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  • Latinoamérica conectada: o Facción já começou

    Latinoamérica conectada: o Facción já começou

    Narrativas e pautas conectadas para o continente narrar sua própria história; a edição 2015 do encontro de midiativistas da América Latina, realizada na terra de Pepe Mujica, reúne mais de 300 pessoas, de 20 países e 60 coletivos

    A viagem foi longa, muitos midiativistas vieram por terra e por avião, de variadas partes de 20 países distintos da América Latina para chegar à Montevideo, terra de sonhos e lutas latentes que provoca grandes questionamentos a todo o continente.

    Articular em rede os produtores de conteúdo contra hegemônico de toda a região conhecida como “terceiro” mundo e se apropriar de novas tecnologias para conquistar avanços sociais e de direitos humanos, esta é a missão central do início dos debates, que também falaram da necessidade de ir além de uma unidade de pautas, conduzindo o debate para o fortalecimento mútuo dos presentes, que voltam renovados e com novas tecnologias para hackear todas as possibilidades palpáveis de criar o mundo novo possível.

    “Quando falamos de polifonia, do que falamos? Que essa polifonia não é ingenuidade, que exige democracia interna, responsabilidade, trabalhar com tensão mas não com o medo. Exige lealdade por lealdade com essa geração que se forma durante esse processo, construimos narrativas porque acreditamos em outros modelos de sociedade, os modelos não são narrativas em contra de algo, mas também para criar argumento, para que as pessoas decidam não ter medo a isso, porque mostramos a complexidade de olhares e os mosaico da parcialidade.” — Maria Claudia, da Venezuela, durante a roda de abertura do Facción, 3° Encontro Latino-americano de Midiativismo.

    Com trocas borbulhando em todos os espaços, o primeiro dia de Facción foi palco de encontros e reencontros e novas possibilidades de articulação para os coletivos latinoamericanos, que se apresentaram na primeira roda de debate e falaram sobre as conjunturas políticas dos países em que vivem.

    “No Brasil, lutamos contra um partido de direita muito forte que é a Grande Mídia. Estamos em um processo de transição no qual nos fazemos responsáveis pela mudança, e damos a condição para que essa mudança seja possível, que somente com nossa autogestão e autoorganização, conseguiremos. É possível porque quando colocamos ativistas e comunicadores livres juntos, eles se autogestionam e se organizam. Como fizemos aqui no Facção. Estamos trabalhando agora para encontrar mais e mais pessoas que tenham os mesmo princípios e valores que os nossos, para travar a luta dos próximos 10 anos.” — Pablo Capilé, do Fora do Eixo e da Mídia NINJA, durante o 3° Encontro de Midiativistas da América Latina, o Facción.

    Para além do sentimento de impotência e de opressão, pautou-se a necessidade dos meios livres escreverem suas próprias histórias e inovarem com possibilidades distintas de tecnologia e colaboração, através da cooperação e a articulação de pautas conjuntas e interesses em comum.

    “Não é uma coincidência que a gente tenha na América Latina a tentativa de uma direita perversa, que tenta criminalizar a esquerda, como nós estamos vivendo hoje. A nossa atitude tem que ser agora, de construção, de uma mudança nos movimentos e na militância — para elaborar esse novo paradigma da esquerda.” — Laura Caprigllone, dos Jornalistas Livres, SP-Brasil, durante o Facción.

    A vivência coletiva também passou pela alimentação, uma necessidade fundamental e uma forma de se fazer política e ampliar o envolvimento coletivo. A tecnologia implantada no Faccion é a de escalas, todos os midiativistas presentes terão um turno de 4 horas na cozinha participando da produção e desprodução das refeições do evento.

    “Estamos passando por uma crise: a cesta básica está caríssima e temos mais impostos a cada dia que passa. Talvez os impostos ajudem o governo a recuperar o país da crise que passamos nos últimos 20 anos. O governo está tentando buscar alternativas para sair da problemática econômica do momento atual. Os meios de comunicação em nosso pais estão encarregados de criar a tensão e o medo na população, de
    que nosso país se torne pobre e miserável, dedicados em destacar a violência, as incitações e ódio e o narcotráfico, e isso está gerando um retrocesso nos direitos humanos.”, afirma Joshi Leban, de El Salvador, durante o Facción, o maior encontro de midiativismo da América Latina.

    Comunhão é a palavra chave do encontro que vai noite adentro unindo povos e dialogando sobre os problemas em comum dos países latinos. Nesta noite, o momento foi de aprendizado e problematização na roda de conversa sobre a legalização da Maconha. O país, que é avançado neste aspecto, explicou um pouco os prós e contras e como funciona o uso e o comércio legalizado de maconha no Uruguai.

     

    Para os ativistas da causa no país, ainda há muito o que se discutir, já que só é possível consumir a erva de três modos, são eles a plantação própria documentada, a venda em farmácias com cadastro de usuário (que ainda não foi implantada) e os clubes de cannabis (associações de 15 a 45 pessoas que cultivam maconha coletivamente).

    Países consumidores e produtores discutiram sobre os nortes possíveis para o avanço da pauta nas regiões da América Latina e iniciaram as trocas de aplicativos e ideias, que vão até o dia 26 de setembro, domingo, em ritmo acelerado.

  • Reinventando a Revolução

    Reinventando a Revolução

    Acontece em Caracas esta semana o Laboratório Criativo Facção que reúne artistas, ativistas e militantes da Venezuela e de outros países da América Latina para reinventar em comum as narrativas e a estética da revolução.

    Determinadas a aprofundar a construção do poder popular em nosso continente, diversas organizações latino-americanas estão presentes na capital venezuelana para defender as conquistas sociais desta década que colocou nossa região na vanguarda mundial da redução de desigualdades e impactou diretamente na vida da maioria do povo pobre condenado historicamente à exclusão.

    O século XX concentrou populações em grandes metrópoles, num modelo absolutamente insustentável de grandes cidades cujo esgotamento é mais que evidente. Por isto mesmo o século XXI nos exige a máxima criatividade para postular novos modelos de vida comum e novas formações urbanas e rurais, capazes de assegurar não só a sustentabilidade ambiental como também a felicidade humana e o gozo da experiência do tempo na vida dos seres humanos.

    Diferente daqueles que vêem na revolução bolivariana uma materialização do passado, o que se tece na Venezuela são redes comunais de uma nova organização social, democrática e ambientalmente sustentável.

    É verdade que a ignorância e o desconhecimento alimentam vários preconceitos em relação à revolução na Venezuela. O processo iniciado por Chávez, além de material, é afetivo, estético e cultural. Complexo e imperfeito, como é imperfeito tudo o que é humano.

    Diante da crise que caracteriza este início de século, o chavismo comunal torna-se uma alternativa de futuro. Novos imaginários políticos para uma nova humanidade.