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  • Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Há um chamado internacional, assinado por lideranças feministas como Angela Davis, para que as mulheres se unam além de 8 de março. Estão sendo convocadas reuniões para atos e ações unificados em mais de nove países e foi lançado o Manifesto Feminista – PARA ALÉM DO 8 de Março: rumo a uma Internacional Feminista

    O movimento tem como principal objetivo fazer uma frente feminista contra o movimento opressor, autoritário, depreciador, racista e homofóbico da extrema direita no mundo.

     

    Trechos do Manifesto:

    “Estamos vivendo um momento de crise geral. Essa crise não é de forma alguma somente econômica; é também política e ecológica. O que está em jogo nessa crise são nossos futuros e nossas vidas. Forças políticas reacionárias estão crescendo e apresentando-se como uma solução a essa crise. Dos EUA à Argentina, do Brasil a Índia, Itália e Polônia, governos e partidos de extrema direita constroem muros e cercas, atacam os direitos e liberdades LGBTQ+, negam às mulheres a autonomia de seu próprio corpo e promovem a cultura do estupro, tudo em nome de um retorno aos “valores tradicionais” e da promessa de proteger os interesses das famílias de etnicidade majoritária. Suas respostas à crise neoliberal não é resolver a raiz dos problemas, mas atacar os mais oprimidos e explorados entre nós”.

    “Diante da crise global de dimensões históricas, mulheres e pessoas LGBTQ+ estão encarando o desafio e preparando uma resposta global. Depois do próximo 8 de março, chegou a hora de levar nosso movimento um passo adiante e convocar reuniões internacionais e assembleias dos movimentos: para tornar-se o freio de emergência capaz de deter o trem do capitalismo global, que descamba a toda velocidade em direção à barbárie, levando a bordo a humanidade e o planeta em que vivemos”.

    Para assinar o manifesto entre no site https://www.internacionalfeminista.org/

    Manifesto assinado por 24 lideranças, são elas:

    Amelinha Teles (União de Mulheres de São Paulo, Brazil)

    Andrea Medina Rosas (Lawyer and activist, Mexico)

    Angela Y. Davis (Founder of Critical Resistance, US)

    Antonia Pellegrino (Writer and activist, Brazil)

    Cinzia Arruzza (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Enrica Rigo (Non Una di Meno, Italy)

    Julia Cámara (Coordinadora estatal del 8 de marzo, Spain)

    Jupiara Castro (Núcleo de Consciência Negra, Brazil)

    Justa Montero (Asamblea feminista de Madrid, Spain) Kavita Krishnan (All India Progressive Women’s Association)

    Lucia Cavallero (Ni Una Menos, Argentina)

    Luna Follegati (Philosopher and activist, Chile)

    Marta Dillon (Ni Una Menos, Argentina)

    Monica Benicio (Human rights activist and Marielle Franco’s widow, Brazil)

    Morgane Merteuil (feminist activist, France)

    Nancy Fraser (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Nuria Alabao (Journalist and Writer, Spain)

    Paola Rudan (Non Una di Meno, Italy)

    Sonia Guajajara (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)

    Tatiana Montella (Non Una di Meno, Italy)

    Tithi Bhattacharya (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Veronica Cruz Sanchez (Human rights activist, Mexico)

    Verónica Gago (Ni Una Menos, Argentina)

    Zillah Eisenstein (International Women’s Strike, US)

     

  • “Temer, migo, seu louco!”

    “Temer, migo, seu louco!”

    Por Flávia Martinelli e Iolanda Depizzol

    Parecia piada. Não dava para acreditar. Em pleno Dia Internacional da Mulher, 8 de março, enquanto as ruas do mundo inteiro estavam abarrotadas de mulheres marchando por seus direitos e conquistas, o presidente golpista Michel Temer foi a público dizer que as brasileiras são especialistas em crianças, compras e trabalho doméstico. Aconteceu mesmo. E aqui, no país em que 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres que, por sua vez, ocupam 43% dos postos de trabalho – as vagas formais, veja bem, porque o mercado informal, toda mulher sabe, é território bastante feminino.

    E assim, do alto de suas próclises, ênclises e mesóclises, diretamente do pensamento vivo daquele que, por sinal, foi vice de uma mulher eleita ao cargo de presidenta, Temer proferiu a seguinte barbaridade:

    “Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela [Temer], do quanto a mulher faz pela casa, pelo lar. Do que faz pelos filhos. E, se a sociedade de alguma maneira vai bem e os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada formação em suas casas e, seguramente, isso quem faz não é o homem, é a mulher.”

    Para completar, disse que a mulher tem uma grande participação na economia do país porque é “capaz de indicar os desajustes de preços em supermercados” e “identificar flutuações econômicas no orçamento doméstico”.

    Foi um feito. Em pouco menos de 100 palavras, Temer foi capaz de anular séculos de luta feminina, confinou à mulher ao lar e à criação dos filhos, subestimou e anulou a participação dos homens no processo de educação dos filhos, foi patriarcalista, machista, sexista e, bem, foi sincero. Tão sincero que até assustou as mulheres ouvidas pelos Jornalistas Livres durante a manifestação em São Paulo que reuniu mais de 30 mil mulheres no centro da cidade.

    Informadas sobre o episódio, muitas não acreditavam no que o nobre governante havia dito. Pediam para as repórteres repetirem as frases, explicar com mais clareza, reproduzir a fala exata. Algumas acharam que era uma brincadeira. Mas não era. E, mesmo diante do susto, não há mais como calar as mulheres.

    “Temer, migo, seu louco! Eu poderia falar horas sobre todas as engenheiras, cientistas, tecnólogas do Brasil, todas as mulheres maravilhosas que romperam barreiras há séculos”, disse a jornalista Marina. A estudante Lohane de 22 anos, mulher bi, negra, periférica foi clara: “Ele não acompanha e não sabe um terço do que que as mulheres são capazes”. Com a filha Tamara no colo, Camila lembrou que seu companheiro é um homem pensante, capaz de fazer uma conta e que também tem que ir ao mercado e, como qualquer brasileiro, pode saber não só do preço dos produtos mas se têm agrotóxicos e qual indústria os produz.

    “A gente não quer só ficar em casa. A gente não quer só cuidar de filho. A gente trabalha também porque precisa, senhor Temer. Queremos ser belas do nosso jeito, de todas as maneiras!”, disse Marília, promotora legal popular da União de Mulheres de São Paulo. No mesmo coro, Helena Nogueira, militante da Marcha Mundial de Mulheres engatou: “Querer reduzir nós, mulheres a cuidados de casa, a ir ao supermercado só serve para quem é bonita e do lar. Eu não sou bonita e nem do lar. Sou da rua pra lutar!”

    Vídeorreportagem: Iolanda Deppizzol e Flávia Martinelli, para os Jornalistas Livres

     

  • 8 de março de 2017: um feminismo além das fronteiras

    8 de março de 2017: um feminismo além das fronteiras

    A gente tem aprendido sobre a sororidade – união e aliança entre mulheres baseada no companheirismo em busca de objetivos comuns. E temos praticado. Muito. A cada dia. Esse 8 de março com certeza foi diferente. As mulheres sorriam umas pras outras, mesmo não se conhecendo.

     

    Foto: Maxwell Vilela/ Jornalistas Livres

    Nesse dia Internacional delas, o chamado para as ruas ultrapassou a luta contra o machismo. E são tantas as pautas…

    Em várias partes do mundo, mulheres têm se organizado e manifestado contra o sistema capitalista e a opressão do patriarcado. No Brasil, o golpe que rompeu com a democracia atingiu em cheio as mulheres. Enquanto estávamos ali na concentração na Praça da Liberdade, por volta das 3 da tarde, tentava me recordar do último 8 de março, em 2016. Sim, há um ano gritávamos nas ruas contra o golpe que passaria na Câmara dos Deputados em pouco mais de um mês: “Fica, Dilma! Fica, querida!”

    Foto: Maxwell Vilela/ Jornalistas Livres

    Alguém do Psol me lembrou que eles não. Eram pelas eleições gerais. “Não éramos pelo Fica Dilma porque acreditávamos que ela não tinha mais representatividade.  Houve dois atos no ano passado aqui em Belo Horizonte no 8 de março, um pelo Fica Dilma e outro pela pauta das mulheres. Optamos pelo segundo. Mas eu achei muita sacanagem o que alguns setores do PT fizeram com a Dilma. Eles não compraram a bandeira do Fica Dilma”.

    Muitos que deveriam ter “comprado” essa bandeira não o fizeram. Deu no que deu. O golpe passou e hoje, apesar de tantas conquistas a se ter, mulheres lutam por direitos básicos.  A Reforma da Previdência, proposta pela PEC 287, prejudicará toda a sociedade, mas principalmente as mulheres, que mantêm jornadas duplas e às vezes triplas.

    Foto: Lucas Bois/ Jornalistas Livres

    O recado foi principalmente para a trabalhadora: “Trabalhadora, preste atenção! O Michel Temer só governa pra patrão”!
    A pauta das mulheres não ficou de fora. Jamais. A luta é contra o patriarcado e o machismo, a violência contra as mulheres, e também contra o capital, a exploração, a transfobia, o racismo.

    Foto: Maxwell Vilela/ Jornalistas Livres

    Muitas mulheres foram lembradas hoje: as assassinadas, as agredidas, as caladas pela polícia. Uma diversidade de vozes invadiu as ruas. Pedidos de Fora Temer, de basta à violência e ao preconceito, de greve geral já. Eram brancas, negras, lésbicas, trans, crianças, idosas, homens. A forte chuva que caiu no fim da tarde, quando a marcha tinha deixado a Praça da Liberdade e alcançava o centro,
    não impediu as mulheres de continuar a caminhada de luta.

    Foto: Maxwell Vilela/ Jornalistas Livres