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Tag: Fernão Dias

  • Malhação tentou construir mundo imaginário sobre as Escolas em Luta

    Malhação tentou construir mundo imaginário sobre as Escolas em Luta

    Nesta segunda (29), dia de ser #FelizSemGlobo, hashtag que ficou nos Trend Topics do Twitter e que deu nome ao protesto realizado hoje, por esta e outras redes sociais contra o império da família Marinho, a Rede Globo exibiu um episódio da série ‘Malhação’ que ‘tentou’ mostrar estudantes ocupando uma escola fictícia chamada Dom Fernão, nome coincidentemente parecido com o nome da E. E. Fernão Dias, uma das primeiras escolas estaduais de SP que iniciaram a luta contra a reorganização escolar imposta pelo tucano Alckmin.

    O esforço foi na direção de querer encenar o que muitos estudantes sentiram durante todos os dias da ocupação da vida real: o temor da violência policial. Indo na contramão da realidade, a versão romântica das Escolas em Luta composta pela Globo ficou piegas mas nada surpreendente para os moldes do PIG.

    Para contextualizar o roteiro da série: lá na ocupação da Dom Fernão não houve abuso policial. No roteiro do universo adolescente da série, a “luta” , em segundo plano, era sim por uma possível reorganização imposta pelo governador, mas o grande objetivo da turma era impedir a demolição do prédio e evitar assim, a instalação de um parque no local.
    Tá confuso pra você? Pra nós também ficou. E pasmem, não acabou por aí. Professores da escola discutiam o suposto projeto real de Geraldo Alckmin. Diziam acreditar que a ação de separar alunos por ciclo seria boa e tinham como única objeção o pouco tempo entre a proposta e sua execução.

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    As reconstruções simbólicas ficam escondidas, em pequenos trechos, quase imperceptíveis.
    Mas as peças se encaixam de uma maneira cruel. Tudo isso por que, as semelhanças com a realidade em figuras de linguagem, cenários e a pauta ornaram um cenário que para os mais distraídos, ou para aqueles que não possuem minimamente qualquer contato com formação política passa com nota 10 pelo entendimento da realidade das verdadeiras Escolas em Luta. Quem acompanhou a luta da vida real não se engana.

    Fatos e cenas

    1. Cena: Logo no começo do episódio,um pequeno atrito entre estudantes. Discussão sobre um deles não pertencer ao Dom Fernão e sim um “playboyzinho de uma escola particular”. Fato: no início das ocupações, a própria Rede Globo sustentou esse tipo de argumento em suas reportagens para deslegitimar o movimento

    2. Cena: a presença policial no episódio não é nada ostensiva. Deu para contar: no máximo 10 policiais, todos sem arma de fogo. Fato: na E.E. Fernão Dias, os estudantes sofriam diariamente com um forte contingente na porta da escola. Policiais armados até os dentes, alguns deles, inclusive com armas de grande porte: submetralhadoras e afins.malhacao-dom-fernao-1

    3. Cena: Em todo o tempo, dada a possibilidade de conflito, há temor por uma ação repressiva da Tropa de Choque, mas não se questiona o real papel da policial ali presente, a justificativa é simples e leve: “estão apenas cumprindo ordens”.  Fato: Nas escolas em Luta, o clima diário era repleto de temor com abuso policial, intimidações e, até mesmo, invasões sem a devida “ordem a ser cumprida”.

    5. Cena: Os ‘policiais do Choque’ não usam identificação,no entanto, isso não foi encarado como algo que deveria ter sido questionado.

    6. Cena: O oficial de justiça entrega para a ‘Tropa de Choque’ a ordem de suspensão da construção do um parque no local. A licitação para a construção da praça teria ocorrido de maneira irregular. Eliminada a possibilidade de demolição da escola e, a ordem de desocupação, os estudantes comemoram vitória. E a reorganização continua.

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    O fato nada surpreendente, é que a Globo tentou desvincular o movimento das Escolas em Luta da vida real, de seu objetivo principal, mudando o foco para a questão da corrupção entre licitações e construtoras, assunto totalmente ligado a Lava Jato.

    Faltou dizer que o governador da novela é um homem honesto, que nunca desviou dinheiro do Metrô ou da Merenda, e que na verdade a culpa é da Dilma. E por falar em merenda, vamos aguardar a encenação do episódio da máfia das merendas na Malhação, pois, certamente, essa hora vai chegar.

    Fim

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  • Escolas ocupadas: a Fernão resiste

    Escolas ocupadas: a Fernão resiste

    Audiência de conciliação definirá rumos do movimento de ocupação das escolas estaduais de São Paulo. Se não houver acordo, estudantes terão 24 horas para desocupar escola antes da reintegração de posse.

    Com imagens de Paulo Ermantino, Sato do Brasil, Renata Simões e Taba Benedicto

    Uma barreira de policiais militares separa a rua dos muros da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ocupada por estudantes, a maioria adolescentes, desde a manhã de terça-feira (10/11), a escola está isolada por fileiras de carros da PM, motos da Ronda Ostensiva de Apoio de Motocicletas (Rocam), homens da Força Tática e soldados da Polícia Militar armados. Do lado de dentro, alunos se revezam em vigília, cozinham e limpam o “Fernão”. Nada foi depredado.

     

    Fotos: Taba Benedito

    Na tarde de ontem (12/11), um Oficial de Justiça, acompanhado de um Promotor do Estado, encaminhou aos estudantes uma intimação para que compareçam à audiência de conciliação, que será realizada hoje, às 15h, na 5a Vara da Fazenda Pública, no Fórum Central de São Paulo. Estarão presentes uma comissão de estudantes da Fernão Dias Paes, o juiz, advogados e um representante do governo do estado. Os adolescentes devem apresentar uma pauta de reivindicações e discutir a proposta. Caso não haja acordo, a reintegração de posse, cujo mandado está nas mãos dos alunos, se dará a partir de 24 horas da audiência de reconciliação.

    “Na audiência de conciliação o juiz poderá determinar a suspensão dessa reorganização do sistema educacional do Estado de São Paulo até que sejam feitas diversas consultas públicas e sejam esclarecidas não só aos estudantes, mas aos pais, à sociedade, aos professores, o impacto da proposta”, explica Rildo Marques de Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

    A falta de escuta e diálogo do Governo do Estado de São Paulo é a principal reclamação dos estudantes. “Querem tratar um assunto político como assunto jurídico, nos tratando como criminosos por estarmos aqui lutando por algo que é de direito, uma educação melhor”, declarou um dos alunos que ocupam a escola. Eles pedem que as medidas de reorganização escolar sejam amplamente discutidas com a população e não se baseiem em evidências burocráticas de espaços vazios. Para eles, a escola é mais do que a taxa de espaço ocioso. Faz parte da formação enquanto indivíduos, o que vai bem além do ciclo único. A secretaria alega que ofereceu transporte para os alunos se reunirem com representantes do governo. Os estudantes não aceitaram sair da escola.

    De acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Educação, a Escola Estadual Fernão Dias Paes tem 702 vagas e 26% de espaço ocioso. A nova proposta determina que apenas o Ensino Médio se mantenha no estabelecimento de ensino, recebendo 332 novos estudantes. Os 213 alunos dos anos finais do Ensino Fundamental da Fernão Dias Paes serão remanejados para a Escola Estadual Deputado Godofredo Furtado, a 1,5km de distância, que atenderá apenas o Ensino Fundamental. O projeto de Geraldo Alckmin prevê o fechamento de 94 escolas e a transferência de cerca de 311 mil estudantes para instituições de ensino na região onde moram.

    Foto: Paulo Ermantino

     

    Foto: Sato do Brasil

    Fernão

    A “Fernão”, apelido carinhoso cunhado pelos estudantes, existe desde 1947. Ex-alunos lembram da árvore plantada diante do colégio nos anos 1950, do forte grêmio estudantil que enfrentou a ditadura (o que levou o “professor Leonardo, de História” a ser demitido quando apoiou o movimento), da professora Clélia, de Português, “brava mas ótima”, dos jogos de vôlei e basquete, da bolinha de gude no pátio, dos beijos roubados no corredor e das vezes em que tiveram que pular o muro para não perder aula. É uma escola que marca quem passa por ela e deixa saudade. “Bons tempos”, dizem muitos.

    Mas os tempos de agora parecem lembrar mais o bandeirante Fernão Dias Paes, que escravizou cerca de 5 mil indígenas no século XVII e enforcou o próprio filho, que se rebelou contra o pai, a título de exemplo para os homens da Bandeira Esmeralda, que chefiava.

    Os pais dos atuais alunos que ocupam a Fernão, muito ao contrário do bandeirante, se emocionam ao falar da força dos meninos e meninas acampados na escola. “Estou aqui para apoiá-los. A conquista política já aconteceu”, afirmou um deles, que não quis se identificar, e esteve todas as noites diante da escola acompanhando a filha. “Sinto orgulho”, disse, de olhos marejados.

    Para Mauro de Oliveira Borges, pai de Cauê, 16 anos, aluno de uma escola particular que participa da ocupação, é preciso escutar os estudantes. “Fechar escolas em um país em que faltam escolas é um ato contraditório. A paixão da juventude é que move o mundo.”

    A mãe do Tales, que fez 17 anos ontem, enviou um texto de apoio ao filho. “Fico muito feliz de ele estar hoje na luta na ocupação Fernão Dias. Me dá a sensação de que alguma coisa eu fiz certo e me dá esperança de um futuro melhor.”

    *Maria Carolina Trevisan é Jornalista Amiga da Criança

  • De: Eduardo Suplicy Para: Geraldo Alckmin

    De: Eduardo Suplicy Para: Geraldo Alckmin

    Suplicy faz apelo ao Governador Geraldo Alckmin para que se estabeleça o diálogo com os estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes. Na noite desta terça-feira (10/11), o secretário de direitos humanos do município, esteve na escola e levou água aos estudantes. O fornecimento foi cortado.

     

    Foto: Giovanna Consentini

    De Eduardo Suplicy para os Prezados Governador Geraldo Alckmin Secretário da Educação Herman Jacobus Cornelis Voorwald:

    Estive ontem à noite na Escola Fernão Dias Paes onde conversei com aproximadamente 20 estudantes do ensino médio que ali se encontram, com os portões fechados com cadeados por eles mesmos, e havendo um número significativo de policiais militares e viaturas em torno da estabelecimento. Ponderaram a mim o seu desejo de serem ouvidos sobre a reorganização das escolas estaduais que obrigarão alguns dos estudantes a mudarem de estabelecimento. Trata-se de uma manifestação pacífica, de ocupação daquele edifício, durante o dia por mais de cem estudantes, tendo a maior parte dos mesmos, sobretudo os menores de idade, voltado para casa, acompanhados de seus pais. Transmitiram-me que não causaram qualquer dano às dependências da escola. Que tentaram ser ouvidos pela Secretaria da Educação, mas que não tiveram êxito. Quero transmitir um apelo pessoal de bom senso ao Governador Alckmin e ao Secretário Herman Woorwald no sentido de abrirem um diálogo direto com os estudantes da Escola Fernão Dias Paes, com seus pais e professores, com o objetivo de conversarem sobre as razões da reorganização das escolas da Rede Estadual de Ensino, de suas razões, vantagens e desvantagens, tendo em conta o objetivo maior de se melhorar a qualidade da educação para toda a população do Estado de São Paulo. Sou testemunha de como Vossa Excelência, Governador Geral Alckmin, sempre se dispôs ao diálogo aberto com todos aqueles que realizam manifestações pacíficas para expressar seus ideais e objetivos em prol do bem comum.

    Respeitosamente, o abraço amigo,

    Eduardo Matarazzo Suplicy

    Secretário Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo

  • FLAGRA: Bandeirante assassino está na cabeça do PM que reprime alunos em defesa da escola

    FLAGRA: Bandeirante assassino está na cabeça do PM que reprime alunos em defesa da escola

    Repare: tem um bandeirante assassino, genocida de índios, em cima da cabeça do PM encarregado de reprimir os curumins que lutam em defesa da escola pública. É Fernão Dias Paes, o “Caçador de Esmeraldas”, que viveu entre 1608 e 1681 espalhando morte, miséria e sofrimento em série. Pois a estátua do monstro está lá, dentro da escola estadual que leva o nome dele.

    Um exemplo apenas…. Em 1661, Fernão Dias empreendeu expedições ao sertão em busca de índios para escravizar. Penetrou o Sul “até a serra de Apucarana”, no “Reino dos índios da nação Goianás”, sertão do atual Estado do Paraná. Retornou em 1665, com gentes de três tribos, mais de quatro mil índios para vender em São Paulo.

    Em carta oferecendo seus serviços ao governador (não, não era Geraldo Alckmin ainda rsrs), Fernão Dias assim se definiu: “Chefe de ilustre família, senhor de vastos latifúndios e de milhares de escravos, de aldeias de índios e de grossos cabedais, além de [proprietário de] corpo de armas numeroso.”

    Por esse tipo de trabalho sujo, o canalha foi homenageado por príncipes e reis de Portugal, e por legiões de nobres puxa-sacos.

  • “A São Paulo sem Educação que restará para nossos filhos”

    “A São Paulo sem Educação que restará para nossos filhos”

    No momento em que escrevo essas linhas um grupo de estudantes ocupa a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em São Paulo.

    O “Fernão”, como é conhecida no bairro de Pinheiros, é uma das escolas programadas para ter o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) fechado a partir do ano que vem pelo Governo do Estado de São Paulo.

    Sim, aquele governo que constrói presídios e fecha escolas.

    O governo que esconde da população os atos obscuros que pratica, ocultando informações sobre o Metrô; o governo que esconde da população dados estatísticos sobre as mortes cometidas por policiais militares fora de serviço, policiais que pertencem a uma corporação que, segundo a própria corregedoria da Polícia Militar, “é uma corporação que tem entre seus quadros uma organização criminosa que se organiza em grupos de extermínio.”

    No momento em que escrevo essas linhas viaturas e soldados da Polícia Militar já cercam a Fernão — porque quando o objetivo é atacar alunos e professores, cidadãos comuns, indefesos e desarmados, alguns policiais militares se apresentam com velocidade e eficiência extraordinárias, inversamente proporcionais à que apresentam cotidianamente quando deveriam combater criminosos.

    Na contra-mão da História e antagonizando o slogan do Governo Federal — Pátria Educadora, o Governo do Estado de São Paulo, na figura do governador Geraldo Alckmin e seu secretário de Educação — Herman Jacobus Cornelis Voorwald — têm promovido um desmonte implacável do Ensino Público Estadual.

    São políticas absurdas e autoritárias que têm como objetivo central desvalorizar a carreira dos professores, desestimular o ingresso de novos quadros na rede pública do Estado, aumentar o número de alunos dentro de uma mesma sala de aula, fechar unidades escolares e transferir para o município o que é obrigação do governo estadual.

    Tudo isso feito sob a desculpa de uma reestruturação que não se sustenta no plano real, apenas nos planos perversos de seus articuladores.

    Fernão resistindo: “FORA GERALDO!”

    Através da leitura dos livros de Soren Kierkegaard aprendi que “a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente.”

    “Olhando para trás”, conforme a orientação do filósofo dinamarquês, recordo-me de meus primeiros dias de aula no longínquo ano de 1979, aluno do pré-primário no ano que a ONU proclamaria como o “Ano Internacional da Criança”.

    Naquele ano ainda pesava sobre o povo brasileiro a mão do ditador presidente João Batista Figueiredo, e sobre o povo paulista a mão do governador biônico Paulo Maluf.

    Olhando para frente, ainda conforme a orientação do filósofo, vejo a mão autoritária do governador de São Paulo pesando sobre o povo paulista e desmontando toda a rede pública de ensino, dificultando não pouco a vida de milhares de alunos e professores.

    Assim como eu, Geraldo Alckmin certamente leu Kierkegaard, mas pela política de ensino que tem praticado dá mostras de que deu atenção apenas a uma frase do teólogo e filósofo:

    “a tarefa deve ser tornada difícil, visto que apenas a dificuldade inspira os nobres de espírito”.

    Mas é claro que não há nobreza de espírito alguma nesses atos do governador, nem tampouco é alguma nobreza que ele visa inspirar.

    O que se vê é apenas a clara intenção de sucatear todo o Ensino Público para posteriormente entregá-lo para a iniciativa privada.

    A tarefa que Geraldo Alckmin quer tornar cada vez mais difícil é a tarefa básica e essencial para todo aluno e professor da rede pública estadual: respectivamente o direito de estudar e o direito de lecionar.

    No início deste ano foram eliminadas mais de 3 mil salas de aula em todo o Estado. Li notícias sobre escolas com mais de 50 alunos por sala de aula. Algumas com 90 alunos por sala, conforme denúncia da Apeoesp.

     

    Protesto de estudantes contra a “reestruturação” imposta pelo governo Alckmin

    Em todos os protestos na Avenida Paulista contra a “reestruturação” imposta pelo governo Alckmin, a Polícia Militar que está sob seu comando direto intimidou, ameaçou, bateu, prendeu e jogou spray de pimenta no rosto de alunos e professores.

    Duvido que algum desses policiais algum dia teve em suas mãos um texto deKierkegaard, mas a despeito disso acredito que todos levam muito a sério, assim como seu comandante — Geraldo Alckmin, “a tarefa de tornar difícil”a já difícil tarefa de estudar, de lecionar ou de simplesmente viver dos professores e alunos da rede pública de ensino do Estado de São Paulo.

    Fernão resistindo: ajude a divulgar essa luta!