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  • O MBL, o fascismo e o machismo atacam na Câmara de São Paulo

    O MBL, o fascismo e o machismo atacam na Câmara de São Paulo

    O dia foi agitado ontem na Câmara municipal de São Paulo. Fernando Holiday e militantes do MBL passaram o dia tentando criar confusão com parlamentares petistas para assim criar algum fato político que pudessem manipular a seu favor.

    É uma prática constante do MBL ir até concentrações ou qualquer tipo de evento progressista, provocar e criar confusão, como foi comum durante toda a onda de ocupações de escolas do Paraná, movimento que foi atacado de forma violenta por milícias do MBL.
    Eles atacam sorrateiros, criam a confusão e gravam tudo, do início ao fim, para que possam editar a seu prazer e produzir vídeos que contem a narrativa que lhes serve melhor. Prática essa que tem um termo muito usado na própria página do movimento “Fake News”, que nada mais é do que criar uma versão alternativa para os fatos que não agradam ou quando interessa.

    Vale lembrar que o fiel companheiro do MBL, Arthur do Val, que grava vídeos para o canal no YouTube “MamãeFalei” vive da prática desse tipo de provocação.  Seu canal consiste de gravações de provocações (como oferecer pão e mortadela, no último ato do MPL em São Paulo) e conversas com manifestantes em atos de esquerda com uma edição pra lá de tendenciosa, em que se cortam as falas no meio, repetem-se expressões… tudo com o objetivo de induzir o entrevistado ao erro para assim criar uma caricatura de manifestante “burro”.
    Esse tipo de provocação é sempre feita na base da camuflagem, fingindo-se o “entrevistador” de repórter da mídia livre. Muitas vezes, quando descoberto, o provocador covarde corre para os braços da PMs, pedindo proteção.
    A tática da provocação não esconde o viés machista. Em uma de suas “ações”, durante a onda de ocupações do Paraná, no final do ano passado, o provocador assediou uma menina do CEP (Colégio Estadual do Paraná), em Curitiba, então ocupado. Como sempre faz, entrou sem permissão dos estudantes na ocupação e lá iniciou uma confusão. Mas com um detalhe sórdido: no meio do tumulto, assediou uma adolescente de 16 nos. A menina denunciou tudo na delegacia em frente ao colégio. Artur, durante o tumulto, dizia coisas como: “Linda, me dá um beijo” e “Gostosa” contam os alunos.
    Ontem o vereador recém-eleito Fernando Holiday (DEM-SP), seguindo Donald Trump e João Doria, dois grandes gurus do MBL, sempre exaltados na página do movimento, resolveu imitar os mestres e criar um factoide.

    De início, assessores de Holiday e militantes do MBL provocaram confusão contra o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) que foi até a câmara para uma reunião com membros do PT.
    O MBL de Fernando Holiday diz que zela pelo dinheiro público. Mas que zelo há em usar o dinheiro do contribuinte (que paga seus assessores) para causar baderna e confusão, apenas para dar publicidade para o movimento?

    Em seguida vem o fato mais interessante para mostrar quem e como, de fato, é o MBL. Por volta das 19h de ontem, um assessor de Holiday ligou para a Guarda Civil Metropolitana (GCM) responsável pela segurança da Câmara Municipal, e falou que estaria ocorrendo uma “entrevista” no 6° andar. Pedia acompanhamento da GCM para que não houvesse “confronto”.
    “Entrevista” interessante essa que gera confronto, não?

    Post do MBL no FaceBook mostra que eles mentiram sobre invasão para justificar narrativa contra Juliana

    Havia um motivo para a precaução… É que a tal da “entrevista”, na verdade, era apenas a invasão de uma reunião fechada da liderança do PT, no gabinete do PT. Os covardes foram, de novo e como é usual, pedir ajuda para se esconder debaixo das asas da segurança da Câmara. No Facebook o MBL “URGENTE: Petistas agridem Mamaefalei e invadem gabinete do Fernando Holiday”, quando na verdade a própria GCM registava o extremo oposto, deixando claro a montagem e a construção da narrativa mentirosa. É Fake News!

    Mas não funcionou. Documento da GCM produzido logo após o incidente dá conta de que os dois militantes do MBL, identificados como Wesley Vieira (assessor de Holiday) e Artur Moledo do Val (MamãeFalei), “sem nada falar, seguiram em direção à sala da Liderança do Partido dos Trabalhadores e introduziram os equipamentos que portavam para filmar”. A GCM precisou retirá-los do local. Posteriormente a mesa diretora da Câmara soltou uma nota na qual reconhece: “Duas pessoas adentraram uma reunião privada do PT sem a devida autorização”. Simultaneamente ocorria uma sessão da câmara. Sabendo da invasão, a vereadora Juliana Cardoso (PT) pediu a palavra e denunciou o ocorrido. Holiday partiu pra provocação e as cenas foram captadas pelo MBL para acusar — de forma machista, misógina e preconceituosa –, a vereadora de “descontrolada”.

    Resta o mandato de Holiday responder, ele que sempre acusa a esquerda de se apropriar do bem público, qual a finalidade de seu assessor invadir a reunião de outro partido.
    O facismo sempre atuou dessa forma: ataca, vitimiza-se e tenta desmoralizar seus adversários.
    A vereadora Juliana Cardoso entrará com o pedido de cassação de Fernando Holiday, por atacar o direito de reunião, por invasão, por quebra de decoro parlamentar e ofensa à Democracia e aos mandatos populares.

     

     

     

     

  • Fascismo fascinante

    Fascismo fascinante

    “E o fascismo é fascinante
    deixa a gente ignorante e fascinada
    é tão fácil ir adiante e se esquecer
    que a coisa toda está errada
    eu presto atenção no que eles dizem
    mas eles não dizem nada…”
    Engenheiros do Hawaii

    Há tempos a cadela do fascismo, que sempre está no cio, como muito bem descreveu Bertolt Brecht, continua concebendo e dando à luz suas crias.

    Em mais uma manifestação de ódio e barbárie, alguns de seus rebentos compareceram ao velório do ex-senador José Eduardo Dutra munidos de panfletos onde se lia “PTista bom é PTista morto”.

    Vitimado por um câncer contra o qual lutou bravamente, José Eduardo foi senador pelo PT e presidente da legenda.

    Protegida pelo manto invisível da incógnita covardia, a canalha covarde deixou os escritos apócrifos e saiu da solenidade, aparentemente sem ser notada por ninguém.

    Essa ação talvez tenha sido a mais chocante de uma série de outros atos, desvarios pontuados pela absoluta falta de tolerância por parte de um segmento da sociedade que não consegue conviver pacificamente em um estado democrático de direito.

    Pautados pela violência, pela pouquíssima leitura, por nenhum diálogo e por um muito de irracionalidade, acometidos pela “síndrome do touro bravo”, agem como touros correndo pelas ruas de Pamplona na Espanha: ficam totalmente enlouquecidos ao avistar algum indício de cor vermelha — ou algo que faça alusão ao socialismo, comunismo ou a qualquer bandeira empunhada pela esquerda progressista.

    ​Panfletos jogados no velório de José Eduardo Dutra

    Não foi a primeira vez que intolerantes desrespeitaram a dor de famílias enlutadas. Em 2009, o deputado federal Jair Bolsonaro, um dos mais destacados representantes dessa escória fascista, pendurou à porta de seu gabinete na Câmara um cartaz no qual aparecia o desenho de um cachorro com um osso na boca e a frase “Desaparecidos do Araguaia, quem gosta de osso é cachorro”.

    Foi um desrespeito grotesco para com a dor dos familiares que perderam entes queridos na Guerrilha do Araguaia, e que até hoje perseguem o sagrado direito de sepultar os restos mortais daqueles que lhes são caros.

    A patética figura de jair bolsonaro e sua grotesca demonstração de insensibilidade

    Grassaram nas redes sociais manifestações de ódio ao ex-presidente Lula quando, em outubro de 2011, foi noticiado por toda a imprensa um diagnóstico de câncer em sua laringe.

    Lula venceu a luta contra aquele câncer, e tem mostrado força na luta contra outro câncer: está processando a revista “Veja”, uma das publicações que alimentam o limitadíssimo pensamento fascista do público ao qual se destina.

    O fascismo que não esconde os músculos

    ​O advogado Alexandre Simões de Mello sendo empurrado por usar uma camiseta vermelha.
    • Em 15 de março o advogado Alexandre Simões de Mello foi ofendido e agredido fisicamente durante um protesto contra a presidenta Dilma.
    • Alexandre foi hostilizado por manifestantes, enquanto caminhava em direção à sua casa, na região da avenida Paulista, local onde acontecia a manifestação. Seu crime: usar uma camiseta vermelha!

    Naquela mesma avenida paulista, naquele mesmo 15 de março, foram não menos chocantes as imagens das pessoas que se auto-intitulam “cidadãos de bem” posando para fotos ao lado de policiais militares dos mais truculentos.

    As imagens feitas com o torturador e assassino “Carlinhos Metralha”, ex-delegado do DOPS durante a ditadura, também chocam pelo endosso à barbárie que representam. Os fotografados diziam abertamente: “Você não é um assassino, você é o nosso herói. Herói do povo brasileiro.”

    Fascismo e ignorância de mãos dadas

    Ainda no dia 15 foram encontrados bonecos simbolizando Dilma e Lula, enforcados e pendurados em um viaduto, durante uma manifestação contra o governo federal na cidade de Jundiaí, no interior do Estado de São Paulo.

    Também em julho surgiram os grotescos adesivos automotivos onde a presidenta Dilma aparecia com as pernas abertas na tampa de combustível desses automóveis.

    Uma montagem machista, sexista e de extremo mau gosto, idéia comercializada por uma — pasmem — mulher e cujo uso foi criticado até mesmo por pessoas contrárias ao governo Dilma.

    Não nos esqueçamos dos atentados contra a sede do PT em São Paulo, do atentado contra o diretório em Jundiaí e do atentado abomba contra o Instituto Lula.

    ​Sede do PT em Jundiaí é incendiada por fascistas

    E sobretudo não nos esqueçamos da morte do militante Hiago Augusto Jatoba de Camargo, de 21 anos, assassinado a golpes de faca enquanto fazia campanha para Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao governo do Estado do Paraná.

    O fascismo que esconde seu rosto atrás do anonimato da internet. Quem o alimenta?

    Na internet, mais especificamente nas redes sociais, o caso de uma página chamada “TV Revolta”, que arrebatou milhares de acéfalos, chamou a atenção justamente pela grande quantidade de “touros bravos”, avessos à cor vermelha que conseguiu arregimentar com um discurso de ódio absoluto ao PT, intercalado por postagens de “utilidade pública” e de auto-ajuda (aliás uma técnica que todas as páginas de ódio e policialescas se utilizam, cooptando assim um séquito de incautos.)

    Desmascarado como pau mandado da direita (vide matéria da Revista Fórum) o ilustre desconhecido João Vitor Almeida Lima, seu criador, retornou ao anonimato com a mesma rapidez com a qual fez milhares de seguidores de seu esgoto digital.

    O i​lustre joão — ninguém: João Vitor Almeida Lima, mantenedor do esgoto “TV Revolta”

    Os órfãos daquele esgoto digital encontraram refúgio em outro esgoto tão ou mais fétido e nocivo, mas com finalidades distintas. “Revoltados On Line” é um espaço nazi-fascista mantido nas redes sociais pelo empreendedor de esquisitos negócios Marcelo Cristiano Reis.

    Nota desse que vos escreve: o blog “Limpinho e Cheiroso” fez uma matériaesclarecedora sobre os negócios digamos, “esquisitos” desse tal Marcelo.

    Com um discurso tão histérico quanto histriônico, “Marcelo” e seus pares fazem do ódio ao PT no atacado e pela esquerda em geral no varejo uma oportunidade para pedir doações em dinheiro depositadas diretamente em sua conta corrente, além de vender “kits” de camisetas, bonés e adesivos. Recentemente, vendem também um boneco inflável da mesma estatura (moral) que seus idealizadores.

    Qualquer pessoa dotada de senso crítico nota que o propósito da página “revoltados on line” é fomentar a comercialização de camisetas, adesivos e outras quinquilharias sob uma pretensa “luta contra a corrupção”.

    Com um discurso abstrato, eivado de ódio e sem qualquer base ideológica, o mantenedor do esgoto digital teve a ousadia de expropriar o próprio Deus, o (segundo os que têm fé) “Criador do Universo”, e cooptá-lo para sua luta particular contra o governo Dilma, contra o PT e contra qualquer organização com viés progressista.

    O empreendedor de negócios esquisitos , Marcelo Cristiano Reis

    Ainda na internet também concorrem para a construção do fascismo na mente da população páginas policialescas como “admiradores da Rota”, “Apoio Policial” e “Faca na Caveira”, entre outras, que criminalizam a juventude pobre, preta e moradora da periferia, idolatram o militarismo e tratam questões de cunho social como se fossem questões de Segurança Pública.

    Tudo nesses espaços é tratado com truculência, violência, sob um fortíssimo viés machista e o absoluto ódio a qualquer bandeira de representação à esquerda.

    Incentivando a violência policial, celebrando a morte de pessoas assassinadas por policiais em supostos enfrentamentos (resistência seguida de morte) esses esgotos digitais seguem simulando prestação de um serviço à população, quando na verdade alimentam o ódio e inoculam um pretenso moralismo dito “cristão” em seus “curtidores.”

    Uma das bandeiras que tais páginas fascistas empunham é o derrubada do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826 de 2003), que nada mais é do que facilitar o acesso a armas de fogo para a população em geral. Classificam todos os que militam na defesa dos Direitos Humanos como “defensores de vagabundos”.

    Temos ainda o fenômeno dos programas policialescos na TV, assunto que abordei aqui. (clique no link e leia o artigo).

    Verdadeiros abutres televisivos, esses pseudo apresentadores se colocam como paladinos da moral e dos bons costumes, vivendo à custa da desgraça alheia, de tragédias, chacinas, execuções.

    Onze em cada dez fascistas se alimentam dos dejetos produzidos por esses programas.

    Entendo que precisamos construir uma resistência objetiva contra esse ascenso das forças conservadoras, cujo mote fascista é claríssimo.

    Fascismo não se tolera — se combate.


    *Diógenes Júnior é pesquisador independente, paulistano de nascimento, caiçara de coração e gaúcho por opção. Radicado em Porto Alegre, RS, escreve sobre Política, História, Cinema, Comportamento, Movimentos Sociais, Direitos Humanos e um pouco de um tudo.