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  • Um debate sobre a investigação da máfia das merendas sem o principal investigado

    Um debate sobre a investigação da máfia das merendas sem o principal investigado

    “Cadê o Capez? Cadê o Capez? “

    “Capez, Capez, Chegou a sua vez: ou devolve a merenda ou vai parar lá no xadrez!”
    Pega ladrão!!
    “A merenda ele roubou, o Capez é só Caôôôôôôôôôô”

    Com frases como essas, a Assembleia Legislativa de SP foi tomada na tarde desta terça (23) por mais de 700 integrantes de movimentos sociais, de moradia, estudantis e entidades sindicais. Gente de luta, disposta a pressionar os deputados tucanos pela investigação do roubo do dinheiro das merendas.
    Mas, dessas 700 pessoas presentes, somente 200 conseguiram acompanhar o debate sobre a CPI na parte interna do plenário Juscelino Kubitschek. As demais foram impedidas pela Polícia Militar que alegou superlotação para o espaço. Ainda assim, cenário que se viu foi de muitas cadeiras vazias e muita gente em fila do lado de fora, aguardando para entrar. Era a tentativa de vencer os manifestantes pelo cansaço. Manobra orientada pela bancada dos deputados do PSDB – onde estão os principais envolvidos na máfia e que por isso, são os “pressionados” à assinarem para que a CPI aconteça.
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    E por falar em manobra, essa tarde de terça vai entrar para história da Alesp, como bem falou o deputado do PSOL, Carlos Gianazzi em uma de seus desabafos para a deputada Analice Fernandes, que presidiu a sessão na maior parte do tempo: “A senhora está sendo submissa ao pedido dos deputados do PSDB. Está burlando o regimento interno, numa tentativa de desmobilizar os movimentos que vieram assistir o debate. Isso tem que entrar para a história da Assembleia”. Isso porque, a parlamentar do PSDB suspendeu a sessão por pelo menos por cinco vezes, a pedido de parlamentares como Campos Machado e Coronel Telhada, numa tentativa de fazer com que o povo presente desistisse de esperar e esvaziasse as galerias.
    Coronel Telhada foi um capítulo à parte. Já na tribuna, tendo seu direito de fala respeitado, chegou a dizer que os manifestantes estavam recebendo sanduíche de mortadela para protestar, e debochado, ofereceu sanduíches de presunto e queijo para calar os presentes: “Sanduíche de presunto e queijo é um pouco melhor.” disse ele. Antidemocracia, desrespeito e preconceito foram as características do tratamento do parlamentar com os manifestantes. Nada surpreendente para o perfil do Coronel.


    A bancada do Psol e do PC do B fez inúmeras defesas para a instalação da investigação. Os deputados do PT não ficaram atrás. Críticas à qualidade da merenda também não faltaram: “O roubo tira o dinheiro da merenda e coloca veneno no prato das crianças”. comentou o deputado João Paulo Rillo. Inclusive, os petistas citaram nominalmente os personagens que estão envolvidos na máfia: o secretário estadual de Logística e de Transportes, Duarte Nogueira, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como “Moita”, numa crítica à cobertura que a mídia tradicional vem dando para o assunto, sem citar nomes e blindando especialmente, o de Fernando Capez, presidente da Assembleia, principal investigado e que hoje demonstrou que teme as manifestações democráticas, pois diferente de como faz na maioria das terças-feiras na Alesp, ficou durante toda a tarde dentro de seu gabinete, acompanhando o debate pela TV da Assembleia. “Ficou reprovado” no quesito democracia.

    20160223092930Para a próxima semana, a discussão promete pegar fogo. Os deputados que já assinaram a CPI farão pressão para angariar novas adesões e terão conversas massivas com Capez, para que ele incentive sua base aliada de deputados tucanos a assinar, numa ação de transparência para o caso. No próximo debate, petistas, psolistas e bancada do PC do B esperam que Capez não fuja dos braços da democracia.

     

  • Paz entre as torcidas e amor pelo Brasil democrático!

    Paz entre as torcidas e amor pelo Brasil democrático!

    São raros os raios de esperança que vemos surgir do universo ultra-conservador do futebol. Mas quando surgem, têm a força de suas torcidas, a força da enorme paixão brasileira por esse esporte. As manifestações recentes da Gaviões da Fiel Torcida são um claro sinal de que estamos incomodados com a falta de transparência, com a falta de respeito aos torcedores, com a submissão do esporte aos interesses da mídia tradicional, com a repressão à liberdade de expressão e mais uma longa lista de descaminhos que precisamos lutar para corrigir.

    Reproduzimos a Nota Oficial da Gaviões da Fiel Torcida no desejo de que o exemplo seja seguido e que surjam novas Democracias Corintiana, Palmeirense, Santista, São-paulina, Flameguista, Gremista, Atleticana e outras tantas.

    NOTA OFICIAL: Protesto realizado no jogo Corinthians x Capivariano

    No dia 1º de julho de 1969, um grupo de jovens torcedores do Corinthians fundava o que viria a se tornar a maior torcida organizada do País: os Gaviões da Fiel.

    O propósito era derrubar o então presidente – ditador – do Corinthians, Wadih Helu. Foi nessa época que o país teve conhecimento de um primeiro enterro simbólico de presidente de clube já realizado.

    Não era fácil se opor ao mandatário, que fazendo valer sua fama de ditador, pagava para que pugilistas profissionais caçassem os tais dos Gaviões. Mas nada era fácil, àquela altura, afinal o Brasil vivia o período da ditadura militar.

    E em uma mistura de torcida com engajamento político, os Gaviões da Fiel começaram a atuar na fiscalização do clube ao mesmo tempo em que agiam como mais um grupo pró-redemocratização do país. Nas arquibancadas, faixas de protesto contra a diretoria se confundiam com faixas que pediam “Diretas Já” e anistia ampla, geral e irrestrita.

    Em tempos de pau de arara, exílio, tortura e morte, os Gaviões resolveram impor sua voz. Recém-nascida, porém forte.

    Hoje, passados 31 anos, os Gaviões da Fiel se veem novamente sob a tentativa ditatorial de censura e repressão.

    No jogo da última quinta-feira (11), Itaquera foi palco de uma nova caça aos Gaviões, dessa vez representada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (e seus mandatários).

    Segundo o Art. 13-A, inciso IV, do Estatuto de Defesa do Torcedor, é proibido “portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo”.

    E sabendo disso, tratamos de criar faixas com muito cuidado para não ferir tal artigo. As três faixas que foram expostas nas arquibancadas, eram as seguintes:

    1) “Jogo às 22h também merece punição”;
    2) “Rede Globo, o Corinthians não é seu quintal”;
    3) “Cadê as contas do estádio?”

    Nenhuma com mensagens ofensivas, muito menos de caráter racista ou xenófobo. Aliás, muito pelo contrário. Todas as faixas amparadas no que assegura a própria Constituição, no Artigo 5, dizendo que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

    E sobre liberdade de expressão, nossa Constituição segue dizendo que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição. E ainda completa: “é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.”

    Conhecendo nossos direitos constituintes (e torcedores organizados estão igualmente enquadrados por estes), gostaríamos de entender (talvez a polícia militar e/ou poder público responsável poderiam nos responder):

    a) Em qual momento o Art. 13-A, inciso IV, do Estatuto de Defesa do Torcedor, foi infringido por nós?
    b) De quem partiu a ordem para que invadissem as arquibancadas e apreendessem as faixas e agredissem os torcedores?
    c) Quando se adentra um estádio, perde-se os direitos constituintes?

    E aproveitando o ensejo, também nos causa muita estranheza a forma como os protestos são abordados pela grande mídia. Que os veículos da família Marinho não noticiariam o fato tínhamos certeza, afinal a Rede Globo foi claramente atacada por nós.

    Agora o jornalista Antero Greco, no programa Sportscenter, da ESPN Brasil, questionar e ainda dizer ter “um pé atrás a respeito da espontaneidade de certas atitudes de torcidas organizadas” é demais.

    Segundo as afirmações do próprio, ele diz estranhar o fato de os Gaviões só estarem reclamando do horário do jogo agora, após tantos anos desse padrão.

    Greco também questionou as cobranças de contas que fizemos, dizendo ser este um papel do Conselho e não da torcida.

    Por fim, o show de críticas preconceituosas termina com uma insinuação de que as cobranças são incentivadas e patrocinadas por alguém.

    O que nos deixa com o “pé atrás”, na verdade, é o fato de um jornalista não desempenhar o seu ofício como tal e sair divagando opiniões em rede nacional sem ao menos checar as informações. Sem contar o fato de que finge desconhecer o cunho fiscalizador que os Gaviões da Fiel desempenham desde sua carta de fundação, assinada pelo nosso primeiro presidente e sócio número um, Flávio La Selva.

    Afinal, quem conhece minimamente os Gaviões sabe que a crítica aos horários dos jogos é feita há muitos e muitos anos. E não, não somos patrocinados por ninguém. Somos os Gaviões da Fiel Torcida, Força Independente.

    Para finalizar esse já extenso texto (infelizmente), os Gaviões da Fiel Torcida vêm a público reafirmar todas as recentes posturas críticas à falta de transparência por parte da diretoria do Corinthians, aos mandos e desmandos da FPF, e ao infeliz banco de negócios futebolísticos, que coloca os interesses da Rede Globo a frente dos interesses do futebol, que deveriam envolver, sobretudo, os jogadores, clubes e torcedores.

    Reafirmamos que, durante os 60 dias em que estivermos cumprindo a punição, a diretoria dos Gaviões da Fiel Torcida não se responsabilizará pelo ato de torcedores. E, acima de tudo, mandamos um recado bem claro a todos os envolvidos no episódio de ontem:

    Faz 46 anos que tentam, de todas as formas, calar os Gaviões da Fiel Torcida. Até então, em vão, e assim continuará sendo!

    // GAVIÕES DA FIEL TORCIDA – FORÇA INDEPENDENTE