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  • Após terceiro atraso no salário, estagiárias paralisam em Embu

    Após terceiro atraso no salário, estagiárias paralisam em Embu

    Nesta quarta-feira (11/09), dezenas de estagiárias resolveram paralisar após o terceiro mês consecutivo em que o salário atrasa em Embu das Artes, cidade da região metropolitana de São Paulo. As estagiárias atuam nas escolas municipais auxiliando as crianças com deficiência.

    As estagiárias, estudantes de pedagogia, se concentraram na prefeitura para reivindicar que sejam tomadas providências e que dêem explicações do porquê o auxílio está atrasando. Segundo as manifestantes, o salário que deveria cair no 5º dia útil está atrasando cada vez mais, esse mês já estava atrasado há cinco dias.

    Péssimas condições de trabalho

    Os estagiários recebem uma bolsa-auxílio no valor de R$ 750,00 e o único benefício extra é o vale-transporte de R$ 8,00 por dia trabalhado. Além da baixa remuneração, as estagiárias reclamaram das condições de trabalho. Uma delas afirmou que “dão apenas 15 minutos para comer um lanche e não deixam comer a comida da escola”, “a comida sempre sobra e jogam no lixo mas não deixam os professores comer” continuou.

    Outro grave problema segundo as estagiárias, é a rejeição de atestados médicos para justificar as faltas, “a prefeitura fala que o CIEE não aceita e o CIEE fala que a prefeitura não aceita”. CIEE é o Centro de Integração Empresa-Escola, responsável por administrar contratos de estágios em diversos estados brasileiros.

    Os estudantes relatam ainda que foram ameaçadas de perder o emprego por “quebra de contrato” caso viessem a protestar na prefeitura.

    Conversa com a prefeitura

    O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SindServ) representado pelo presidente, Sebastião Caetano da Paixão, se solidarizou com a causa e conduziu uma comissão para uma conversa com responsáveis da prefeitura. Paixão garantiu que, apesar de não representar efetivamente os estagiários, daria todo auxílio possível.

    As estagiárias pediram que a prefeitura pague o CIEE adiantado para que não haja mais atrasos nos próximos meses. Pediram também que o dia de paralisação seja compensado e que seja disponibilizado um holerite informando os descontos que ocorrem com frequência de forma injustificada. Além dos pedidos, intimaram a prefeitura e prometeram voltar a paralisar se o salário atrasar no próximo mês.

    A prefeitura afirmou que fez o pagamento nesta terça-feira (10/09) – um atraso de quatro dias – e que os valores demoram até 48h para cair na conta. Foi enviado ainda o comprovante de pagamento que pode ser visto a seguir:

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    Comprovante de pagamento da prefeitura, feito com atraso

    Um dos funcionários da prefeitura, Cristiano Maciel, que se apresentou como porta-voz do prefeito Ney Santos (REPUBLICANOS, ex-PRB) conversou com as estagiárias que aguardavam no lado de fora da prefeitura. Segundo ele, esses problemas acontecem porque a prefeitura precisa de arrecadamento e para isso é necessário que os contribuintes paguem os impostos. Maciel também contou que o salário dele e de todos os servidores estão atrasando e não somente das estagiárias, que ele havia inclusive recebido nesta terça-feira (10/09), com quatro dias de atraso.

    Quando o presidente do Sindicato dos Servidores foi questionado se a prefeitura estava quebrada, refutou e afirmou que “a prefeitura não está quebrada, o que pode-se dizer é que há um descontrole fiscal”. Fábio Martini, funcionário da prefeitura e membro do sindicato corroborou o presidente Paixão, de acordo com Martini o repasse do ICMS foi o maior de todos os tempos e apresentou um jornal informativo que apresentava o gráfico a seguir:

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    Repasse do ICMS foi o maior dos últimos anos
    Atualização: fomos informados que as estagiárias receberam o salário no final da tarde desta quarta-feira (11/09).

  • Prefeito Ney Santos tenta barrar festa beneficente em Embu das Artes

    Prefeito Ney Santos tenta barrar festa beneficente em Embu das Artes

    Na sexta-feira (05/07), a prefeitura de Embu das Artes tentou impedir uma festa julina popular que tinha como objetivo arrecadar recursos para uma doação. Já esperando que a prefeitura poderia cercear o evento, os organizadores preparam um ofício antecipadamente para realizar a festa numa escola estadual, como uma forma de “plano B”. A quadra da escola acabou recebendo o evento, que contou com centenas de pessoas.

    A Guarda Civil Municipal (GCM) compareceu às 18h, antes do início da festa e impediu que iniciasse, exigindo que as barracas fossem desmontadas. A vereadora Rosângela Santos (PT), uma das apoiadoras do evento, interveio e pediu que a prefeitura aguardasse até às 12h de sábado. Durante esse meio tempo, a equipe da vereadora entrou com pedido de liminar para realizar o evento, mas o pedido foi indeferido.

    Para os moradores o impedimento ocorreu por motivações políticas, uma vez que a vereadora que apoiou o evento é uma das principais opositoras de Ney Santos (PRB). “A GCM e a prefeitura nunca barram os baile funks, mas querem barrar nossa festa?” questionou um dos moradores.

    O intuito da festa era arrecadar recursos para a família de Gilson, um morador que por motivos de saúde agora necessita de cuidados especiais. Os moradores já haviam se reunido para realizar reformas na casa de Gilson e arrecadaram dinheiro para a compra de uma maca. Os vendedores das barracas iriam contribuir com a doação de cestas básicas com parte do dinheiro arrecadado.

    É o caso do morador Marcos, atualmente desempregado, e estava organizando a barraca de bebidas e desabafou na manhã do sábado (quando a festa ainda estava com a situação indefinida): “Não tá acontecendo [a festa] porque Ney Santos só pensa nele. Se fosse uma festa no nome dele, estaria acontecendo, mas como não é no nome dele resolveu barrar”. 

    Marcos também comentou do prejuízo que ele e os outros vendedores iriam tomar com a paralisação da festa: “O prejuízo é total, porque a mercadoria está comprada… Se não vender é prejuízo”.

    Felizmente para os moradores, a festa foi transferida para uma escola estadual no bairro, graças a um ofício que foi preparado antecipadamente e recebido pelo conselho escolar, tal ofício foi pensado para o caso de possível represália da prefeitura. No entanto, alguns abusos ainda ocorreram, como o fato da GCM ter ido pedir esclarecimentos à escola, prática incomum, uma vez que a segurança das escolas estaduais é realizado pela PM. Outra irregularidade ocorreu quando dois funcionários a serviço da prefeitura se penduraram no muro da escola estadual para arrancar o cartaz informativo do evento.

    Apesar das dificuldades, a festa foi um sucesso e mais de mil pessoas prestigiaram o evento no sábado e domingo. Contudo, durante o evento os responsáveis não deixaram barato para o prefeito, disparando críticas e indiretas “tentaram nos barrar, mas não conseguiram” e os vendedores ainda estavam um pouco frustrados com o prejuízo da sexta-feira.

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    Durante a festa o público curte com o “Robôtron”, uma das atrações do evento.

    • David Felipe da Silva. Graduando de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). É Coordenador Geral da União Estudantil de Embu das Artes e também coordena o Cursinho Popular João Batista de Freitas.