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Tag: anistia

  • Trinta e sete anos e meio depois, Brasil volta a ter preso político

    Trinta e sete anos e meio depois, Brasil volta a ter preso político

    De Eduardo Campos*, com ilustração de Eneko.

    13.697 dias
    1.956,71 semanas
    450 meses
    37,5 anos
    Mais de 328 mil horas
    Mais de 19 milhões de minutos
    Mais de 1 bilhão e 180 milhões de segundos

    Estes números traduzem a triste realidade desse 7 de abril para o Brasil e os brasileiros. Significam o tempo decorrido entre a libertação do último preso político da ditadura militar em nosso país e a detenção do primeiro preso político da ditadura do Judiciário e da grande mídia que se instaurou entre nós, depois de golpe desferido em 2016, por um parlamento corrompido, contra uma presidente legitimamente eleita pelo povo.

    Em 7 de outubro de 1980, era solto, em Fortaleza, José Sales de Oliveira, que havia sido condenado à prisão perpétua e mais 84 anos, por crime contra a segurança nacional. Com a Anistia, a pena foi reduzida para 16 anos, 8 meses e 16 dias. Com a metade já cumprida, Oliveira deixou o cárcere, aos 38 anos de idade. Os dados estão na edição de 8 de abril de 1980 da Folha de São Paulo, em sua página 8.

    Em 7 de abril de 2018, é preso, em São Paulo, o maior presidente da história do Brasil, condenado a 12 anos e um mês, por contrariar interesses das elites dominantes, em particular do capital financeiro, temerosas de seu retorno ao governo. O desmonte de direitos sociais adquiridos pelos mais pobres, a entrega de nossas riquezas para os estrangeiros, a mitigação de uma já combalida democracia, nada disso pode ser desafiado com o risco de as esquerdas empalmarem de novo a fatia de poder que lhes foi roubada. Assim, mobilizaram seus agentes, no Judiciário, no Ministério Público, no Parlamento, na mídia, em particular no império da Globo, tendo a retaguarda das Forças Armadas, para impedir uma nova virada.

    A aposta, agora, é no tempo que a nova ditadura vai conseguir manter preso Luís Inácio Lula da Silva e no tempo que ela própria será capaz de sobreviver. A resposta, com certeza, está nas ruas, nas fábricas, nas escolas, na periferia, nas comunidades negras, LGBT e indígenas, nos movimentos dos sem terra e sem teto, nas lutas sociais, enfim.

    (*) Jornalista e advogado em Belo Horizonte, especial para os Jornalistas Livres
  • Reitoria da UFMG é conduzida coercitivamente pela Polícia Federal

    Reitoria da UFMG é conduzida coercitivamente pela Polícia Federal

    Segundo a Polícia Federal, a operação “Esperança Equilibrista” investigou que o recurso entregue à UFMG, cerca de R$ 4 milhões de reais não teria sido repassado corretamente e que haveriam fraudes na Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), responsável pelos fomentos à pesquisa na instituição, que incluem o pagamento de pesquisadores e estudantes para realizarem os trabalhos de maneira pedagógica.

    Jaime Arturo Ramires e Sandra Regina Goulart Almeida foram conduzidos coercitivamente nesta manhã (06) para a PF de Belo Horizonte, localizada no Bairro Gutierrez em Belo Horizonte. Também foi presa a professora Silvana Coser, organizado da exposição sobre a anistia no Centro Cultural da UFMG, e outras 11 pessoas. Uma grande mobilização da comunidade acadêmica e dos movimentos sociais está no local acompanhando as ações que, segundo os manifestantes, visa impedir que as ações de memória, verdade e justiça, que contam a história da anistia, sejam realizadas, pois as mesmas não seriam de interesse do atual governo golpista.  Sandra, atual vice-reitora e eleita reitora para a próxima gestão, já foi liberada, e às 14 horas haverá uma entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais sobre o assunto.

    O Memorial foi idealizado ainda em 2008, quando o presidente do Brasil era o Luiz Inácio Lula da Silva, e visava manter viva a história dos que morreram e lutaram no período da ditadura e sobreviveram para ver seus torturadores e executores de tantos outros anistiados, já que a lei foi ampla e irrestrita, contemplando militares e sociedade civil organizada.

    A Comissão da Anistia do Ministério da Justiça vem tendo dificuldades há vários meses em realizar as ações do projeto, devido à mudanças no Ministério feitas durante o Governo Temer, que barram os avanços e as pesquisas. Um dos exemplos é o caso da exposição realizada no Centro Cultural da UFMG, que ficou aberta até o fim de julho deste ano mesmo com tentativas impedir a sua abertura e obrigá-la a fechar antes do previsto.

    Confira as fotos do ato em defesa da UFMG realizado em frente à Polícia Federal de Belo Horizonte:

    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres
    Foto: Lucca Mezzacappa | Jornalistas Livres