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  • Suplicy precisa intervir fisicamente para proteger servidora de GCM

    Suplicy precisa intervir fisicamente para proteger servidora de GCM

    Já perdemos as contas de quantas vezes o vereador Eduardo Suplicy (PT) entra em cena para proteger manifestantes legítimos de violência da GCM (Guarda Civil Metropolitana) em ação de mobilização política. Ontem no final da tarde, durante sessão extraordinária após audiência pública na Câmara dos Vereadores, em São Paulo sobre o PL621/2016, mais conhecido como “Sampaprev”, Suplicy teve que intervir fisicamente com luta corporal com a GCM para proteger a integridade física e moral da servidora pública Claudete Alves, que acompanhava tudo pacificamente de dentro do plenário. O PL trata da previdência municipal e pretende confiscar salários e aposentadorias, além de privatizar e capitalizar recursos.

    Momento em que Suplicy protege a servidora pública de agressões da GCM em plena audiência na Câmara. Foto: Elineudo Meira

    Os policiais da GCM tentaram retirar a servidora do local com um golpe “mata-leão”, de enforcamento. Demais vereadores de oposição da esquerda, como a Juliana Cardoso (PT), também tentaram impedir, mas a GCM usou laser e um deles acabou acertando um soco no vereador Antonio Donato (PT).

    A vereadora Juliana Cardoso também intervem em defesa dos servidores, que protestam contra o Sampaprev. Foto: Elineudo Meira

    Para completar as cenas de terror, o vereador Fernando Holiday (DEM), “partiu pra cima” do vereador Toninho Vespoli (PSOL) com bastante violência. O DEM e a base governista de Bruno Covas estavam especialmente empenhados em aprovar a qualquer custo a PL, sem que houvesse ampla participação dos servidores e uma discussão democrática, que é o mínimo a respeito dos trâmites normais em qualquer projeto, quiça de direitos de trabalhadores.

    Demais vereadores da esquerda também tentaram impedir, mas a GCM continuou com a violência no plenário. Foto: Elineudo Meira

    O presidente da sessão, Gilson Barreto (PSDB), assim como o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), deu aso a tamanha covardia e pausou a sessão somente após a cena de violência com uma trabalhadora que está exercendo a sua cidadania e o direito de lutar pelos seus direitos, causando um grande tumulto em plenário, fato inconcebível num Estado Democrático de Direito.

    Servidora pública protesta em defesa de aposentadoria e demais recursos para a Previdência. Foto: Elineudo Meira

    Mais tarde, o plenário esquentou novamente com o vereador Holiday confrontando, com abuso de violência e covardia, a vereadora Juliana Cardoso. Ela desaprova o Sampaprev e representa com propriedade e muita resistência a mulher trabalhadora servidora pública que luta por seus direitos. “Tentamos dar obstrução total na casa, com substitutivos, várias intervenções, mas nada foi suficiente, porque eles (a base governista) trouxeram inclusive secretários municipais para virem votar e eles terem uma folga”, declara a parlamentar.

    Momento de abuso de violência à vereadora Juliana por parte do vereador Holiday. Foto: Elineudo Meira

    Cerca de 10 mil servidores públicos municipais protestaram em frente a Câmara ontem, das 10h até as 22h, para tentar derrubar o “SampaPrev”. Numa manobra às vésperas do recesso de fim de ano, a votação terminou por volta da 0h55 de hoje, sábado, com 31 votos favoráveis ao Projeto de Lei por parte da base governista, que pretende confiscar 14% dos salários dos servidores.

    Segundo a vereadora Juliana, a resistência dos servidores continuará mobilizada para tentar derrubar o PL numa segunda votação no próximo dia 26, quarta-feira pós Natal. “Infelizmente a gente não venceu a batalha, mas ainda podemos vencer a guerra. Estejam todos (servidores) aqui, em frente à Câmara no dia 26, às 10h, para impedirmos essa votação e aprovação do Sampaprev”, finaliza a parlamentar.

    Cerca de 10 mil servidores públicos protestaram em frente à Câmara dos Vereadores contra o Sampaprev. Foto: Elineudo Meira

  • Balcão de negócios

    Balcão de negócios

    Marcada pela arrogância, prepotência, vinculação da gestão pública com interesses da iniciativa privada e bastante truculência, o “gestor” fantasiado de gari, quer transformar São Paulo em um balcão de negócios.

    Na última quinta-feira, 28/02, em frente à Prefeitura de São Paulo, manifestantes repudiaram a mudança do Plano Diretor – PDE e da Lei de Zoneamento, elaborado ao longo de dois anos, por meio de um amplo processo participativo de vários segmentos sociais de toda a sociedade. Resultado de amplo processo de discussão, a proposta prevê reordenamento e estruturação da cidade e da infraestrutura. O objetivo é o uso da cidade como um “locus” de trabalho, moradia, convivência, circulação, usufruto de bens e serviços públicos e dignidade para os 12 milhões de habitantes do quinto maior municipío do planeta.

    Por meio de carta aberta, cerca de 160 entidades representativas de movimentos sociais, urbanistas, arquitetos, grêmios estudantis, universidade e órgãos de classe, repudiaram veementemente a iniciativa do governo Dória e da Câmara Municipal de São Paulo, de alterar a Lei de Zoneamento, em desacordo com o com o Plano Diretor da Cidade.

     

    A toque de caixa e tentando dar um ar democrático – convocação apressada e abarcando amplas regiões da cidade como toda a zona Leste com audiência na Mooca, Zona Oeste com reunião no Sumaré – o gestorzinho João Agripino, confunde gestão pública com articulação e seletividade em favor de setores da elite dominante, de empresas construtoras , de grandes empreendimentos imobiliários e do capital financeiro, tenta dar mais um golpe na classe trabalhadora, no povo das periferias e no povo pobre da cidade. As mudanças irão apagar conquistas construídas com a Lei de Zoneamento e o Plano Diretor da Cidade.

    Com apenas algumas audiências públicas, anunciadas apressadamente e sem divulgação ampla, mobilização e participação popular, num só golpe propõe acabar com as ZEIS ( Zonas Especiais de Interesse Social, destinadas à construção de moradias populares e equipamentos sociais), redução da outorga onerosa – pagamento de taxas pelo benefício de concessão de aumento do potencial construtivo – construção de prédios mais altos para empreendimentos imobiliários o que irá constituir um Fundo de Urbanização – FUNDURB , Fundo da Prefeitura gerenciado pela Secretaria Municipal Planejamento. O Fundo é destinado à construção de moradias populares com reformas de prédios desocupados em áreas do centro e do centro expandido que já contam com uma infraestrutura urbana de bens e serviços. Outra opção é a construção de moradias populares.

     

    A justificativa do governo Dória, de que estas medidas impulsionariam novos empreendimentos para a cidade é enganosa, pois libera áreas destinadas para construção de habitações de interesse social, para outros fins, abre financiamentos para bancos privados, reduz a contribuição para o FUNDURB, flexibiliza as medidas de proteção ambiental e preservação de áreas rurais previstas para a produção de alimentos com o objetivo de implantação desordenada de loteamentos urbanos sem nenhuma infraestrutura, transformando-as em áreas para outros usos.

    Moradora do Jardim Vera Cruz, 69 anos, e antiga coordenadora do AMAVA Amigos do Movimento do Jardim Ângela e Vera Cruz, Maria Isméria , acredita que a liberação da outorga onerosa vai prejudicar e muito a vida do povo. “Em 15 anos a prefeitura receberia R$ 2 bilhões para fazer melhorias. O Dória não entende de política pública, política pública é educação, arte, cultura, bibliotecas, praças, alegria…, quem não entende de política pública produz desgraça para o povo…”, enfatizou a líder comunitária.

    Foto Cecília Figueira Jornalistas Livres

     

    Gegê uma das lideranças históricas do Movimento de Moradia disse na manifestação “O Dória é o ladrão mais refinado que São Paulo teve nos últimos 10 anos, porque ladrão não é só aquele que rouba o celular na esquina, mas este prefeito está roubando mais que todos, roubando o direito do povo viver com dignidade…”

    Carmem Silva liderança da FLM (Frente de Luta Por Moradia). foto Katia Passos | Jornalistas Livres

     

    Carmen, liderança doa Ocupação do Hotel Cambridge “A cidade de São Paulo, não foi construída pelos ricos, mas pelos índios, pelos quilombolas, pelos trabalhadores que exigem respeito “seu” Dória. São Paulo é a 5ª maior cidade do mundo…, não faça o assassinato que está fazendo que fere a vida do Ser Humano”

    Em entrevista, o presidente do Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo. Maurílio Chiaretti se posicionou totalmente contra a revisão da Lei de Zoneamento e da outorga onerosa. Ele lembra que a Lei foi aprovada em 2016, com a participação e trabalho técnico, de profissionais e representantes da sociedade civil, movimentos sociais.

    “Tudo isto está sendo jogado na lata de lixo, um recurso público jogado fora. É uma inversão da visão de cidade que deve ser guiada pelo interesse público para todos: construção de moradia, mobilidade, educação, saúde, saneamento, recursos de lazer, com a justa distribuição de recursos urbanos”, afirmou o sindicalista. A outorga onerosa afeta diretamente o dia a dia, a vida da cidade de São Paulo. Com a autorização de construir edifícios com mais pavimentos, as construtoras são obrigadas a contribuir com taxas que constituem um Fundo Público. Este Fundo permite aumentar os recursos públicos para investir em moradias de interesse social, melhorias urbanas, saneamento, corredores de ônibus, equipamentos que e investimentos que compõem a malha urbana e necessários para dar suporte aos equipamentos de saúde e educação.

    De acordo com o arquiteto, o desconto da outorga onerosa é para facilitar a produção e valorizar as corporações imobiliárias em detrimento da população de baixa renda que precisa de moradia. Na sua avaliação, a mudança das ZEIS atende a pedidos de proprietários e corporações mobiliárias. O Retrofit, permite alterar o uso para outros fins que não o de interesse social. Também a questão ambiental, na Zona Sul a determinação de áreas rurais para preservação ambiental e produção de alimentos para a cidade está sendo revista. “Isto altera todo o interesse público e a lógica de uma cidade mais igualitária e mais justa e com direitos para todos e joga para seus amigos do mercado imobiliário.”, concluiu.