Jornalistas Livres

Tag: enfermeiros

  • Profissionais denunciam falta de EPIs em unidades de saúde de Cuiabá

    Profissionais denunciam falta de EPIs em unidades de saúde de Cuiabá

    Por: Marcos Salesse do Com_Texto

    Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, profissionais da área da saúde pública de Cuiabá seguem denunciando a falta dos equipamentos de proteção individuais (EPIs) nas unidades de atendimento. No dia 10 de maio, o Com_Texto recebeu queixas sobre a escassez de luvas e outros equipamentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pascoal Ramos. Segundo as denúncias, trabalhadores estão sendo obrigados a racionar os EPIs durante as 12 horas de plantão.

    “Aqui nós estamos trabalhando com luvas regradas, têm dias que nem tem luva para a gente trabalhar”, conta uma profissional que preferiu não se identificar.

    Mesmo com a recente atualização da nota técnica feita pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), na qual é recomendado o uso dos EPIs em tempo integral, a realidade dos funcionários da saúde na capital mato-grossense é crítica. “Estão dando de pouco em pouco para a gente, pois dizem que não têm muitas para distribuir. As luvas chegam sem nenhum tipo de esterilização, dentro de saquinhos pequenos e quando vêm temos que dividir essa pequena quantidade com um setor inteiro”, afirma uma das enfermeiras da unidade

    As queixas não se limitam apenas aos EPIs, imagens obtidas de dentro da UPA mostram as condições precárias dos espaços destinados ao descanso dos trabalhadores que atuam em regime de plantão. Com colchonetes no chão, camas sem colchões e fiações de energia expostas, os funcionários relatam um clima de desânimo e abatimento psicológico diante da falta de compromisso por parte da administração da Unidade. “É desanimador, tem gente que se quiser descansar precisa dormir no chão”, afirma uma enfermeira entrevistada pela nossa equipe.

    Em salas pequenas e sem estruturas, os profissionais se revezam para conseguir descansar durante o período de plantão. | Foto: Com_Texto

    Em muitos dos casos, os próprios profissionais acabam sem opções, sendo obrigados a gastar parte de seus salários com materiais de proteção. “Nós não deixamos de utilizar os EPIs, pois temos consciência do risco. Ou compramos com nosso próprio dinheiro ou acabamos pegando de outros lugares onde trabalhamos, para sempre termos alguns materiais guardados, mas é difícil”, contou a enfermeira.

    Para os profissionais, o espaço disponibilizado é insuficiente para oferecer o apoio necessário durante o plantão. | Foto: Com_Texto

    Segundo a Cofen, já foram registrados na ouvidoria do órgão mais de 5 mil reclamações sobre falta ou inadequação de EPIs em todo o país. Em nota, o presidente da instituição, Manoel Neri, afirma que o canal tem sido o único meio de denúncia dos profissionais que historicamente vivem com o receio de explicitar os problemas e sofrer sanções.

    PROBLEMA ANTIGO

    Apesar do agravamento da situação após a chegada da Covid-19 em território cuiabano, os relatos sobre falta de EPIs rondam a saúde pública da capital há muito tempo. Em fevereiro de 2019, a Cofen, juntamente com o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT), realizou uma megaoperação de fiscalização nas unidades de saúde de Cuiabá, Várzea Grande e Sinop. Na ocasião foram encontrados problemas estruturais graves, colocando em risco a saúde dos profissionais e também da população.

    De acordo com o relatório apresentado, a UPA Pascoal Ramos, que citamos no início da reportagem, já apresentava falta de EPIs, problemas com medicações vencidas, vazamentos de água e medicamentos de uso oral estocados em lugares inadequados. O relatório completo disponibilizado pela Cofen, mostrou que a realidade apontada na UPA Pascoal Ramos também é vista em outras unidades de saúde, como o Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, Ipase, Policlínica do Verdão e outros.

    OS NÚMEROS PREOCUPAM

    Enquanto os profissionais de saúde sofrem com a falta de EPIs, Cuiabá segue com a rotina de reabertura do comércio, estabelecida pelo Decreto Municipal n° 7.886, publicado pela Prefeitura Municipal no dia 20 de abril. Com o centro cada vez mais movimentado, os número começam a apontar um crescimento expressivo no número de casos do novo coronavírus .

    Na última terça-feira (19), Mato Grosso atingiu 1 mil casos confirmados do novo coronavírus. Destes, mais de 300 foram registrados apenas em Cuiabá, líder isolado no ranking dos municípios com maior número de casos no estado. Outro número que chama atenção são os óbitos por Covid-19 contabilizados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), foram 32 mortes registradas desde o confirmação do primeiro caso em Mato Grosso.

    Na última segunda-feira (18), a enfermeira Alessandra Bárbara Pereira Leite, de 49 anos, entrou para as estatísticas após passar 46 dias internada no Pronto-Socorro de Cuiabá. A profissional atuava no Centro Integrado de Assistência Psicossocial Adauto Botelho e fazia parte de movimentos antimanicomiais. Em abril, foram registrados 24 casos do novo coronavírus na unidade, sendo 20 servidores e 4 pacientes.

    Além de Alessandra, outro enfermeiro da mesma unidade faleceu por conta da Covid-19. Após passar 37 dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Cuiabá, Athaide Celestino da Silva, também funcionário do Hospital Adauto Botelho, acabou perdendo a luta contra a doença, encerrando assim uma carreira de mais de 30 anos dedicados ao cuidado com a população.

    Entre perdas de colegas, medo da contaminação e preocupação com os pacientes, os profissionais vivem dias de incertezas frente à realidade das unidades públicas de saúde da capital mato-grossense. Por causa disso, em 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem, a Frente Popular em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento da Covid-19 realizou uma manifestação silenciosa no centro da cidade, conforme noticiado pelos Jornalistas Livres.

    Veja matéria original em: https://com-texto.wixsite.com/comtexto/post/profissionais-denunciam-falta-de-epis-em-unidades-de-sa%C3%BAde-de-cuiab%C3%A1

     

  • Em Cuiabá, cruzes denunciam morte de enfermeir@s

    Em Cuiabá, cruzes denunciam morte de enfermeir@s

    A morte de cada profissional da enfermagem que atuava na linha de frente do combate ao coronavírus importa. Em menos de dois meses, o país já perdeu 98 profissionais, mais do que Espanha e Itália juntos. Não foi por acaso. Os governos neoliberais que promoveram sucessivos cortes de recursos, entre outras políticas voltadas à privatização da saúde pública são os grandes responsáveis por essas perdas. E essa é a denúncia de trabalhadores de Cuiabá organizados na Frente Popular em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento da Covid-19 nessa terça-feira, 12/05, Dia Internacional da Enfermagem.

    Em abril, Mato Grosso também registrou a morte de um enfermeiro. Athaíde Celestino da Silva, de 63 anos, faleceu em decorrência da Covid-19 após 37 dias de internação. O 37 também marca os anos de dedicação do servidor à Saúde Pública. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/ ), outros 106 profissionais da Enfermagem estão infectados no estado; no Brasil, já são cerca de 13 mil (acompanhe aqui a atualização do Confen).

    Como não poderia deixar de ser, o ato dessa terça-feira – em defesa da vida, do Sistema Único de Saúde (SUS) e em homenagem aos profissionais da Enfermagem – foi realizado sem aglomeração. Desde as 8h, na Prainha, próximo ao Morro da Luz, região central de Cuiabá, os transeuntes podem ver uma cruz e uma vela para cada um dos profissionais que morreram nessa guerra. Nos arredores também há faixas com reivindicações e sons reproduzidos mecanicamente.

    A ideia é chamar a atenção da população para o número de mortos no Brasil como efeito do descaso dos governantes de todas as esferas – federal, estadual e municipal –, representada pela falta de investimentos e, consequentemente, equipamentos de proteção.

    Por mais que os representantes brasileiros se preocupem em demonstrar esforços para conter a pandemia agora, o mundo percebe a diferença entre os países que investem na saúde pública e os que não investem. Nos extremos, a Alemanha aparece como exemplo pelo baixo número de mortalidade, e seu histórico de investimento na saúde pública; na outra ponta, os Estados Unidos da América (EUA), cujo sistema de saúde é limitado pelos interesses do mercado, é o triste líder do ranking de mortalidade.

    Nessa terça-feira, foi possível acompanhar o ato realizado em Cuiabá por meio de uma live, transmitida pela página oficial da Adufmat-Ssind e SINASEFE no facebook. Alguns poucos organizadores estiveram presentes no ato distribuindo 500 máscaras, o que já está sendo feito pelas entidades que compõem a Frente desde o início de abril.

    Foto: Sandra Duarte, Sinasefe e AAMOBEP

    Em entrevista ao repórter Khayo Riberiro, do HNT/HiperNotícias, a professora aposentada da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso, Rosa Lúcia, apontou que o movimento cobra urgência em ações que assistam aos profissionais expostos ao coronavírus no exercício de suas atividades.

    “Hoje é o Dia Internacional da Enfermagem e essa movimentação que está acontecendo é uma manifestação silenciosa, de luto pelo número de profissionais de saúde e mais especificamente de enfermagem que já tombaram no Brasil por conta da infecção da Covid-19. Até ontem tínhamos o número de 98 profissionais de enfermagem que tinham morrido”, apontou a professora, que faz parte da comissão organizadora do movimento.

    Na reportagem, o jornalista cita ainda uma fala do

    presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Manoel Neri, dizendo que o Brasil enfrenta hoje uma situação grave no que diz respeito à evolução da pandemia entre os profissionais da saúde.

    “A situação no Brasil é crítica. O Observatório da Enfermagem, criado pelo COFEN para monitorar a evolução da pandemia entre profissionais de Enfermagem, já registra mais de 13 mil casos e 100 óbitos associados à Covid-19. A maior parte desses profissionais integrava pelo menos um grupo de risco. É inadmissível que estivessem expostos na linha de frente, contrariando as diretrizes sanitárias indicadas pelo Ministério da Saúde”, apontou Neri.

    Foto: Sandra Duarte, Sinasefe e AAMOBEP
  • Decisão da Justiça Federal trava atenção primária de saúde em todo Brasil

    Decisão da Justiça Federal trava atenção primária de saúde em todo Brasil

    Márcio Anastacio para os Jornalistas Livres

    Um juiz da 20ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, suspendeu a solicitação de exames por enfermeiros em todo o Brasil. A ação foi pedida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

    Essa decisão gera impacto imediato na atenção básica em todo o país, visto que os enfermeiros se tornam impedidos, por exemplo, de realizar um simples teste rápido de gravidez ou de diagnóstico de doenças como a sífilis ou o HIV, bem como solicitar exames de rotina pré-natal, para hipertensos e diabéticos.
    O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), nesta sexta-feira (6), emitiu comunicado determinando que os enfermeiros brasileiros não peçam qualquer exame por estarem impedidos judicialmente. O Cofen apresentou um pedido de reconsideração da decisão da Justiça Federal para salvaguardar o atendimento de Enfermagem à população.

    Na prática, a medida expõe a enormes riscos o conjunto da população brasileira.
    A medida, provocada por ação judicial do Conselho Federal de Medicina, é combatida, inclusive, pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

    No Rio de Janeiro, segundo ativistas da Saúde pública da cidade, a atenção primária nesta sexta-feira (6), praticamente parou em alguns postos onde os enfermeiros e enfermeiras garantem o atendimento mesmo com falta de médicos. Isso aconteceu na Casa de Parto de Realengo, na zona oeste do Rio e em outros tantos pontos de atendimento espalhados pelo Brasil.