Jornalistas Livres

Tag: blogueiros

  • Lula defende a imprensa livre e independente contra as mentiras da grande mídia (plim-plim)

    Lula defende a imprensa livre e independente contra as mentiras da grande mídia (plim-plim)

    A história ensina que numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Encontro-me há mais de 100 dias na condição de preso político, sem qualquer crime cometido, pois nem na sentença o juiz consegue apontar qual ato eu fiz de errado. Isso porque setores da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário, com apoio maciço da grande mídia, decidiram tratar-me como um inimigo a ser vencido a qualquer custo.

     

    A guerra que travam não é contra a minha pessoa, mas contra a inclusão social que aconteceu nos meus mandatos, contra a soberania nacional exercida pelos meus governos. E a principal arma dos meus adversários sempre foi e continuará sendo a mentira, repetida mil vezes por suas poderosas antenas de transmissão.

     

    Tenho sobrevivido a isso que encaro como uma provação, graças à boa memória, à solidariedade e ao carinho do povo brasileiro em geral.

     

    Dentre as muitas manifestações de solidariedade, quero agradecer o espírito de luta dos homens e mulheres que fazem do jornalismo independente na internet uma trincheira de debate e verdade.

     

    Desde que deixei a Presidência, com 87% de aprovação popular, a maior da história deste país, tenho sido vítima de uma campanha de difamação também sem paralelo na nossa história.

     

    Trata-se, sabemos todos, da tentativa de apagar da memória do povo brasileiro a ideia de que é possível governar para todos, cuidando com especial carinho de quem mais precisa, e fazer o Brasil crescer, combatendo sem tréguas as desigualdades sociais e regionais históricas.

     

    Foram dezenas de horas de Jornal Nacional e incontáveis manchetes dedicadas a espalhar mentiras – ou, para usar a linguagem da moda, fake news – contra mim, contra minha família e contra a ideia de que o Brasil poderia ser um país grande, soberano e justo.

     

    Com base numa dessas mentiras, contada pelo jornal O Globo e transformada num processo sem pé nem cabeça, um juiz fez com que eu fosse condenado à prisão, por “ato indeterminado”, usando como pretexto a suposta posse de um imóvel “atribuído” a mim, do qual nunca fui dono.

     

    Contra essa aliança espúria entre alguns procuradores e juízes e a mídia corporativa, a blogosfera progressista ousou insurgir-se. Sem poder contar com uma ínfima parcela dos recursos e dos meios à disposição dos grandes veículos alinhados ao golpe, esses homens e mulheres fazem Jornalismo. Questionam, debatem e apresentam diariamente ao povo brasileiro um poderoso contraponto à indústria da mentira.

     

    Lutaram e continuam a lutar o bom combate, tendo muitas vezes apenas o apoio do próprio povo brasileiro, por meio de campanhas de financiamento coletivo (R$ 10 reais de uma pessoa, R$ 50 reais de outra).

     

    Foram eles, por exemplo, que enfrentaram o silêncio da mídia e desvendaram as ligações da Globo com os paraísos fiscais, empresas de lavagem de dinheiro e a máfia da Fifa. Que demonstraram a cumplicidade de Sérgio Moro com a indústria das delações. Que denunciaram a entrega das riquezas do país aos interesses estrangeiros. Tudo com números e argumentos que sempre são censurados pela imprensa dos poderosos.

     

    Por isso mesmo a imprensa independente é perseguida por setores do judiciário, por meio de sentenças arbitrárias, como vem ocorrendo com tantos blogueiros, que não têm meios materiais de defesa. Enfrentam toda sorte de perseguições: tentativa de censura prévia, conduções coercitivas e condenações milionárias, entre outras formas de violência institucional.

     

    E agora, numa investida mais sofisticada – mas não menos violenta – agências de “checagem” controladas pelos grandes grupos de imprensa “carimbam” as notícias independentes como “Fake News”, e dessa forma bloqueiam sua presença nas redes sociais. O nome disso é censura.

     

    Alguns desses homens e mulheres que pagam um alto preço por sua luta são jornalistas veteranos, com passagens brilhantes pela grande imprensa de outrora, outros sem qualquer vínculo anterior com o jornalismo, mas todos movidos por aquela que deveria ser a razão de existir da profissão: a busca pela verdade, a informação baseada em fatos e não em invencionices. Lutaram e lutam contra o pensamento único que a elite econômica tenta impor ao povo brasileiro.

     

    Quantas derrotas nossos valentes Davis já não impuseram aos poderosos Golias? Quantas notícias ignoradas ou bloqueadas nos jornalões saíram pelos blogues, muitos deles com mais audiência que os sites dos jornalões?

     

    Mesmo confinado na cela de uma prisão política, longe de meus filhos e amigos, impedido de abraçar e conversar com o povo brasileiro, tenho hoje aprovação maior e rejeição menor que meus adversários, que fracassaram no maior dos testes: melhorar a vida dos brasileiros.

     

    Eles, que tantos crimes cometeram – grampos clandestinos no escritório de meus advogados, divulgação ilegal de conversas entre mim e a presidenta Dilma, todo o sofrimento imposto à minha família, entre muitos outros –, até hoje não conseguiram contra mim uma única prova de qualquer crime que seja.  A cada dia mais e mais pessoas percebem que o golpe não foi contra Lula, contra Dilma ou contra o PT. Foi contra o povo brasileiro.

     

    Mais do que acreditar na minha inocência – porque leram o processo, porque checaram as provas, porque fizeram Jornalismo – os blogueiros e blogueiras progressistas estão contribuindo para trazer de volta o debate público e resgatar o jornalismo da vala comum à qual foi atirado por aqueles que o pretendem não como ferramenta capaz de lançar luz onde haja escuridão, mas apenas e tão somente como arma política dos poderosos.

     

    A democracia brasileira agradece, eu agradeço a vocês, homens e mulheres que fazem da luta pela verdade o seu ideal de vida.

     

    Hoje a (in)justiça brasileira não só me prende como impede sem nenhuma razão que vocês possam vir aqui me entrevistar, fazer as perguntas que quiserem. Não basta me prender, querem me calar, querem nos censurar.

     

    Mas assim como são muitos os que lutam pela democracia nas comunicações e pelo jornalismo independente, e não caberiam aqui onde estou, essa cela também não pode aprisionar nem a verdade nem a liberdade. Elas são muito mais fortes do que as mentiras mil vezes repetidas pelo plim-plim, que quer mandar no Brasil e no povo brasileiro sem jamais ter tido um único voto. A verdade prevalecerá. A liberdade triunfará.

     

    Forte abraço,

    Lula

     

     

     

  • Golpe 16

    Golpe 16

    Assustado com a revelação da participação do capitão de inteligência do Exército Willian Pina Botelho no episódio que levou à prisão de 21 jovens no dia da manifestação (04/09), assim Renato Rovai abriu sua fala no lançamento do livro Golpe 16, organizado por ele, na noite de ontem (12/09) em São Paulo. A revelação da identidade real de Baltazar Nunes mostra que as forças do golpe vão além do controle sobre a Polícia Federal, sobre as Polícias Militares, sobre parcelas significativas da Procuradoria Geral da República e do Judiciário, segundo ele.

    Um golpe não é, um golpe vai sendo… É o título do artigo de Rovai que volta ao ano de 2010 para lembrar a aprovação do governo Lula e nossos sonhos com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos em casa. O texto se desenvolve até chegar aos dias atuais, passando pelos atos de junho de 2013 e pela dura eleição de 2014. Rovai nos rememora que a condução coercitiva de Lula para depor, em 04/03/2016 foi “praticamente anunciada no Jornal Nacional da noite anterior, dedicado quase que totalmente a massacrar Lula”.

    A obra Golpe 16 reúne 23 artigos que discutem, através de diferentes enfoques, o golpe jurídico-midiático-parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Roussef. Os autores dos artigos são, especialmente, os jornalistas blogueiros de esquerda e defensores da democracia. O livro apresenta prefácio do ex-presidente Lula e se encerra com uma entrevista com a ex-presidenta.

    Foto por Roberto Fernandes
    Foto por Roberto Fernandes

    Paulo Henrique Amorim lembrou que a grande diferença entre 1964 e 2016 é a blogosfera, sem a qual a Globo seria a única voz. Em seu artigo O PIG e o Cunha, ele demonstra como a Globo usou Cunha e, depois que ele perdeu a serventia, tripudiou sobre seu cadáver: “A Globo não tem amigos, tem interesses. Foi o que o PT e Dilma (“use o controle remoto”) nunca entenderam.”

    Asfixia financeira, criminalização da blogosfera e dos sites progressistas e judicialização da atividade jornalística compõem os três eixos da ofensiva do governo golpista para calar as vozes divergentes, sentenciou Altamiro Borges. Ele lembrou Perry Anderson: “o neoliberalismo não combina com democracia”. Miro apontou, ainda, que: “a Globo é o novo Diário oficial da União”. Seu artigo no livro Golpe 16 se chama A blogosfera na resistência ao golpismo midiático.

    Foto por Roberto Fernandes
    Foto por Roberto Fernandes

    “Lula (mais do que qualquer um) parece ter apostado até o fim na conciliação com a elite, e numa busca desesperada por ser aceito num clube que jamais o desejou como sócio.” Desse modo, Rodrigo Vianna mostra a rejeição da elite a Lula, a Dilma e às políticas de seus governos. Seu artigo, Ecos do passado: a voz de Carlos Lacerda no golpe de 2016, aponta as muitas semelhanças entre os discursos atuais e aqueles da tentativa de golpe contra Getúlio Vargas e o golpe de 1964.

    Paulo Nogueira, em O jornalismo de guerra contra a democracia, cita Joseph Pulitzer: “Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma de um jornal residem em seu senso moral, sua coragem, sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem-estar público, sua disposição em servir à sociedade”. O artigo de Nogueira é uma reflexão sobre o “jornalismo de guerra”, marcado pela capa da revista Veja (“eles sabiam de tudo”) e pela omissão da Folha de São Paulo de dados resultantes da pesquisa que avaliaria o início do governo Temer. “Jornais e revistas fizeram em 2016 o papel dos tanques em 1964”, conclui.

    “Não foi mágica o que ocorreu, foi um processo insistente de condução do senso comum. Foi uma longa e persistente defesa nas redes sociais de mentiras enaltecendo o racismo, a homofobia, a violência, a matança indiscriminada d pobres” Esse trecho é do artigo O golpe em rede e a mobilização do senso comum, escrito pelo professor Sérgio Amadeu da Silveira.

    Gilberto Maringoni avalia, em O avanço do conservadorismo não é fenômeno apenas brasileiro, que até meados de 2016 não havia surgido evidência consistente de interferências externas na deflagração do golpe. Suspeitas, no entanto, há muitas. Como no comentário de Francisco Latorre, feito ao final do lançamento: “2013 foi 1963, cinquenta anos depois. Só saberemos quando a CIA abrir seus arquivos”.

    Encerremos por aqui para não estragar as surpresas. O livro ainda tem artigos de Adriana Delorenzo, Bia Barbosa, Cynara Menezes, Conceição Oliveira, Dennis de Oliveira, Eduardo Gumarães, Fernando Brito, Gilberto Maringoni, Glauco Faria, Ivana Bentes, Lola Aronovitch, Luiz Carlos Azenha, Março Weiiheimer, Miguel do Rosário, Paulo Salvador, Rena Mielli e Tarso Cabral Violi.

    Notas

    1 Os direitos autorais do livro serão doados para o Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé.

    2 Para obter mais informações veja em: http://www.revistaforum.com.br/golpe16/

    3 Rovai, Renato (organizador). GOLPE 16. São Paulo, Publisher Brasil, 2016. 224 p.