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Categoria: Reforma Trabalhista

  • Pesquisadores apontam ‘efeito devastador’ da ‘reforma trabalhista’ de Temer

    Pesquisadores apontam ‘efeito devastador’ da ‘reforma trabalhista’ de Temer

    Por Hylda Cavalcanti, Rede Brasil Atual

    A mudança nas regras trabalhistas (chamada de “reforma”) não fez empregos aumentarem no país, precarizou várias atividades, reduziu postos de trabalho e levou a salários ainda mais baixos. A constatação foi feita nesta terça-feira (3) por especialistas do setor, economistas, parlamentares e representantes do Executivo e do Judiciário durante seminário realizado na Câmara dos Deputados.

    A principal conclusão da maior parte dos palestrantes, ao avaliar o impacto da Lei 13.467/17 (da chamada “reforma” trabalhista) na vida dos brasileiros foi que nenhum dos objetivos alegados pelo governo Temer para a alteração da legislação trabalhista se concretizou. Por esse motivo, o deputado Bohn Gass (PT-RS), um dos autores do requerimento que pediu a realização do evento, sugeriu que sejam feitos esforços para a aprovação o quanto antes das várias propostas que estão em tramitação no Congresso com o objetivo de reverter as regras impostas pela “reforma”.

    Dentre estas, ele destacou o Estatuto do Trabalho, que está no Senado e representa uma nova Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “O governo usou como pretexto para fazer essa reforma espúria o argumento de que haveria crescimento econômico, geração de empregos e estabilidade jurídica para análise dos processos trabalhistas. Nada disso aconteceu”, afirmou.

    O deputado pediu a união dos partidos políticos em torno da proposta do estatuto. E, ainda, a reunião de vários projetos sobre temas diversos abordados na Lei 13.467 para que seja articulada a votação destas matérias na Câmara e no Senado.

    A constatação do deputado foi confirmada e comprovada pela pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesist) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marilane Teixeira. De acordo come ela, os postos de trabalho observados de novembro até agora são todos caracterizados por precarização e baixos salários.

    Expectativa de crescimento

    Segundo ela, nos primeiros seis meses da legislação (até maio passado), a expectativa de crescimento econômico caiu de 3,7% para 1,5% e houve retração 2%, numa expectativa de 2,8% no consumo – um dos vetores que alavancam a economia.

    “Os indicadores do mercado de trabalho são termômetros para avaliar os impactos da legislação trabalhista. Se o objetivo era empregar e formalizar nesses primeiros seis meses, não se comprovou”, disse. Além disso, a taxa de desemprego, que está mais associada à perda de postos de trabalho, chegou ao patamar de 12,7%.

    A pesquisadora citou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, segundo os quais no primeiro trimestre deste ano o país tinha 27,7 milhões de trabalhadores subutilizados – 1,2 milhão a mais do que nos três meses imediatamente anteriores. Desses 27,7 milhões, cerca de 10 milhões são de mulheres negras.

    De acordo com Marilane, trabalhadores sem registro, por conta própria, trabalhadores domésticos são ampla maioria. “Trabalhador sem carteira foi o que mais cresceu no último período”, destacou.

    Também o representante do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) no seminário, o analista político André Santos, lembrou que o principal objetivo da legislação, que foi gerar novos empregos, não foi atingido. Conforme sua análise, a partir da reforma trabalhista cada trabalhador teve perda média de R$ 14 em seu salário e esse valor, embora possa parecer pouco para a classe média, é muito significativo para quem ganha um salário mínimo.

    Para Santos, tanto o Executivo como o Legislativo “têm culpa no cartório”. “Já que, respectivamente, propôs e aprovou uma reforma trabalhista que surtiu efeito inverso ao prometido”.

    O analista ainda analisou a questão dos contratos intermitentes, aprovados pela legislação, que deveriam ocorrer apenas para áreas em que é realmente necessário. “A forma como estes tipos de contratos estão postos na lei é muito abrangente e vale para todos, a ponto de os empregadores, de forma irracional, quererem demitir trabalhadores fixos e contratá-los como temporários”, criticou.

    Já o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Renato de Lacerda Paiva, disse que a Corte trabalhista tem se mostrado sensível aos apelos da sociedade em relação à reforma e que a aplicação das novas normas tem sido discutida e debatida para ser “pacificada no devido processo legal, no tempo certo e na forma da lei”.

    ‘Maior dos retrocessos’

    A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a legislação referente à reforma foi “certamente o maior dos retrocessos já infligidos à classe trabalhadora brasileira, que perdeu direitos como o salário mínimo, a jornada de oito horas, a garantia de férias, décimo-terceiro salário e previdência social e até o direito de pleitear seus direitos na Justiça do Trabalho”.

    “O que os golpistas e as organizações patronais chamaram de modernização trabalhista foi, na verdade, um recuo civilizatório, que atingiu também a livre organização dos trabalhadores. Os sindicatos perderam poder de representação e capacidade de financiamento”, reclamou.

    As queixas dos parlamentares e especialistas de diversas entidades presentes foram contestadas pelo secretário adjunto de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Luiz Carlos Silva Barbosa. O representante do Executivo afirmou que não se deve relacionar as taxas de desemprego no país com a implementação da reforma, porque ainda não é possível dizer que o regime de demissão e admissão de trabalhadores tenha mudado após a vigência da nova lei. “A economia vem sofrendo desemprego há muitos anos, não é que isso tenha acontecido em 2018 ou 2017”, justificou-se, apesar dos dados da Pnad.

    O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, ressaltou que a reforma atuou de forma “escandalosa” quando deixou de dimensionar os impactos que teria, principalmente na área fiscal. E tem reflexos que chamou de “gravíssimos sobre a vida laboral”. Ele explicou que como a reforma tem impacto diretamente no sistema de relações de trabalho, é importante criar um grupo técnico de acompanhamento “para olhar de forma sistemática os impactos dessa nova legislação”.

    O seminário contou ainda com a participação de representantes de várias centrais. “A reforma trabalhista promoveu retrocesso de um século nas condições de trabalho no Brasil, antes mesmo da construção da CLT, e caminha na contramão do trabalho formal e protegido, promove o aumento da informalidade, ampliação de jornada e inviabiliza a organização dos trabalhadores”, afirmou a secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa.

    Assista a reportagem completa sobre o seminário na TVT:

  • Não vai ter aula: professores da rede particular param no dia 23

    Não vai ter aula: professores da rede particular param no dia 23

    Do site do Sinpro

    Com o SinproSP lotado, categoria aprovou um dia de paralisação com assembleia e ato público na próxima 4ª feira em protesto contra as escolas.

    foto do SInpro

    Por unanimidade, professores de educação básica aprovaram a paralisação das atividades na próxima 4ª feira, dia 23, em protesto contra a ameaça de perda de direitos da Convenção Coletiva.

    Os professores também aprovaram a agenda para o dia 23. No período da tarde haverá uma assembleia no SinproSP, às 14h, para decidir sobre a possibilidade de greve a partir do dia 28. Ao final, os professores se juntarão a colegas de outras cidades para um ato público no vão livre do Masp. No período da manhã serão organizadas aulas públicas em alguns pontos da cidade.

    O clima da assembleia foi de grande indignação contra as escolas. Os professores criticaram duramente o SIEEESP, sindicato patronal, e a ABEPAR, associação que reúne algumas escolas de elite.

    Representantes de professores de mais de 30 escolas relataram o que está ocorrendo em seus locais de trabalho e como a mobilização está sendo organizada. Ao final da assembleia, muitos se reuniram por escola para discutir questões específicas.

    Ao final da assembleia, muitos professores se reuniram por escola para discutir questões próprias de seus locais de trabalho.

    Audiência pública

    O deputado Carlos Giannazi (Psol) mais uma vez esteve presente à assembleia. Ele propôs a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir e denunciar a ameaça contra os direitos dos professores das escolas particulares.

  • “Direitos não se pede de joelhos, exige-se de pé”

    “Direitos não se pede de joelhos, exige-se de pé”

    Um lutador ao lado dos trabalhadores, dos camponeses, dos indígenas, o Bispo Emérito de Goiás, Dom Tomás Balduíno, foi incansável nas décadas em que atuou junto ao Conselho Indigenista Missionário e à Comissão Pastoral da Terra, entre 1972 e 2005 numa vasta região entre Minas Gerais e o Araguaia. Assim, nada mais natural aos movimentos sociais de Mato Grosso usarem uma frase sua, o título desta reportagem, como tema da 29ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras e da 1º Romaria da Terra e das Águas.

    De pé, pelos direitos – www.mediaquatro.com

    O evento tradicional em celebração ao Dia do Trabalho, ocupou por dois dias a sede do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Mato Grosso, Sintuf-UFMT, e se encerrou hoje com uma marcha pelas ruas da capital do estado. Trabalhadores sem terra, índios, quilombolas, religiosos e sindicalistas se revezaram nas mesas de debates, plenárias e no microfone do carro de som da romaria para denunciar a violência contra as populações originais e humildes, o Estado de Exceção que o país vive desde o golpe de 2016 e para exigir, de pé e na caminhada, os direitos básicos de cidadania que merecemos todos e todas.

    Mulheres foram forte presença na romaria – www.mediaquatro.com

    O evento com o tema “Direitos não se pede de joelhos, exige-se de pé” teve como objetivo fortalecer a luta pelo direito à cidade, direito à terra e à permanência no campo com qualidade de vida e respeito à realidade camponesa. Entre as mensagens destacadas estava o apelo do Papa Francisco à urgente unidade da luta: “o tempo para encontrar soluções globais está acabando. Só podemos encontrar soluções adequadas se agirmos juntos e de comum acordo. Portanto existe um claro, definitivo e improrrogável imperativo ético de agir”. Segundo a coordenação do evento, a Romaria contribui para transformar a mística e a espiritualidade em gesto concreto. Afinal, como disse o padre Dirceu Fumagalli, agente da CPT Paraná, “As Romarias da Terra e das águas e dos trabalhadores e trabalhadoras são o Sacramento da caminhada. Elas são o templo do encontro do divino com o humano”.

    A romaria juntou a luta pelos direitos com espírito cristão – www.mediaquato.com

    Direito à cidade e direito à terra e às águas

    Pela primeira vez em 29 anos de evento, à Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras se somou a Romaria da Terra e das Águas, tão importantes no estado do cerrado, das chapadas e do pantanal. Para os organizadores, “defender o direito à cidade é garantir o exercício do poder para a classe trabalhadora, para as pessoas de cor, para os imigrantes, os jovens as mulheres, LGBTs e para todas as pessoas comprometidas com uma sociedade verdadeiramente democrática”. Já sobre a questão agrária, o folder de divulgação do evento afirmava que “a concentração de terras propaga a fome, o desemprego, os conflitos sociais, a miséria e a morte. Assim, a luta pela terra é a luta por trabalho, produção de alimentos, respeito à biodiversidade e geração de renda. A luta pela terra é a luta pela vida. A terra não pode ser fonte de lucro e exploração, ela tem que ser terra de trabalho, de alimentação, de sustentabilidade. Uma terra da qual brote vida e não devastação, envenenamento, destruição da biodiversidade. A luta pela terra é a luta pela vida em abundância.

    A denúncia do Golpe de 2016 e da prisão política de Lula também se fez presente – www.mediaquatro.com

    Denúncia do Golpe

    Durante a romaria propriamente dita, no dia 2 de maio, os organizadores (CPT, Centro Burnier, CEBs, CEBI, Paróquia S. Família, MST, CIMI, Assessoria Dep Ságuas, Economia Solidária/Caritas, CUT, Sintep – MT, Sintuf – MT, Seeb-MT, Sindsep-MT e JPT) distribuíram uma carta aberta ao povo matogrossense em que denunciam a situação vivida pela maioria da população após o “golpe parlamentar, midiático e jurídico em conluio com as elites do atraso no Brasil em 2016”. Segundo eles, os únicos beneficiados com isso são os interesses do empresariado nacional e internacional que lucram com a privatização do patrimônio do povo, incluindo as terras agriculturáveis da Amazônia e do cerrado.

    O povo do Mato Grosso e do Brasil –
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    Os mais prejudicados com isso também estão indicados no documento: as mulheres, o povo negro, a juventude e as populações LGBTs. Entre os elementos causadores dessa desgraça estão, segundo a carta, a corrupção de um Congresso antidemocrático que aprovou leis como a Emenda Constitucional 95, de congelamento dos gastos sociais por 20 anos, “as reformas trabalhista e do Ensino Médio, desmonte das universidades, institutos federais e a qualquer momento a Reforma da Previdência”. O documento denuncia, ainda, os cortes em programas essenciais para o povo do campo como o PRONERA, ATER, PNAE e PAA “que asseguravam a educação, a produção e a compra de alimentos da agricultura familiar”.

    Nas cruzes cobertas de terra, os nomes dos lutadores e lutadoras que tombaram mas não são esquecidos – www.mediaquatro.com

    Por fim, durante a mística da romaria, os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade apresentaram cruzes com os nomes de dezenas de pessoas assassinadas por causa de sua luta social nas últimas décadas. Entre elas foram lembradas as nove vítimas da chacina de Colniza (assassinadas há um ano por pistoleiros a mando de madeireiros no extremo oeste de Mato Grosso), a missionária Dorothy Stang (morta em 2005 por defender as comunidades extrativistas no Pará) e a vereadora carioca Marielle Franco (executada há exatamente 50 dias num crime ainda não esclarecido).

    Nota de esclarecimento sobre edição na reportagem:

    A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Adufmat, solicitou a retirada de seu nome da matéria acima. Apesar de fazer parte dos apoiadores da Romaria, a entidade não assinou a Carta Aberta citada. Segundo a assessoria de imprensa da Adufmat, “o sindicato assina outro material, que compõe o folder da atividade, mas não a carta. A Adufmat-Ssind apoia a luta dos trabalhadores, mas tem posição política contrária ao termo ‘golpe’”.  A entidade afirmou estar afinada à posição do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES, filiado à central sindical CSP Conlutas. Na próxima semana, dias 9 e 10 de maio, haverá eleições no ANDES opondo a situação, chapa 1 “ANDES Autônomo e de Luta”, e a oposição na chapa 2 “Renova ANDES” que, diferente da primeira, usa como slogan: “Na luta contra o golpe. Em defesa da democracia”.

  • 1º de Maio da Resistência em Campinas

    1º de Maio da Resistência em Campinas

    A data de 1º de maio é um dia de luta para os trabalhadores, ontem em Campinas (SP) aconteceu um ato que reuniu trabalhadores , trabalhadoras e sindicatos em frete a Catedral Metropolitana da cidade. Com o nome 1º de Maio da Resistência a manifestação foi organizada pela Frente Popular de Campinas e iniciou com missa para os trabalhadores, passeata e o ato.

    Os trabalhadores e as trabalhadoras denunciavam e protestavam contra os retrocessos e as perdas de direitos.

    A Comunidade Nelson Mandela que  sofreu uma brutal reintegração de posse a cerca de um ano e continua na luta pelo direito a moradia, esteve presente requerendo uma solução.

    1 DE MAIO 2018 foto fabiana ribeiro

    A frente independente “ Oposição, Unidade e Luta” ,formada por servidores públicos municipais de Campinas, compareceu ao ato e denunciavam o ataque da administração do prefeito Jonas Donizette (PSB) à previdência dos trabalhadores do serviço público de Campinas.

    Também estavam presentes trabalhadores e trabalhadoras da RAC ( Rede Anhanguera de Comunicação –  responsável pela publicação do Correio Popular, Notícias Já) que estão em greve por conta no atraso de salário  há mais de 75 dias.

    1 DE MAIO 2018 foto fabiana ribeiro

     

    A RAC deve os salários desde novembro passado e ainda não pagou 13º de 2017, em março aconteceu a audiência  no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas e terminou sem acordo. A única proposta apresentada pela RAC foi a de quitar o vale alimentação em atraso até 09/03. A direção da empresa queria, ainda, que os grevistas voltassem ao trabalho e aguardassem mais 30 dias por outra negociação para “viabilizar novos pagamentos”.

     

    Os trabalhadores e trabalhadores também pediram #LulaLivre.

  • Investidas contra o trabalhador em Campinas (SP)

    Em uma nova investida contra o trabalhador do serviço público, a administração Jonas Donizette (PSB) protocolou na Câmara Municipal de Campinas uma proposta de “Reforma da Previdência Municipal”,  o projeto de lei 92/2018  promove diversas alterações no funcionamento do Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas).

    O projeto é muito semelhante ao controverso Sampaprev proposto pelo prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), ao criar um instituto de previdência complementar, que segundo a análise preliminar de servidores, este instituto servirá como o carro chefe para a ampliação do desmonte do Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas) , inclusive forçando a categoria a aderir ao novo instituto ampliando o desconto previdenciário em folha.

    A proposta fixa um teto máximo para a concessão de aposentadoria, cria o fundo complementar de previdência e prevê o aumento da alíquota para os servidores que ingressarem no serviço público a partir da promulgação da lei.

    Hoje o servidor contribui com 11% do total do próprio salário, e isso faz com que a aposentadoria seja a integralidade do que recebe. A partir da vigência da Lei, o trabalhador poderá pagar uma alíquota opcional a mais de até 8,5% caso ele opte por uma aposentaria complementar, o servidor para se aposentar integralmente terá que contribuir com 19,5% do seu salário mensal.

    Foi contratada uma empresa no valor de R$ 77,8 mil, em dezembro de 2017, para fazer estudos no projeto enviado à Câmara.

     

    Problemas

    O projeto não foi debatido com os servidores públicos municipais, também não foi apresentado e muito menos aprovado pelo Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas).

     

    Investidas contra o trabalhador

    O prefeito Jonas Donizette (PSB), entre suas diversas ofensivas contra os trabalhadores, chegou a utilizar recursos do fundo de aposentadoria dos servidores públicos de forma irregular prejudicando as servidoras e servidores. Também parcelou e atrasou salários dos aposentados e trabalhadores da ativa.

    Em janeiro, prefeito de Campinas, Jonas Donizette, foi derrotado no STF (Supremo Tribunal Federal). A ministra Carmém Lúcia negou liminar e manteve a proibição da  administração pública  usar os recursos do Camprev de forma irregular.

  • RESISTÊNCIA AO GOLPE

    RESISTÊNCIA AO GOLPE

    Artigo de Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia*

    Resistência, temos aí aquele tipo de palavrinha bonita, que não tem como ter conotação negativa. A resistência é sempre bem-vinda, cercada de certo romantismo. É na resistência que nascem os heróis. “Estar na resistência” é sempre visto como algo positivo, seja a “resistência” comandada pela princesa Leia, a resistência francesa de De Gaulle, ou a resistência de Mandela e Malcom X.

    É sobre a tal resistência que escrevo, com interesse específico na resistência à brasileira em tempos de golpe. Temos aqui aquele tipo de assunto meio casca de banana, que faz muita gente boa escorregar.

    Os intelectuais progressistas costumam cometer dois erros graves sempre que falam sobre “resistência”. Os erros apontam para duas interpretações opostas do fenômeno que possuem a mesma origem: a colonização intelectual, o que na prática nada mais é do que a tentativa de interpretar a realidade brasileira com ideias que foram produzidas em função de outras realidades.

    Em síntese os erros são:

    1) Diante da ausência de resistência direta, alguns endossam a velha tese da apatia popular. O povo brasileiro seria passivo, indolente, preguiçoso e pouco dado ao ativismo político. Temos aqui um caso patológico de colonização intelectual, pois o modelo de “resistência” é dado pela história das sociedades europeias, pela organização da sociedade civil em partidos políticos, sindicatos, pela ação direta do “povo” nas ruas, pressionando o poder público.

    Como o povo não atende ao chamado, a tese da apatia popular surge quase como a consequência lógica de uma expectativa frustrada. Ah, as expectativas, sempre inimigas da análise.

    2) Do outro lado, estão aqueles que negando a tese da apatia popular acabam idealizando as ruas, estando sempre à espera da ‘acontecença’ da revolução. Qualquer movimentação popular nas ruas se torna a antecipação do futuro revolucionário, ainda que seja carnaval ou jogo do Flamengo. Também aqui há colonização intelectual, mas pelo caminho inverso: como o modelo de resistência popular ainda é o europeu, a tentativa, por vezes desesperada, é aplicá-lo ao Brasil, forçando a realidade a se enquadrar na categoria que já está dada.

    Pra escapar dos dois escorregões, meu objetivo aqui é pensar a resistência nos termos que me parecem adequados à experiência brasileira e pra isso lanço mão de uma categoria fundamental: “imaginário”.

    Vários estudiosos da sociedade já utilizaram o conceito imaginário nas suas reflexões. Entre todos esses usos, a definição proposta pelo filósofo grego Cornelius Castoriadis (1922-1997) é que mais me inspira no esforço de interpretar o Brasil contemporâneo. É claro que Castoriadis não estava estudando a realidade brasileira e por isso a reflexão que ele propõe serve como inspiração e não como um modelo rígido a ser aplicado no Brasil.

    Em resumo, Castoriadis define o imaginário como uma forma de pensar distribuída socialmente e formada por ideias que “já estão aí há muito tempo”. Essas ideias, por diversos motivos, “funcionaram e funcionam na sociedade”, ganharam adesão popular e passaram a configurar o pensamento das pessoas.

    Ao menos na minha avaliação, a resistência à brasileira nestes tempos de golpe está no plano do imaginário e vem se mostrando a única força capaz de retardar o desmonte do Estado brasileiro. Não é porque o povo não está nas ruas, participando dos atos que organizamos com todo amor e carinho, que ele está apático.

    E não, não adianta dizer que MTST, MST, CUT, UNE que estavam nas ruas defendendo Dilma e que estão nas ruas defendendo Lula, dão conta daquilo que é o “povo brasileiro”. São movimentos sociais organizados importantes, fundamentais para o nosso experimento democrático, mas possuem capacidade de mobilização bastante reduzida. Isso não é culpa dos dirigentes desses movimentos.

    Vivemos hoje, no Brasil e no mundo, tempos de desmobilização. As agendas coletivas não mobilizam mais. As pessoas olham umas para as outras e enxergam mais diferenças que semelhanças. Mas isso é assunto para outra reflexão.

    Retomando o fio…

    Fato, fato mesmo é que o “o povo brasileiro”, o povão mesmo, ainda não foi às ruas tomar partido nos conflitos que desde 2013 desestabilizam a cena política nacional. Nem os movimentos “coxinhas”, impulsionados pela mídia hegemônica e por movimentos sociais como o MBL, e nem os atos convocados pelos movimentos sociais tradicionais de esquerda foram capazes de mobilizar o “povão”, aquela camada da sociedade que vive com salário mínimo. Até aqui, nas ruas, o conflito foi travado entre frações da classe média.

    O povão, povão mesmo, até fez-se presente na cena dos conflitos, nas ruas, vendendo cerveja, bandeiras vermelhas e bandeiras do Brasil, dependendo da ocasião. De bobo, o povão não tem nada. E vejam que não se trata aqui de apatia. Essas pessoas estão ocupadas sobrevivendo, plantando no almoço pra colher na janta. Elas já apanham da polícia todos os dias. A galera não tá a fim de levar bala de borracha no lombo e gás de pimenta na cara.

    Mas isso não significa que o povão não esteja participando do jogo, pois o jogo não é jogado apenas nas ruas, na ação política direta. O jogo é jogado também no imaginário, e aqui o campo progressista está vencendo, vencendo de lavada, e não é uma vitória pouco importante. Dois fatores apontam para essa vitória.

    Fator 1 – A sobrevivência política de Lula.

    Lula é alvo da maior perseguição midiática da história do Brasil. Os ataques da mídia hegemônica às lideranças populares não é nenhuma novidade. Se nos debruçarmos sobre o Brasil moderno, de 1930 pra cá, veremos a artilharia da mídia hegemônica mirando em Getúlio, Jango, Arraes, Brizola, Dilma e no jovem Lula. Quem não lembra daquele fatídico debate manipulado pela Globo em 1989?

    Mas o que está acontecendo com Lula desde 2013 é de uma intensidade singular. Os operadores da grande mídia foram para o tudo ou nada e tomaram a destruição da figura pública de Lula como grande objetivo. Mas Lula não morreu e todas as pesquisas mostram que sua popularidade cresce a cada dia. Hoje, Lula partiria pra corrida eleitoral com 30% das intenções de voto, assim, sem campanha. É muita coisa.

    É que a manipulação midiática tem limites, meus amigos. Ao se tornar o alvo predileto do golpe de Estado levado a cabo pela aliança entre a mídia hegemônica e o judiciário, Lula tornou-se também o principal antagonista do golpe. E como o golpe é neoliberal, tendo como objetivo o desmonte do Estado, Lula encarnou a imagem do Estado provedor de direitos, que é o valor mais importante no imaginário político brasileiro.

    Desde os anos 1930 que o Estado brasileiro tem essa função: prover direitos sociais aos mais pobres, ainda que de forma autoritária, ainda que às custas dos direitos civis e dos direitos políticos. Intuitivamente, a população mais vulnerável entendeu que Michel Temer representa a desregulamentação, o ataque ao Estado e que Lula personifica a função social do Estado.

    Juntemos isto à memória recente de que na “Era Lula” a vida estava melhor e entenderemos a sobrevivência política de Lula, mesmo que muitos de seus potenciais eleitores não estejam plenamente convencidos de sua inocência. Tem muita gente que vota em Lula mesmo achando que ele seja corrupto.

    Fator 2 – A derrota do projeto da Reforma da Previdência.

    A Reforma da Previdência é projeto natimorto pela mesma razão que explica a sobrevivência de Lula. Os parlamentares estão com medo de colocar sua assinatura em um projeto que violenta aquele que é o princípio basilar do imaginário político brasileiro: a definição do Estado como agente provedor de direitos sociais.

    O povão pode até não tá montando as charmosas barricada nas ruas que tanto embalam os devaneios revolucionários da esquerda brasileira, mas ainda tem título de eleitor, ainda vota e, ao que parece, o golpe não ousou (ou não foi capaz) de alterar o calendário eleitoral.

    O que tentei fazer neste texto foi dizer algo simples, talvez até mesmo óbvio: a resistência popular já está acontecendo, mas não na receita das sociedades europeias. A resistência está acontecendo no plano do imaginário, nesse “já está aí há muito tempo”. A resistência é conservadora, no sentido mais básico do termo.

    É claro que o imaginário se transforma historicamente, não é fácil e não é rápido, mas se transforma. É isso que a mídia hegemônica, representando os interesses do neoliberalismo nacional e internacional, está tentando fazer.

    Cada vez que Gerson Camarotti tenta convencer os garçons brasileiros que a reforma trabalhista irá lhes permitir fazer “trabalho intermitente” em mais de um restaurante, é o imaginário quem está sendo atacado.

    Sempre que Fátima Bernardes traz no seu programa uma empreendedora negra que se “libertou da opressão do patrão” abrindo seu próprio negócio, é a imagem da cidadania se definindo pelo trabalho formal que está sendo atacada.

    Cada vez que, no Fantástico, Lima Duarte e Fernanda Montenegro são representados como símbolos da saúde laboral na terceira idade é a imagem da previdência social pública que está sendo atacada.

    Sim, meus amigos, o imaginário também se transforma e as forças motoras do golpe estão apostando todas as suas fichas nisso. Porém, as pesquisas sobre opinião pública sugerem que esse esforço não está sendo eficaz. É que tá tendo resistência. O povo brasileiro já está resistindo ao golpe, do seu jeito, nas suas possibilidades. Se a resistência está aquém da expectativa é porque problema está nas expectativas.

    (*) Com ilustração de Paulo Stocker