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  • Um acordo que vende o Brasil

    Um acordo que vende o Brasil

    por Maister F. Da Silva, Leandro Noronha de Freitas, Anderson Barreto Moreira e Lauro Duvoisin

    Anunciado como uma trégua para pôr fim ao caos econômico, na verdade o acordo de ontem vai apenas aprofundar a crise que estamos vivendo. O acordo entre governo, grandes empresários do transporte e capital financeiro internacional é, na verdade, um esquema de saque das riquezas nacionais e de entrega da Petrobras às grandes corporações. Os trabalhadores do transporte de cargas continuarão a sofrer o alto custo do combustível assim como toda a população brasileira, que depende da gasolina e do gás para sobreviver.

    1) Os eventos do dia de ontem (24 de maio) confirmam que houve, pela primeira vez durante este governo, uma fissura na classe dominante. Uma fração da burguesia interna percebeu a fragilidade do governo e apostou na possibilidade de rapina.

    2) Até agora tudo indica que o motivador principal da paralisação patronal foi econômico. Este setor percebeu a sua desvantagem relativa frente à oligarquia financeira internacional e apostou na oportunidade que um governo enfraquecido e desmoralizado poderia oferecer para elevar o tom de suas reivindicações.

    3) Em virtude do cenário econômico e da política energética irresponsável do governo, a burguesia interna passou a contar rapidamente com a adesão massiva dos diversos setores de transporte de cargas.

    4) O governo Temer, que representa sobretudo os interesses da oligarquia financeira, viu-se em situação difícil, pressionado internamente pela possibilidade de caos econômico e perda total da autoridade, e externamente pela posição de mando inconteste da oligarquia financeira que não cederia à burguesia de segunda classe.

    5) A esquerda dividiu-se entre os triunfalistas, que viam tudo isso como uma rebelião popular, e os apavorados, que viam o cenário como uma orquestração fascista para cancelar as eleições de outubro e dar um golpe dentro do golpe. Embora seja fato que há forças de extrema direita aproveitando-se da desordem econômica e da fragilização do governo, e mesmo que o processo esteja em andamento, os desdobramentos até agora permitem afirmar que estas duas posições estão profundamente equivocadas e não permitem enxergar o que é central no cenário atual: o enorme espaço político-ideológico que se criou para fustigar o projeto neoliberal e apresentar uma alternativa para o Brasil.

    6) No dia 24 de maio ao final do dia o que vimos foi um acordo, frágil, entre a burguesia interna e a oligarquia financeira internacional. Por um lado, permanece intocada a política energética antinacional e a estrutura de comando atual da Petrobras, e por outro se cede recursos públicos do Estado para satisfazer a sanha da fração burguesa rebelada. O preço do acordo é, mais uma vez, um assalto aos cofres públicos controlados pelo Estado.
    7) Contudo, não nos enganemos, a oligarquia financeira cobrará a conta dos setores produtivos internos. Este padrão de atuação é o mesmo da Operação Lava Jato: desvalorização de empresas e produtos competitivos no mercado internacional em prol das grandes corporações. Nesse sentido, já se anunciou a possibilidade de quebra de contrato das exportações de soja, carro-chefe da pauta exportadora brasileira. Ou seja, a oligarquia financeira transformará, mais uma vez, qualquer desafio ao seu poder como uma oportunidade de avançar na guerra econômica de rapina contra os interesses nacionais.

    8) A rede Globo, que desta vez se antecipou e desde o início deu o tom, inclusive criando o efeito manada (corrida ao postos e supermercados), aparentemente mudou o discurso na noite do 24/05. Possivelmente perceberam os riscos de perder o controle ao criar uma situação de desabastecimento e caos que certamente dificultaria muito a condução dos rumos da paralisação. Sua postura no acordo foi buscar enquadrar a fração interna rebelada. A repetição de que o acordo é muito bom para os setores paralisados e ruim para o governo e os “acionistas” confirmam sua posição em favor do capital financeiro. Pior, agora se reafirma pela força dos fatos e pela mensagem deste acordo que a Petrobras nada mais é do que uma filial subalterna dos grandes holdings internacionais a quem deve submeter-se custe o que custar. A que ponto chegamos!

    9) A suposta solução proposta pelo governo é apenas um arremedo paliativo para tentar retomar o controle da situação. Não coloca em questão nenhum dos pilares da política energética que produziram a insatisfação atual, ou seja, não resolve o problema central, que é os preços dos combustíveis pagos pelo setor produtivo e pela população em geral: diesel, gasolina, álcool e gás de cozinha.

    10) Visivelmente o acordo excluiu o setor mais precário dos transportes. Ou seja, foi um acordo no alto escalão da burguesia. Como não resolve os problemas do custo dos combustíveis, para os próximos dias é provável um cenário de continuidade das paralisações com ações repressivas por parte do governo para evitar a perda do controle novamente.

    11) O governo sem dúvidas sai ainda mais enfraquecido deste embate. Pela primeira vez ele mostra-se incapaz de aglutinar todas as frações burguesas dentro de um mesmo projeto. Além disso, fica ainda mais evidente que sua força vital vem de fora, vem da natureza entreguista de seu projeto, sustentado a ferro e fogo pela oligarquia financeira.

    12) A rápida adesão à pauta em curso nos últimos dias e a mobilização de setores dos estratos médios da classe trabalhadora e mesmo daqueles mais pauperizados pode levar à perda de controle do “baixo escalão” por parte da burguesia interna. Esta massa pode migrar para a direita, que até agora tem mostrado ter mais capilaridade nestes setores, ou para a esquerda, se alguma força social de peso, como os trabalhadores petroleiros, entrarem com força na luta com clareza, domínio e autoridade sobre a pauta em disputa.

    13) A solução apresentada desvela os verdadeiros interesses em jogo e cria um ambiente propício para a disputa de projeto. O acordo, ao que tudo indica, por atender aos setores já citados, pode ser rejeitado por parte dos que participam da paralisação. O que a esquerda e os setores progressistas podem fazer caso siga a atual situação? Apenas dizer que se trata de um lockout fascista e esperar que uma explosão social de caráter reacionário saia as ruas? Ou buscar fustigar as enormes contradições em jogo: a política neoliberal que drena as riquezas e não traz benefício algum; a denúncia de que esta crise é fruto exatamente da forma privada que conduz a Petrobras; se existe subsídio para os acionistas também podem existir para o gás. Não alimentamos ilusões de que isso possa ser atendido, mas são questões colocadas. A crise desatada pela paralisação trouxe à tona as imensas tensões que estão acumuladas na população. Alguns setores ensaiam paralisações como motoboys e taxistas; em algumas refinarias têm início o que pode se tornar uma greve do setor petroleiro. Continuemos no esforço de encontrar as brechas para colocar um projeto que de fato resolva os problemas do povo brasileiro.

    • Maister F. Da Silva e Leandro Noronha de Freitas (Militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores) e Anderson Barreto Moreira e Lauro Duvoisin ( Militantes do Levante Popular da Juventude)
  • Nota do PT: Governo entreguista criou crise dos combustíveis

    Nota do PT: Governo entreguista criou crise dos combustíveis

    Do site do PT

    Em nota o Partido dos Trabalhadores aponta a política nefasta do governo golpista de Temer, PSDB, DEM como o responsável pelo aumento absurdo do preço dos combustíveis que só beneficiam aos grandes acionistas privados  e ao setor financeiros. Esta conta é paga por todos os brasileiros diariamente ao comprar gasolina, álcool, ou diesel e também na compra do botijão de gás.Lembramos ainda que todos os que apoiaram o golpe de 2016 contra o povo são responsáveis pela atual crise que vivemos.

    Esta lógica perversa de priorizar os interesses privados e fazer que a conta salgada seja feita pelo povo não pode continuar. Neste sentido, a nota do PT aponta que “a  paralisação do transporte rodoviário no país é resultado direto da política irresponsável de preços de combustíveis da Petrobras sob o governo golpista, que atingiu primeiramente a população mais pobre, com os aumentos escandalosos do gás de cozinha. Trata-se de uma crise anunciada e agravada pelo noticiário da Rede Globo, que estimula a corrida aos postos e supermercados, além da especulação com preços dos alimentos. A Globo investe na crise, como fez em 2013 e ao longo do golpe do impeachment de 2016.

    O protesto contra a alta dos combustíveis é justo. Foram absurdos 229 reajustes no preço do diesel nos últimos dois anos. Nos 12 anos de governo do PT, foram apenas 16 reajustes.”

    Veja a integra da nora do Partido dos Trabalhadores:

     A paralisação do transporte rodoviário no país é resultado direto da política irresponsável de preços de combustíveis da Petrobras sob o governo golpista, que atingiu primeiramente a população mais pobre, com os aumentos escandalosos do gás de cozinha. Trata-se de uma crise anunciada e agravada pelo noticiário da Rede Globo, que estimula a corrida aos postos e supermercados, além da especulação com preços dos alimentos. A Globo investe na crise, como fez em 2013 e ao longo do golpe do impeachment de 2016.

    O protesto contra a alta dos combustíveis é justo. Foram absurdos 229 reajustes no preço do diesel nos últimos dois anos. Nos 12 anos de governo do PT, foram apenas 16 reajustes.

    Na época dos governos do PT os preços do diesel, da gasolina e do gás acompanhavam os preços internacionais em ciclos longos. Os reajustes eram feitos de forma espaçada e moderada, conciliando os interesses da empresa com os interesses maiores do bem-estar público e da eficiência global da economia. Já a gestão golpista da Petrobras adotou uma política de transferência compulsória e imediata das oscilações internacionais para o mercado interno e de maximização dos preços dos derivados, com o intuito único de remunerar os acionistas e tornar a empresa atrativa para as privatizações setoriais a que é atualmente submetida. Tal política, que trata a Petrobras como se fosse uma bolha privada desconectada do interesse nacional, provocou uma volatilidade absurda dos preços, que passaram a ser reajustados, em alguns casos, de forma praticamente diária.

    É por isso que o preço do diesel no Brasil está hoje bem acima do preço internacional do produto (56% acima). É por isso que o Brasil está com a segunda gasolina mais cara do mundo. É por isso que a população mais pobre não consegue mais comprar botijões de gás. É por tal razão que a economia brasileira está paralisando. É por isso que o Brasil está importando cada vez mais combustíveis de grandes petroleiras norte-americanas, como Chevron, Exxon, etc.

    Além disso, a direção entreguista da Petrobras reduziu em cerca de 30% a produção de combustíveis em nossas refinarias, abrindo o imenso mercado brasileiro para a importação de combustíveis. Nossas importações de derivados norte-americanos subiram de 41% para 82%. Estamos exportando óleo cru, ao invés de refiná-lo aqui mesmo, e comprando combustível mais caro no estrangeiro, que muitas vezes é produzido a partir do nosso petróleo. É uma estratégia suicida, que visa a atrair investidores para a privatização da Petrobras. Um crime contra a economia popular e contra a soberania nacional.

    Neste contexto, é meramente paliativa a ideia de zerar os impostos federais sobre combustíveis (objetivo das grandes empresas de transporte que se aproveitaram do movimento para realizar um locaute). A volatilidade dos preços internacionais e do câmbio vai continuar a gerar novos aumentos. Além disso, o custo fiscal dessa proposta, que incide sobre o PIS/Cofins, recairá fatalmente sobre o orçamento de programas sociais e políticas públicas, como a do seguro desemprego, que beneficiam o povo mais pobre. Além de inútil, a proposta do governo golpista é injusta.

    O acordo anunciado nesta noite (24/05) confirma essas fragilidades, já que, além de não revolver adequadamente o problema, vai onerar a União, que terá de remunerar a Petrobras caso ela tenha algum prejuízo com as medidas tomadas. Trata-se de uma total inversão de valores, na qual os interesses privados dos acionistas da empresa se sobrepõem aos interesses públicos.

    A saída para mais esse desastre do governo golpista está na recuperação da Petrobras e do papel estratégico que nossa maior empresa sempre exerceu no país, inclusive na regulação dos preços dos combustíveis. É urgente reverter a política ultraliberal de Pedro Parente, que trata a Petrobras como se fosse uma empresa privada, com foco no lucro de quem detém ações (grande parte estrangeiros), em detrimento do maior de todos os acionistas: o povo brasileiro.

    A reversão deste processo, em benefício do país e do povo, só será possível quando tivermos um governo eleito pela maioria, com legitimidade para enfrentar as pressões do mercado, ao invés de submeter-se a ele como fazem Michel Temer e Pedro Parente. Esta é mais uma razão para lutarmos pela liberdade de Lula e pelo direito do povo de votar livremente num projeto de país melhor e mais justo, um país soberano, com desenvolvimento e inclusão social.

    Alertamos, por fim, para as tentativas de manipulação política da paralisação dos transportes e suas consequências. Uma crise dessas dimensões, diante um governo que já não tem sequer a capacidade de dialogar, por absoluta falta de credibilidade, pode se transformar em terreno fértil para aventuras autoritárias. Principalmente porque o campo dos golpistas não consegue apresentar uma candidatura e um projeto de país com viabilidade eleitoral. O PT defenderá sempre as soluções democráticas e justas para o país.

    Foto: agência PT-Protesto dos caminhoneiros na BR-040 em Duque de Caxias

    Pela recuperação plena da Petrobras e de seu papel estratégico!

    Por uma política justa e soberana dos preços de combustíveis!

    Por eleições livres e democráticas!

    Lula Livre! Lula Presidente!

    Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

    Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados

    Lindbergh Farias, líder do PT no Senado Federal

  • Desabastecimento começa a atingir Ceagesp

    Desabastecimento começa a atingir Ceagesp

    Texto: Maurício Abbade, para os Jornalistas Livres, com fotos de Rafaela Bonilla

    A greve dos caminhoneiros entrou em seu quarto dia nesta quinta-feira (24) e seus efeitos começam a ser sentidos no Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo). Produtos como manga, mamão da Bahia, melão do Rio Grande do Norte, batata do Pará começam a faltar nas bancas.

    O desabastecimento é consequência da imobilidade urbana causada pela paralisação das estradas devido às reivindicações populares, que começaram na segunda-feira e estendem-se à grande parte das rodovias brasileiras. A Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam) demanda do Governo Federal medidas para mitigar os impacto do aumento do diesel, como a isenção de tributos.

    O Ceagesp é o maior centro de abastecimento da América Latina, responsável por 60% do abastecimento da Grande São Paulo. Por ele circulam diariamente cerca de 50 mil pessoas e entre 10 e 14 mil veículos. Os caminhões circulam principalmente durante a noite e madrugada – fora do horário de pico.
    Entre os abastecimentos afetados pela mobilização, o fornecimento de pescados destaca-se como um dos mais abatidos, principalmente pela diminuição da variedade de produtos. Moisés Pereira da Silva, distribuidor que transportar peixes do Ceagesp ao Mercado Municipal de São Paulo afirma que “durante o final de semana, tudo isso vai parar, já que é muito provável que fiquemos sem produto” e completa: “a greve é de extrema importância, é necessário tudo isso para que o governo comece a tomar atitudes.”

    Porém, há divergências dentro da esquerda quanto a nomenclatura da mobilização social.

    Alguns afirmam que greve é o melhor termo, já que caminhoneiros estão se movimentando para que melhorias ocorram para sua classe, inclusive, alguns acreditam que isto é trama do governo. Por conta de alguns afirmarem que são os empresários os responsáveis pela mobilização, outros acreditam que a palavra não seja adequada. Entretanto, o mote é o mesmo para as duas situações: a insatisfação do provável aumeto que ocorrerá aos produtos.

    O aumento no valor do diesel acaba gerando um movimento em cadeia, prejudicando a sociedade como um todo. Com uma consequente alta no frete, o preço das mercadorias que chegam à mesa do consumidor é afetado. Entretanto, ao visualizar este quadro, há um problema: a conta não fecha. O consumidor não consegue pagar os altos preços, em vista do alto desemprego. “Menos pessoas estão vindo comprar mercadorias, nós [do Ceagesp] já estamos sentindo o prejuízo”, confirma Moisés.

    Encarregado de transportar cereais, tanto para o Ceagesp quanto para o Porto de Santos, Eugênio Moreira é um dos caminhoneiros que hoje ocupa a estrada SP-264, alinhando-se à mobilização. Autônomo, ele arca com os valores de combustível e pedágios de seus trajetos, enquanto as empresas que o contratam apenas pagam o frete. De acordo com ele, o valor não é o suficiente para manter seu caminhão.
    Jordan Viana, caminhoneiro que está enclausurado no Ceagesp desde de quarta-feira (23), por conta da falta de combustível, afirma que “A greve está certa pois o governo anda pensando, na minha opinião, que os motoristas são palhaços.” Ele é um entre os vários daqueles afetados pelo aumento do diesel.

  • Engenheiros desmontam ‘circo’ armado pela Petrobras

    Engenheiros desmontam ‘circo’ armado pela Petrobras

     

    Esclarecendo o “Petrobrás esclarece”

    da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET)

    Todo este “circo” foi montado baseado na mentira de que a Petrobrás passava (e passa) por problemas financeiros

    Nessa quarta-feira (16/05), depois da AEPET ter publicado o Editorial: “Parente e o balanço, autoengano ou encenação”, a administração da empresa encaminhou mensagem, via correio eletrônico, aos petroleiros, segundo eles: com o objetivo de não deixar que informações imprecisas se transformem em fatos que prejudiquem a reputação e a imagem de nossa empresa.

    Em primeiro lugar queremos deixar bem claro que o que pretendemos é discutir quais os melhores planos para a Petrobrás, como empresa estatal que é, para o atendimento das necessidades da população brasileira e o desenvolvimento da Nação.

    O resultado de uma empresa estatal não se mede apenas pelo lucro ou prejuízo registrado no seu balanço, mas sim pelo desenvolvimento que ela promove para o país e a forma como contribui para distribuir a renda petroleira em favor dos seus verdadeiros donos: os brasileiros.

    Infelizmente hoje a discussão se limita a comparar resultados contábeis entre um período e outro, verificar o desempenho das ações na bolsa de valores, informar quais os ativos vão ser entregues para terceiros para antecipar a redução de uma dívida que já foi chamada de “impagável”, redução da força de trabalho e dos benefícios dos empregados e imposição de pesados e injustos encargos aos participantes do plano de aposentadoria, ao mesmo tempo em que são aprovadas regras para antecipar dividendos aos acionistas e pagar indenização bilionária aos especuladores estrangeiros.

    O que a AEPET sempre fez, em toda a sua história, foi defender a reputação e a imagem da Petrobrás.

    Quem criou a imagem de que a empresa estava quebrada?

    Quem inventou que a dívida era impagável?

    Quem gasta páginas do relatório anual para falar em Lava Jato, mas não dispende uma linha para falar das riquezas do pré-sal descoberto?

    Quem disse que endeusaram o pré-sal, em tom de menosprezo?

    Todo este “circo” foi montado baseado na mentira de que a Petrobrás passava (e passa) por problemas financeiros.

    Por isso precisa vender ativos altamente rentáveis e entregar o pré-sal para as petroleiras estrangeiras.

    Já falamos muitas vezes sobre isto, mas não custa repetir.

    O que mostra se uma empresa tem ou não problemas financeiros são os seus registros contábeis.

    Muitos consideram que o principal indicador financeiro de uma empresa é a sua Geração Operacional de Caixa.

    É o caixa disponível depois de cobertos todos os custos e despesas.

    É o caixa apto para pagamento da dívida, fazer investimentos e pagar dividendos.

    No caso da Petrobrás os números são os seguintes:

    Vejam que a Geração Operacional de Caixa da Petrobrás é inabalável.

    Onde está o efeito da corrupção que muitos disseram que quebrou a Petrobrás?

    Onde está o efeito dos subsídios concedidos (2010/2014) que muitos calculavam em bilhões e bilhões?

    Onde está o efeito dos “impairments” (2014/2016) que causaram os prejuízos econômicos astronômicos?

    Onde está a dependência do preço do petróleo no mercado internacional em relação à sua capacidade de gerar valor?

    Onde está a empresa quebrada?

    Se compararmos a Geração Operacional de Caixa da Petrobrás com outras grandes petroleiras temos o seguinte:

     

    Importante lembrar que estas petroleiras (principalmente Exxon e Shell ) tem receitas 3 vezes superior à da Petrobrás.

    A tabela mostra claramente o efeito da variação do preço do barril na geração operacional das petroleiras estrangeiras.

    Efeito que não se vê na Petrobrás.

    Mas a atual política de preços não tem o objetivo de seguir a cotação internacional do barril?

    Então por que de 2016 para 2017 todas as grandes petroleiras tiveram expressivo aumento de geração operacional enquanto na Petrobrás o número permanece estável?

    Venda de ativos rentáveis? Perda de participação no mercado? Ociosidade das refinarias?

    Outro importante indicador financeiro é a Liquidez Corrente.

    Ela indica a capacidade da empresa de cumprir com seus compromissos de curto prazo.

    É resultado da divisão do Ativo Corrente pelo Passivo Corrente.

    A tabela a seguir mostra os números:

     

    Vejam que a liquidez corrente da Petrobrás se mantem sempre superior a 1,5.

    Significa dizer que para cada R$ 1 que a empresa precisa pagar ela dispõe de R$ 1,5 ou mais.

    Notem que a situação da Petrobrás é muito mais confortável do que a das maiores petroleiras americanas.

    Bom lembrar que as petroleiras americanas tem classificação de risco AAA (nível máximo) enquanto a Petrobrás fica 12 níveis abaixo B+.

    A liquidez corrente mostra que a Petrobrás não tem nem nunca teve problemas financeiros.

    Interessante de se verificar também o volume de recursos mantidos em caixa pela empresa.

    Vejam a tabela a seguir:

     

    Reparem que as grandes petroleiras americanas vêm reduzindo sistematicamente o caixa desde 2012 enquanto a Petrobrás mantém caixa elevadíssimo a partir de 2015.

    A Exxon que tem uma receita 3 vezes maior que a da Petrobrás, mantem um caixa muito menor.

    A única explicação é que o caixa é mantido elevado para permitir a venda de ativos.

    Se fosse utilizado o caixa não haveria necessidade de venda de ativos. Pasmem…

    Isto fica muito claro quando vemos os quadros de Usos e Fontes dos Planos de Negócio e Gestão-PNG feitos pela atual administração.

    Este plano mostra uma geração operacional de caixa de US$ 158 bilhões (já pagos os dividendos, não informado o montante), uma utilização de US$ 2 bilhões do caixa e a venda de US$ 19 bilhões de ativos.

    Como no final de 2016 havia mais de US$ 20 bilhões em caixa, os ativos estão sendo vendidos para manter o caixa elevado.

    Além disso a empresa vendeu US$ 13,6 bilhões de ativos em 2016 e só recebeu US$ 2 bilhões.

    Restavam US$ 11 bilhões a receber.

    Mais ainda a Petrobrás já tinha um crédito com a Eletrobrás de US$ 6 bilhões.

    O grande absurdo vem à tona quando olhamos o Usos e Fontes do PNG 2018/2022.

    Estranhamente a geração operacional cai para US$ 142 bilhões (já pagos os dividendos), uma queda de US$ 16 bilhões em relação ao plano anterior (US$ 158 bilhões).

    A geração operacional deveria ter aumentado e não caído.

    Qual é a causa? Não é dada nenhuma explicação.

    A venda de ativos rentáveis fez cair a geração?

    Ou está previsto pagamento de dividendos muito elevados? Não existe clareza.

    Consta a venda de US$ 21 bilhões de ativos, ao mesmo tempo em que o caixa é aumentado em US$ 8,1 bilhões.

    O que é isto? Estão vendendo ativos para aumentar o caixa?

    Mas o caixa já tem mais de US$ 20 bilhões.

    Das vendas de ativos feitas em 2016 ainda resta receber US$ 8 bilhões e o crédito com a Eletrobrás de US$ 6 bilhões continua.

    Simplesmente ridículo.

    Bem, voltemos ao Petrobrás esclarece, que afirma: Para não deixar dúvidas a única vez que registramos resultado em torno de R$ 7 bilhões foi em 2013, quando tivemos um lucro de R$ 7,7 bilhões e o barril do petróleo estava em torno de US$ 100. Agora conseguimos resultado semelhante com a cotação a US$ 67 o barril. Ou seja é o nosso esforço para recuperar a empresa usando todas as ferramentas do plano de negócios que explica o bom desempenho da companhia.

    Porque falam em torno de US$ 100 o barril?

    É só olhar o relatório do 1º trimestre de 2013, o preço médio do barril era de US$ 94.

    Mas em 2013 o governo subsidiava o consumo no mercado interno, mantendo os preços internos abaixo dos preços internacionais.

    Portanto este preço de US$ 94 não serve como parâmetro. Esqueceram?

    Por outro lado não apenas o preço do barril deve ser avaliado, o câmbio é outro fator tão importante quanto.

    No 1º trimestre de 2013 o dólar custava em média R$ 2,00 enquanto que no 1º trimestre de 2018 passou para R$ 3,24.

    Vão querer continuar enganando?

    E continuam mesmo: A Petrobrás tem um programa de parcerias e desinvestimentos desde 2012 muito antes da posse da atual administração. Não se pode, assim, atribuir a este programa qualquer motivação partidária ou ideológica.

    Parece que aqui eles vestiram a carapuça.

    E continua: Em dois anos entre 2012 e 2014 a empresa se desfez de US$ 10,8 bilhões de ativos no exterior, campos de produção e áreas exploratórias. Esta portanto é uma ferramenta de gestão usada em diversos momentos e por diversas e distintas administrações da empresa para ajudar a reduzir seu endividamento.

    Entre 2012 e 2014 são três anos e não dois, o que dá uma média de US$ 3,6 bilhões/ano.

    É normal na atividade da empresa comprar e vender ativos.

    Mas nunca se falou em venda de ativos como NTS, Liquigás e BR Distribuidora.

    Por outro lado a venda de ativos não era feita para reduzir dívidas, pois naquele momento é que a empresa mais investiu e se endividou.

    Quanto se privatizou entre 2012 e 2014 em comparação com US$ 35 bilhões planejados pela atual administração?

    Onde estavam e quais ativos foram privatizados nos dois períodos?

    Agora tentam esconder a verdade: Neste trimestre a entrada em caixa com parcerias e desinvestimentos teve impacto de R$ 2,2 bilhões no lucro líquido, impacto reduzido quando comparado ao lucro de R$ 7 bilhões.

    No relatório aparecem ganhos de R$ 3,2 bilhões com a venda de Lapa, Iara e Carcará.

    Mas pode ser que exista algum ajuste para chegar no efeito no lucro líquido.

    De qualquer forma o lucro a ser comparado é de no máximo R$ 4,7 bilhões (6,9-2,2).

    No 1º trimestre de 2015 o lucro líquido foi de R$ 5,3 bilhões.

    Então que estória é esta de melhor resultado dos últimos 5 anos?

    Terminamos esta Nota de forma similar a que a atual direção da Petrobrás iniciou o seu Petrobrás esclarece.

    Você está recebendo mais esta Nota da AEPET com o objetivo de não deixar que informações imprecisas se transformem em fatos que prejudiquem a reputação e a imagem da nossa empresa.