, passou a acusar o governo revolucionário eleito de ser uma “ditadura”, jamais deixando de atacá-lo até os dias de hoje.

    Como acrescentou Rosário Murillo em seu comunicado: “Estarão presentes os nossos embaixadores em diversos países do mundo, as nossas missões, também os representantes dos movimentos de solidariedade e  ONGs, todos participando desta grande e merecida homenagem de amor, de reconhecimento à sua coragem, que nunca esqueceremos, que sempre saberemos elevar e reconhecer, do irmão representante daquele bom povo dos Estados Unidos da América que ao longo da história se opôs às políticas de seu governo em diversos países do mundo, onde infelizmente essas políticas representaram morte, interferência e morte, intervenção e morte, destruição de modelos de culturas que são momentaneamente invadidas ou interrompidas por essas políticas, bem como geraram genocídio. A boa gente dos Estados Unidos que sempre se manifestou nas ruas contra as injustiças”.

    A luta para libertar o país centro-americano da repressão começou formalmente com a FSLN – Frente Sandinista de Libertação Nacional em 1961, mas desde a morte de Augusto César Sandino em 1934, vários foram os movimentos e guerrilhas populares que tentaram vencer a dinastia dos Somoza. Após a guerrilha conhecida como “Chaparral” os sobreviventes organizaram a Frente Sandino que se unificaria com a FSLN em 1961. A família Somoza influenciou governos muitos anos antes e depois governou a Nicarágua em uma ditadura hereditária por mais de 40 anos, tendo sido uma das mais mortais da história contemporânea. Em todo esse largo período, os EUA estiveram por trás de governos, forças paramilitares, sabotagens e planos de extermínio.

    A SOMBRA QUE PAIRA SOBRE A AMÉRICA LATINA

    A sombra intervencionista do Império segue pairando sobre a América Latina, agora com a possibilidade de ter o Brasil como aliado, como evidenciam os novos documentos da Política Nacional de Defesa, reveladas em reportagem do The Intercept, que “propõem uma política de defesa sem transparência, ameaçam vizinhos [especialmente a Venezuela] e afrontam a Constituição”. Na verdade, desde o início do Governo Bolsonaro já se está colocando em prática estratégias que coincidem com planos golpistas da oposição ao Governo Bolivariano como demonstra em outra reportagem sobre o tema, o Brasil de Fato,  cujo levantamento traça uma linha do tempo entre os acontecimentos no país caribenho e as ações da política externa brasileira.

    Também o diário britânico independente The Guardian publicou essa semana uma extensa reportagem sobre a nefasta Operação Condor, onde o presidente Jair Bolsonaro é um dos citados por haver defendido em várias ocasiões a ditadura ocorrida no Brasil:

    “O medo da violência de extremistas de direita ainda persegue a América do Sul, especialmente entre os sobreviventes. A defesa da ditadura pelo presidente Jair Bolsonaro é especialmente preocupante. A ideia de que uma rede semelhante à Condor possa um dia reaparecer não é fantasiosa. O melhor escudo contra isso é garantir que os perpetradores do terrorismo de estado sejam presos, mesmo que isso leve décadas (…)”

    A tragédia que atingiu Brian Willson não conseguiu fazer com que ele desistisse de apoiar a Nicarágua e siga denunciando os planos intervencionistas e a política de terror dos EUA. Com disposição inclusive de lutar, se preciso, contra as novas ameaças aos sandinistas, ele finalizou seu discurso na Assembleia Nacional dizendo que aprendeu com a Nicarágua aquilo que sua experiência no Vietnã não permitiu:

    Compartilho com vocês a honra de receber essa medalha hoje e essa honra se deriva da inspiração que tiro de vocês. A Nicarágua me ensinou como se faz uma revolução. Quando eu estava no Vietnam, vi que estava do lado errado e isso é uma coisa muito difícil de se reconhecer naquelas condições. Mas desde que cheguei aqui, em 1986, e me deparei com esta revolução, foi quando me senti em casa”.

    Perto de completar 80 anos de idade, em meio a uma pandemia e cenário político caótico em seu próprio país, é de Granada, na Nicarágua, onde vive há alguns anos, que Brian Willson envia seu recado ao mundo e deixa sementes que certamente serão necessárias às futuras gerações de defensores da paz.

  • A Lava Jato e os objetivos dos EUA para a América Latina e o Brasil

    A Lava Jato e os objetivos dos EUA para a América Latina e o Brasil

    Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty (2003-2009),
    ministro de Assuntos Estratégicos (2009-2010)

    1. Os objetivos estratégicos dos Estados Unidos para a América Latina e, em especial

    para o Brasil, são importantes para compreender a política externa e interna brasileira,

    inclusive a Operação Lava Jato.

    2. A América Latina foi declarada zona de influência exclusiva de fato americana pela
    Doutrina Monroe, em mensagem do Presidente dos Estados Unidos ao Congresso
    americano, em 02/12/1823.

    3. Esta Doutrina corresponde a uma visão e convicção histórica, nos Estados Unidos, de
    direito ao exercício de uma hegemonia natural sobre a América Latina, como o
    Corolário Roosevelt, de 1904, viria a explicitar.

    4. A partir da Guerra de Independência (1775-1783) e depois da formação da União em
    1787-1789 os Estados Unidos passam a procurar excluir as potências europeias de
    seu território continental (Louisiana – 1803, Florida – 1819, Oregon – 1845, Alaska –
    1867) e a absorver esses territórios na União Americana.

    5. A expulsão pelos americanos dos povos indígenas de seus territórios originais se
    realiza com intensidade após a revogação da Proclamation Line de 1763, em
    decorrência do Tratado de Paz de Paris (1783) entre a Grã-Bretanha e a
    Confederação, que separava o território das Treze Colônias das terras indígenas além
    dos Apalaches, até o Mississipi.

    6. A influência econômica, política e militar americana sobre a América Central e os
    países do Caribe foi e é avassaladora, com intervenções e ocupações militares, por
    vezes longas, e o patrocínio de ditaduras, sanguinárias.

    7. A Guerra contra o México (1848) levou à anexação de metade do território mexicano
    e, com a chegada ao Pacífico, permitiu a consolidação do território continental dos
    Estados Unidos do Atlântico ao Pacífico.

    8. A Guerra contra a Espanha (1898) levou à ocupação de Cuba, à anexação de Porto
    Rico, das Filipinas e de Guam e afirmou os Estados Unidos como potência asiática.

    9. A “criação” do Estado do Panamá e da Zona do Canal, que foi território americano
    até 2000, permitiu a ligação marítima rápida entre a Costa Leste e a região do Golfo
    com a Costa Oeste da América do Norte, tanto comercial como militar, através do
    Canal concluído em 1914, e administrado soberanamente pelos EUA.

    10. Pelas características de sua localização geográfica, a zona estratégica mais
    importante para os Estados Unidos é o Caribe, a América Central e o norte da
    América do Sul.

    11. Os objetivos estratégicos permanentes dos Estados Unidos para a América Latina
    são:
    1. impedir que Estado ou aliança de Estados possa reduzir a influência americana na região;
    2. ampliar sua influência cultural/ideológica sobre os sistemas de comunicação de cada Estado;
    3. incorporar todas as economias da região à economia americana;
    4. desarmar os Estados da região;
    5. manter o sistema regional de coordenação e alinhamento político;
    6. impedir a presença, em especial militar, de Potências Adversárias na região;
    7. punir os Estados que contrariam os princípios da liderança hegemônica americana;
    8. impedir o desenvolvimento de indústrias autônomas em áreas avançadas;
    9. enfraquecer os Estados da região;
    10. eleger lideres políticos favoráveis aos objetivos americanos.

    12. O principal Estado da região pelas dimensões de território, de recursos naturais, de
    população, de localização geográfica é, sem dúvida, o Brasil. Principal também pelos
    desafios que apresenta devido à possibilidade de graves turbulências futuras, sociais,
    econômicas e políticas.

    13. Devido a este caráter principal, os objetivos dos Estados Unidos são objetivos para a
    América Latina em geral, porém se aplicam em especial ao Brasil.

    14. O primeiro objetivo estratégico americano é impedir a emergência e
    fortalecimento de qualquer Estado ou aliança de Estados que possam se opor à
    presença ou afetar a influência política, econômica e militar americana na região.

    15. Para alcançar este objetivo tratam os Estados Unidos de aguçar e reacender
    eventuais rivalidades (históricas ou recentes) entre os maiores Estados da região, isto
    é, entre o Brasil e a Argentina, não estimular o conhecimento de suas histórias e
    culturas, estimuladas as rivalidades através da ação de lideranças locais que buscam
    obter tratamento privilegiado para seus países junto aos Estados Unidos (Carlos
    Menem e Jair Bolsonaro são exemplos desse comportamento).

    16. O segundo objetivo americano é manter e ampliar sua presença
    cultural/ideológica nos sistemas de comunicação de cada Estado da região como
    instrumento para sua maior influência política, econômica, militar e cultural.

    17. Essa presença aumenta sua capacidade de obter melhores condições legais (fiscais e
    regulatórias) para a ação de suas megaempresas (petroleiras, por exemplo); para
    obter contratos de venda de equipamentos militares; para lograr alinhamento e
    apoio às iniciativas americanas em nível mundial; para promover a “simpatia” pelos
    Estados Unidos na sociedade local; para obter o apoio da sociedade e dos governos
    para seus objetivos estratégicos.

    18. Este objetivo tem como instrumentos a defesa da mais ampla liberdade de imprensa
    e de Internet e para a livre ação das ONGS “internacionais” e “altruístas”; dos
    programas de formação de pessoal, desde os institutos de língua aos intercâmbios; às
    bolsas de estudo; ao recrutamento de talentos; à aquisição de editoras para
    publicaçãos de livros americanos; a hegemonia na programação de cinema e de TV;
    os programas de formação de oficiais militares e lideranças políticas; e recentemente
    a aquisição de instituições de ensino, em todos os níveis.
    19. O terceiro objetivo dos Estados Unidos é incorporar todas as economias dos
    Estados da região à economia norte-americana, de forma neocolonial, no papel de
    exportadores de matérias primas e importadores de produtos industriais.
    20. Após o fracasso do projeto regional “multilateral” da ALCA, lançado em 1994 e
    encerrado em 2005 na reunião em Mar del Plata, os Estados Unidos passaram a
    promover a negociação de acordos bilaterais com cada Estado latino-americano com
    dispositivos semelhantes aos da ALCA e até aos EUA mais favoráveis. Verdade seja
    dita que o acordo de livre comércio com o Chile fora assinado em 1994 e com o
    México e o Canadá (NAFTA) também em 1994.

    21. O instrumento para alcançar este objetivo são os acordos bilaterais de livre comércio
    que levam à eliminação das tarifas aduaneiras e à abertura dos mercados dos Estados
    subdesenvolvidos nas áreas de investimentos; de compras governamentais; de
    propriedade intelectual; de serviços; de crédito e, às vezes, incluem cláusulas
    investidor-Estado.

    22. Por sua vez, os Estados subdesenvolvidos da América Latina que atingiram certo grau
    de industrialização não ganham acesso adicional aos mercados de produtos
    industriais, pois as tarifas americanas são baixas, existe a escalada tarifária e as
    medidas de defesa comercial, e o acesso a mercados agrícolas é restringido pela
    legislação agrícola, americana de subsídios e de proteção.

    23. O acordo Mercosul/União Europeia será instrumental para a abertura de mercados
    para os Estados Unidos sem ônus político pois, após sua entrada em vigor, estarão
    criadas as condições para os Estados Unidos reivindicarem ao Brasil e ao Mercosul
    igualdade de tratamento. Outros países altamente industrializados como o Japão, a
    Coréia do Sul, o Canadá e a China farão o mesmo e o Brasil não terá mais a tarifa
    como instrumento de política industrial. O Mercosul desaparecerá.

    24. O quarto objetivo estratégico dos Estados Unidos é desarmar os Estados da região.
    25. Os instrumentos para atingir este objetivo são a promoção da assinatura do Tratado
    de Não Proliferação Nuclear (TNP) e de outros tratados na área química e biológica, e
    mesmo sobre armas convencionais; a venda de equipamentos militares defasados a
    preços mais baixos e o “estrangulamento” de eventuais indústrias bélicas locais; os
    acordos de associação à OTAN; a transformação das Forças Armadas nacionais em
    forças de caráter policial, voltadas para o combate ao narcotráfico e a crimes
    transnacionais e, portanto, necessitando apenas de equipamento leve.

    26. O quinto objetivo estratégico americano é manter o sistema de segurança
    regional, a Organização dos Estados Americanos, reconhecido pela Carta da ONU,
    onde tradicionalmente os Estados Unidos podem exercer sua influência, contam com
    o auxílio do Canadá e de países da América Central e assim podem tratar das
    questões regionais sem ir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

    27. Outro instrumento para alcançar este objetivo é promover a dissolução da UNASUL,
    como foro de solução de controvérsias concorrente da OEA e como organização de
    cooperação em defesa, da qual os Estados Unidos não participam.

    28. O sexto objetivo dos Estados Unidos na América do Sul consiste em impedir a
    presença de Estados adversários de sua hegemonia, e como tal nomeados pelos
    próprios EUA, quais sejam a Rússia e a China, na região latino-americana, em uma
    versão atual da Doutrina Monroe.

    29. Segundo documentos oficiais americanos recentes a “China é um poder revisionista”
    e a Rússia é um “Ator Maligno Revitalizado” (Indo-Pacific Strategic Report, do
    Pentágono).

    30. A presença russa e chinesa é especialmente temida na área militar, inclusive por
    ameaçar a Costa Sul do território americano e os acessos ao Canal do Panamá, via
    comercial e militar estratégica.

    31. Um sétimo objetivo americano, importante para demonstrar sua determinação de
    exercício de hegemonia na América Latina, é punir, dentro ou fora do sistema da
    OEA, com ou sem o apoio de outros Estados da região, aqueles governos que
    contrariarem, em maior ou menor medida, os princípios da liderança mundial
    americana:
     ter economia capitalista, aberta ao capital estrangeiro, com intervenção mínima do Estado;
     dar tratamento igual às empresas de capital nacional e estrangeiro;
     não exercer controle sobre os meios de comunicação de massa (TV etc);
     ter regime político de pluralidade partidária e eleições periódicas;
     não celebrar acordos militares com os Estados Adversários, quais sejam a Rússia e a China;
     apoiar as iniciativas dos Estados Unidos.

    32. A campanha política/econômica/midiática para promover a mudança de regime
    (regime change) de um Estado da região, isto é, para promover um golpe de Estado
    para derrubar um Governo que os Estados Unidos consideram hostil, inclusive com o
    financiamento de grupos de oposição, se desenvolve em várias etapas (que depois se
    superpõem) de denúncia do Governo “hostil” pela grande mídia regional e pela mídia
    mundial, com o auxílio da Academia, como sendo:
     autoritário;
     corrupto;
     traficante ou leniente com o tráfico de drogas;
     perseguidor de inimigos políticos;
     violador da liberdade de imprensa;
     ineficiente;
     opressor da população;
     ameaça aos vizinhos;
     ameaça à segurança americana.

    33. Um oitavo objetivo estratégico americano é impedir o desenvolvimento de
    indústrias autônomas nas áreas nuclear, espacial e de tecnologia de informação
    avançada na América Latina, e em especial no Brasil, país com as melhores condições
    para desenvolver tais indústrias.

    34. Um nono objetivo estratégico americano é enfraquecer politica e economicamente
    os Estados da região.

    35. Os instrumentos são estimular direta ou indiretamente (pela mídia) a redução do
    poder regulatório em defesa dos consumidores, da população em geral e dos
    trabalhadores, dos organismos do Estado, em especial aqueles que limitam ou
    disciplinam a ação das megacorporações multinacionais, entre as quais prevalecem as
    americanas.

    36. Outro instrumento para alcançar este objetivo é a campanha contra o Estado central
    como ineficiente e mais corrupto e autoritário, e a defesa da descentralização
    regulatória e de auto regulação dos setores pelas próprias empresas privadas.

    37. Um objetivo americano importante é enfraquecer o único organismo do Estado
    (brasileiro) que enfrenta, todos os dias, os interesses dos demais Estados nacionais,
    em especial os interesses dos Estados Unidos, de seus adversários, Rússia e China, e
    das chamadas Grandes Potências, como Inglaterra, França, Alemanha e Japão, nas
    negociações para aprovar normas internacionais que atendam seus interesses (e
    lucros).

    38. Os instrumentos para atingir este fim são denunciar a ineficiência; o corporativismo;
    o exclusivismo; o “globalismo”; a partidarização; a visão ideológica “esquerdista” da
    Chancelaria.

    39. O décimo objetivo estratégico dos Estados Unidos da América, e talvez o principal
    objetivo, é impedir a eleição de líderes políticos em cada Estado que manifestem
    restrições a seus objetivos estratégicos e promover a eleição de líderes que a eles
    sejam favoráveis.

    40.E aí entra o papel da Operação Lava Jato na defesa direta ou indireta dos
    interesses americanos.

    41. A partir da eleição, em 2002, do presidente Lula, a política interna e externa brasileira
    se contrapôs, ainda que não de forma sistemática, desafiadora ou revolucionária, a
    alguns dos objetivos estratégicos americanos:
    a. ao não apoiar a invasão do Iraque de 2003;
    b. ao estabelecer o entendimento político e econômico estreito com a Argentina;
    c. ao promover a coordenação com a Argentina, a Venezuela, o Uruguai, o Equador, a Bolívia e
    o Paraguai para a formação da UNASUL, em substituição à OEA.
    d. ao resistir à ALCA e ao fortalecer o Mercosul;
    e. ao fortalecer os instrumentos financeiros do Estado, como o BNDES, e ao utilizá-los na
    politica externa;
    f. ao fortalecer o programa nuclear;
    g. ao exercer operações de aproximação autônoma com os países africanos e árabes;
    h. ao promover a criação do BRICS, com a China e a Rússia;
    i. ao fortalecer a Petrobrás e ao estabelecer o regime de parceria para exploração do pré-sal;
    j. ao estabelecer a política de “conteúdo nacional” na indústria;
    k. ao promover a indústria de defesa brasileira;
    l. ao defender a regulamentação da mídia;
    m. ao negociar, com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã;
    n. ao exercer o equilíbrio em suas relações com Israel e Palestina.

    42. A partir dessa nova situação nas relações Brasil-Estados Unidos e da crescente
    popularidade do presidente Lula, que terminaria em 2010 seu mandato com 87% de
    aprovação, a estratégia americana foi:
     mobilizar os meios de comunicação de massa no Brasil contra as políticas do Governo, e
    condenar sua ação através do Instituto Millenium, fundado em 2005, para dar amplo apoio à
    Operação Mensalão, que não conseguiu atingir o presidente Lula, mas que veio a atingir
    José Dirceu, chefe da Casa Civil, e provável sucessor de Lula;
     a partir do acordo de cooperação judiciária Brasil-Estados Unidos, iniciar a Operação Lava
    Jato, que viria a facilitar o alcance dos objetivos estratégicos americanos em especial 2, 8, 9 e
    10, listados no parágrafo 11 acima;
     iniciar o processo político de preparação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff;
     financiar direta e indiretamente a formação dos grupos MBL e Vem pra Rua.

    43. O principal objetivo da Operação Lava Jato não era a luta contra a corrupção, mas, sim,
    impedir a eleição do presidente Lula em 2018. Sua ação partia das seguintes
    premissas:
     a grande maioria da população, devido à sua precária situação econômica e cultural, está
    sujeita a ser manipulada por indivíduos populistas, socialistas, comunistas etc. que fazem aos
    eleitores promessas irrealizáveis para conquistar e explorar o poder;
     a sociedade brasileira é intrinsecamente corrupta;
     todos os políticos e partidos são corruptos;
     os governos se sustentam através da corrupção e da compra de votos;
     a violação de direitos constitucionais e legais por membros do Judiciário e do Ministério
    Público se justifica para combater a corrupção.

    44. O juiz Sérgio Fernando Moro descreveu em seu artigo intitulado Mani Pulite,
    publicado em 2004 na Revista CEJ – Justiça Federal N°26, a sua decisão de violar a lei
    para combater a corrupção, em uma interpretação de que “os fins justificam os
    meios”.

    45. A “corrupção” foi enfrentada pela Operação Lava Jato, comandada por Sérgio Moro,
    juiz de primeira instância que contou com a conivência e mesmo a cooperação de
    membros dos Tribunais Superiores e da grande imprensa, para uma condução
    processual altamente heterodoxa e ilegal.

    46. A divulgação quotidiana e seletiva de ações da Lava Jato através da imprensa, em
    especial da televisão, foram essenciais para criar a convicção de que a Lava Jato teria
    “revelado” que o partido que teria promovido e se beneficiado da corrupção no
    sistema político teria sido o PT, conduzido por Luiz Inácio Lula da Silva.

    47. Formou-se um amplo movimento anti-petista e anti-Lula, e tornou-se, assim, um
    objetivo não só político, mas ético e moral, para combater a corrupção, apresentada
    como o principal mal da sociedade brasileira, impedir por todos os meios que o ex-presidente Lula pudesse se candidatar e, iludindo o povo ingênuo, ser eleito e reimplantar os mecanismos de corrupção.

    48. Assim, foi Lula condenado, sem provas, em primeira instância por Sérgio Moro e em
    segunda instância por uma turma de três desembargadores do TRF-4 (não pelo
    Tribunal pleno), desembargadores que gozam de grande familiaridade e amizade
    com Sérgio Moro, que condenaram Lula à prisão em regime fechado, para não poder
    exercer qualquer atividade política e, assim, não poder nem competir nem influir nas
    eleições de 2018.

    49. A decisão arbitrária do TRF-4 correspondeu à cassação dos direitos políticos de Lula e
    do povo brasileiro, que não pôde votar em Lula, o candidato à frente em todas as
    pesquisas de opinião.

    50. A nomeação do juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça por Jair Bolsonaro e a
    declaração de Bolsonaro de que devia muito de sua eleição a Moro indicam o alto
    grau de ilegalidade do comportamento de Sérgio Moro e de Jair Bolsonaro e sua ação
    política.

    51. A primeira etapa para atingir o Objetivo estratégico 10 era promover o impedimento
    da presidente Dilma Rousseff, o que foi conseguido em 16/4/2016. O vice-presidente Michel Temer assumiu com um programa econômico intitulado “Ponte para o Futuro”, elaborado por economistas liberais e perfeitamente compatível com
    os objetivos estratégicos dos EUA, e que vem sendo aplicado de forma ainda mais
    radical por Paulo Guedes.

  • MÍDIA HEGEMÔNICA MENTE E ESCONDE CRIMES DOS EUA CONTRA A VENEZUELA

    MÍDIA HEGEMÔNICA MENTE E ESCONDE CRIMES DOS EUA CONTRA A VENEZUELA

    A Folha de S.Paulo, a Globo, a Veja e toda a grande imprensa brasileira têm alguns acordos: são favoráveis à reforma da Previdência, contra os direitos trabalhistas e odeiam a Revolução Bolivariana —apoiam e justificam todo e qualquer ataque de Donald Trump e Jair Bolsonaro ao governo do presidente Nicolás Maduro, sob o argumento de que ele é um bandido corrupto.

    Mas o Centro para a Pesquisa Econômica e Política (CEPR), criado em 1999 pelos economistas Dean Baker e Mark Weisbrot, em cujo conselho estão Robert Solow e Joseph Stiglitz, economistas laureados com o Prêmio Nobel, assegura que, nessa história, o papel dos EUA é o de bandido. As sanções econômicas impostas à Venezuela pelos Estados Unidos já custaram mais de 40.000 vidas, desde agosto de 2017.

    Portanto, diferentemente do que diz a imprensa fanatizada pelos Estados Unidos, é o imperialismo americano que está matando o povo venezuelano. Os Estados Unidos querem punir o governo de Maduro, mas para isso estão impondo a punição coletiva da população civil. E isso é ilegal à luz das convenções internacionais de Genebra e Haia, das quais os EUA são signatários.

    Essa agressão tem de parar!

    Aqui, o texto, de Mark Weisbrot e Jeffrey Sachs :

    Sanções Econômicas como Punição Coletiva: O Caso da Venezuela

    Este documento analisa alguns dos impactos mais importantes das sanções econômicas impostas à Venezuela pelo governo dos Estados Unidos desde agosto de 2017. Ele conclui que a maior parte do impacto dessas sanções não recaiu sobre o governo, mas sim sobre a população civil.

    As sanções reduziram a ingestão calórica das pessoas, aumentaram as doenças e a mortalidade (tanto para adultos quanto para crianças) e deslocaram milhões de venezuelanos, que fugiram do país como resultado do agravamento da depressão econômica e da hiperinflação. As sanções exacerbaram a crise econômica na Venezuela e tornaram quase impossível estabilizar a economia, contribuindo ainda mais para as mortes adicionais. Todos esses impactos prejudicaram desproporcionalmente os venezuelanos mais pobres e vulneráveis.

    Ainda mais severas e destrutivas do que as amplas sanções econômicas de agosto de 2017 foram as sanções impostas por ordem executiva em 28 de janeiro de 2019 e pelas subseqüentes ordens executivas neste ano, e o reconhecimento de um governo paralelo, que como mostrado abaixo, criou um novo conjunto de sanções financeiras e comerciais que são ainda mais restritivas do que as próprias ordens executivas.

    Concluímos que as sanções infligiram, e infligem cada vez mais, danos muito sérios à vida e à saúde humanas, incluindo uma estimativa de mais de 40.000 mortes entre 2017 e 2018; e que essas sanções se encaixariam na definição de punição coletiva da população civil, conforme descrito nas convenções internacionais de Genebra e Haia, das quais os EUA são signatários. Elas também são ilegais sob as leis e tratados internacionais assinados pelos EUA, e parecem violar a legislação dos EUA.

  • A quem interessa uma intervenção na Venezuela?

    A quem interessa uma intervenção na Venezuela?

    Publicado originalmente em Brasil 24/7, por Gleisi Hoffmann
    Acabo de voltar da Venezuela, onde participei, como presidenta do PT e a convite do governo eleito, das solenidades de posse do presidente Nicolás Maduro. Não me surpreendi com o ataques e reações por parte de quem não compreende princípios como autodeterminação e soberania popular; quem não reconhece que partidos e governos de diferentes países podem dialogar respeitosamente.
    Por várias razões, os problemas internos da Venezuela, econômicos, sociais e políticos, têm sido motivo de pressões externas indevidas que só agravam a situação interna. Mas a posse de Maduro em seu segundo mandato desatou um movimento coordenado de intervenção sobre a Venezuela, patrocinado pelo governo dos Estados Unidos e referendado por governos de direita na América Latina, entre os quais se destaca, pela vergonhosa subserviência a Donald Trump, o de Jair Bolsonaro.
    Gostem ou não, Maduro foi eleito com 67% dos votos. O voto na Venezuela é facultativo. Três candidatos de oposição concorreram e as eleições se deram nos marcos legais e constitucionais do país (Constituição de 1999), o que foi atestado por uma comissão externa independente. Um dos membros da comissão, o ex-presidente do governo da Espanha José Luiz Zapatero, declarou: “Não tenho dúvida de que (os venezuelanos) votam livremente”. Como outros países se acham no direito de questionar o voto do povo venezuelano?
    Não podemos nos iludir: a ação coordenada contra o governo da Venezuela não passa nem de longe por uma suposta defesa da democracia e da liberdade de oposição na Venezuela. Não há nenhum interesse em ajudar o povo venezuelano a superar seus desafios reais. O que existe é a combinação de interesses econômicos e geopolíticos com jogadas oportunistas de alguns governos, como é o caso, infelizmente, do Brasil.
    A Venezuela não é um país qualquer. É a detentora das maiores reservas de petróleo do planeta. O país assumiu, desde 1o. de janeiro, a presidência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no ano de 2019. Desde a eleição de Hugo Chávez, em 1998, a Venezuela vem desafiando os modelos econômicos e políticos excludentes que vigoravam naquele país – e na América Latina – e exercendo cada vez mais fortemente sua soberania.
    O interesse dos Estados Unidos e seus aliados de subjugar esse incômodo vizinho e avançar sobre suas reservas estratégicas é notório. Nós já vimos esse filme: a invasão americana no Iraque, em nome de defender os direitos do povo e instalar a democracia, resultou em 250 mil mortos, cidades destruídas, miséria, fome e terror na ocupação. Depois, largaram tudo para trás, deixando um rastro de destruição e desalento, sem antes terem propiciado que suas empresas ganhassem muito dinheiro e, como país, se posicionassem estrategicamente no acesso ao petróleo dos países árabes. Como está o Iraque agora? Melhor ou pior do que estava antes? Tem democracia? Seu povo é mais feliz? Isso não interessa mais. O que interessa é que o império conquistou o que queria.
    São muito preocupantes os movimentos dos governos Trump e Bolsonaro, entre outros, para desestabilizar o governo eleito de Maduro e sustentar um governo paralelo da oposição. Usam uma retórica de guerra como há muito não se ouvia em nosso continente. Querem intervir na Venezuela – considerando até uma intervenção militar – com a narrativa de que seria uma ditadura, que os direitos humanos não são respeitados, que há crise humanitária; precisa-se intervir para salvar o povo.
    Alguém acha, sinceramente, que os EUA estão preocupados com a democracia e com os diretos humanos na Venezuela? Por que não se preocupam com a fome no Iêmen? Por que tratam as pessoas em processo migratório de forma hostil? Foi a preocupação com os diretos humanos que fez o governo Trump enjaular crianças como animais?
    Nossa Constituição e a tradição da diplomacia brasileira defendem a não-intervenção em outros países. É o respeito às nações e a autodeterminação dos povos. Não precisamos adular impérios que se utilizam das crises alheias pra cobrir seus próprios problemas e tirar vantagens políticas e econômicas, fazendo guerras e intervenções. Já assistimos esse filme e ele só traz mais dores. Quando o ex-presidente George W. Bush quis comprometer o Brasil na guerra contra o Iraque, o ex-presidente Lula reagiu com altivez: “Nossa guerra é contra a fome”.
    A saída, a solução pacífica para a crise venezuelana, que tem impacto na América Latina, é a negociação política, é conversar com todos os lados. Papel que o Brasil deveria estar fazendo, como já fez com sucesso, e não colocando mais lenha na fogueira.
    Esta semana Bolsonaro se encontrará com o presidente Macri na Argentina. Jornais dizem que primeiro ponto da pauta será a Venezuela. Se tiverem o mínimo de responsabilidade com a paz, a ordem e a boa convivência dos países e povos latino-americanos, proporão diálogo com as partes venezuelanas. Caso contrário, só vamos acelerar a crise. Uma intervenção lá sobrará para todos nós.
    Os democratas brasileiros, que se preocupam sinceramente com o destino de nossos povos, sabem que a intervenção, de qualquer espécie, não é a saída para a crise da Venezuela. E não é preciso estar de acordo com Nicolás Maduro, com seu governo ou com os processos institucionais venezuelanos para entender que, no caso de uma intervenção militar, o papel do Brasil, infelizmente, será de bucha-de-canhão.
    *Gleisi Hoffmann e senadora (PT-PR) e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores
  • Destaques da posse de Maduro

    Destaques da posse de Maduro

    Ontem, 10/01, o Presidente eleito Nícolas Maduro tomou posse para o seu segundo mandato, 2019-2025. Em uma cerimônia que ocorreu em frente ao Supremo Tribunal de Justiça, e não na frente da Assembleia Nacional (o equivalente ao Congresso Nacional brasileiro) por conta das disputas entre o governo Chavista e a oposição, ligada aos EUA. O pleito contou com 8,6 milhões de votos, dos quais o presidente recebeu  5.823.728.

    Em um momento que o presidente enfrenta uma situação desfavorável no continente, que tem vivido dias de golpes, com a chegada da extrema direita em vários países como Brasil, Argentina e Colômbia, Maduro reforça a importância da independência Latino-Americana das influências do norte global, em especial estadunidense, e que é necessário buscar a intensificação das relações entre os países da América do Sul e Caribe. A Venezuela, por conta de sua aproximação com China e Rússia, além de suas reservas de petróleo, se tornou o alvo principal dos Estados Unidos da América e dos países que passaram a se submeter ao comando norte americano.

    Abaixo algumas das frases marcantes do discurso proferido:

    Quero saudar os representantes dos 94 países que têm se apresentado o dia de hoje, países que respeitam a Venezuela, que respeitam a soberania do povo, que respeitam e amam o nosso país, sejam bem-vindos.

     

    Este ato contido no artigo 231 da Constituição é um ato de paz, porque todo ato que certifique e faz cumprir a letra, a palavra e o espírito da CRBV são eventos que se somam ao conjunto das forças institucionais da Paz.

     

    Aqui estou! tenho cumprido a Constituição, está certificado meu juramento e desde hoje assumo a presidência da República para o segundo período eleito pelo povo 2019-2015. Aqui estou! Pronto, de pé, para democraticamente levar a condução de nossa pátria até um destino melhor.

     

    Este tricolor, irmãos de Colômbia e Equador, é o mesmo tricolor, porque fomos fundados e libertados pelo mesmo exército.

     

    Eu venho das favelas populares de Caracas, venho de uma forja que só pode se entender se é vivida, se você percorreu pessoalmente a luta dos bairros, dos pobres, dos humildes(…) nossa escola não tem sido, nem é a escola das ditaduras, nem do imperialismo.

     

    Somos uma democracia verdadeira! Profunda, popular, revolucionaria. Uma democracia da classe operária, dos humildes, dos trabalhadores. Somos uma democracia do povo de verdade verdadeira não uma democracia das elites, dos magnatas, dos super- milionários que chegam ao poder para enriquecer a seus grupos econômicos.

     

    Os povos de América Latina e do Caribe temos que lutar para que prevaleça o diálogo entre a diversidade, prevaleça o espírito bolivariano da união e da integração sobre a intolerância ideológica das direitas que querem se impor porque sim.

     

    Na próxima segunda-feira, na Assembleia Nacional Constituinte anunciarei um conjunto de ações no marco do Programa de Recuperação, Crescimento e Prosperidade Econômica, para continuar levando as rendas da guerra econômica e protegendo o povo.

     

    Tenho dado 48 horas para que os governos do Cartel de Lima retifiquem sobre os limites  marítimos e territoriais de Venezuela, senão a Venezuela terá de tomar medidas firmes e contundentes para defender a sua independência, a integridades e a soberania da República. Não temos outro caminho!

     

    Quero um novo começo da Revolução Bolivariana, quero mudar tudo o que tenha que ser mudado para melhorar a vida do povo e do país, para consolidar a independência e soberania, para alcançar o caminho sem volta da prosperidade e o crescimento econômico, para alcançar a proteção e o sono da felicidade social.

     

    Falo aos meios de comunicação, que estão aqui presentes, isto é uma luta que envolve uma grande mudança cultural, comunicacional de uma sociedade (…) aspiramos sim uma sociedade superior, tem que ser uma sociedade baseada em princípios, em valores, na honestidade.