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Categoria: Saúde

  • Pandemia: Cumprimentar com o cotovelo é o fim! Viva o Namastê!

    Pandemia: Cumprimentar com o cotovelo é o fim! Viva o Namastê!

    O cara que inventou que o tocar de cotovelos seria o cumprimento “sanitariamente correto” diante do surgimento de novos vírus ameaçadores, esse cara é um gênio do mal. No futuro, se houver futuro, o toque de cotovelos será a lembrança grotesca de como certos cuidados para evitar o contágio pela Covid-19 nos transformaram em cobaias assustadas em um profundo experimento de manipulação social. Assustadas, paranoicas e o pior: ridículas.

    Dá para combater a pandemia sem essa dose dispensável de extravagância.

    Nos 200.000 anos de história da Humanidade, sociedades formaram-se, deformaram-se e se destruíram, sendo substituídas por outras, ou adaptando-se de modo a garantir melhores chances de sobrevivência. Demonstrar amizade, para nossos ancestrais, era condição necessária para o trabalho colaborativo (voluntário ou não), que permitisse vencer os desafios impostos pela natureza e, dentro dela, por espécies concorrentes pelos recursos alimentares do território.

    Por isso a Humanidade desenvolveu um imenso arsenal de gestos de saudação, cumprimento, amor, respeito e afeto. Nós beijamos, nos abraçamos, nos tocamos, sorrimos, damos as mãos. Os indígenas que habitam regiões em torno do Círculo Polar Ártico, comumente chamados de esquimós, cheiram bochechas, nariz e testa de amigos e familiares. São formas de cumprimentos agora desaconselhadas, fazer o quê?

    Mas há muitas outras. Sem contato físico. Japoneses, chineses e coreanos reclinam o tronco em direção à pessoa que está sendo cumprimentada. Na Índia e no Sudeste Asiático, o cumprimento é feito com as mãos unidas e polegares juntos ao peito, enquanto se inclina o rosto para baixo e se diz alguma variante local do sânscrito “Namastê”, que significa “Eu me curvo diante de ti”. Os Masai fazem a dança das boas-vindas chamada “Adamu”, como cumprimento. No mundo árabe, o cumprimento tradicional é feito com a mão direita tocando o coração, depois a testa e por último fazendo um meneio no ar para cima da cabeça. Os gestos são acompanhados das palavras “Salaam Aleikum”, que significa “Que a paz esteja convosco”.

    Cumprimentar-se é tão importante sinal dentro de uma cultura que até os humanoides do planeta Vulcano, a Confederação de Surak, dispõem de um gesto próprio, que consiste em levantar a palma da mão para a frente com o polegar estendido, enquanto os quatro dedos se separam no meio, ficando dois dedos juntos de cada lado: “Vida longa e próspera”.

    Tantas alternativas lindas, inspiradoras, gestualmente harmoniosas, e o espírito de porco que habita entre nós inventou de que o correto seria nos cumprimentarmos com o grosseiro tocar de cotovelos.

    É bom lembrar que o cumprimento, que em inglês leva o nome de “Elbow Bump” (batida de cotovelo), não é novo e já foi adotado oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante outras epidemias virais, como a gripe aviária em 2006, a gripe suína (2009), a influenza (2012-2013) e o Ebola na África (2014).

    A expressão “elbow bump” foi considerada a Palavra do Ano em 2009, pelo New Oxford American Dictionary, dicionário de Inglês Americano compilado por editores americanos da Oxford University Press. Tem, portanto, apenas 11 anos a inclusão do gesto nos dicionários de língua inglesa. Entre lusófonos, ainda não há nem sequer a palavra ou expressão para designar o cumprimento de cotovelos.

    Precisamos derrubar essa péssima idéia antes que seja tarde!

    O Mercado Livre troca logomarca de mãos dadas por toque de cotovelos
    Mercado Livre troca logo por toque de cotovelos

    Vamos lá: os cotovelos compõem, com os joelhos, as mais feias partes do corpo humano. Dobradiças ortopédicas, nem pra fetiche servem. A criança quando nasce, ainda toda amassada, dela se diz que tem cara de joelho, ou de cotovelo. É essa feiúra que se oferece ao outro, que se cumprimenta.

    Os cotovelos, com seu total de 8 centímetros quadrados de pele, são a parte menos sensível de toda a epiderme humana, que pode cobrir um total entre 1,5 e 2 metros quadrados de corpo. Pode-se beliscar o cotovelo, não dói ou dói pouquíssimo, porque tem pouco enervamento. É esse vazio de sensibilidade que toca em outro vazio.

    Por fim, cotovelo é arma. Cotovelada pode até matar. Assim, dar e receber o cotovelo à guisa de cumprimento amigável é como cruzar porretes, terçar armas –sinaliza tudo, menos cordialidade. Além do que, trata-se de um gesto feio, a meio caminho de “dar uma banana” para alguém. Entre mulheres, então, é pavoroso.

    Isso dito, eu sinceramente quero saber como será a fotografia deste momento que estamos vivendo, na posteridade.

    Nas décadas de 1960/70, quem quisesse ser legal tinha de sair de casa e trocar micróbios nas festas mais loucas, com o pessoal mais cabeça, com os meninos e meninas mais lindos, no amor livre, no rock, na tropicália, nos festivais, no saco de dormir, nas praias desertas. Trindade, Trotsky e Leminski.

    Em 2020, quem quer ser cool prega o isolamento, fica em casa, trabalha em dobro no home office, está trancado e passa boa parte do tempo deprimido. Ou anda paranoico na rua, de máscara (sem sorrisos e sem beleza), com álcool gel nos bolsos, transtorno obsessivo-compulsivo transmutado em “precaução”. Como corolário dessa miséria, agora diz “Oi” com o cotovelo.

    Tem algo muito errado nessa definição de “legal”.

    Haja ansiolítico.

    Pela volta urgente do Namastê!

     

  • Ato na Paulista, neste sábado (13/06), faz protesto “contra governo da morte”

    Ato na Paulista, neste sábado (13/06), faz protesto “contra governo da morte”

    Neste sábado (13/6), a avenida Paulista será o espaço de mais uma manifestação pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O ato está sendo organizado por grupos sem vínculos partidários ou institucionais, que protestam contra o genocídio produzido pela irresponsabilidade do governo federal diante da pandemia do Covid-19 e contra a violência policial e estatal que vitima os brasileiros mais pobres e vulneráveis.

    Bolsonaro, que já vinha pressionando prefeitos, governadores e empresários para um “retorno à normalidade”, antes mesmo do Brasil atingir o pico da pandemia e a contaminação estar controlada, estimulou, em live transmitida na úlltima quinta-feira (11/06), que a população invada os hospitais, filme os leitos e envie as imagens para a Polícia Federal e para a Abin, colocando em cheque os números apresentados pelas secretarias de saúde de estados e municípios. De acordo com nota divulgada pelo grupo que organiza o Ato, não resta outra alternativa que não seja ocupar as ruas e confrontar o governo com os resultados de sua própria política, “o Brasil não pode mais aguentar duas crises ao mesmo tempo: a pandemia e Bolsonaro. Uma se alimenta da outra. A única maneira de lutar contra a pandemia é derrubando este governo irresponsável. Não sairemos das ruas até que ele caia”.

    Jair Bolsonaro também ameaçou, nesta quinta-feira (11), vetar a prorrogação do auxílio emergencial, caso o Congresso mantenha o valor de R$ 600. A proposta apresentada pelo governo é reduzir o valor pela metade, para mais dois meses de auxílio.

    “A função primeira de um governo é proteger a população. Bolsonaro e seus seguidores zombam dos mortos e conspiram contra políticas que poderiam salvar vidas”.

     

     

     

    Outra medida tomada por Bolsonaro esta semana, que vai de encontro às reclamações do Ato Contra o Governo da Morte, foi a exclusão da violência policial do relatório sobre violações de direitos humanos, uma tentativa clara de maquiar os números, assim como é a política oficial com o Coronavírus.

    Serão distribuídas para os manifestantes, 500 fotos com vítimas da violência do Estado na ditadura e nos dias atuais, pela polícia e Covid-19. O uso de máscaras e a observação da distância de dois metros uns dos outros será obrigatório. Uma equipe irá garantir a distância e a segurança dos participantes.

    O Grupo que organiza a ação é apartidário e espontâneo, composto por ativistas, artistas, advogados, professores, profissionais de saúde, estudantes, comunicadores. Cidadãs e cidadãos que não verão calados mais um genocídio do Estado brasileiro contra o seu povo.

    Leia a íntegra do manifesto:

     

     

  • Agora com a ajuda do genro de Silvio Santos, brasileiros são levados ao matadouro

    Agora com a ajuda do genro de Silvio Santos, brasileiros são levados ao matadouro

    Por Ricardo Melo*

    O Brasil está no fundo do poço. Não pretendia gastar muito tempo com Bolsonaro, um facínora orgulhoso de sua condição.

    Mas não pode passar sem registro seu ato mais recente: criar um ministério para o genro de Silvio Santos, o tal Fabio Faria.

    Para quem não se lembra, Fabio Faria é aquele mesmo, deputado pilhado pagando passagens com verba parlamentar para namoradas como Adriane Galisteu e família.

    Membro do tal centrão, agora “colega de trabalho” do sogro decrépito e capacho de qualquer governo, Fabio Faria une o inútil ao desagradável aos olhos do povo: engrossa a gangue do capitão no Congresso e fortalece os laços com o dono de uma emissora já conhecida como Sistema Bolsonaro de Televisão. Sim, o SBT, que entrou para a história ao tirar do ar um telejornal de horário nobre para não se indispor com seu patrão do Planalto.

    A patiFaria corre solta.

    Falemos dos governadores e prefeitos que tentaram posar de equilibrados de olho em dividendos eleitorais.

    Não durou muito tempo. Um exemplo. João Dória, o Bolsodória, e seu assecla Bruno Covas vinham fazendo discursos ¨humanitários” até outro dia. Seu repertório esgotou-se tão rápido quanto sua sinceridade.

    São Paulo, assim como o Brasil, vive um momento de ascenso da pandemia. O número de vítimas cresce sem parar. Qualquer aspirante a médico sabe que é hora de reforçar as poucas medidas de defesa à disposição. A única à mão enquanto não se descobre uma vacina é manter as pessoas isoladas e dar a elas condições de sobreviver.

    O que faz Bolsodória? O contrário. Libera geral. Manda abrir tudo obedecendo ao comando de seus tubarões do Lide de sempre. As fotos estampadas nas redes mostram multidões circulando pelas ruas indefesas diante do apetite do coronavírus e dos senhores das bolsas de valores.

    No Rio, a mesma coisa. Assim como Bolsodória, Witzel segue na prática os mantras de quem o elegeu: “E daí”. Ou: “todos vão morrer mesmo. É o destino”. Enquanto isso, faz o que parecia inacreditável. Alimenta uma máquina de corrupção à custa do sofrimento de milhares de brasileiros. Contrata a construção de hospitais a preços hiper super faturados que nunca saíram do papel. Assim acontece em vários outros estados. “Governantes” valem-se da morte do povo para engordar seus cofres particulares.

    Tentei evitar, mas tenho que falar de Bolsonaro novamente. Depois de tentar esconder as mortes e roubar o Bolsa Família, ele e seu capanga preferido, Paulo Guedes, estudam ampliar o prazo da esmola aos desvalidos. Como? Em vez dos trocados de 600 reais que até hoje não chegaram a milhões que morrem de fome, fala-se em… 300 reais!! Faça vc mesmo os cálculos para ver o tamanho do disparate.

    O destino dos países, mais do que nunca, depende da juventude, do povo trabalhador e de governantes responsáveis (a esse respeito, pesquisem no google o nome Jacinda Ardern, da Nova Zelândia. uma sugestão: https://www.brasil247.com/oasis/jacinda-ardern-quando-a-coragem-restaura-a-politica).

    Chega. Não, não pague as dívidas, apenas as indispensáveis que podem te deixar sem luz, água, gás. Peça ajuda aos poucos advogados honestos, cada vez mais raros, é verdade. Procure a parte sadia da OAB. Recorra às organizações populares, aos sindicatos ainda dignos deste nome e, sobretudo, aos coletivos de jornalistas que se libertaram da mídia oficial. Ignore o palavrório dos políticos cínicos, hipócritas e ladrões, seja qual for o partido. E, se puder, fique em casa.

    O Brasil depende dos brasileiros dignos desse nome.

     

    *Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

     

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    Manifestações mostram que Bolsonaro desliza sem volta para o precipício

     

    PANDEMIA: 1% MAIS RICO DO PAÍS NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA AS MORTES DOS POBRES

    RICARDO MELO: BRASIL À DERIVA, SALVE-SE QUEM PUDER!

  • Militares fazem o que sabem de melhor: esconder os mortos

    Militares fazem o que sabem de melhor: esconder os mortos

    Imagine uma epidemia que se alastra rapidamente e mata entre 10% e 20% dos infectados. Imagine que essa epidemia mata principalmente crianças e em especial as da periferia, com menor acesso ao saneamento básico e à saúde. Agora, imagine que por três anos os meios de comunicação sejam censurados nas reportagens sobre a epidemia, que os médicos sejam proibidos de dar entrevistas e que o Ministério da Saúde, controlado por militares, não divulgue os números corretos sobre a doença e as mortes. Isso já aconteceu no Brasil, e não faz tanto tempo assim.

    Entre 1971 e 1974, pelo menos 60 mil pessoas de sete estados brasileiros (40 mil só em São Paulo, o epicentro da epidemia) foram infectadas pela bactéria causadora da meningite. Até hoje é impossível precisar quantos morreram. Mas para impedir o que achavam ser uma histeria dos médicos, os militares decidiram esconder esses fatos, e os mortos, da população. Centenas, talvez milhares de crianças, aliás, foram enterradas na mesma vala comum clandestina do cemitério de Perus, na capital paulista, onde eram jogados os corpos de dissidentes políticos torturados e mortos pelo Doi Codi.

    Um ótimo vídeo curto sobre a epidemia de meningite e a maquiagem de dados da ditadura militar está disponível no canal Meteoro.doc. Ontem, o canal publicou um novo vídeo, tratando especificamente da atual maquiagem de dados e da disputa de narrativas entre o novo governo militar, que teoricamente ainda não é uma ditadura, e os meios de comunicação para se informar ou desinformar a população.

    O tratamento governamental da epidemia de meningite dos anos 1970 só vai mudar em 1974, com um novo general no poder e a aquisição pelo governo de 80 milhões de doses da vacina. Sim, já havia vacina para a meningite e o governo sabia que se tivesse feito uma campanha de vacinação anos antes, teria poupado milhares de vidas. Mas pra que admitir um genocídio se podia dizer que havia um “milagre econômico”? É como disse a ex-secretária da Cultura, Regina SemArte: é muito peso carregar essa fileira de mortos.

    Telegrama da Polícia Federal ordenando a censura nos dados sobre a epidemia de meningite. Fonte: Twitter do historiador Lucas Pedretti @lpedret. Como os telegramas não tinham pontuação, usavam a sigla VG para vírgula e PT para ponto final.

    Assim, em julho de 1974, com a admissão oficial de que havia uma epidemia, o jornalista Clovis Rossi, então trabalhando no jornal O Estado de São Paulo, preparou uma grande reportagem de capa, intitulada Epidemia de Silêncio, na qual dizia: “Desde que, há dois anos aproximadamente, começaram a aumentar em ritmo alarmante os casos de meningite em São Paulo, as autoridades cuidaram de ocultar fatos, negar informações, reduzir os números referentes à doença a proporções incompatíveis com a realidade — ou seja, levando, deliberadamente, a desinformação à população e abrindo caminho para que boatos ocupassem rapidamente o lugar que deveria ser preenchido per fatos. Fatos que as autoridades tinham a obrigação, por todos os títulos de esclarecer ampla e totalmente”. Leia a matéria completa aqui.

    Mas, claro, militares não gostam que digam quais são suas obrigações e publiquem que estão desinformando a população. Assim, a matéria de Rossi foi censurada e em seu lugar o Estadão publicou um trecho do poema Os Lusíadas, de Luís de Camões.

    Por causa da Lei da Anistia, de 1979, os militares jamais foram responsabilizados criminalmente pelas mortes na pandemia e nem pelas torturas, mortes, desaparecimentos e ocultação de cadáveres de dissidentes políticos. Mas talvez a história não se repita com a pandemia de coronavírus. Ontem, o Supremo Tribunal Federal, atendendo a uma ação dos partidos Psol, PCdoB e Rede Sustentabilidade, determinou a divulgação diária das informações sobre os dados de Covid-19 até às 19h30, pelo Ministério da Saúde. E também ontem, o Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, decidiu analisar a denúncia do PDT de genocídio promovido pelo Governo Bolsonaro. Esse é um caso raro, já que normalmente o TPI só julga ex-governantes acusados de crimes contra a humanidade.

  • Manifestações mostram que Bolsonaro desliza sem volta para o precipício

    Manifestações mostram que Bolsonaro desliza sem volta para o precipício

    Por Ricardo Melo*

    Que me perdoe Dacio Malta, um dos mais destacados jornalistas do país e produto de uma linhagem que vem de Octavio Malta, co-fundador da Última Hora e um dos mais brilhantes profissionais da grande imprensa quando ela podia ser chamada deste nome.
    Mas o último artigo de Dacio aqui publicado, sobre o impeachment de Bolsonaro, ficou no meio do caminho.

    Ele tem toda razão ao afirmar que Bolsonaro merece o impeachment diante da atitude do genocida, expulso do exército como terrorista, frente à Covid-19. Mas oscila quando diz que seus outros crimes foram “absolvidos” porque foi eleito em 2018.

    Ora, Bolsonaro não foi eleito sob regras democráticas. Primeiro, beneficiou-se do impeachment irregular de uma presidenta legitimamente eleita. Depois, contou com o apoio sórdido de uma ação judicial conduzida contra Lula pelo seu futuro ministro, hoje “desafeto”, o infecto Sérgio Moro. Qualquer dúvida a respeito desaparece quando se consultam os diálogos trazidos a público pelo “The Intercept Brasil”. Lá se revela o caráter criminoso e parcial com que o Marreco de Curitiba manipulou o processo. Não bastasse isso, Bolsonaro beneficiou-se de uma máquina milionária de mentiras, orientada por assessores americanos e financiada por empresários brasileiros para espalhar fake news contra seus adversários.

    Não fosse tudo isso, Lula teria ganho as eleições com folga ainda no primeiro turno. Até a rampa do Planalto sabe disso.

    Bolsonaro é um presidente fraudulento, ilegítimo, com ou sem covid-19. Um usurpador. Sua trajetória neofascista, misógina, homicida, armamentista, desenvolvida durante 30 anos no Congresso, só se tornou “maioria nominal” graças a expedientes liberticidas e, sobretudo, porque contou com o apoio da elite apodrecida que prefere qualquer coisa, menos governos com algum viés social.

    Sim, estes traços tenebrosos ganham tintas mais carregadas quando ele age como homicida assumido diante de uma pandemia devastadora. Transformou o Ministério da Saúde dirigido por militares desqualificados em um esconderijo de cadáveres.

    Mas isso é apenas o ápice da trajetória de um desequilibrado a serviço do grande capital e seus asseclas na grande mídia, nas Forças Armadas, no Judiciário e no Legislativo. Bando de acólitos anti-Brasil. O conjunto da obra já é mais do que suficiente para expulsar Bolsonaro e sua gangue do poder que ele e sua turma de milicianos tomaram de assalto, pisoteando meios democráticos elementares.

    Paradoxalmente, esse alucinado só está de pé por causa do isolamento que ele tanto ironiza. Estivesse segura de sair às ruas sem colocar em risco a própria vida, a população já teria dado cabo deste excremento. Isto já começou a mudar como mostraram as manifestações de domingo.   

    Este será o curso inevitável dos próximos momentos.

     

    *Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

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    Pandemia: 1% mais rico do País não está nem aí para as mortes dos pobres

     

    RICARDO MELO: BRASIL À DERIVA, SALVE-SE QUEM PUDER!

  • #JusticeForFloyd em Portugal: atos antirracistas tomaram conta do país neste último sábado.

    #JusticeForFloyd em Portugal: atos antirracistas tomaram conta do país neste último sábado.

    por Isabela Moura e Luiza Abi Saab, Jornalistas Livres em Portugal

     

     

    Os atos antirracistas #JusticeForFloyd tomaram conta de Portugal neste último sábado, 06 de junho de 2020. As principais cidades de Portugal foram ocupadas por milhares de manifestantes em atos antirracistas que pediam justiça para George Floyd. Os atos aconteceram principalmente nas cidades de Lisboa, Coimbra, Porto e Braga.

     

    Em LISBOA, a manifestação  levou milhares de pessoas em marcha até à Praça do Comércio – importante espaço de reivindicação política da capital portuguesa. O encontro em Lisboa foi articulado entre diversas organizações, estavam previstos três atos em dias diferentes, mas as iniciativas foram unificadas em apenas um ato.

    O contexto português e a questão da colonização foram abordagens presentes nos cartazes e nas vozes que se fizeram ouvir. José Falcão, da SOS Racismo, afirma que é necessário mudar o currículo escolar para que se possa saber de fato o que foi o passado português. “A história deste país é só a história do colonialismo, não é das vítimas do colonialismo, não é das pessoas que lá estavam a quem não pedimos autorização par ir. Onde ficamos durante 500 anos a escravizar as pessoas e essa história nunca é contada”, justifica o integrante de umas das associações que organizou a manifestação de sábado.

    Mayara Reis, escritora de 25 anos e uma das vozes intervenientes menciona também a importância da educação nesse combate:  “É preciso falar sobre isso nos manuais de história, falar sobre o Tratado de Tordesilhas, porque Portugal não é inocente”.  “Não foi nossa escolha, foi escolhido por nós. O futuro que eu estou a ter agora vem disso”, refere a escritora sobre as decisões históricas que marcaram o passado colonial de países  como  a terra de onde veio – a Guiné-Bissau.

     

    Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

     

    Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

     

    Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

     

     

     

    No PORTO o ato aconteceu na Avenida dos Aliados. Em referência ao norte americano George Floyd, assassinado pela polícia dos Estados Unidos, vários manifestantes trouxeram consigo os dizeres “I Can’t Breathe”, em português, “Não Consigo Respirar”. As reivindicações ecoavam pela avenida com o grito “Nem mais uma morte”, denunciando também os casos de racismo em Portugal.

     

    Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

     

    Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

     

    Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

     

    Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

     

     

     

    Em COIMBRA a manifestação aconteceu na Praça da República, próxima à Universidade de Coimbra e foi organizada por estudantes da cidade. Centenas de pessoas se reuniram no local, seguindo as regras de segurança da Direção Geral de Saúde de Portugal (DGS).
    O ato contou com depoimentos, gritos por reivindicações da luta antirracista e uma performance que representava Jesus negro interpretando trecho do texto “A Renúncia Impossível”, de Agostinho Neto.

     

     

    Coimbra, 06/06/2020. Foto de Daniel Soglia.

     

    Coimbra, 06/06/2020. Foto de Raoni Arraes.

     

    Coimbra, 06/06/2020. Foto de Daniel Soglia.

     

    Coimbra, 06/06/2020. Foto de Raoni Arraes.

     

     

     

    Em BRAGA, a manifestação “Vidas Negras Importam” uniu cerca de 300 pessoas que prestaram sua solidariedade aos atos por George Floyd que acontecem há 10 dias nos Estados Unidos. Os presentes também denunciaram a violência policial contra negros, lembrando os casos de vítimas como Cláudia Simões e Alcindo Monteiro.

     

    Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

     

    Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

     

    Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

     

    Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.