Alvo de diversas campanhas que pediam que o país fosse separado, o Nordeste tem um papel fundamental na construção do Brasil. Entre os dias 17 de agosto e 07 de setembro, o ex-presidente Lula fará a segunda edição da Caravana pelo Nordeste. 25 anos depois o ônibus percorrerá mais de 30 cidades, saindo de Salvador-BA e terminando em São Luís-MA.
Os Jornalistas Livres compreendem a importância de contar a história do povo que é deixado à margem não só pelo atual governo mas também pela mídia, que diversas vezes não os consideram pessoas dignas e importantes para o país. Queremos conhecer quem saiu da miséria nos governos Lula e Dilma e agora está voltando a ter fome. Queremos dar voz a quem é ignorado por todos os lados. Os Jornalistas Livres afirmam o caráter jornalístico e ético da cobertura, com ênfase em quem tem esperança de que o Brasil volte a ser governado tendo seu povo como prioridade.
Nos ajude a mostrar o que não estará na grande mídia. Nos ajude a dar rosto para as lutas pelo fim da miséria, pelo fim da fome, pela saúde, pela educação, pelos direitos trabalhistas, pela água e, principalmente, pela vida. Contribua com qualquer valor para que essas histórias sejam contadas.
PARTICIPE:
Banco Caixa Econômica Federal
AG: 3033
Conta Poupança: 8971-0
OP: 013
Confira o trajeto completo da caravana:
QUINTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO Salvador – Bahia
SEXTA-FEIRA, 18 DE AGOSTO Cruz das Almas e São Francisco do Conde – Bahia
SÁBADO, 19 DE AGOSTO Feira de Santana – Bahia
DOMINGO, 20 DE AGOSTO Estância – Sergipe
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE AGOSTO Lagarto, Itabaiana e Nossa Sra. da Glória – Sergipe
TERÇA-FEIRA, 22 DE AGOSTO Aracaju – Sergipe
Penedo – Alagoas
QUARTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO Arapiraca – Alagoas
Maceió – Alagoas
QUINTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO Recife – Pernambuco
SEXTA-FEIRA, 25 DE AGOSTO Recife – Pernambuco
SÁBADO, 26 DE AGOSTO João Pessoa – Paraíba
DOMINGO, 27 DE AGOSTO Campina Grande – Paraíba
Currais Novos – Rio Grande do Norte
SEGUNDA-FEIRA, 28 DE AGOSTO Mossoró – Rio Grande do Norte
TERÇA-FEIRA, 29 DE AGOSTO Quixadá – Ceará
QUARTA-FEIRA, 30 DE AGOSTO Juazeiro do Norte – Ceará
QUINTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO Granito – Pernambuco
SEXTA-FEIRA, 1º DE SETEMBRO Marcolândia – Piauí
Picos – Piauí
SÁBADO, 2 DE SETEMBRO Teresina – Piauí
DOMINGO, 3 DE SETEMBRO Timon – Maranhão
SEGUNDA-FEIRA, 4 DE SETEMBRO São Luís – Maranhão
TERÇA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO São Luís – Maranhão
Ocorreu um ciclo de atividades, desde o dia 22/06, que termiona no ato de hoje às 16hs na praça da Sé centro de São Paulo
26J – JORNADA DE LUTA CONTRA A TORTURA
Os movimentos e organizações sociais e populares, coletivos e grupos autônomos, ativistas culturais e artistas engajados, segmentos dos mais diversos, pessoas comprometidas com a defesa dos direitos humanos que reúne militantes de direitos humanos, ativistas políticos, sociais e pelas liberdades civis, ex-presos e perseguidos políticos, familiares de mortos pela ditadura civil-militar, familiares e vítimas da violência de estado praticada no período de frágil democracia, preocupados com a prática sistemática da tortura e da violência praticada por agentes do Estado, especialmente policiais, vimos exigir um basta de tortura neste 26 de Junho – Dia Internacional de Combate à Tortura!
Exigimos que o governo Alckmin demonstre que não é conivente com a tortura e a violência dos agentes do Estado, instalando imediatamente a Comissão Estadual de Prevenção e Combate à Tortura em São Paulo, composta pela sociedade civil, com plenas condições de atuação efetiva, além de independência e autonomia, conforme previsto em lei!
A tortura é incompatível com a democracia real que queremos.
Somente juntos podemos dar um basta à tortura!
JORNADA DE LUTA CONTRA A TORTURA
Estamos atravessando um período sombrio, em que o governo oriundo de um golpe parlamentar tenta fazer passar medidas regressivas que cortam direitos conquistados arduamente pela classe trabalhadora, alguns estabelecidos desde a década de 1940, resultado das lutas sociais iniciadas no começo do século XX. Este governo utiliza-se de uma base parlamentar corrupta, comprada com cargos e favores, exatamente na mesma tradição dos anteriores que criticava.
Desde a última ditadura civil-militar a frágil democracia brasileira não foi suficiente para superar os males de origem do país como o genocídio dos povos indígenas e a perseguição e o controle dos pobres das periferias, especialmente negros, trabalhadores precarizados, desempregados e sem renda formal.
O Judiciário brasileiro tem sido a mão de ferro do encarceramento em massa. Enquanto o Brasil já soma mais de 14 milhões de desempregados, há 700 mil pessoas presas no país, um vergonhoso terceiro lugar depois dos Estados Unidos e da China. O número de mulheres presas pobres e negras só aumenta, sugerindo a “criminalização do gênero” pelo Judiciário. As unidades de privação de liberdade para adolescentes, como a Fundação Casa, estão superlotadas e a tortura é praticada como método de controle.
As chacinas e execuções sumárias de pessoas consideradas arbitrariamente como “suspeitos” continuam e a tortura permanece sendo o método sistemático das polícias para incriminar, montando provas forjadas, inclusive para criminalizar diversos movimentos e organizações sociais e populares que lutam contra este estado de mazelas.
No contexto desse governo oriundo de um golpe parlamentar esses arbítrios perpetrados por policiais e autoridades ligadas à segurança pública multiplicam-se vertiginosamente. A indústria da “guerra às drogas” declarada pelo Estado só fez aumentar a prática da tortura, o encarceramento em massa e a execução sumária. Só para dar um exemplo, de 1º de janeiro deste ano até 5 de abril a polícia de São Paulo matou 247 pessoas. As chacinas de sem terras e de outros trabalhadores do campo aumentaram vertiginosamente. As audiências de custódia implementadas, que visavam fazer os juízes verificarem quais torturas, maus-tratos e arbitrariedades tinham sido cometidas no momento da prisão, não têm dado o resultado esperado porque a maioria dos juízes não interroga o preso de modo que ele possa denunciar o que sofreu até chegar a audiência. As bancadas da bala e medieval dos órgãos legislativos municipal, estadual e nacional incentivam o “linchamento” verbal das populações periféricas, LGBT, especialmente os segmentos travesti e transexual, e dos trabalhadores em geral, concorrendo assim para ampliar o sentimento de ódio contra os pobres.
Defensores de direitos humanos precisam encarar esta realidade: a maioria dos juízes e dos policiais, bem como uma parte da população brasileira, entorpecida diariamente por programas televisivos que estimulam o medo social e a justiça com as próprias mãos apoiam a tortura como método de vingança. É um hábito secular herdado da colonização, aprimorado ao longo do período de escravidão e que se entranhou na mentalidade de parte significativa da população brasileira. Neste atual momento, em que o governo quer implementar medidas que empobrecerão ainda mais os mais pobres, o resultado será que mais pessoas se tornarão vulneráveis à perseguição e à brutalidade policial. Neste contexto, a tortura praticada pelos agentes do Estado torna-se uma perigosa arma de controle social e é o primeiro passo para acontecimentos dramáticos para os pobres, que são a execução sumária ou a prisão em massa.
Por isso, nós, movimentos e organizações sociais e populares, coletivos e grupos autônomos, ativistas culturais e artistas engajados, segmentos dos mais diversos, pessoas comprometidas com a defesa dos direitos humanos que reúne militantes de direitos humanos, ativistas políticos, sociais e pelas liberdades civis, ex-presos e perseguidos políticos, familiares de mortos pela ditadura civil-militar, familiares e vítimas da violência de estado praticada no período de frágil democracia, preocupados com a prática sistemática da tortura e da violência praticada por agentes do Estado, especialmente policiais, vimos exigir um basta de tortura neste 26 de Junho – Dia Internacional de Combate à Tortura!
Exigimos que o governo Alckmin demonstre que não é conivente com a tortura e a violência dos agentes do Estado, instalando imediatamente a Comissão Estadual de Prevenção e Combate à Tortura em São Paulo, composta pela sociedade civil, com plenas condições de atuação efetiva, além de independência e autonomia, conforme previsto em lei!
A tortura é incompatível com a democracia real que queremos.
Somente juntos podemos dar um basta à tortura!
São Paulo, 26 de Junho de 2017.
Apoiam esta iniciativa:
ABRAPSO – Associação Brasileira de Psicologia Social – Regional São Paulo; ABRASBUCO – Associação Brasileira de Saúde Bucal Coletiva; ACAT – Ação dos Cristãos pela Abolição da Tortura; Associação Amparar; Associação da Parada do Orgulho LGBT de Campinas; Associação de Mulheres da Zona Leste; Associação Juízes para a Democracia; Blogueiras Negras; Centro de Cultura Social da Favela Vila Dalva; Centro de Direitos Humanos de Sapopemba; Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos; Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de SP; Cia. Kiwi de Teatro; Cia. Madeirite Rosa; Círculo de Experimentação Artística; Clínica do Testemunho do Instituto Sedes Sapientiae; COADE – Coletivo Advogados para Democracia; Coletiva Marãna; Coletivo Contra a Tortura; Coletivo DAR – Desentorpecendo a Razão; Coletivo de Esquerda Força Ativa; Coletivo Diversitas da Universidade de São Paulo; Coletivo Luana Barbosa; Coletivo Memória – Associação Paulista de Saúde Pública; Coletivo Perifatividade; Coletivo VivaCidade; Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo; Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos; Comissão Justiça e Paz de São Paulo; Cordão da Mentira; CPV – Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro; CRP SP – Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; Escola de Cidadania Zona Oeste Butantã; Estúdio Gaya1; Fala Guerreira-Periferia Segue Sangrando; Filh@s & Net@s – SP DH, Memória, Verdade e Justiça; Fórum de Defesa da Vida; Fórum Municipal de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas; Geledés – Instituto da Mulher Negra; Grudis – Em Defesa da Democracia; Grupo de Estudos Anarquistas de Araraquara; Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo; Instituto AMMA Psique e Negritude; Juventude e Resistência Negra Zona Sul; Kazungi – Bloco Afro Percussivo; Kilombagem; Kiwi – Companhia de Teatro; LEIA – Laboratório de Estudos Interdisciplinares e Analises Social da Universidade Federal de São Paulo; Levante Mulher; Marcha das Mulheres Negras de SP; Marcha Mundial das Mulheres; Margens Clínicas; MNU – Movimento Negro Unificado; MST – Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra; Observatório de Violências Policiais de São Paulo; Pânico Brutal; PLENU – Instituto Plena Cidadania; Projetos Terapêuticos; Promotoras Legais Populares de Piracicaba; Promotoras Legais Populares de Sorocaba; Rádio Madalena; Rastilho; Rede de Proteção e Resistência contra o genocídio; Revolta Popular; Samba Negras em Marcha; SOF – Sempreviva Organização Feminista; Tribunal Popular; UMMSP – União dos Movimentos de Moradia da Grande São Paulo; União de Mulheres de São Paulo.
“Em defesa da autonomia nacional, democracia, desenvolvimento econômico com a diminuição da desigualdade” por Ciro Gomes, Bresser Pereira e Eleonora de Lucena
Na última sexta feira, o Projeto Brasil Nação foi lançado para os estudantes presentes no 55º CONUNE. Correspondendo às expectativas dos presentes – que formaram fila na espera da palestra e até uma pequena concorrência pelos primeiros assentos -, o vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira e a jornalista Eleonora de Lucena, dissertaram e argumentaram sobre sua proposta brasileira.
Logo de início, a jornalista Eleonora convidou ao debate um projeto nacional: “eu acho que a gente tá acostumado muito a discutir políticas específicas (…), o que falta é uma política nacional que englobe tudo isso”. E continua: “(o projeto) é uma defesa da autonomia nacional, da democracia, do desenvolvimento econômico com a diminuição da desigualdade e da defesa do meio ambiente”.
Bresser, ao tomar palavra, deixou claro que o que se procura é uma alternativa ao modelo liberal vigente, objetivando a volta do crescimento do país junto da justiça ao povo. Segundo ele, sofremos de três crises: econômica, política e moral e, “desde 1880, o Brasil cresce muito pouco”. Depois de apresentar um panorama da situação brasileira dos últimos governos, afirmou que o projeto segue a linha do novo desenvolvimentismo, o qual concorda com uma política econômica baseada em cinco pontos: uma regra fiscal responsável; uma taxa de câmbio competitiva; um nível de taxa de juros baixa; uma capacidade de investimento Estatal e um sistema tributário progressivo – “só assim se distribui renda. O Brasil é o único país onde tributos são regressivos”.
Foto: Isabela Abalen / Jornalistas Livres
Para finalizar a apresentação, Ciro Gomes conquistou a simpatia dos estudantes com discurso em defesa dos ideais do projeto Brasil Nação. Considerando pontos da história política e econômica do país enquanto apontava falhas governamentais, Ciro enfatizou o problema da inflação – a qual “toma todas as energias do país”-, a importância da presença do Estado na economia e o problema de termos “abrido mão do investimento interno” e, agora, dependermos de exportação. Ele aconselhou: “leiam tudo, mas não deixem de observar a realidade com seus próprios olhos, porque o Brasil não é nem para amadores nem para manuais estrangeiros”. E continuou: “O Brasil, para crescer, precisa compreender que estamos proibidos de crescer. Primeiro, anos na fila de juros alto colapsou o balanço das empresas privadas; não há um ponto que nós podemos esperar das empresas privadas para o investimento no país. Segundo, há um colapso do real que está fazendo despencar a receita pública.”
Ciro afirmou que a taxa de câmbio – presente em um dos cinco pontos do projeto – deve se tornar assunto público, já que interfere diretamente na vida das pessoas. Além disso, ressaltou: “Nós precisamos de política industrial de comércio exterior que supere esse desequilíbrio e (…) ter um câmbio estimulante que trabalha e produz”, terminando com um convite: “vamos pensar o Brasil”.
O manifesto do projeto Brasil Nação conta com assinaturas de Chico Buarque, Raduan Nassar, Laerte, entre outras influências. Seu acesso é livre pelo site.
Referência mundial no campo da ciência social, o premiado pensador Boaventura de Sousa Santos esteve no Brasil para lançar seu novo livro A difícil democracia (Boitempo Editorial). Em uma análise primorosa da situação política atual, Boaventura discute o que chama de “democracia de baixa intensidade”, reflete sobre as causas das crises que envolvem países da América Latina, Europa e África e, principalmente, alerta para a urgente necessidade de ‘reinventar as esquerdas’, subtítulo da obra. O sociólogo chama a atenção para as consequências políticas, econômicas e sociais após períodos em que o poder (ou apenas o governo) esteve com as esquerdas. Alerta para a ameaça fascista aberta sob a bandeira do combate à corrupção, que se impõe como proteção à democracia.
“A frustração pode plasmar-se numa opção política pelo fascismo, sobretudo se a frustração for vivida muito intensamente, se for acirrada pela mídia reacionária, se houver à mão bodes expiatórios, estrangeiros ou estratos sociais historicamente vítimas de racismo e sexismo”, escreve. Para ele, o crescimento de movimentos fascistas “é funcional aos governos de direita reacionária na medida em que lhe permite legitimar mais autoritarismo e mais cortes nos direitos sociais e econômicos, mais criminalização no protesto social em nome da defesa da democracia.”
Autor reconhecido e premiado no mundo todo, Boaventura escreve sobre sociologia do direito, sociologia política, epistemologia e estudos pós-coloniais, movimentos sociais, globalização, democracia participativa, reforma do Estado e direitos humanos, além de fazer trabalho de campo em Portugal, no Brasil, na Colômbia, em Moçambique, em Angola, em Cabo Verde, na Bolívia e no Equador. Entre seus livros mais importantes estão Um discurso sobre as ciências (1988), Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade (1994), Reinventar a democracia (1998), Democracia e participação: o caso do orçamento participativo de Porto Alegre (2002), Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos (2013), A cor do tempo quando foge: uma história do presente – crônicas 1986-2013 (2014), O direito dos oprimidos (2014) e A justiça popular em Cabo Verde (2015).
Boaventura recebeu a reportagem dos Jornalistas Livres para uma conversa sobre Brasil, colonialismo, esquerdas e democracia. “O capitalismo nunca atua sozinho. Ele atua com o colonialismo e atua com o patriarcado, isto é, com o racismo e com a violência contra as mulheres. Não é uma forma de dominação que seja capaz de conviver exclusivamente com o trabalho assalariado. Tem que desqualificar seres humanos, sejam os trabalhadores, sejam os jovens negros, as mulheres negras, as mulheres em geral, e portanto o colonialismo não acabou. Nós vivemos em sociedades coloniais com imaginários pós coloniais.”
Sobre o Brasil, Boaventura afirma: “O País estará em um impasse durante um tempo. O neoliberalismo é uma farsa e está sendo implementado aqui exatamente como farsa, até que as forças populares de esquerda se dêem conta que é possível uma alternativa política. Os partidos de esquerda, em nenhuma condição, se devem aliar a partidos de direita. A esquerda tem que se aliar com a esquerda. Se não é possível uma aliança com outros partidos de esquerda, mantenha-se na oposição até que essas condições sejam criadas. Não podemos governar na base de conciliação com grupos de direita que no momento oportuno nos largam, como aconteceu com o PMDB e com o PSDB, não sejamos ingênuos.”
Ele diz que a saída pode estar em um novo partido de esquerda, que esteja baseado mais nos movimentos sociais e menos nos interesses partidários. “O presidente Lula é um fator muito importante. Se ele voltar à presidência, não vai poder governar como governou. Se ele não voltar a ser presidente, o mito estará intacto. A aceitação que ele continua a ter é absolutamente notável e todos os cientistas políticos deveriam estudar no mundo. Lula foi uma parte muito importante do passado, vai ser uma parte importante do futuro. Mas é preciso que digamos publicamente que temos consciência para pressionar eventualmente um presidente Lula ou um candidato Lula a atenuar um pouco a ideia da conciliação e a unir-se mais ao movimento popular. Nós não vamos estar numa década de Lula paz e amor. Não há condições para isso.”
Entrevista: Gustavo Aranda e Maria Carolina Trevisan, Jornalistas Livres Fotografia: Ângelo Lorenzetti Apoio: Daniel Grilli Agradecimentos:
Ivana Jinkings
Yumi Kajiki
El gobierno Temer escanó su cara. Con un decreto firmado hace poco, convocó las Fuerzas Armadas para reprimir manifestaciones. Además de una máquina de corrupción, el usurpador del Planalto (sede del Poder Ejecutivo Federal brasileño) mostró manejar una máquina de guerra en contra el pueblo.
Más de cien mil personas se reunieron pacíficamente en Brasília pidiendo la renuncia del títere, elecciones directas y dando un sonoro no a las reformas liquidadoras de la jubilación y de los derechos trabajistas. Qué encontraron? Soldados armados hasta los dientes y dispuestos a atacar una manifestación democrática. Hay decenas de heridos. Al menos uno de ellos fue afectado por una bala y está en el hospital. Bombas de gas y de efecto (i)moral son disparadas incesantemente contra trabajadoras, trabajadores y jóvenes desarmados. Un escenario típico de los tiempos de dictadura militar.
Temer y su banda no tienen cualquier condición de continuar en el poder. Su ofensiva en contra la manifestación de hoy no deja dudas. Más y más, el gobierno golpista solo puede recurrir a la represión. No hay argumentación capaz, en una democracia, de defender ni por un día más a un mandatario sucio de los pies hacia la cabeza por la corrupción explícita y teñido con la sangre de los manifestantes.
La permanencia en el Planalto del títere Temer al servicio de intereses reaccionarios es una verdadera provocación al pueblo brasileño. Los números no mienten: 14 millones de desempleados, millones de familias en desesperación, millares de empresas cerrando, incumplimiento de deudas se extendiendo. Ahora, vivimos una represión cobarde en gran escala. Todo eso es obra de una administración ilegitima y desmoralizada incluso entre muchos que embarcaron en la aventura golpista.
Nas últimas semanas, vimos o Brasil e os EUA ganharem potenciais novos juízes das cortes mais altas de seus respectivos sistemas judiciários. Por lá, no dia 1º de fevereiro, o presidente republicano Donald Trump apontou o juiz federal Neil Gorsuch, de 49 anos, para preencher a vaga deixada na Suprema Corte por Antonin Scalia, que faleceu em fevereiro de 2016. Bem antes da posse de Trump, o presidente Barack Obama havia feito sua própria indicação para o cargo, o democrata moderado Merrick Garland, mas ações dos republicanos no Congresso americano bloquearam e adiaram o processo de confirmação do candidato justamente para que Trump pudesse escolher outro.
Meros cinco dias depois, no Brasil, o presidente Michel Temer também fez sua escolha para o Supremo Tribunal Federal: seu próprio Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, é o indicado para substituir Teori Zavascki, que morreu em um acidente de avião no dia 19 de janeiro. Moraes tem bastante em comum com Gorsuch, o candidato americano – ambos estão no final de seus 40 anos, e possuem um histórico de decisões conservadoras polêmicas em seu passado.
Neil Gorsuch
No caso de Gorsuch, trata-se de decisões como a do caso Hobby Lobby v. Sebelius (2013), em que defendeu o direito de uma loja de materiais artísticos de se recusar a prover anticoncepcionais para seus funcionários, sob a alegação de que seus donos, parte de uma tradicional família evangélica, tinham objeções religiosas à prática. Visto que o atual plano de saúde governamental americano, conhecido como ObamaCare, inclui a distribuição de anticoncepcionais, a decisão (mais tarde confirmada pela Suprema Corte) essencialmente permite que empresas e organizações particulares ajam contra práticas e decisões públicas caso elas infrinjam, de alguma forma, sua crença religiosa.
Embora no caso de Alexandre de Moraes não tenhamos tantas decisões judiciais para nos basearmos a fim de compreender suas opiniões, temos sua atuação em órgãos públicos e sua afiliação política. Ligado ao PSDB, o jurista foi Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, sob o governo de Geraldo Alckmin, entre janeiro/2015 e maio/2016, período em que a violência da Polícia Militar foi duramente criticada, frente a protestos de rua e ocupações de escolas. A Polícia de Moraes foi responsável por uma em cada quatro pessoas assassinadas no ano de 2015, em São Paulo, segundo dados levantados pela própria Rede Globo.
Em suma, o Brasil e os EUA acabaram de indicar dois homens perigosos para os mais altos cargos judiciários de seus respectivos governos – como a história (e o cinema) nos ensina, isso pode não acabar bem.
Wendell Pierce como Clarence Thomas e Kerry Washington como Anita Hill no filme Confirmation (2016)
Confirmação
Produzido em 2016 para comemorar os 25 anos de uma confirmação de Suprema Corte histórica nos EUA, o telefilme Confirmation é centrado na atriz Kerry Washington, conhecida por interpretar a impulsiva e brilhante Olivia Pope na série Scandal. Aqui, Washington entrega uma atuação precisa e comovente como Anita Hill, professora de direito que, após saber que seu ex-chefe, o juiz Clarence Thomas, havia sido indicado para a Suprema Corte dos EUA pelo então presidente George H.W. Bush, é procurada por representantes do Senado e relata que, no passado, havia sido sexualmente assediada por Thomas.
Hill trabalhou com Thomas em duas agências governamentais na administração Reagan, ambas direcionadas à diversidade no ambiente de trabalho. Em 1991, uma década depois dos alegados casos de assédio, Hill virou testemunha em uma série de audições polêmicas em que um grupo (todo masculino) de senadores considerou as acusações de assédio a fim de determinar se Thomas deveria ser bloqueado de servir na Suprema Corte. Os conselheiros próximos ao presidente Bush e os senadores republicanos então empreenderam uma verdadeira caça às
Os verdadeiros Clarence Thomas e Anita Hill, em 1991
bruxas, buscando difamar a reputação de Hill e sugerindo até que ela sofresse de erotomania, distúrbio que leva indivíduos a presumirem ou fantasiarem avanços sexuais daqueles a sua volta.
Confirmation, da forma que foi dirigido por Rick Famuiywa (do ótimo Dope) e escrito por Susannah Grant (indicada ao Oscar por Erin Brockovich), é uma envolvente mistura de fato e ficção ou conjectura, destrinchando a intimidade desses personagens sem perder de vista as questões que essencialmente aborda. O juiz Clarence Thomas eventualmente foi confirmado e serve na Suprema Corte dos EUA até hoje, mas a muito pública odisseia de Hill influenciou uma eleição americana (em 1992) que colocou um número recorde de mulheres no Senado, e praticamente obrigou o presidente Bush a passar novas leis de proteção à mulher no ambiente de trabalho.
Confirmation é um filme sobre assédio sexual, sim, e sobre o machismo que predomina em nossas instituições políticas e permite que ele aconteça, e que os acusados saiam sem punição nenhuma, com um cargo na mais alta corte dos EUA de presente. É também, no entanto, um conto de aviso perturbador sobre o quanto interesses políticos e mentiras estratégicas podem interferir em uma decisão que não deveria ser ideológica, mas puramente ética. Uma decisão que molda por exemplo e por efeito o futuro do país – nos momentos de caos que vivemos, é sempre bom realçar essa importância.