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Categoria: Redes sociais

  • Gabinete do ódio: Facebook derruba contas ligadas ao clã Bolsonaro

    Gabinete do ódio: Facebook derruba contas ligadas ao clã Bolsonaro

    Charge: Aroeira

    Nesta quarta-feira (8), o Facebook anunciou a derrubada uma rede de 73 contas, 14 páginas, um grupo e contas Instagram,  de funcionários dos gabinetes de Jair, Fábio e Eduardo Bolsonaro, além de pessoas com passagem pelo PSL, partido que elegeu o presidente genocida.

    As contas e páginas foram tiradas do ar por apresentarem perfis falsos, envio de spam e uso de robôs, segundo noticiou o Facebook.

    “Apenas atribuímos o que podemos provar. E removemos toda parte da rede. Vimos conexões com o PSL e com funcionários dos gabinetes das pessoas que mencionamos e o envolvimento direto deles ” (Nathaniel Gleicher, líder de políticas de segurança do Facebook).

    As contas eram utilizadas para atacar adversários políticos, jornalistas , veículos de TV, além de falarem sobre eleições. No entanto, o Facebook informou que as contas e páginas foram tiradas do ar não por espalharem fake news, mas por violarem diretrizes relacionadas a spam, autenticidade e discurso de ódio. Esses perfis gastaram cerca de R$ 8 mil em anúncios.

    Para a relatora da CPI das Fake News, as investigações apontam que a desinformação propagada nas redes pode ter influenciado no resultado das eleições. Aprovado no Senado, o Projeto de Lei das Fake News aguarda tramitação na Câmara. Bolsonaro é contra o PL.

     

  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • “Adeus, Facebook, é hora de algo novo”: Wikipedia anuncia nova rede social, sem publicidade

    “Adeus, Facebook, é hora de algo novo”: Wikipedia anuncia nova rede social, sem publicidade

    Actualidad RT

    O fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, anunciou a criação de uma nova rede social baseada em um modelo alternativo ao Facebook e outras plataformas similares, financiado apenas por doações e livre de publicidade.

    “Adeus, Facebook, é hora de algo novo”, declarou Wales na feira “Digital X”, na cidade de Colônia, na Alemanha, ao anunciar a rede WT:Social , que se encontra ainda em fase de desenvolvimento.

    “Já imaginou uma rede social onde toda a comunidade possa editar os conteúdos?”, perguntou Wales à audiência. E em seguida explicou que sua ideia é “transferir os princípios da Wikipedia a uma rede social”.

    O criador da enciclopédia virtual prometeu aos usuários que se registrarem na plataforma nesta primeira etapa que receberão dele uma solicitação de amizade, enviada pessoalmente, informou a imprensa alemã.

    “Nunca venderemos seus dados”

    Em sua página na web, a WT:Social afirma que outras redes sociais, à medida em que foram crescendo, “também amplificaram as vozes dos maus atores em todo o mundo”, enquanto seus algoritmos só se preocupavam “em manter as pessoas viciadas em plataformas sem conteúdo”.

    Em contrapartida, assegura que seu projeto busca ser diferente e que “nunca” venderá os dados de seus usuários, pois sobrevive “graças a generosidade de doadores individuais, para garantir que a privacidade se mantenha protegida e que o espaço social esteja livre de publicidade”.

    “Autorizaremos [a cada usuário] que tomem suas próprias decisões a respeito do conteúdo que recebem e que editem diretamente os títulos enganosos ou marquem publicações problemáticas”, promete o WT:Social.

     

    Tradução: Eduardo Hegenberg para os Jornalistas Livres.

  • Dize-me com quem andas: a agenda oficial de Bolsonaro na Presidência

    Dize-me com quem andas: a agenda oficial de Bolsonaro na Presidência

    Por Renata Kotscho Velloso, especial para os Jornalistas Livres

     

    No último dia 28 de agosto, foi divulgada a notícia que o governo havia decretado sigilo por cinco anos sobre as visitas aos palácios da Alvorada e do Jaburu1. Até a manhã do dia 05 de setembro, porém, essas informações continuavam disponíveis no site oficial do governo. A partir destes dados, analisamos os 1377 compromissos do presidente Jair Bolsonaro entre 01 janeiro e 31 agosto de 2019. Saiba o que descobrimos sobre o dia-a-dia da presidência a partir da sua agenda oficial.

    Nos primeiros oito meses de governo o presidente participou de inúmeros cultos religiosos e cerimônias militares, recebeu cantores sertanejos e jogadores de futebol, além de uma variedade de pessoas acusadas dos mais diversos crimes e ídolos de infância da ala dura do regime militar. Pouca atenção foi dada, porém a temas prioritários para a população, como saúde e desemprego.

    Este diário presidencial começa com a história de dois Albertos: O ex-deputado federal Alberto Fraga e o coronel da reserva Carlos Alberto Marsiglia. Além da coincidência no nome, os dois dividem outra peculiaridade, apesar de não terem função no gabinete, eles compartilham da intimidade do presidente e de decisões importantes da república.

    Nos 8 primeiros meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro encontrou com esses dois Albertos 13 vezes; 7 vezes com Alberto Fraga e 6 com Carlos Alberto Marsiglia. Isso significa que, somados, os dois ilustres desconhecidos desfrutaram de mais tempo da atenção presidencial do que o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ou do que a ruidosa Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Mas quem são essas pessoas?

    O primeiro, ex-deputado Alberto Fraga que não conseguiu ser reeleito, ganhou notoriedade por ter escrito o seguinte nas suas redes sociais “Conheçam o novo mito da esquerda, Marielle Franco. Engravidou aos 16 anos, ex-esposa do Marcinho VP, usuária de maconha, defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho. Exonerou recentemente 6 funcionários, mas quem a matou foi a PM”, publicou o ex-deputado no seu twitter2, três dias após a execução da vereadora do PSOL. Na época, o conselho de ética da câmara decidiu arquivar o processo de quebra de decoro movido contra o deputado. Mas se você faz parte do grupo que se revolta mais com corrupção do que com ofensas pessoais, precisa saber também que poucos meses depois Alberto Fraga acabou condenado em segunda instância por outro crime: chefiar um esquema de propina no DF. 3 Em um dos encontros com o presidente, no dia 22 de julho, o ex-deputado participou de uma reunião onde também estava presente o Subprocurador-geral da República Augusto Aras, na época considerado favorito para assumir a Procuradoria-geral da República no lugar de Raquel Dodge.

    (*nota: no dia 05 de setembro, enquanto esta análise estava sendo produzida, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o nome de Augusto Aras como o novo procurador-geral da república. Na mesma data, o ex-deputado Alberto Braga havia sido recebido por Jair Bolsonaro as 8:00 da manhã no Palácio da Alvorada).

    O segundo Alberto, Carlos Alberto Marsiglia, é um militar da reserva que chegou a se aventurar como empresário. Em 2011, sua empresa chamada Global Tech assinou contrato para vender, sem licitação, R$ 14 milhões em veículos Land Rovers equipados com radares russos como parte da preparação do exército para a Copa do Mundo de 2014. O esquema ficou conhecido como o “escândalo dos Land Rovers”. A Global Tech havia sido criada um ano antes pelo Coronel, que é sócio-majoritário e possui 83% das cotas. Na época da assinatura do contrato o Coronel Marsiglia ocupava a função de Adjunto da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do exército4 e é suspeito de ter agido para beneficiar a sua empresa5. Marsiglia esteve com o presidente em seis ocasiões, cinco no Palácio do Planalto e uma no Alvorada. Num mesmo dia, 22 de maio, ele se reuniu às 7:20 da manhã no Alvorada às sós com o presidente e voltou a encontrá-lo de tarde, no planalto, em nova reunião onde estavam também presentes o Ministro-Chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni e o Ministro da Economia Paulo Guedes. No dia seguinte a reunião com Guedes e Onyx, Marsiglia voltou a encontrar-se, dessa vez novamente as sós, com o presidente. Prestígio é isso.

    Prestígio junto ao presidente é o que também não falta ao Presidente da Embratur Gilson Machado Guimarães Neto e ao Secretário Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia.

    O nome de Gilson Machado pode ser encontrado na agenda oficial do presidente 20 vezes desde janeiro, seis vezes mais do que o seu chefe, o Ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (ele próprio suspeito de coordenar o esquema de candidaturas “laranjas” do PSL em Minas Gerais6). O sanfoneiro pernambucano presidente da Embratur já foi multado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)7 por descumprir regras de turismo sustentável, mas isso não o impediu de ser nomeado por Bolsonaro inicialmente para a função de Secretário do Ecoturismo dentro do Ministério do Meio Ambiente e depois para o comando da Embratur. O último encontro se deu por ocasião da apresentação do biólogo e apresentador de TV Richard Rasmussen, que viria a ser nomeado “embaixador do turismo no Brasil”. Rasmussen, por sua vez, é visto pelo Ibama como “criminoso ambiental”. Ele é acusado, entre outras coisas, de manter animais silvestres em cativeiro e de introduzir, sem autorização, espécies estrangeiras no Brasil.8

    Mas Rasmussen não foi a única celebridade que o presidente da Embratur teve a oportunidade de conhecer no governo Bolsonaro, ele também foi convidado para as visitas do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, da dupla sertaneja Bruno e Marrone, do cantor Amado Batista e do jornalista Alexandre Garcia. É possível, porém, que ele tenha ficado chateado de não ter tido seu nome incluído na lista das pessoas que foram ao planalto receber junto com o presidente o jogador Duzão da NFL, contratado pelo Miami Dolphins. Em compensação, o sanfoneiro abrilhantou, infelizmente sem música, duas das transmissões ao vivo (“lives”) que Jair Bolsonaro faz semanalmente em sua página no Facebook. Em uma dessas lives, esteve presente outro “embaixador do turismo” nomeado pela Embratur, o professor de jiu-jitsu Renzo Gracie, que demonstrou toda a sua desenvoltura diplomática ao se referir ao presidente da França da seguinte forma: “Vem aqui que tu vai tomar um gogó nesse pescoço, nesse pescoço de franga. Tu não me engana não, pô. Aqui o Merthiolate tá ardendo, fera”9.

    Mais discreto, Luiz Antônio Nabhan Garcia, teve seu nome da agenda oficial do presidente 16 vezes, 7 vezes a menos do que sua chefe, a ministra da Agricultura Tereza Cristina. Mas isso não significa que tenha pouca influência junto ao presidente. É creditado a ele a demissão do general Franklimberg Ribeiro de Freitas da presidência da FUNAI. Segundo Nabhan Garcia, o general foi demitido porque “é um jogador incompetente”. Franklimberg, por sua vez, ao deixar o comando da Funai, afirmou que Nabhan “saliva ódio aos indígenas”.10 Faz sentido para um presidente que afirmou ao vivo que no que depender dele não haverá mais demarcação de terra indígena no país.11 Franklimberg, enquanto comandava a FUNAI, esteve com o presidente em apenas três ocasiões, até ser substituído por Marcelo Augusto Xavier da Silva no final de julho. Xavier, um ex-Policial Militar, além de ter sido reprovado pela avaliação psicológica em um dos concursos públicos que prestou, é acusado de ter dado um soco no rosto do próprio pai, um idoso de 71 anos, que registrou pessoalmente boletim de ocorrência em janeiro deste ano.12

    Os esquecidos

    Em setembro de 2018 o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa mostrando que saúde (mais do que violência, corrupção ou desemprego) era considerado o principal problema do país13. O próprio presidente tomou posse com uma bolsa de colostomia acoplada ao seu intestino, em decorrência do atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral. Mas nem isso fez com que Jair Bolsonaro priorizasse a pasta da saúde com seu tempo. Nos 100 primeiros dias de governo, o nome do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não havia aparecido uma única vez na agenda oficial do presidente. Depois disso, o ministro da saúde esteve às sós com o presidente em apenas 2 ocasiões. Seu nome aparece 11 vezes na agenda oficial. Atrás dele, entre os ministros, apenas Damares Alves, que esteve com o presidente 8 vezes (metade que Nabhan, o secretário especial de assuntos fundiários) e Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, demitido em fevereiro.

    O nióbio, sempre ele

    Grandes empregadores também passaram longe da agenda oficial presidencial. Das dez maiores empresas empregadoras do Brasil14, o presidente encontrou-se apenas com o presidente da Ebserh, o General Oswaldo Ferreira, e por uma única vez. A Ebserh é uma empresa pública de direito privado, vinculada ao Ministério da Educação. Já Dimitrius de Oliveira, presidente da Atento no Brasil, empresa de Teleatendimento que é a campeã de contratações com carteira assinada no país, com mais de 70 mil postos de trabalho, não esteve com o presidente do Brasil uma única vez. Também não tiveram seus nomes citados na agenda oficial de Jair Bolsonaro os presidentes da BRF, da Vale, da Delima Comércio e Navegação, da Associação Paulista para Desenvolvimento da Medicina, da Seara Alimentos ou do Itaú Unibanco, pela ordem os 6 maiores empregadores do país depois da Atento. Mas o presidente encontrou sim espaço na agenda oficial para receber o empresário Rogério Parada, dono da CEO UP Telecom Ltda, uma empresa de telecomunicações com capital de R$ 100.000,00 que investe em pesquisa sobre grafeno no Vale do Ribeira15.

    Outro empresário que também pode se beneficiar de um encontro presidencial foi Vicente Jorge Rodrigues, um dos ex-proprietários da Noar Linhas Aéreas. A empresa encerrou as atividades em 2011 após um acidente aéreo que resultou na morte de 16 pessoas. Vicente Jorge esteve com o presidente em três ocasiões. A última, em agosto, aconteceu na intimidade do Alvorada. E se Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale que emprega mais de 42.000 pessoas no Brasil, não apareceu na agenda oficial nem após a tragédia de Brumadinho, o mesmo não se pode dizer do empresário Ida Yoshiaki, presidente da Marui Galvanizing Co16. Durante visita a Osaka, Jair Bolsonaro se reuniu com o empresário japonês de bijuterias feitas a partir de nióbio e ainda comprou dele um colar no valor de R$ 4.000,0017 para presentear a primeira dama.

     

    Best Friends Forever

    Falando em amigos internacionais os principais “bróders” do presidente são o ex-embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel e o embaixador de Israel no país, Yossi Shelley. Sobel encontrou-se com Jair três vezes e é considerado um dos patrocinadores da indicação do filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada do Brasil nos EUA18. Já Shelley teve, por assim dizer, mais sorte, e esteve com o presidente em seis ocasiões oficiais. Mas houve pelo menos mais uma, já que um encontro no dia 07 de Julho, antes da final da Copa América não apareceu na agenda oficial. Detalhe: no rega-bofe, Jair Bolsonaro e o embaixador de Israel degustaram uma lagosta (proibida segundo as traduções judaicas). Também fizeram parte da agenda oficial “estrangeira” do presidente o prefeito de Miami, Francis X. Suarez (conservador do partido Republicano que recentemente propôs banir a apresentação de artistas cubanos na cidade19); o sultão Ahmed Sulayem (principal executivo da Dubai World, uma empresa que em 2009 estava devendo mais de 60 bilhões de dólares devido a aquisições fracassadas20); e um culto com do Pastor John Hagee (fundador de uma megaigreja em Santo Antônio no Texas e difusor, entre outras ideais, de que o aquecimento global não se deve a ações humanas e sim ao retorno de Cristo)21

     

    Venha a nós

    Culto religioso, aliás, foi o que não faltou na agenda do presidente. Desde a posse, Jair Bolsonaro frequentou, segundo a agenda oficial, 15 cultos. Esteve na Abertura oficial do 37º Encontro Internacional de Missões dos Gideões, no ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo por Meio do Imaculado Coração de Maria, na 46ª AGE – CONAMAD – Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, na 27ª edição da Marcha para Jesus, na sessão Solene em Homenagem aos 42 anos da Igreja Universal do Reino de Deus, na Celebração Internacional 2019: “Conquistando pelos olhos da Fé” e no culto Especial de Celebração de 25 anos da Igreja Fonte da Vida, entre outras cerimônias religiosas.

    As celebrações religiosas só perdem para as militares na agenda oficial do presidente: 31 solenidades das Forças Armadas contaram com a presença de Jair Bolsonaro desde o início do ano. Para se ter uma ideia, dos 11 compromissos oficiais que o presidente participou na cidade do Rio de Janeiro no período, 7 foram cerimônias militares, 2 cultos religiosos, 1 jogo de futebol e 1 almoço com o Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN).

    Ainda falando sobre o Rio de Janeiro, o contato preferido do presidente no Estado é Gutemberg de Paula Fonseca, Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado do Rio de Janeiro. Guto, como é conhecido, é um ex-árbitro de futebol que coordenou a campanha nas mídias sociais do então candidato Wilson Witzel ao governo carioca. O ex-juiz esteve com Bolsonaro em quatro ocasiões, o dobro do seu chefe, o governador Witzel.

     

    Redes sociais

    Mas não é segredo para ninguém que Jair Bolsonaro gosta mesmo de redes sociais. O presidente recebeu no planalto, junto com a Senadora Soraya Thronicke, um grupo denominado “youtubers de direita”, além deles, também foram recebidos individualmente pelo presidente os influencers Allan dos Santos e Fernanda Sales (do Terça livre), Gil Diniz (o carteiro reaça), o médico Italo Marsili (um psiquiatra que ajuda seu público a “vencer o vitimismo”) e a youtuber e atriz Antonia Fontenelle (conhecida por ser a viúva do diretor de TV Marcos Paulo), entre outras personalidades de semelhante calibre.

    Apesar da desenvoltura nas lives e nas interações com “youtubers de direita”, Jair Bolsonaro não tem exatamente uma relação afável com à imprensa. Mesmo assim, o presidente concedeu entrevistas ao Silvio Santos, do SBT e a TV Record. Mas o jornalista campeão de encontros com o presidente foi Douglas Tavolaro, da estreante CNN Brasil. Tavolaro foi recebido três vezes pelo presidente. Na primeira vez, ainda em janeiro, estavam presentes também o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro e o sócio de Tavolaro na CNN Brasil, Rubens Menin. O empresário Menin é também dono da maior construtora de imóveis residenciais da América Latina22, a MRV, empresa que em 2012 foi incluída na “lista suja” do trabalho escravo no Brasil. Sobre Tavolaro, que além de chefiar o jornalismo da Rede Record encontrou tempo para escrever a biografia do bispo Edir Macedo, seu ex-colega de emissora José Luiz Datena disse o seguinte: ”não tem caráter nenhum”, “não vale nada”, “por esse Douglas eu não coloco a mão no fogo nem um pouquinho, porque nunca gostei desse sujeito profissionalmente”.23

     

    Pedófilo e espancadores

    Menos singelo é o contato do presidente com suspeitos de crimes graves como: o ex-deputado federal Luciano Castro (acusado de envolvimento em rede de pedofilia no Estado de Roraima24), o ex-ministro do STE Admar Gonzaga Neto (acusado de lesão corporal em um caso de violência doméstica contra sua ex-esposa25), o coronel da PM Alberto Malfi Sardilli (acusado de espancar um delegado de 80 anos26) e Rodolfo Oliveira Nogueira (presidente do PSL no Mato Grosso do Sul e acusado de ameaçar de morte sua colega de partido, a senadora Soraya Thronicke, de quem é suplente27).

    Mas, bandidos a parte, o presidente Jair Bolsonaro parece ser mesmo um grande defensor da família. De fato, além dos seus filhos que o visitam constantemente no local de trabalho, (Carlos Bolsonaro foi citado 7 vezes na agenda oficial do pai, Eduardo 9 e Flávio 22) o presidente também recebeu a irmã do ministro Paulo Guedes, Elizabeth Guedes que ocupa a vice-presidência da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup)28 e o Deputado Estadual Rodrigo Lorenzoni, filho do ministro-chefe da Casa Civil Onyx, e que tem como uma das principais proposta aumentar a criação de novas escolas cívico-militares.29

    Sozinho, Eduardo Bolsonaro esteve em mais visitas oficiais com o pai do que que todos os deputados das bancadas dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Alagoas, Bahia, Sergipe, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Acre, Rondônia e Espírito Santo. Já Flávio Bolsonaro, com 22 visitas, esteve com o pai mais vezes do que os encontros que tiveram os senadores das bancadas das regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste.

    Misteriosos

    Mas além dos filhos próprios e de famosos, o presidente também recebeu em seu ambiente de trabalho vários cidadãos desconhecidos, como por exemplo Ingrid Monteiro Peixoto Becker, apresentada na agenda oficial apenas como “meteorologista”. A moça esteve no planalto com o companheiro, o “analista de sistemas” Arsênio Carlos Andre Flores Becker, e levou o filho, um bebê no carrinho. Houve também a visita da família Braz Cotrim, de Catanduva. Mesmo no grupo da cidade no Facebook, os participantes não sabiam o que a família foi fazer no planalto. O pai, José Braz Cotrim é médico na UTI na cidade, mas não há informações de demandas ou representações que essas pessoas tenham junto a sociedade. Mas pode ser que mais tarde o mistério seja desvendado, como aconteceu com Ricardo Braga, apresentado na agenda apenas como “economista” em sua visita oficial ao planalto no dia 31 de julho. Até o dia 03 de setembro, era possível apurar apenas que o economista trabalhava como diretor de investimentos no pequeno Adbank. No dia seguinte, porém, foi revelado que Ricardo, sem nunca ter trabalhado no setor, será o novo secretário especial da Cultura30, no lugar de Henrique Pires que deixou o cargo acusando o governo de censura.

     

    Torturadores

    Mas voltando aos nossos Albertos, existe um terceiro que não visitou o presidente, mas que se faz presente em seu governo. Trata-se do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, falecido em 2015. O presidente é fã confesso do coronel, considerado o líder das torturas no regime militar, a quem Bolsonaro chegou a dedicar o seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Portanto, é natural que o presidente tenha recebido em seu gabinete a viúva do torturador, a senhora Maria Joseíta Brilhante Ustra. Joseíta porém não foi a única parente de torturador que Bolsonaro recebeu no planalto. O primeiro integrante do Itamaraty a ser recebido pelo presidente no seu local de trabalho não foi o novo chanceler Ernesto Araújo e sim o ministro-conselheiro Francisco Fontenelle Filho, que esteve no palácio já no dia 03 de janeiro, logo após a posse. O pai do diplomata Francisco era conhecido como Major Fontenelle31 e figura no “Projeto Brasil Nunca Mais” como alguns dos comprovadamente envolvidos em tortura, sendo considerado pródigo em pau de arara, choque, espancamento e simulação de fuzilamento.32

    Por fim tem o vice, e é bom que a gente não se esqueça quem ele é: o general Hamilton Mourão. O vice encontrou-se com Bolsonaro 27 vezes desde a posse, uma quantidade ínfima perto do General Augusto Heleno, com 139 menções na agenda oficial presidencial. Será que ele está se sentindo “decorativo”, como outro?

    Tabelas

    Ranking dos Ministros

    Ministro

    Ministério

    Encontros

    Ministro a partir de

    Onyx Lorenzoni Casa Civil

    187

    Augusto Heleno Gabinete de Segurança Institucional

    139

    Paulo Guedes Economia

    72

    Jorge Oliveira Secretaria-Geral da Presidência

    68

    21/06

    Ernesto Araújo Relações Exteriores

    66

    Fernando Azevedo Defesa

    63

    Carlos Alberto Santos Cruz Secretaria de Governo

    61

    Luiz Eduardo Ramos Secretaria de Governo

    56

    04/07

    Floriano Peixoto Vieira Neto Secretaria-Geral da Presidência

    37

    18/02

    André Luiz Almeida Mendonça AGU

    32

    Abraham Weintraub Educação

    27

    09/04

    Sergio Moro Justiça e Segurança Públic

    26

    Tarcício Gomes de Freitas Infraestrutura

    25

    Ricardo Salles Meio Ambiente

    25

    Marcos Pontes Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

    23

    Tereza Cristina Agricultura, Pecuária e Abastecimento

    23

    Bento Albuquerque Minas e Energia

    23

    Osmar Terra Cidadania

    17

    Wagner Rosário CGU

    14

    Marcelo Alvaro Antônio Turismo

    14

    Gustavo Canuto Desenvolvimento Regional

    13

    Luiz Henrique Mandetta Saúde

    11

    Ricardo Veles Rodrigues Educação

    11

    Damares Alves Mulher, Família e Direitos Humanos

    8

    Gustavo Bebianno Secretaria-Geral da Presidência

    7

    Ranking dos Deputados

    Parlamentar Partido Estado Região Encontros
    Deputado Major Vitor Hugo (PSL/GO) PSL GO Centro-Oeste

    81

    Deputada Joice Hasselmann, (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    18

    Deputado Pastor Marco Feliciano (PODE/SP) PODEMOS SP Sudeste

    11

    Deputado Hélio Lopes, Deputado (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    11

    Deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ) DEM RJ Sudeste

    9

    Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    9

    Deputada Bia Kicis (PSL/DF) PSL DF Centro-Oeste

    8

    Deputado Delegado Éder Mauro (PSD/PA) PSD PA Norte

    6

    Deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ) DEM RJ Sudeste

    5

    Deputado Alceu Moreira I(MDB) MDB RS Sul

    5

    Deputado Silas Câmara (PRB/AM); PRB AM Norte

    5

    Deputado Fábio Faria (PSD/RN) PSD RN Nordeste

    5

    Deputada Carla Zambelli (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    5

    Deputado David Soares (DEM/SP) DEM SP Sudeste

    4

    Deputado José Nelto (PODE/GO) PODEMOS GO Centro-Oeste

    4

    Deputado Guilherme Derrite (PP/SP) PP SP Sudeste

    4

    Deputado Otoni de Paula (PSC/RJ) PSC RJ Nordeste

    4

    Deputada Caroline de Toni (PSL/SC) PSL SC Sul

    4

    Deputado Coronel Armando (PSL/SC) PSL SC Sul

    4

    Deputado Luciano Bivar (PSL/PE) PSL PE Nordeste

    4

    Deputado Marcel Van Hattem (NOVO/RS) NOVO RS Sul

    3

    Deputado José Medeiros (PODE/MT) PODEMOS MT Centro-Oeste

    3

    Deputado Aluisio Mendes (Podemos/MA) PODEMOS MA Nordeste

    3

    Deputado André Ferreira, PSC/PE PSC PE Nordeste

    3

    Deputado Júlio César (PSD/PI) PSD PI Nordeste

    3

    Deputada Greyce Elias (AVANTE/MG) AVANTE MG Sudeste

    2

    Deputado Daniel Coelho (CIDADANIA/PE) CIDADANIA PE Nordeste

    2

    Deputado Olival Marques (DEM/PA) DEM PA Norte

    2

    Deputado Fábio Ramalho (MDB/MG), MDB MG Sudeste

    2

    Deputado Herculano Passos (MDB/SP) MDB SP Sudeste

    2

    Deputado Rogério Peninha Mendonça (MDB/SC) MDB SC Sul

    2

    Deputado Fred Costa (PATRI/MG), PATRI MG Sudeste

    2

    Deputado Édio Lopes (PR/RR) PP RR Norte

    2

    Deputado Fausto Pinato (PP/SP) PP SP Sudeste

    2

    Deputado Hiran Gonçalves (PP/RR) PP RR Norte

    2

    Deputado Ricardo Izar (PP/SP) PP SP Sudeste

    2

    Deputado Marcos Pereira (PRB/SP) PRB SP Sudeste

    2

    Deputado Silvio Costa Filho (PRB/PE) PRB PE Nordeste

    2

    Deputado Vinícius Carvalho (PRB/SP) PRB SP Sudeste

    2

    Deputado Gilberto Nascimento (PSC/SP) PSC SP Sudeste

    2

    Deputado Cezinha de Madureira (PSD/SP) PSD SP Sudeste

    2

    Deputado Samuel Moreira (PSDB/SP) PSDB SP Sudeste

    2

    Deputada Aline Sleutjes (PSL/PR) PSL PR Sul

    2

    Deputado Bibo Nunes (PSL/RS) PSL RS Sul

    2

    Deputado Filipe Barros (PSL/PR), PSL PR Sul

    2

    Deputado General Girão (PSL/RN) PSL RN Nordeste

    2

    Deputado Márcio Labre (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    2

    Deputado André Janones (AVANTE/MG) AVANTE MG Sudeste

    1

    Deputado Luis Tibé (AVANTE/MG) AVANTE MG Sudeste

    1

    Deputado Alan Rick (DEM/AC); DEM AC Norte

    1

    Deputado Alberto Fraga (DEM/DF) DEM DF Centro-Oeste

    1

    Deputado José Mario Schreiner (DEM/GO) DEM GO Centro-Oeste

    1

    Deputado Pedro Lupion (DEM/PR) DEM PR Sul

    1

    Deputada Elcione Barbalho (MDB/PA) MDB PA Norte

    1

    Deputado Baleia Rossi (MDB/SP) MDB SP Sudeste

    1

    Deputado Darcísio Perondi (MDB/RS) MDB RS Sul

    1

    Deputado Gutemberg Reis (MDB/RJ) MDB RJ Sudeste

    1

    Deputado José Priante (MDB/PA) MDB PA Norte

    1

    Deputado Newton Cardoso Junior (MDB/MG) MDB MG Sudeste

    1

    Deputado Paulo Ganime (NOVO/RJ) NOVO RJ Sudeste

    1

    Deputado Tiago Mitraud (NOVO/MG) NOVO MG Sudeste

    1

    Deputado Marreca Filho (PATRI/MA) PATRI MA Nordeste

    1

    Deputado Franco Cartafina (PHS/MG), PHS MG Sudeste

    1

    Deputado Abílio Santana (PL/BA) PL BA Nordeste

    1

    Deputado Dr. Jaziel (PL/CE) PL CE Nordeste

    1

    Deputado Pastor Gildenemyr (PMN/MA) PMN MA Nordeste

    1

    Deputada Renata Abreu (PODE/SP) PODEMOS SP Sudeste

    1

    Deputado Diego Garcia (PODE/PR) PODEMOS PR Sul

    1

    Deputado Roberto de Lucena (PODEMOS/SP) PODEMOS SP Sudeste

    1

    Deputado Arthur Lira (PP/AL) PP AL Nordeste

    1

    Deputado Átila Lins (PP/AM) PP AM Norte

    1

    Deputado Evair Vieira de Melo (PP/ES) PP ES Sudeste

    1

    Deputado Jerônimo Goergen (PP/RS) PP RS Sul

    1

    Deputado Pinheirinho (PP/MG) PP MG Sudeste

    1

    Deputado Arnaldo Jardim (PPS/SP) PPS SP Sudeste

    1

    Deputado Capitão Augusto (PR/SP) PR SP Sudeste

    1

    Deputado Cristiano Vale (PR/PA) PR PA Norte

    1

    Deputado Giacobo (PR/PR) PR PR Sul

    1

    Deputado Luiz Nishimori (PR/PR) PR PR Sul

    1

    Deputado Marcelo Ramos (PR/AM) PR AM Norte

    1

    Deputado Paulo Freire Costa (PR/SP) PR SP Sudeste

    1

    Deputado Wellington Roberto (PR/PB) PR PB Nordeste

    1

    Deputado Celso Russomanno (PRB/SP) PRB SP Sudeste

    1

    Deputado Jhonatan de Jesus (PRB/RR) PRB RR Norte

    1

    Deputado João Campos (PRB/GO) PRB GO Centro-Oeste

    1

    Deputado Manuel Marcos (PRB/AC) PRB AC Norte

    1

    Deputado Márcio Marinho (PRB/BA) PRB BA Nordeste

    1

    Deputado Capitão Wagner (PROS/CE) PROS CE Nordeste

    1

    Deputado Toninho Wandscheer (PROS/PR) PROS PR Sul

    1

    Deputado Glaustin Fokus (PSC/GO) PSC GO Centro-Oeste

    1

    Deputado Paulo Eduardo Martins (PSC/PR PSC PR Sul

    1

    Deputado André de Paula (PSD/PE) PSD PE Nordeste

    1

    Deputado Diego Andrade (PSD/MG) PSD MG Sudeste

    1

    Deputado Edilázio (PSD/MA) PSD MA Nordeste

    1

    Deputado Estadual Georgiano Neto (PSD/PI) PSD PI Nordeste

    1

    Deputado Haroldo Cathedral (PSD/RR) PSD RR Norte

    1

    Deputado Reinhold Stephanes Junior (PSD/PR) PSD PR Sul

    1

    Deputado Sargento Fahur PSD PR Sudeste

    1

    Deputado Daniel Trzeciak (PSDB/RS) PSDB RS Sul

    1

    Deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR) PSDB PR Sul

    1

    Deputado Nilson Pinto (PSDB/PA) PSDB PA Norte

    1

    Deputada Chris Tonietto (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    1

    Deputada Major Fabiana (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    1

    Deputada Professora Dayane Pimentel (PSL/BA) PSL BA Nordeste

    1

    Deputado Alexandre Frota (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    1

    Deputado Carlos Jordy (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    1

    Deputado Coronel Chrisóstomo (PSL/RO) PSL RO Norte

    1

    Deputado Coronel Tadeu (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    1

    Deputado Delegado Francischini (PSL/PR) PSL PR Sul

    1

    Deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL/MG) PSL MG Sudeste

    1

    Deputado Delegado Pablo (PSL/AM) PSL AM Norte

    1

    Deputado Delegado Waldir (PSL/GO) PSL GO Centro-Oeste

    1

    Deputado Dr. Luiz Ovando (PSL/MS) PSL MS Centro-Oeste

    1

    Deputado Eleito Julian Lemos (PSL/PB) PSL PB Nordeste

    1

    Deputado Felício Laterça (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    1

    Deputado Felipe Francischini (PSL/PR) PSL PR Sul

    1

    Deputado General Peternelli (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    1

    Deputado Heitor Freire (PSL/CE) PSL CE Nordeste

    1

    Deputado Luiz Lima (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    1

    Deputado Nelson Barbudo (PSL/MT) PSL MT Centro-Oeste

    1

    Deputado Nereu Crispim (PSL/RS) PSL RS Sul

    1

    Deputado Nicoletti (PSL/RR) PSL RR Norte

    1

    Deputado Sanderson (PSL/RS) PSL RS Sul

    1

    Deputado Beto Faro (PT/PA) PT PA Norte

    1

    Deputado Pedro Lucas Fernandes (PTB/MA) PTB MA Nordeste

    1

    Deputada Leandre (PV/PR) PV PR Sul

    1

    Deputada Dra. Vanda Milani (SOLIDARIEDADE/AC); SOLIDARIEDADE AC Norte

    1

    Deputado Augusto Coutinho (SOLIDARIEDADE/PE) SOLIDARIEDADE PE Norte

    1

    Deputado Lucas Vergilio (SOLIDARIEDADE/GO) SOLIDARIEDADE GO Centro-Oeste

    1

    Deputado Paulinho da Força (SOLIDARIEDADE/SP) SOLIDARIEDADE SP Sudeste

    1

    Deputado Zé Silva (SOLIDARIEDADE/MG) SOLIDARIEDADE MG Sudeste

    1

    Ranking dos Senadores

    Parlamentar Partido Estado Região Encontros
    Senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) PSL RJ Sudeste

    22

    Senador Davi Alcolumbre (DEM/AP) DEM AP Norte

    14

    Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE) MDB PE Nordeste

    9

    Senadora Soraya Thronicke (PSL/MS) PSL MS Centro-Oeste

    6

    Senador Chico Rodrigues (DEM/RR) DEM RR Norte

    5

    Senador Roberto Rocha (PSDB/MA), PSDB MA Nordeste

    3

    Senador Major Olimpio (PSL/SP) PSL SP Sudeste

    3

    Senador Eduardo Braga (MDB/AM) MDB AM Norte

    2

    Senador Eduardo Gomes (MDB/TO) MDB TO Centro-Oeste

    2

    Senador Elmano Férrer (PODEMOS/PI) PODEMOS PI Nordeste

    2

    Senador Jorge Kajuru (PSB/GO) PSB GO Centro-Oeste

    2

    Senadora Leila Barros (PSB/DF) PSB DF Centro-Oeste

    2

    Senador Arolde de Oliveira (PSD/RJ) PSD RJ Sudeste

    2

    Senador Otto Alencar (PSD/BA) PSD BA Nordeste

    2

    Senador Izalci Lucas (PSDB/DF) PSDB DF Centro-Oeste

    2

    Senadora Selma Arruda (PSL/MT) PSL MT Centro-Oeste

    2

    Senador Luiz do Carmo (MDB/GO) MDB GO Centro-Oeste

    1

    Senadora Rose de Freitas (PODE/ES) PODEMOS ES Sudeste

    1

    Senador Romário (PODEMOS/RJ) PODEMOS RJ Sudeste

    1

    Senador Ciro Nogueira (PP/PI) PP PI Nordeste

    1

    Senador Luis Carlos Heinze (PP/RS) PP RS Sul

    1

    Senadora Daniella Ribeiro (PP/PB) PP PB Nordeste

    1

    Senadora Mailza Gomes (PP/AC); PP AC Norte

    1

    Senador Jorginho Mello (PR/SC) PR SC Sul

    1

    Senador Mecias de Jesus (PRB/RR) PRB RR Norte

    1

    Senador Zequinha Marinho (PSC/PA) PSC PA Norte

    1

    Senador Lucas Barreto (PSD/AP) PSD AP Norte

    1

    Senador Nelsinho Trad (PSD/MS) PSD MS Centro-Oeste

    1

    Senador Omar Aziz (PSD/AM) PSD AM Norte

    1

    Senadora Juíza Selma (PSL/MT) PSL MT Centro-Oeste

    1

    Senador Fernando Collor (PTC/AL) PTC AL Nordeste

    1

    Ranking dos Partidos

    Partido Encontros
    PSL

    210

    DEM

    43

    PODE

    38

    MDB

    31

    PSD

    30

    PP

    21

    PRB

    17

    PSC

    12

    PSDB

    10

    PR

    8

    NOVO

    5

    SOLIDARIEDADE

    5

    AVANTE

    4

    PSB

    4

    PATRI

    3

    CIDADANIA

    2

    PHS

    2

    PT

    2

    PL

    1

    PMN

    1

    PPS

    1

    PROS

    1

    PROS

    1

    PTB

    1

    PTC

    1

    PV

    1

  • Na briga das TVs, o rádio esportivo vence

    Na briga das TVs, o rádio esportivo vence

    Por Rafael Duarte Oliveira Venancio*, especial para os Jornalistas Livres

    A atual problemática dos direitos de transmissão do futebol brasileiro entre os clubes e as televisões, notadamente a Globo e o Esporte Interativo, produz a cada rodada um novo capítulo. Um capítulo que decidirá o futuro da comunicação em nosso país.

    Já escrevemos sobre isso anteriormente nos Jornalistas Livres, em 2017, no artigo “O futebol não será televisionado” (link aqui – https://jornalistaslivres.org/o-futebol-nao-sera-televisionado/), quando Athletico e Coritiba sem acordo com a Globo, transmitiram o seu jogo pelo Campeonato Paranaense pelo “ao vivo” do Facebook e do YouTube em suas contas oficiais nestas redes sociais.

    No entanto, agora na segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2019, houve uma significativa diferença no Estádio Rei Pelé, em Maceió-AL, entre CSA e Palmeiras. Não havia câmeras de transmissão, apenas as do VAR (Video Assistant Referee, na sigla em inglês para Árbitro Assistente de Vídeo).

    Isso aconteceu porque o Palmeiras não possui acordo com a TV Globo e o CSA não o tem com o Esporte Interativo. Logo, as câmeras lá postas eram apenas as do VAR no acordo entre a Confederação Brasileira de Futebol – CBF e a Globo, sob a alcunha de CBFtv.

    Seria um jogo que ninguém dos conglomerados de comunicação resolveria ir? Claro que não! Um velho herói esportivo surgiu com renovada força: o rádio.

    Ora, a briga entre Globo e Esporte Interativo – cujo principal protagonista é o atual campeão brasileiro, a Sociedade Esportiva Palmeiras – é uma dita “briga de cachorro grande”.

    Em outubro de 2018, em entrevista à Jovem Pan, o presidente do Palmeiras, Maurício Galliote descreveu como seria o acordo em vigor entre 2019 e 2024: “A Globo apresentou um contrato com algumas penalizações, algumas situações em que não concordamos. Além de números muito inferiores ao que a gente pede. Quando apresentamos a proposta para a Globo foi com números: qual o tamanho da nossa torcida, qual é o nosso público, qual é a nossa audiência, qual é a nossa perspectiva para ganho de títulos. Então nossa proposta está na mesa e vamos defender nossos números, porque temos total convicção que esses números são verdadeiros”

    Não existe nenhuma maneira do Palmeiras romper com o Esporte Interativo.

    “Temos o contrato com eles e o Esporte Interativo é que transferiu para a TNT”. Este contrato é estimado em 100 milhões de reais.

    Por outro lado, a Globo faz valer sua pressão econômica com os times que assinaram com ela. Esse é o exemplo do CSA, que disputa uma Primeira Divisão Brasileira após quase três décadas. O clube alagoano tem contrato de exclusividade com a Globo. Assim, sem a anuência do Palmeiras para a Globo e a proibição de possibilidade de acordo pontual do CSA com a Esporte Interativo, o jogo não pode ter sua imagem transmitida.

    Em um primeiro momento, dizia-se que a TV Palmeiras faria uma transmissão  próxima daquela que já faz, porém com as câmeras viradas para os locutores. Inicialmente foi descartada por “problemas técnicos” e o clube fez a divulgação que a sua TV seria como se fosse uma rádio, fazendo alusão no tweet de chamada a um torcedor palmeirense ouvindo no bom e velho radinho de pilha. No entanto, já com o jogo começado, a TV Palmeiras fez a sua transmissão mostrando os locutores, algo próximo do que faz a Rádio Jovem Pan em seu canal no YouTube.

    Restou apenas o bom e velho áudio e seu campeão comunicacional: o rádio, seja nos FMs dos aparelhos ou em suas modernizadas transmissões via YouTube ou Facebook.

    A primeira a propagandear isso foi a rádio Transamérica 100,1 FM de São Paulo através de um apelativo tweet. Logo depois, os demais grandes grupos comunicacionais – tal como Rádio Bandeirantes – mandaram equipes. Outras rádios optaram por transmitir o jogo entre Corinthians e Chapecoense, realizado em São Paulo no mesmo horário de CSA e Palmeiras.

    Na transmissão da Transamérica, o locutor Gavião lia frases dos ouvintes tais como

    “Que saudade de ouvir um jogo que só existe no rádio”

    e “Eu sigo a Transamérica porque ela não nos abandona.”

    Já na transmissão da Rádio Bandeirantes, o nosso colega radialista André Russo me mandou prints muito interessantes onde havia alguma estranheza (como se fosse ruim assistir um jogo apenas com o áudio), mas muita redescoberta, tal como se o futebol voltasse para um querido e bom parceiro amoroso. Um desses prints pode ser visto a seguir.

    Ora, em um trocadilho com a famosa música do The Buggles, sabemos que a TV matou a estrela de futebol radiofônica. Leônidas e Zizinho eram gigantes tal como Pelé, mas o Rei do Futebol surge junto com a popularização do futebol na TV na metade dos anos 1950, enquanto os outros dois – imensos craques dos anos 1930 e 1940 – tinham suas jogadas geniais irradiadas apenas.

    Nos anos 1970 e 1980, programas de humor (ou seria de comédia ficcional – estou fazendo um pós-doutorado sobre isso para entender) tal como o Show de Rádio de Estevam Sangirardi e locutores excepcionais como Osmar Santos chamaram o futebol de volta para o rádio. Surgira até a mania de colocar a TV no mudo e ouvir pelo rádio simultaneamente.

    Dos anos 1990 para cá, a Globo consolidou um estilo de transmissão onde o rádio fora novamente esquecido. Na minha opinião até agora, 2019. Com o uso do YouTube e das demais mídias sociais, os radialistas esportivos ganham novo fôlego. As TVs brigam mais um pouco em cima do desafio da Internet e do DIY inerente a ela. Nisso, o rádio – que se reestruturou enquanto podcast, audiocast, audiostreamming ou mesmo mídia sonora digital – nada de braçada.

    Teremos mais jogos nessa situação antes da Copa América em junho: Chapecoense x Athletico (5/5), Atlético-MG x Palmeiras (12/5), Botafogo x Palmeiras (25/5), Chapecoense x Palmeiras (2/6), Palmeiras x Avaí (13/6) e Goiás x Athletico (13/6). É de observar.

    No entanto, nesta rodada do 1º de maio, o jogo pode ter sido empate entre CSA e Palmeiras, mas o rádio esportivo ganhou de goleada das TVs em briga.

    • Jornalista, pós-doutorando da Universidade de São Paulo e professor da Universidade Federal de Uberlândia.

     

  • Projetos de poder se alimentam das suas emoções e as redes sabem disso

    Projetos de poder se alimentam das suas emoções e as redes sabem disso

    Por Selma Bellini para os Jornalistas Livres

    Estamos vivendo hoje um governo eleito via WhatsApp e redes sociais. Este é um fato. Por mais que a análise dos motivos que levaram Bolsonaro ao poder seja ampla e complexa, não há dúvidas de que as redes sociais e aplicativos de mensagens foram os meios de comunicação que influenciaram o resultado. Muitos estudiosos estão dedicados a analisar tal estratégia, que segue o que tem acontecido em outros países onde a extrema direita tem se destacado. O objetivo deste texto não é, portanto, discutir o que a campanha de Bolsonaro fez nas redes sociais para chegar ao poder. O que se pretende aqui é discutir o futuro dessa dinâmica nas redes sociais, com foco no papel que nossas emoções desempenham nesse sistema.

    O peso das redes sociais e aplicativos de mensagem tende a ser cada vez maior em nossa vivência política e também na comunicação do novo governo, assim como também seguem presentes as possibilidades de manipulação que esses meios têm propiciado. O novo governo utiliza suas redes sociais da mesma forma que o fez durante a campanha e as consequências disso podem ser bastante cruéis. A possibilidade de enxergar cenários políticos com alguma clareza, por menor que ela seja, pode ser cada vez mais difícil; a confusão entre verdade e mentira pode aumentar consideravelmente e as bolhas podem ficar cada vez mais fortes. O principal ponto deste texto é considerar que há algo muito importante sustentando e alimentando toda essa dinâmica: nossos medos, raivas, desejos de aceitação, necessidade de vínculos e inseguranças. Nossas emoções formam o “combustível” que impulsiona as velozes engrenagens de manipulação na comunicação digital.

    Antes de falar sobre como nossas emoções são o alimento dessa dinâmica das redes, um breve recuo sobre o cenário geral no que se refere à manipulação política nas redes. No ano passado, a Universidade de Oxford divulgou o estudo “Challenging Truth and Trust: A Global Inventory of Organized Social Media Manipulation”, que analisou as novas tendências de manipulação organizada pelas mídias sociais e as crescentes capacidades, estratégias e recursos que sustentam o fenômeno. Segundo o estudo, há evidências de campanhas manipulatórias das mídias sociais, formalmente organizadas, em 48 países. Na 1ª edição do estudo, eram 28. E o Brasil está nessa lista. Em 20% dos 48 países, incluindo o Brasil, pesquisadores encontraram evidências de campanhas de desinformação por meio de aplicativos de bate-papo, como WhatsApp. O estudo menciona ainda o uso de bots, conNtas-fake, automação de comentários, entre outras estratégias.

    Não é novidade: campanhas políticas sempre buscam manipular emoções com mensagens que alcançam diretamente nossos medos e esperanças. As grandes manifestações políticas da história sempre estiveram imersas em nossos medos, desejos, amores, ódios e esperança. Da mesma forma, a disseminação de informações falsas sobre adversários não é criação bolsonarista ou das redes sociais. O que há de novo, além da velocidade das redes e de sua constante presença em nossas vidas, é o fato de que há uma gigantesca quantidade de informações a nosso respeito, com uma capacidade de processamento de dados que cresce a cada dia e permite desenhar análises de cenários complexos e específicos cada vez mais rápido. Ao lado disso, a mobilização emocional dos usuários possibilita a distribuição viral e rápida de notícias falsas, sobretudo em grupos privados, o que dificulta o rastreamento, além de manter o buzz distante dos “olhos” da sociedade e da mídia.

    Cada post, curtida ou comentário nas mídias sociais alimentam os algoritmos, que aprendem sobre a forma como pensamos, os nossos desejos e fragilidades. A Cambridge Analytica surgiu assim (vale ler aqui este ótimo artigo, publicado em dezembro de 2016, sobre o nascimento da Cambridge Analytica). E não são apenas os dados de redes sociais: nossas pesquisas, compras e acessos na internet, por exemplo, dão pistas sobre nossos comportamentos e emoções.

    O livro “Psicopolítica digital – o neoliberalismo e as novas técnicas de poder”, do filósofo Byung-Chul Han, lançado em 2014, discute justamente como os dados que fornecemos às redes podem ser interpretados e transformados em cenários conclusivos até mesmo sobre nossos desejos inconscientes que, então, poderiam ser facilmente explorados. Vale resumir aqui as próprias palavras de Byung-Chul Han: “Como uma lupa digital, o data-mining ampliaria as ações humanas e revelaria, por trás do espaço de ação estruturado pela consciência, um campo de ação estruturado de maneira inconsciente. A microfísica dos big data tornaria visíveis actomes, isto é, microações que escapariam à consciência. Os big data também poderiam promover padrões coletivos de comportamento dos quais não seríamos conscientes como indivíduos. Com isso, o inconsciente coletivo ficaria acessível. (…) A psicopolítica digital seria então capaz de aproveitar o comportamento das massas em um nível que escapa à consciência”.

    No recém-lançado “No Enxame”, o autor volta ao tema da psicopolítica digital. Ele reafirma que “a possibilidade de decifrar modelos de comportamento a partir do Big Data enuncia o começo da psicopolítica” e alerta que a “sociedade digital de vigilância, que tem acesso ao inconsciente-coletivo, ao comportamento social futuro das massas, desenvolve traços totalitários”, entregando-nos à programação e ao controle psicopolítico.

    Para entender o peso da análise de Byung-Chul Han é importante considerar o crescimento exponencial da quantidade de informações que compartilhamos nas redes, algo que fazemos em grande medida sem questionar os porquês que nos levam a isso. O filósofo avalia tal comportamento sob a ótica neoliberal, a qual nos tem levado a uma necessidade de exposição e transparência cada vez maior em função do crescimento do poder das novas tecnologias.

    “A transparência também é reivindicada em nome da liberdade de informação. Na verdade, ela não é nada mais que um dispositivo neoliberal. Ela vira tudo violentamente para fora, para que possa produzir informação. Nos modos atuais de produção imaterial, mais informação e mais comunicação significam mais produtividade, aceleração e crescimento. A informação é uma positividade que, por carecer de interioridade, pode circular independente do contexto. Isso permite que a circulação de informação seja acelerada à vontade”, avalia Han. A fronteira que protege nossa intimidade vai ficando cada vez mais apagada e nós estamos ajudando nesse processo ao nos engajarmos de boa vontade, com dados preciosos para as redes.

    Não basta, portanto, termos consciência de como nossas emoções alimentam as redes sociais. Também é preciso compreender o ambiente em que tais mudanças estão acontecendo e que tem nos influenciado. Como nos lembra o filósofo, o poder não necessariamente se opõe à liberdade. Ele pode até mesmo usá-la, tornando as pessoas dependentes, em vez de obedientes. Ora, em que medida a nossa “liberdade” nas redes sociais está sendo utilizada para projetos de poder? O que não estamos enxergando nessa suposta transparência de livre escolha em que os algoritmos definem o que queremos ver? Até que ponto somos realmente livres ao utilizar as redes sociais se não sabemos exatamente como elas funcionam ou como nossos dados são utilizados? Seria possível pensar em uma espécie de educação digital para que as pessoas tivessem um pouco mais de consciência sobre como suas emoções alimentam o sistema?

    Também importante considerar neste cenário a rapidez da análise e processamento de dados, um ponto abordado por Jamie Susskind em “Future Politics: Living Together in a World Transformed by Tech”, publicado pela Universidade de Oxford em setembro de 2018 (ainda sem título no Brasil). O crescimento da quantidade de dados a nosso respeito nas redes, aliado ao aumento da capacidade de processamento e a evolução das análises por inteligência artificial podem criar novas formas de poder e alterar drasticamente nossa vivência política (entendendo aqui política num sentido mais amplo, de convivência, não apenas no sentido partidário, eleitoral ou de governos).

    De forma geral, o que o autor demonstra, e ele não é o único a fazer isso, é que quem controlar as tecnologias terá um enorme poder nas mãos – um poder maior do que o dos governos ou aliado a eles. Tal poder será exercido de formas variadas e não será perceptível para muita gente, levando a um grau de controle sem precedentes em nossas ações, pensamentos, emoções e formas de ver o mundo, 24 horas por dia e com ares de liberdade e evolução. Insights sobre nossa psiquê, algoritmos e análises por inteligência artificial formam um cenário em que poder, justiça e liberdade poderão ser vividos de forma tão diferente, que sequer podemos imaginar com exatidão como será tal futuro. O que ele faz no livro é ir colocando as peças desse quebra-cabeça na mesa para que possamos ter alguma ideia do que pode acontecer.

    A hipótese que guia Jaime em “Future Politics” é que a forma como reunimos, armazenamos, analisamos e comunicamos informações está fortemente relacionada com a forma como organizamos e fazemos política. Ou seja, quando a sociedade desenvolve tecnologias disruptivas para informação e comunicação, também devemos esperar efeitos políticos. O perigo central que Jaime aponta é que gradualmente, e talvez inicialmente sem nos darmos conta, nos tornemos cada vez mais subjugados a sistemas que não só não entendemos direito, mas que não poderemos controlar. Neste cenário, ficamos à mercê dos que controlam esses sistemas, com implicações para a política, para a democracia e para nossas emoções.

    Firehosing e as nossas emoções

    Como dissemos anteriormente, as emoções impulsionam em grande medida a viralização de notícias falsas. Não é nossa avaliação sobre a veracidade ou utilidade do fato que impulsiona grande parte dos compartilhamentos, mas sim nossas emoções. Os jornalistas têm apontado, por exemplo, a utilização de uma técnica de manipulação que estudiosos chamam de firehosing, que consiste em divulgar mentiras em grande escala, por variados canais, em um fluxo constante, mergulhando as pessoas em tantas informações que fica difícil sair da confusão. O nome da técnica vem de firehose, que em português seria mangueira de incêndio. E é isso que a técnica faz: uma grande mangueira de incêndio espalhando falsidades em alta velocidade e de forma ininterrupta, por vários canais. Durante a campanha política, era fácil enxergar essa técnica no dia-a-dia, mas ela volta sempre em momentos importantes. Como exemplos recentes, podemos citar a dinâmica de fake news sobre a decisão de Jean Wyllys de deixar o Brasil e sobre Brumadinho (MG).

    Só que o Firehosing só funciona completamente se as pessoas compartilharem as informações falsas. Por sua vez, estas mentiras só serão compartilhadas em grande escala se despertarem emoções no indivíduo – algo suficiente para que ele nem reflita a respeito daquele conteúdo. E aí vem a parte mais cruel dessa história: com os nossos dados cada vez mais mapeados, processados e compreendidos, as nossas emoções passam a ser facilmente identificáveis e as mensagens falsas são produzidas sob medida para impactar nossas emoções já previamente identificadas, amplificando, mais do que tudo, ódio, raiva e medo. Isso foi dito com todas as letras pelo próprio Presidente da Cambridge Analytica (CA), em uma gravação escondida realizada pela Channel 4, do Reino Unido. Em março de 2018, o canal exibiu reportagem contando como CA atuava. A matéria foi fruto de uma investigação de 4 meses. Uma das frases do CEO dá bem o tom da estratégia: “Não é bom lutar numa eleição com fatos porque no fundo é tudo emocional. O grande erro dos principais partidos é que eles tentam ganhar no argumento, ao invés de localizar o centro emocional da questão”. Sem nossas emoções mobilizadas a ponto de não podermos parar para questionar, podemos imaginar que a mangueira do firehosing não se sustentaria por muito tempo.

    No caso da política brasileira, não está claro até que ponto a estratégia adotada pela campanha vencedora e, agora, na comunicação do novo governo, é altamente estratégica e organizada ou se, por outro lado, é uma mistura tupiniquim da estratégia “Cambridge Analytica” com loucuras individuais do grupo que assumiu o poder. O que é inegável é que as técnicas utilizadas são similares, com a manipulação de afetos como o ódio e o medo por meio de informações falsas distribuídas massivamente.

    Além das emoções negativas, a nossa necessidade de vínculo e pertencimento também alimentam em grande medida o funcionamento de toda essa estratégia com emoções mais “positivas”. Cada meme que você compartilha, cada piada ou comemoração te ligam a um determinado grupo, que dá a sensação de pertencimento. Essa é uma tendência natural do ser humano e não há nada de errado com isso, mas quanto mais tempo passamos nas redes, mais nossa necessidade de vínculos vai sendo transferida para cliques, curtidas e compartilhamentos, num ambiente em que algoritmos escolhem muito do que você vê, potencializando o que já seria uma “bolha” normal sua.

    As grandes mentes por trás das redes sociais sabem de toda essa dinâmica. Os botões de tristeza e raiva/indignação, por exemplo, não foram criados apenas para adicionar uma liberdade a mais para os usuários, mas sim porque eles permitiriam o engajamento emocional além do simples “curtir”, dando vazão para outras emoções. Muitos dos profissionais que estiveram no desenvolvimento destas ferramentas já levantam a voz em críticas. O caso mais recente é o de Roger McNamee, investidor de tecnologia que foi um dos mentores de negócio de Mark Zuckerberg e que assina, na revista Time de 17 de janeiro, o texto “Eu fui mentor de Mark Zuckerberg. Eu amei o Facebook. Mas eu não posso ficar em silêncio sobre o que está acontecendo”, em que relata um pouco dos bastidores da empresa.

    Roger resume muito bem em que ponto estamos de nosso relacionamento com o Facebook e acredito que, com algumas diferenças, o que ele fala se aplica a todas redes sociais e aplicativos de mensagem: “Você poderia pensar que os usuários do Facebook ficariam indignados com a forma como a plataforma foi usada para minar a democracia, os direitos humanos, a privacidade, a saúde pública e a inovação. Alguns estão, mas quase 1,5 bilhão de pessoas usam o Facebook todos os dias. Eles o usam para ficar em contato com parentes e amigos distantes. Eles gostam de compartilhar suas fotos e seus pensamentos. Eles não querem acreditar que a mesma plataforma que se tornou um hábito poderoso também é responsável por tantos danos. O Facebook usou nossa confiança em familiares e amigos para construir um dos negócios mais valiosos do mundo, mas, no processo, foi descuidado com os dados dos usuários e agravou as falhas em nossa democracia, deixando os cidadãos cada vez menos capazes de pensar por si mesmos, sem saber em quem confiar ou como agir em seu próprio interesse. Os maus atores tiveram sucesso explorando o Facebook e o Google, alavancando a confiança do usuário para disseminar a desinformação e o discurso de ódio, para suprimir o voto e polarizar os cidadãos em muitos países. Eles continuarão a fazê-lo até que, em nosso papel de cidadãos, reivindiquemos nosso direito à autodeterminação”.

    As redes sociais têm um potencial extraordinário para o bem, mas elas são armas poderosíssimas de poder se, do outro lado, os usuários não se preocuparem em entender como elas funcionam. Não é fácil, eu sei, tudo isso demanda tempo e interesse. A outra opção, no entanto, é simplesmente entregar suas emoções de bandeja para os algoritmos e viver a falsa sensação de liberdade da bolha ou, ainda pior, habitar um mundo paralelo de informações produzidas sem qualquer compromisso com a realidade.