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Tag: educação

  • Escolas ocupadas: a Fernão resiste

    Escolas ocupadas: a Fernão resiste

    Audiência de conciliação definirá rumos do movimento de ocupação das escolas estaduais de São Paulo. Se não houver acordo, estudantes terão 24 horas para desocupar escola antes da reintegração de posse.

    Com imagens de Paulo Ermantino, Sato do Brasil, Renata Simões e Taba Benedicto

    Uma barreira de policiais militares separa a rua dos muros da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ocupada por estudantes, a maioria adolescentes, desde a manhã de terça-feira (10/11), a escola está isolada por fileiras de carros da PM, motos da Ronda Ostensiva de Apoio de Motocicletas (Rocam), homens da Força Tática e soldados da Polícia Militar armados. Do lado de dentro, alunos se revezam em vigília, cozinham e limpam o “Fernão”. Nada foi depredado.

     

    Fotos: Taba Benedito

    Na tarde de ontem (12/11), um Oficial de Justiça, acompanhado de um Promotor do Estado, encaminhou aos estudantes uma intimação para que compareçam à audiência de conciliação, que será realizada hoje, às 15h, na 5a Vara da Fazenda Pública, no Fórum Central de São Paulo. Estarão presentes uma comissão de estudantes da Fernão Dias Paes, o juiz, advogados e um representante do governo do estado. Os adolescentes devem apresentar uma pauta de reivindicações e discutir a proposta. Caso não haja acordo, a reintegração de posse, cujo mandado está nas mãos dos alunos, se dará a partir de 24 horas da audiência de reconciliação.

    “Na audiência de conciliação o juiz poderá determinar a suspensão dessa reorganização do sistema educacional do Estado de São Paulo até que sejam feitas diversas consultas públicas e sejam esclarecidas não só aos estudantes, mas aos pais, à sociedade, aos professores, o impacto da proposta”, explica Rildo Marques de Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

    A falta de escuta e diálogo do Governo do Estado de São Paulo é a principal reclamação dos estudantes. “Querem tratar um assunto político como assunto jurídico, nos tratando como criminosos por estarmos aqui lutando por algo que é de direito, uma educação melhor”, declarou um dos alunos que ocupam a escola. Eles pedem que as medidas de reorganização escolar sejam amplamente discutidas com a população e não se baseiem em evidências burocráticas de espaços vazios. Para eles, a escola é mais do que a taxa de espaço ocioso. Faz parte da formação enquanto indivíduos, o que vai bem além do ciclo único. A secretaria alega que ofereceu transporte para os alunos se reunirem com representantes do governo. Os estudantes não aceitaram sair da escola.

    De acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Educação, a Escola Estadual Fernão Dias Paes tem 702 vagas e 26% de espaço ocioso. A nova proposta determina que apenas o Ensino Médio se mantenha no estabelecimento de ensino, recebendo 332 novos estudantes. Os 213 alunos dos anos finais do Ensino Fundamental da Fernão Dias Paes serão remanejados para a Escola Estadual Deputado Godofredo Furtado, a 1,5km de distância, que atenderá apenas o Ensino Fundamental. O projeto de Geraldo Alckmin prevê o fechamento de 94 escolas e a transferência de cerca de 311 mil estudantes para instituições de ensino na região onde moram.

    Foto: Paulo Ermantino

     

    Foto: Sato do Brasil

    Fernão

    A “Fernão”, apelido carinhoso cunhado pelos estudantes, existe desde 1947. Ex-alunos lembram da árvore plantada diante do colégio nos anos 1950, do forte grêmio estudantil que enfrentou a ditadura (o que levou o “professor Leonardo, de História” a ser demitido quando apoiou o movimento), da professora Clélia, de Português, “brava mas ótima”, dos jogos de vôlei e basquete, da bolinha de gude no pátio, dos beijos roubados no corredor e das vezes em que tiveram que pular o muro para não perder aula. É uma escola que marca quem passa por ela e deixa saudade. “Bons tempos”, dizem muitos.

    Mas os tempos de agora parecem lembrar mais o bandeirante Fernão Dias Paes, que escravizou cerca de 5 mil indígenas no século XVII e enforcou o próprio filho, que se rebelou contra o pai, a título de exemplo para os homens da Bandeira Esmeralda, que chefiava.

    Os pais dos atuais alunos que ocupam a Fernão, muito ao contrário do bandeirante, se emocionam ao falar da força dos meninos e meninas acampados na escola. “Estou aqui para apoiá-los. A conquista política já aconteceu”, afirmou um deles, que não quis se identificar, e esteve todas as noites diante da escola acompanhando a filha. “Sinto orgulho”, disse, de olhos marejados.

    Para Mauro de Oliveira Borges, pai de Cauê, 16 anos, aluno de uma escola particular que participa da ocupação, é preciso escutar os estudantes. “Fechar escolas em um país em que faltam escolas é um ato contraditório. A paixão da juventude é que move o mundo.”

    A mãe do Tales, que fez 17 anos ontem, enviou um texto de apoio ao filho. “Fico muito feliz de ele estar hoje na luta na ocupação Fernão Dias. Me dá a sensação de que alguma coisa eu fiz certo e me dá esperança de um futuro melhor.”

    *Maria Carolina Trevisan é Jornalista Amiga da Criança

  • De: Eduardo Suplicy Para: Geraldo Alckmin

    De: Eduardo Suplicy Para: Geraldo Alckmin

    Suplicy faz apelo ao Governador Geraldo Alckmin para que se estabeleça o diálogo com os estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes. Na noite desta terça-feira (10/11), o secretário de direitos humanos do município, esteve na escola e levou água aos estudantes. O fornecimento foi cortado.

     

    Foto: Giovanna Consentini

    De Eduardo Suplicy para os Prezados Governador Geraldo Alckmin Secretário da Educação Herman Jacobus Cornelis Voorwald:

    Estive ontem à noite na Escola Fernão Dias Paes onde conversei com aproximadamente 20 estudantes do ensino médio que ali se encontram, com os portões fechados com cadeados por eles mesmos, e havendo um número significativo de policiais militares e viaturas em torno da estabelecimento. Ponderaram a mim o seu desejo de serem ouvidos sobre a reorganização das escolas estaduais que obrigarão alguns dos estudantes a mudarem de estabelecimento. Trata-se de uma manifestação pacífica, de ocupação daquele edifício, durante o dia por mais de cem estudantes, tendo a maior parte dos mesmos, sobretudo os menores de idade, voltado para casa, acompanhados de seus pais. Transmitiram-me que não causaram qualquer dano às dependências da escola. Que tentaram ser ouvidos pela Secretaria da Educação, mas que não tiveram êxito. Quero transmitir um apelo pessoal de bom senso ao Governador Alckmin e ao Secretário Herman Woorwald no sentido de abrirem um diálogo direto com os estudantes da Escola Fernão Dias Paes, com seus pais e professores, com o objetivo de conversarem sobre as razões da reorganização das escolas da Rede Estadual de Ensino, de suas razões, vantagens e desvantagens, tendo em conta o objetivo maior de se melhorar a qualidade da educação para toda a população do Estado de São Paulo. Sou testemunha de como Vossa Excelência, Governador Geral Alckmin, sempre se dispôs ao diálogo aberto com todos aqueles que realizam manifestações pacíficas para expressar seus ideais e objetivos em prol do bem comum.

    Respeitosamente, o abraço amigo,

    Eduardo Matarazzo Suplicy

    Secretário Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo

  • FLAGRA: Bandeirante assassino está na cabeça do PM que reprime alunos em defesa da escola

    FLAGRA: Bandeirante assassino está na cabeça do PM que reprime alunos em defesa da escola

    Repare: tem um bandeirante assassino, genocida de índios, em cima da cabeça do PM encarregado de reprimir os curumins que lutam em defesa da escola pública. É Fernão Dias Paes, o “Caçador de Esmeraldas”, que viveu entre 1608 e 1681 espalhando morte, miséria e sofrimento em série. Pois a estátua do monstro está lá, dentro da escola estadual que leva o nome dele.

    Um exemplo apenas…. Em 1661, Fernão Dias empreendeu expedições ao sertão em busca de índios para escravizar. Penetrou o Sul “até a serra de Apucarana”, no “Reino dos índios da nação Goianás”, sertão do atual Estado do Paraná. Retornou em 1665, com gentes de três tribos, mais de quatro mil índios para vender em São Paulo.

    Em carta oferecendo seus serviços ao governador (não, não era Geraldo Alckmin ainda rsrs), Fernão Dias assim se definiu: “Chefe de ilustre família, senhor de vastos latifúndios e de milhares de escravos, de aldeias de índios e de grossos cabedais, além de [proprietário de] corpo de armas numeroso.”

    Por esse tipo de trabalho sujo, o canalha foi homenageado por príncipes e reis de Portugal, e por legiões de nobres puxa-sacos.

  • “A São Paulo sem Educação que restará para nossos filhos”

    “A São Paulo sem Educação que restará para nossos filhos”

    No momento em que escrevo essas linhas um grupo de estudantes ocupa a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em São Paulo.

    O “Fernão”, como é conhecida no bairro de Pinheiros, é uma das escolas programadas para ter o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) fechado a partir do ano que vem pelo Governo do Estado de São Paulo.

    Sim, aquele governo que constrói presídios e fecha escolas.

    O governo que esconde da população os atos obscuros que pratica, ocultando informações sobre o Metrô; o governo que esconde da população dados estatísticos sobre as mortes cometidas por policiais militares fora de serviço, policiais que pertencem a uma corporação que, segundo a própria corregedoria da Polícia Militar, “é uma corporação que tem entre seus quadros uma organização criminosa que se organiza em grupos de extermínio.”

    No momento em que escrevo essas linhas viaturas e soldados da Polícia Militar já cercam a Fernão — porque quando o objetivo é atacar alunos e professores, cidadãos comuns, indefesos e desarmados, alguns policiais militares se apresentam com velocidade e eficiência extraordinárias, inversamente proporcionais à que apresentam cotidianamente quando deveriam combater criminosos.

    Na contra-mão da História e antagonizando o slogan do Governo Federal — Pátria Educadora, o Governo do Estado de São Paulo, na figura do governador Geraldo Alckmin e seu secretário de Educação — Herman Jacobus Cornelis Voorwald — têm promovido um desmonte implacável do Ensino Público Estadual.

    São políticas absurdas e autoritárias que têm como objetivo central desvalorizar a carreira dos professores, desestimular o ingresso de novos quadros na rede pública do Estado, aumentar o número de alunos dentro de uma mesma sala de aula, fechar unidades escolares e transferir para o município o que é obrigação do governo estadual.

    Tudo isso feito sob a desculpa de uma reestruturação que não se sustenta no plano real, apenas nos planos perversos de seus articuladores.

    Fernão resistindo: “FORA GERALDO!”

    Através da leitura dos livros de Soren Kierkegaard aprendi que “a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente.”

    “Olhando para trás”, conforme a orientação do filósofo dinamarquês, recordo-me de meus primeiros dias de aula no longínquo ano de 1979, aluno do pré-primário no ano que a ONU proclamaria como o “Ano Internacional da Criança”.

    Naquele ano ainda pesava sobre o povo brasileiro a mão do ditador presidente João Batista Figueiredo, e sobre o povo paulista a mão do governador biônico Paulo Maluf.

    Olhando para frente, ainda conforme a orientação do filósofo, vejo a mão autoritária do governador de São Paulo pesando sobre o povo paulista e desmontando toda a rede pública de ensino, dificultando não pouco a vida de milhares de alunos e professores.

    Assim como eu, Geraldo Alckmin certamente leu Kierkegaard, mas pela política de ensino que tem praticado dá mostras de que deu atenção apenas a uma frase do teólogo e filósofo:

    “a tarefa deve ser tornada difícil, visto que apenas a dificuldade inspira os nobres de espírito”.

    Mas é claro que não há nobreza de espírito alguma nesses atos do governador, nem tampouco é alguma nobreza que ele visa inspirar.

    O que se vê é apenas a clara intenção de sucatear todo o Ensino Público para posteriormente entregá-lo para a iniciativa privada.

    A tarefa que Geraldo Alckmin quer tornar cada vez mais difícil é a tarefa básica e essencial para todo aluno e professor da rede pública estadual: respectivamente o direito de estudar e o direito de lecionar.

    No início deste ano foram eliminadas mais de 3 mil salas de aula em todo o Estado. Li notícias sobre escolas com mais de 50 alunos por sala de aula. Algumas com 90 alunos por sala, conforme denúncia da Apeoesp.

     

    Protesto de estudantes contra a “reestruturação” imposta pelo governo Alckmin

    Em todos os protestos na Avenida Paulista contra a “reestruturação” imposta pelo governo Alckmin, a Polícia Militar que está sob seu comando direto intimidou, ameaçou, bateu, prendeu e jogou spray de pimenta no rosto de alunos e professores.

    Duvido que algum desses policiais algum dia teve em suas mãos um texto deKierkegaard, mas a despeito disso acredito que todos levam muito a sério, assim como seu comandante — Geraldo Alckmin, “a tarefa de tornar difícil”a já difícil tarefa de estudar, de lecionar ou de simplesmente viver dos professores e alunos da rede pública de ensino do Estado de São Paulo.

    Fernão resistindo: ajude a divulgar essa luta!
  • Haddad perde a chance de se tornar mito na comunidade LGBT

    Haddad perde a chance de se tornar mito na comunidade LGBT

    Haddad perdeu a oportunidade de se tornar o prefeito mais preocupado com a vulnerabilidade da comunidade LGBT, ao sancionar sem vetos, no último dia 17 o Plano Municipal de Educação de São Paulo, que excluiu, por 42 votos a favor e 2 contra, das grades escolares o debate democrático sobre questões de gênero e orientação sexual.

    Em discurso, o prefeito afirmou que o 1° Plano Municipal de São Paulo “é certamente o mais avançado do país”.

    De concreto, será aumentado o orçamento da educação dos atuais 31% para 33%; haverá a diminuição de 15% a 20% de alunos por classe. E pretende-se zerar a fila de crianças à espera de vaga numa creche.

    Sem dúvida nenhuma, Fernando Haddad até o momento é o prefeito que mais realizou políticas públicas para a comunidade LGBT, em especial para Travestis, mulheres transexuais e homens trans:

    1. Inaugurou no dia 10 de outubro de 2014 o Centro de Acolhida Zacki Narchi para atendimento da população em situação de rua LGBT. A unidade recebe a população à noite, com alimentação, banho, dormitório e café da manhã, e ainda inclui um serviço de vans que recolhe os usuários pelo centro de São Paulo.
    2. No dia 31 de outubro de 2014, Haddad priorizou gays em situação de violência, travestis moradores em albergues e índios na fila para serem beneficiados com unidades do Programa ‘Minha Casa Minha Vida’ construídas no município de São Paulo.
    3. Em 27 de março de 2015, o prefeito inaugurou o Centro de Cidadania LGBT que oferece auxílio psicológico e jurídico para a comunidade com o objetivo de auxiliar quem sofreu algum tipo de violência ou está em situação de vulnerabilidade social.
    4. Em 29 de junho foi inaugurada a Unidade Móvel vinculada ao Centro de Cidadania que fica no Arouche de quinta a domingo das 18 às 23hs para atender vítimas de homotransfobia.
    5. No dia 27 deste agosto foi inaugurado um cursinho popular voltado exclusivamente para travestis e transexuais, com aulas ministradas pelo coletivo TRANSformação direcionadas para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
    6. Mas o seu mais valoroso projeto é sem dúvida nenhuma o Transcidadania, lançado em 29 de janeiro desse ano, no dia Nacional da Visibilidade Trans. O programa, que disponibiliza uma bolsa de R$ 840 para 100 pessoas travestis e transexuais voltarem a estudar, vai completar 9 meses com apenas 10% de evasão escolar. Devido ao sucesso, mais 50 vagas deverão ser disponibilizadas, o que é bem pouco diante de uma população estimada em torno de 4.000 pessoas Ts, a maior parte em situação de rua vivendo da prostituição e de subempregos. Tod@s @s bolsistas do Transcidadania foram expuls@s de casa e 61,3% não concluíram o ensino fundamental. A metade vive em albergues e prédios invadidos e 63% são negras e pardas entre 31 e 40 anos.

    Mas Haddad e o PT perderam a oportunidade de constituir para São Paulo, a maior cidade da América do Sul e a quarta do mundo, o mais avançado e inclusivo Plano Municipal de Educação do Brasil. A filósofa feminista Judith Butler, que esteve recentemente no Brasil, cravou com sabedoria: “Não existe justiça social com discriminação de gênero.”

    O Transcidadania é um projeto extraordinário mas é só um redutor de danos, resgatando pessoas travestis e transexuais em situação de rua, que chegaram a essa situação de vulnerabilidade e exclusão social porque não tiveram a oportunidade de permanecer numa escola onde todas as formas de discriminação e violência de gênero são reproduzidas e repetidas cotidianamente. Pessoas LGBTs, em especial travestis, mulheres transexuais e homens trans, dificilmente conseguem permanecer em ambientes escolares homotransfóbicos, quando não são expuls@s de casa no começo da adolescência. E o Transcidadania só está tratando dos efeitos dessa situação de violência e discriminação que começa nos ambientes escolares brasileiros.

    Para atacar a origem da homotransfobia nas escolas, seria necessário que Haddad tivesse tido a coragem do gesto grandioso do veto a um Plano Municipal de Educação que foi sufocado e mutilado pelo moralismo inquisitorial dos setores ultra conservadores da igreja católica. Teria coroado sua trajetória de atenção à comunidade LGBT com a coerência que um grande político deve ter para marcar seu nome de forma indelével na História.

    Deveria ter feito isso, mesmo que seu veto fosse depois derrubado pelos políticos covardes que preferem ceder a pressões fundamentalistas do que representar todos os segmentos da população. A inserção de informações sobre identidade de gênero e orientação sexual é fundamental para a criação de dispositivos contra a homotransfobia, e propiciaria um ambiente mais respeitoso e acolhedor para pessoas que não estão enquadradas nos modelos tradicionais hegemônicos de homem e mulher cisgêneros.

    Sobre a histeria católica que conseguiu pressionar os vereadores de todos os municípios brasileiros para que fossem retiradas referências à identidade de Gênero e orientação sexual, a socióloga e professora da UFRGN Berenice Bento declarou: “Eu acho que não é a questão do gênero, acho que é uma questão muito específica relacionada com as pessoas travestis e transexuais, esse ódio, porque quem pauta a identidade de gênero na educação são as pessoas trans. Os conservadores percebem que além do “problema” da homossexualidade, talvez haja outro pior que é discutir a idéia de que “não se nasce homem, não se nasce mulher…torna-se”(citação de Simone de Beauvoir no livro ‘O segundo sexo’). Para Berenice essa vitória dos católicos não representa muita coisa porque a articulação política da comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans, apesar de todas as limitações, avançou muito a ponto de hoje existirem muitas pesssoas Ts dentro da academia como professores.

    “Não está mais nos planos municipais, estaduais e nacionais…e aí? Você vai parar de fazer o seu ativismo? Eu não vou parar de escrever meus artigos, de entrar em salas de aula, fazer mostra de filmes, de fazer minhas pesquisas. Aparentemente é uma vitória deles mas as conquistas não têm retrocesso, pelo menos eu aposto que não! Vamos continuar a transformar nossa vulnerabilidade em ação política.” Berenice Bento

  • Movimento em Curitiba quer mobilizar a sociedade para proteger a Petrobras dos “abutres”

    Movimento em Curitiba quer mobilizar a sociedade para proteger a Petrobras dos “abutres”

    Uma Frente Parlamentar da Câmara de Vereadores de Curitiba, lançada nesta quinta-feira, dia 10, vai buscar engajamento da sociedade para proteger a Petrobras dos interesses econômicos internacionais — mais especificamente, das gigantes multinacionais do petróleo. O grupo começou a ser constituído em audiência pública realizada na sede do legislativo municipal, a qual contou com a presença de representantes de sindicatos, movimentos sociais e instituições estudantis.

    Lideranças dessas entidades destacaram que o objetivo da mobilização é exigir a apuração rigorosa de todos os casos de corrupção vindos à tona na Operação Lava Jato. É, também, o de reivindicar a punição exemplar dos que comprovadamente forem culpados. Quer, ainda, a devolução aos cofres da empresa dos recursos desviados.

    Mas os representantes frisaram, por outro lado, que serão repudiadas todas as insinuações e tentativas de desmantelamento, desinvestimentos e venda de ativos da empresa. Conforme advertiram os líderes envolvidos na mobilização, no bojo da Operação Lava Jato está em curso uma campanha — conduzida pela oposição de direita e tendo a mídia comercial como porta-voz — de desmoralizar a Petrobras, e assim se abrir caminho para a entrada de multinacionais na exploração do petróleo da camada pré-sal.

    SOCIEDADE

    Com o mote “Defender a Petrobras é defender o Brasil”, a Frente Parlamentar e os movimentos sociais querem enfatizar à sociedade a importância da companhia para o crescimento do país, a vanguarda conquistada por ela em desenvolvimento de tecnologia e em extração e beneficiamento do petróleo, e o quanto as extraordinárias reservas do pré-sal estão atraindo a cobiça das transnacionais do setor e dos países do Hemisfério Norte, notadamente os Estados Unidos. “Temos urubus, abutres de olho nessa riqueza”, definiu o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot.

    O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castellano, alertou que a grande mídia tem apresentado à sociedade uma Petrobras “que estaria quebrada”, o que não condiz com a realidade. “A Petrobras tem apresentado resultados superiores a todas as outras empresas do setor, no mundo”, comparou.

    Para se contrapor ao discurso midiático dominante é que Castellano defende que a Frente Parlamentar recém-lançada vá às ruas. “É preciso levar esse debate para a sociedade. Precisamos mostrar a outra Petrobras que não está nos jornais, e é dar orgulho a todos nós brasileiros”, argumentou.

     

     

    EDUCAÇÃO

    O presidente do sindicato dos professores da rede estadual de ensino (APP-Sindicato), Hermes Leão, e a secretária-geral da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Ellyng Kenia, assinalaram a importância do papel da Petrobras na extração do petróleo, não só para a economia como para o desenvolvimento social. Afinal, uma lei instituída em 2013 assegura que 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal sejam aplicados em educação, e 25% dos royalties do petróleo, em saúde.

    “A defesa da Petrobras é fundamental para garantir um sistema de educação de qualidade”, afirmou a líder estudantil, que também salientou a necessidade de envolver diversos setores da sociedade na mobilização. “Estamos organizando um seminário, para outubro, com esse objetivo”, adiantou.

    ADESÃO

    A audiência pública desta quinta-feira e a iniciativa de se constituir a Frente Parlamentar foram propostas pela vereadora Professora Josete (PT). Segundo ela, nove vereadores — número mínimo para se formalizar uma Frente — já se comprometeram em aderir. Por enquanto, assinaram o documento de instalação do grupo os vereadores Jonny Stica e Pedro Paulo, ambos do PT; Helio Wirbiski (PPS) e Paulo Salamuni (PV).

     De acordo com a vereadora, os outros parlamentares que manifestaram adesão são o presidente da Casa, Ailton Araújo (PSC), Cacá Pereira (PSDC), Geovane Fernandes (PTB), Jorge Bernardi e Tito Zeglin (os dois do PDT). Texto da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores informa que o protocolo de constituição da Frente Parlamentar vai ocorrer na semana que vem, assim que o mínimo de assinaturas for obtido.

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