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  • Abril demite e não paga

    Abril demite e não paga

    Devolvam a grana dos jornalistas, Giancarlo, Vitor e Roberta Civita, donos da Abril!!

    Cada um dos filhinhos do papai Roberto Civita tem mais de US$ 1 bilhão acumulados (!!!) enquanto os trabalhadores demitidos estão na rua da amargura! É justo isso?

    Solidariedade aos trabalhadores demitidos!

     

     

    Leia aqui a Posição oficial dos jornalistas dispensados pela Editora Abril

    Na manhã de 6 de agosto, os funcionários da Editora Abril foram surpreendidos pelo fechamento de revistas do grupo e pela dispensa em massa de jornalistas, gráficos e administrativos. Nos dias seguintes, os números estavam em torno de 800 profissionais. Ao todo, 11 títulos foram encerrados. Na vida particular dos empregados da Abril, as medidas têm sido devastadoras. A empresa desligou de forma injusta, sem negociação com as entidades de representação trabalhista e sem prestar esclarecimentos oficiais. Em 15 de agosto, nove dias após o início das demissões, a Abril entrou com pedido de recuperação judicial (acatado pela Justiça) incluindo nesse processo todas as verbas rescisórias dos dispensados e também a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Ou seja, um dia antes do prazo final para indenizar integralmente os ex-funcionários, a empresa realizou a manobra, fazendo crer que as duas ações (demissão em massa e pedido de recuperação judicial) foram arquitetadas em conjunto, tendo como um dos seus objetivos não pagar os empregados.

    Além disso, suspendeu a prestação de contas (antiga homologação), não liberou a chave para o saque do FGTS e as guias do seguro-desemprego, deixando os demitidos sem nenhuma cobertura financeira. Quando tentam contatar o RH, recebem informações contraditórias – portanto, os demitidos permanecem no escuro.

    A Editora Abril há muito vem descumprindo outros compromissos com as mulheres e os homens que se doaram e participaram bravamente de um esforço cotidiano para que a empresa se recuperasse da crise pela qual enveredou. Um exemplo: os profissionais desligados em 2017 e no começo deste ano viram suas indenizações sendo pagas em parcelas, algo considerado ilegal. Com a recuperação judicial, eles tiveram as parcelas finais congeladas. Assim, pessoas que não mantêm vínculo com a empresa há pelo menos sete meses se encontram listadas como credoras e impedidas de receber o que resta. Foram também atingidos fotógrafos, colaboradores de texto, revisão e arte, que, igualmente, não verão o seu dinheiro.

    Deixemos clara nossa profunda indignação com o fato de a família proprietária da Editora Abril – que durante décadas acumulou com a empresa, e com o nosso trabalho, uma fortuna na casa dos bilhões de reais – tentar agora preservar seu patrimônio e não querer usar uma pequena parte dele para cumprir a obrigação legal de nos pagar o que é devido.

    Por fim, é preciso considerar o prejuízo cultural da medida. Com o encerramento dos títulos Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, Viagem e Turismo, Mundo Estranho, Guia do Estudante, Casa Claudia, Arquitetura&Construção, Minha Casa, Veja Rio e Bebe.com, milhares de leitoras e leitores ficaram abandonados. Para a democracia brasileira e para a cultura nacional, a drástica medida representa um enorme empobrecimento. Morrem títulos que, ao longo de décadas, promoveram a educação, a saúde, a ciência e o entretenimento; colaboraram para a tomada de consciência sobre problemas da sociedade; formaram cidadãos e contribuíram para a autonomia e o desenvolvimento pessoal de todos os que liam e compartilhavam a caudalosa quantidade de conteúdos produzidos pelas revistas impressas, suas versões digitais ou redes sociais. Nada foi colocado no lugar desses veículos, abrindo enorme lacuna na história da comunicação no nosso país.

    Parte da crise, sabe-se, é global e impactou a imprensa do mundo inteiro. Outra parte deve-se ao fato de a Abril ter perdido o contato com a pluralidade de opiniões e se afastado da diversidade que caracteriza a população brasileira. Uma gestão sem interesse no editorial sucateou as redações, não soube investir em produtos digitais e comprometeu a qualidade de suas publicações sob o pretexto de “cortar custos”. Além disso, deu ouvidos apenas a executivos e consultorias, sem levar em consideração os profissionais da reportagem e o público.

    Neste momento difícil para toda a nação, com o desemprego se alargando, nós, jornalistas demitidos, estamos organizados e contando com o apoio do Sindicado dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Também estamos unidos às demais categorias – gráficos e funcionários administrativos. É uma demonstração de tenacidade na defesa da integralidade dos nossos direitos e um sinal de prontidão para enfrentar as necessárias lutas que virão. Não pedimos nada além do que o nosso trabalho, por lei, garantiu.

    São Paulo, 20 de agosto de 2018

    Assina: Comitê dos Jornalistas Demitidos da Abril

  • Editora Abril flerta com a insolvência

    Editora Abril flerta com a insolvência

    O balanço de 2017 mostra que, se a Editora Abril vender tudo o que possui, faltarão R$ 716 milhões para pagar tudo o que deve.

    O Brasil está cheio de exemplos de empresas que vão muito mal e empresários vão muito bem. Há muitos exemplos, também, de empresas que faliram, mas que a vida confortável de seus donos em nada mudou. As demonstrações financeiras da Abril Comunicações S.A. e suas controladas mostram uma situação muito próxima à insolvência. Nada se pode dizer sobre a famiglia Civita.

    O balanço de 2017 mostra que, se a empresa vender tudo o que possui, ainda faltarão R$ 716 milhões para pagar tudo o que deve. Em termos contábeis diz-se que “em 31 de dezembro de 2017, a Companhia apresentou patrimônio líquido negativo de R$ 715.931 mil”. No ano de 2016 faltavam R$ 414 milhões, ou seja, o rombo cresceu cerca de R$ 300 milhões em 2017.

    A operação da empresa gerou um prejuízo de R$ 164 milhões. Se acrescentarmos as despesas financeiras de R$ 215 milhões, atingimos o prejuízo de R$ 379 milhões. Nos termos da demonstração do resultado da companhia para o exercício findo em 31/12/2017, “o prejuízo antes do imposto de renda e da contribuição social foi de R$ 379 milhões”. No ano de 2016, essa mesma linha, apresentou prejuízo de R$ 414 milhões.

    Imagine que a empresa teve R$ 977 milhões de receitas em 2017. Mas para arrecadar esse volume teve custo com vendas de R$ 479 milhões. Pagas essas despesas sobram R$ 498 milhões. As despesas administrativas e despesas com vendas foram de R$ 662 milhões, ultrapassando o valor das receitas líquidas e gerando prejuízo operacional de R$ 164 milhões.

    A PricewaterhouseCoopers, que auditou as demonstrações, afirma que “os acionistas controladores se comprometem a prover o suporte financeiro necessário para a manutenção da continuidade operacional da Companhia por meio de mútuo ou por qualquer outra forma”. Em outros termos, diz a empresa de auditoria que a famiglia prometeu emprestar recursos para que a empresa não quebre e interrompa suas atividades”.

    A Price, em item que trata especificamente da “incerteza relevante relacionada com a continuidade operacional”, revela que não fez ressalvas em sua avaliação por conta da incerteza. Aponta, porém, que as demonstrações financeiras “indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa sobre sua continuidade operacional”.

    Nota

    Para ver as Demonstrações Financeiras da Abril Comunicações http://www.grupoabril.com.br/ABRILCOMUNI17_DEZ.pdf