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  • Se é público, é para todos

    Se é público, é para todos

    Novamente assistimos ao bombardeio das empresas públicas. Tenta-se fabricar a ideia de que elas são ineficientes, desimportantes e corruptas, que o país estaria melhor se fossem privatizadas. Foi assim com as empresas de telefonia, de eletricidade, siderúrgicas, bancos estaduais e muitas outras. Na mira, agora, estão a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

    Um dado bastante simples serve para ilustrar a distinção entre a lógica de negócio da empresa privada e da empresa pública. A Shell fez perfurações no campo de Libra e não achou petróleo. A Petrobras perfurou no mesmo campo e encontrou o pré-sal.

    A Shell investiu cerca de 20 milhões de dólares e desistiu. A Petrobrás investiu 200 milhões de dólares e fez a maior descoberta mundial das últimas décadas.

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    A defesa da empresa pública é baseada, justamente, nessa diferença: ao buscar o lucro social, o lucro de toda a sociedade, a empresa pública se permite entrar em atividades de maior risco, mas que são essenciais para o país. José Maria Ferreira Rangel, o Zé Maria, coordenador da Federação Única dos Petroleiros, foi quem passou esses dados aos presentes no seminário Se é público, é para todos, realizado pelo Comitê Nacional em Defesa da Empresa Pública, na quadra do Sindicatos dos Bancários de São Paulo, na quarta, 23/11.

    Zé Maria apontou, ainda, que a Petrobrás era responsável por 2% do produto interno bruto do Brasil quando Lula se foi eleito. Em 2013, ela conribuia com 13% do PIB. Em outras palavras, de cada 100 reais de bens e serviços produzidos no país em 2013, a Petrobrás produzia 13 reais. A maior e mais importante empresa brasileira, ao invés de ser protegida, foi atacada duramente. Não foram os CPFs, as pessoas físicas, que roubaram a empresa que foram punidos, foram os CNPJs, as pessoas jurídicas, que sofreram a destruição e o desemprego causados pela operação Lava Jato.

    Juvandia Moreira Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, focou no ataque ao Banco do Brasil e à Caixa.

    Ela lembrou que cerca de 60% do financiamento da casa própria no Brasil é feito pela Caixa e percentual semelhante, 60%, do financiamento à agricultura é feito pelo Banco do Brasil.

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    Novamente, nos deparamos com lógicas diferenciadas: os bancos privados não investem nessas atividades que, embora essenciais para o desenvolvimento do país e diminuição da desigualdade, estão acima de seu apetite de risco.

    Juvandia afirmou que o BB teve papel central em proteger a economia brasileira contra a profunda crise mundial iniciada em 2008. Foi essencial a manutenção do crédito pelo BB, portanto, manter o dinheiro circulando na economia brasileira quando os bancos privados se retraíram. Se não existisse banco público no Brasil, como não havia nos EUA que sofreram duramente com o dinheiro parado nos bancos, nossa economia teria entrado em recessão já naquele ano. Ela denunciou, ainda, o desrespeito dessa diretoria do Banco do Brasil com seus funcionários, que souberam do fechamento de agências e diminuição no número de funcionários pelos jornais.

    Emir Sader, coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, foi enfático: o golpe foi dado para terminar o que Collor e FHC não conseguiram, para continuar com o modelo neoliberal, para retomar a centralidade do mercado. É um engano achar que a privatização do Banco do Brasil afeta somente seus funcionários: todos os beneficiários das polítcas do banco serão prejudicados. É urgente traduzirmos cada uma dessas medidas, tomadas por esse governo golpista, contra o povo brasileiro e contra o Brasil e fazermos chegar aos afetados, insistiu ele.

    Emir, afirmou que esse é o governo de 1% da população, uma governo antipopular, antinacional e antidemocrático. Finalizou, sua participação no seminário, com duras críticas a Sérgio Moro: o juiz que acusa, julga e faz campanhas políticas.

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  • Polícia Militar de SP age com truculência contra petroleiros em greve e detém três pessoas

    Polícia Militar de SP age com truculência contra petroleiros em greve e detém três pessoas

    Nesta quinta-feira (5/11) a Federação Única dos Petroleiros — FUP entrou no quinto dia de greve e realizou ações por todo o país.

    Na região metropolitana de São Paulo, sindicalistas e movimentos sociais se mobilizaram em frente ao Terminal de São Caetano, por volta de 6h30. “Essa greve está marcada por uma repreensão muito forte”, lamentou Jairzinho, petroleiro aposentado, no 2º Distrito Policial de São Caetano. Ele se referia à truculência com a qual a Polícia Militar e a Gerência da Petrobrás estão levando a greve.

    8h

    Por volta das 8h da manhã, teve início um ato político pacífico em frente aos portões do Terminal. Lideranças sindicais, trabalhadores da base e movimentos sociais apoiadores da greve puderam fazer discursos contra o plano de desinvestimento da Petrobrás, pela garantia dos recursos dos royalties do pré-sal para a educação e a saúde e, principalmente, gritar contra a privatização da empresa. “Esse é um ato em defesa da Petrobrás, é um ato em defesa do patrimônio do povo”, alegava Auzelio, da FUP.

    Estavam presentes movimentos como MST — Movimento dos Trabalhadores Rurais de Terra, Levante Popular da Juventude, CUT — Central Única dos Trabalhadores, CSP — Conlutas, Marcha Mundial das Mulheres, Consulta Popular, MAB — Movimento dos Atingidos por Barragens, Sintaema — Sindicato dos Trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo e SindiPetro do Estado de São Paulo.

    8h30

    Um micro-ônibus com trabalhadores concursados e terceirizados foi orientado pela gerência da Petrobras a forçar a entrada pelo piquete dos petroleiros.

    Os trabalhadores em greve, então, sentaram em frente à entrada de carros, junto com representantes dos movimentos sociais. Sentaram homens e mulheres, jovens, velhos e até crianças. Sentaram todos. E conforme o ônibus avançava e os policiais militares tentavam convencê-los a sair, o grupo entoava: “Resistir, Resistir, Resistir…!!”

    Para entender1 — As lideranças da FUP tinham acordado com a gerência que o portão de acesso a carros permaneceria fechado. Os trabalhadores que quisessem entrar no Terminal deveriam fazê-lo pelo portão de entrada de pedestres.

    Para entender2 — De acordo com os dirigentes do SindiPetro, o ônibus não poderia entrar no terminal independentemente do piquete. A razão: o motorista do micro-ônibus, terceirizado, não pode entrar dentro das dependências da Transpetro, pois não recebe adicional de insalubridade.

    8h45

    Os polícias começaram a tirar os grevistas e ativistas à força. Chegaram a carregar trabalhadores aposentados e a arrastar mulheres. A ação truculenta incluiu spray de pimenta, disparado pelos policiais contra grevistas e imprensa.

    No meio do tumulto, o primeiro trabalhador foi detido: Jair Ap. Campos, o Jairzinho, petroleiro aposentado e coordenador regional do DAES, Departamento de Aposentados da SindiPetro. De acordo com a PM, sua detenção foi causada por “depredação de patrimônio”.

    A repórter que aqui escreve, junto com outros comunicadores e ativistas, filmava a ação.

    8h48

    – “A senhora pode dar um passo para trás?”, enquanto me impedia de gravar a segunda detenção. Pedro de Almeida, petroleiro e militante do CSP — Conluntas, era detido de forma violenta por estar filmando a repressão.

    – “Estou trabalhando”, mostrei minha identificação de jornalista e não avancei o perímetro demarcado pelo cordão de policiais.

    – “Ah… está filmando? Então vai de testemunha!”

    Nesse momento tive meu celular – instrumento de trabalho – e documentos apreendidos. Eu não sabia, mas era a terceira detida.

    9h

    Orientados até aquele momento, Pedro e eu seguimos como testemunhas (pensávamos), e Jair como detido, para o 2º Distrito Policial de São Caetano.

    Entramos os três na viatura. No percurso, o policial que dirigia nos disse: — “Olha, queria deixar claro que não tenho nada contra vocês. Se eu pudesse também entraria em greve. Trabalhei na GM e era o primeiro a aderir à greve”.

    9h20 (ou próximo disso)

    Chegamos ao DP. Nossos celulares (os três aparelhos haviam sido tomados) foram devolvidos e aguardamos o advogado, que chegou em seguida. Após mais de uma hora de espera, nos entregaram o Boletim de Ocorrência para lermos e assinarmos.

    De acordo com o documento, os policiais teriam usado de “violência necessária”. O B.O. também informava que Jair havia sido detido por depredação, e que Pedro e eu fomos detidos “por desobediência”.

    Foi nesse momento que descobri que era a terceira detida.

    Formalizamos nosso desacordo com o documento e assinamos. O responsável pela ação da Polícia Militar foi o 1º Sargento Guide.

    11h30

    Após assinarmos o “Termo de Compromisso — Lei 9.099/95” fomos liberados. Saímos de lá com a orientação de retirar a cópia do Boletim de Ocorrência após 5 dias úteis, assim como de comparecer à audiência em juízo no mês de dezembro.

    Agradecimentos: à Federação Única dos Trabalhadores e ao SindiPetro, em especial ao advogado Francisco pelo acompanhamento e atenção!

    A FUP

    Lideranças da greve repudiam ação de utilizar força policial para subjulgar o trabalhador. Em nota, a FUP relatou “A Petrobrás recorre à força policial para tentar impedir os trabalhadores de exercerem o seu legítimo direito de greve. Ontem, a polícia foi truculenta com os dirigentes sindicais no ato do terminal de Guararema e há muitos outros relatos e denúncias de intimidações e agressões a petroleiros, nas mobilizações que acontecem por todo o país”.

    Não foi pontual

    A ação truculenta da Polícia Militar não foi pontual, na madrugada dessa segunda-feira (2/11), a polícia repreendeu violentamente e deteve o conselheiro e coordenador do Sindicato Deyvid Bacelar, o diretor da CUT-BA Agnaldo Cosme e o jornalista Wandaick Costa. Ontem também houve repressão violenta em Guararema.

    Antes mesmo da greve ter início, no dia 13 de outubro, a PM, em mais uma ação violenta, deteve diretores do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP).

    A greve

    De acordo com balanço da federação, divulgado ontem, 48 unidades marítimas aderiram a paralisação, sendo 30 completamente paradas, no norte fluminense. Na Bahia mais de 50% da produção está parada e 80% dos trabalhadores aderiram à greve.

    Os trabalhadores de Duque de Caxias também aderiam à paralisação, o carregamento de coque e a entrega de produtos químicos estão parados. No Rio Grande do Norte são 13 unidades paradas, afetando 50% da produção de óleo.

    No Ceará a greve teve impacto na produção de 87% do óleo e de 94% do gás. No Espírito Santo, 100% dos trabalhadores das plataformas aderiram à greve.

    São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Amazônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná também seguem com paralisações e redução de produção.