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  • Wellington Fagundes e a tática de interdição do PT em MT

    Wellington Fagundes e a tática de interdição do PT em MT

    Por: Edna Sampaio *

    Fotos: Francisco Alves

    Em Mato Grosso, o baronato do agronegócio possui três opções de candidaturas: Pedro Taques, Wellington Fagundes e Mauro Mendes. São três palanques garantidos para Alckmin.

    Taques amarga o abandono de seus aliados, pois, o uso abusivo dos recursos jurídico-policiais como instrumento de poder para constranger aliados e adversários o deslegitimou como representante do grupo. Mesmo sendo fiel aos interesses dos milionários do agronegócio, revelou severos limites de confiabilidade para o campo político, cujas regras para obtenção do poder não incluem o constrangimento ou chantagem geral.

    Política é jogo coletivo, não individual. Por essa razão, o poder no campo político impõe restrições de uso de instrumentos do campo Jurídico e de suas práticas autocráticas.

    O ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, que sustentou o palanque e o governo de Taques, assim como todas as figuras que agora se aglutinam em torno de sua candidatura, é o nome do grupo e procura manter a aparência de novidade e o legado da administração da Capital.
    Wellington Fagundes, atual Senador da República, se destaca pela atuação no processo de impeachment da Presidenta Dilma e, de sustentação do Governo Temer, com atuação importante na aprovação da agenda de reformas que retiram direitos dos trabalhadores e garantem a agenda dos barões do agro, como a legalização da grilagem de terras por fazendeiros e a liberação indiscriminada do uso de agrotóxico, dentre outros.

    A disputa real é dentro do mesmo grupo, entre os candidatos Pedro Taques e Mauro Mendes. O baronato do agro precisa derrotar Taques e, de preferência, que isso não custe tanto! A chamada “grampolândia” não deixa dúvida sobre o desmedido uso de poder de fogo de Taques para acossar aliados e adversários, utilizando a máquina do Poder Executivo e Judiciário. Derrotá-lo é fundamental para normalizar as disputas e interesses do grupo uma vez que, do ponto de vista político, Taques revelou-se uma aposta indigesta.

    O cálculo para derrotar o Governador com segurança e “baixo” custo é manter a disputa entre os dois candidatos. Entretanto, há um problema: a liderança de intenções votos em Lula (PT) em Mato Grosso e, por outro lado, a estagnação da candidatura de Alckmin, que é candidato de Taques (PSDB), de Mauro Mendes (DEM) e de Wellington Fagundes (PR). Se o capital econômico pode alavancar a vitória de Mendes, o capital político de Lula pode alterar a lógica do jogo, tornando-o imprevisível.

    A análise da pesquisa do Instituto Mark, publicada na semana passada, indica a posição de Wellington Fagundes na disputa e, considerando o cenário, os prognósticos não são nada animadores à sua candidatura. Numa eleição em que o eleitorado claramente aponta para o desejo de mudanças, é o candidato mais identificado com a velha política e, sua participação ativa no golpe e na sustentação do governo Temer, pode explicar a razão de ser o segundo candidato mais rejeitado. Essa rejeição tende a aumentar, à medida de sua exposição.

    Militância do partido denuncia a posição política de Wellington Fagundes – Foto: Francisco Alves

    Fagundes foi o primeiro a se colocar como pré-candidato e, desde então o que vimos foi um importante movimento de partidos que primeiro se aglutinaram em torno de seu nome para depois migrarem para a base de Mendes. Graças a Wellington partidos grandes como PSD e MDB foram se deslocando de modo a se conformarem ao espaço previamente delimitado a eles.

    Numa chapa enfraquecida, restou ao PR, o PTB, PP e PCdoB. Fagundes enuncia, nessa condição, constituir um campo centro-esquerda sem Lula em Mato Grosso. Claramente uma retórica sedutora para manter o PCdoB e atrair o PT, tentando aplacar o vigor de sua militância.

    Até a presente data a chapa de Fagundes é a única indefinida e, sobre o PT pesa o seu assédio de todos os lados. Mas, talvez o que mais pese seja a descrença no PT por alguns membros de sua direção. Parece muito estranho que Lula tenha 34% das intenções de votos em Mato Grosso e nenhum palanque certo até o momento; enquanto Alckmin com 4% tem três palanques garantidos!

    Em vários momentos do encontro do partido no sábado, 28, os ânimos ficaram exaltados –
    Foto: Francisco Alves

    Segundo as abordagens do Senador Wellington aos petistas, ele aguarda que a sigla escolha sua posição na chapa: vice ou senado. Com a garantia de quatro ou cinco nomes para as candidaturas proporcionais à Assembleia Legislativa numa chapa dos sonhos: leve e, com nomes de outros partidos que podem ajudar no coeficiente eleitoral para eleger os nossos deputados. Parece irrecusável!

    Mas, no mundo real, não há almoço grátis. Qual o preço Wellington está cobrando do PT para lhe entregar o “melhor dos mundos”?? À esta altura está muito óbvio: o preço é rifar o palanque de Lula em Mato Grosso e impedir o protagonismo do PT.

    Uma candidatura do PT, com a unidade da direção e a militância do partido, num momento tão favorável à candidatura própria, quando 27% do eleitorado diz querer votar num candidato ou candidata de Lula ao Governo de Mato Grosso, pode alterar o jogo e, inclusive, alterar o segundo turno.

    Em todo caso, transforma o PT em jogador, não em peça do jogo. Dá à Lula um palanque, não um puxadinho no palanque de Alckmin!!

    Uma pergunta razoável é: Wellington Fagundes quer captar os votos de Lula em Mato Grosso? A resposta é não! Ele sabe que não pode fazer isso porque seu nome representa a velha política, o golpe e a destruição da qualidade de vida das pessoas que sentem o arrocho, a carestia e seus direitos destruídos. Não é à toa que a pesquisa do Instituto Mark demonstra que seu nome é o segundo mais rejeitado em Cuiabá, município que concentra cerca de 30% do eleitorado.

    A candidatura de Wellington Fagundes é, portanto, uma estratégia política para tirar o PT do jogo. Os votos de Lula para o Governo do Estado, na ausência do PT, beneficiam Mauro Mendes, pois, das três candidaturas postas, a menos desgastada e menos identificada com o golpe é a do empresário e, apesar de pertencer ao mesmo grupo e, ter na sua chapa todos os que construíram e sustentaram o palanque e o governo de Taques (inclusive o seu vice, Fávaro), Mendes se beneficia por ter se mantido afastado no período mais crítico da crise política, produzindo um apagamento de sua vinculação político-ideológica no imaginário do eleitor.

    Nesse sentido, é difícil imaginar que um Senador que tem ainda 04 anos no Senado da República e, que há 32 anos exerce mandatos no Congresso Nacional, se aventure num jogo sem chances de vitória. Então, é preciso identificar qual jogo estão jogando e, o que querem ganhar. Não se trata de ganhar um ou outro mandato de deputado ou governo, mas de derrotar Pedro Taques e impedir o crescimento do PT.

    Assim, a chapa de Fagundes segue em aberto até que, finalmente, o PT seja seduzido. Só não cumpriu essa tarefa, porque o partido conta com uma enorme e apaixonada militância que se apresenta com a tese de candidatura própria, colocando uma cunha nesse jogo que quer evitar o palanque de Lula no estado e o crescimento do PT, num momento fortemente favorável à sigla.

    Nesta semana, ao findar o prazo para as convenções, esperamos que o PT saia ainda mais fortalecido e unido em torno de um projeto para o Brasil e para Mato Grosso, com a garantia do palanque para Lula e uma candidatura que represente os interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras do estado.

    *Edna L. A. Sampaio – Mestre em Ciência Política, Doutora em Ciências Sociais. É Professora da UNEMAT e Gestora Governamental. Sindicalista, militante histórica do PT e Pré-candidata ao Governo de Mato Grosso.

    Mais informações sobre a disputa interna do PT em Mato Grosso? Veja essa entrevista exclusiva da pré-candidata aos Jornalistas Livres https://www.youtube.com/watch?v=bAuLTNQZeqM&feature=youtu.be

     

     

  • Lula defende a imprensa livre e independente contra as mentiras da grande mídia (plim-plim)

    Lula defende a imprensa livre e independente contra as mentiras da grande mídia (plim-plim)

    A história ensina que numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Encontro-me há mais de 100 dias na condição de preso político, sem qualquer crime cometido, pois nem na sentença o juiz consegue apontar qual ato eu fiz de errado. Isso porque setores da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário, com apoio maciço da grande mídia, decidiram tratar-me como um inimigo a ser vencido a qualquer custo.

     

    A guerra que travam não é contra a minha pessoa, mas contra a inclusão social que aconteceu nos meus mandatos, contra a soberania nacional exercida pelos meus governos. E a principal arma dos meus adversários sempre foi e continuará sendo a mentira, repetida mil vezes por suas poderosas antenas de transmissão.

     

    Tenho sobrevivido a isso que encaro como uma provação, graças à boa memória, à solidariedade e ao carinho do povo brasileiro em geral.

     

    Dentre as muitas manifestações de solidariedade, quero agradecer o espírito de luta dos homens e mulheres que fazem do jornalismo independente na internet uma trincheira de debate e verdade.

     

    Desde que deixei a Presidência, com 87% de aprovação popular, a maior da história deste país, tenho sido vítima de uma campanha de difamação também sem paralelo na nossa história.

     

    Trata-se, sabemos todos, da tentativa de apagar da memória do povo brasileiro a ideia de que é possível governar para todos, cuidando com especial carinho de quem mais precisa, e fazer o Brasil crescer, combatendo sem tréguas as desigualdades sociais e regionais históricas.

     

    Foram dezenas de horas de Jornal Nacional e incontáveis manchetes dedicadas a espalhar mentiras – ou, para usar a linguagem da moda, fake news – contra mim, contra minha família e contra a ideia de que o Brasil poderia ser um país grande, soberano e justo.

     

    Com base numa dessas mentiras, contada pelo jornal O Globo e transformada num processo sem pé nem cabeça, um juiz fez com que eu fosse condenado à prisão, por “ato indeterminado”, usando como pretexto a suposta posse de um imóvel “atribuído” a mim, do qual nunca fui dono.

     

    Contra essa aliança espúria entre alguns procuradores e juízes e a mídia corporativa, a blogosfera progressista ousou insurgir-se. Sem poder contar com uma ínfima parcela dos recursos e dos meios à disposição dos grandes veículos alinhados ao golpe, esses homens e mulheres fazem Jornalismo. Questionam, debatem e apresentam diariamente ao povo brasileiro um poderoso contraponto à indústria da mentira.

     

    Lutaram e continuam a lutar o bom combate, tendo muitas vezes apenas o apoio do próprio povo brasileiro, por meio de campanhas de financiamento coletivo (R$ 10 reais de uma pessoa, R$ 50 reais de outra).

     

    Foram eles, por exemplo, que enfrentaram o silêncio da mídia e desvendaram as ligações da Globo com os paraísos fiscais, empresas de lavagem de dinheiro e a máfia da Fifa. Que demonstraram a cumplicidade de Sérgio Moro com a indústria das delações. Que denunciaram a entrega das riquezas do país aos interesses estrangeiros. Tudo com números e argumentos que sempre são censurados pela imprensa dos poderosos.

     

    Por isso mesmo a imprensa independente é perseguida por setores do judiciário, por meio de sentenças arbitrárias, como vem ocorrendo com tantos blogueiros, que não têm meios materiais de defesa. Enfrentam toda sorte de perseguições: tentativa de censura prévia, conduções coercitivas e condenações milionárias, entre outras formas de violência institucional.

     

    E agora, numa investida mais sofisticada – mas não menos violenta – agências de “checagem” controladas pelos grandes grupos de imprensa “carimbam” as notícias independentes como “Fake News”, e dessa forma bloqueiam sua presença nas redes sociais. O nome disso é censura.

     

    Alguns desses homens e mulheres que pagam um alto preço por sua luta são jornalistas veteranos, com passagens brilhantes pela grande imprensa de outrora, outros sem qualquer vínculo anterior com o jornalismo, mas todos movidos por aquela que deveria ser a razão de existir da profissão: a busca pela verdade, a informação baseada em fatos e não em invencionices. Lutaram e lutam contra o pensamento único que a elite econômica tenta impor ao povo brasileiro.

     

    Quantas derrotas nossos valentes Davis já não impuseram aos poderosos Golias? Quantas notícias ignoradas ou bloqueadas nos jornalões saíram pelos blogues, muitos deles com mais audiência que os sites dos jornalões?

     

    Mesmo confinado na cela de uma prisão política, longe de meus filhos e amigos, impedido de abraçar e conversar com o povo brasileiro, tenho hoje aprovação maior e rejeição menor que meus adversários, que fracassaram no maior dos testes: melhorar a vida dos brasileiros.

     

    Eles, que tantos crimes cometeram – grampos clandestinos no escritório de meus advogados, divulgação ilegal de conversas entre mim e a presidenta Dilma, todo o sofrimento imposto à minha família, entre muitos outros –, até hoje não conseguiram contra mim uma única prova de qualquer crime que seja.  A cada dia mais e mais pessoas percebem que o golpe não foi contra Lula, contra Dilma ou contra o PT. Foi contra o povo brasileiro.

     

    Mais do que acreditar na minha inocência – porque leram o processo, porque checaram as provas, porque fizeram Jornalismo – os blogueiros e blogueiras progressistas estão contribuindo para trazer de volta o debate público e resgatar o jornalismo da vala comum à qual foi atirado por aqueles que o pretendem não como ferramenta capaz de lançar luz onde haja escuridão, mas apenas e tão somente como arma política dos poderosos.

     

    A democracia brasileira agradece, eu agradeço a vocês, homens e mulheres que fazem da luta pela verdade o seu ideal de vida.

     

    Hoje a (in)justiça brasileira não só me prende como impede sem nenhuma razão que vocês possam vir aqui me entrevistar, fazer as perguntas que quiserem. Não basta me prender, querem me calar, querem nos censurar.

     

    Mas assim como são muitos os que lutam pela democracia nas comunicações e pelo jornalismo independente, e não caberiam aqui onde estou, essa cela também não pode aprisionar nem a verdade nem a liberdade. Elas são muito mais fortes do que as mentiras mil vezes repetidas pelo plim-plim, que quer mandar no Brasil e no povo brasileiro sem jamais ter tido um único voto. A verdade prevalecerá. A liberdade triunfará.

     

    Forte abraço,

    Lula

     

     

     

  • Edna Sampaio luta por candidatura do PT em Mato Grosso

    Edna Sampaio luta por candidatura do PT em Mato Grosso

    O Partido dos Trabalhadores está em uma encruzilhada histórica no Mato Grosso. Estado tradicionalmente submetido às oligarquias do agronegócio, o grande produtor de gado e soja sempre teve poucos votos de esquerda, concentrados em cidades como Cáceres e Várzea Grande. Mas pela primeira vez na história as pesquisas de intenção de voto colocam Lula à frente dos demais candidatos a presidência, com 34%, e apontam que 27% do eleitores votariam em um candidato (ou candidata) a governador(a) indicado por Lula. O fato inédito estimulou a militância do partido a buscar entre os membros da base o nome de Edna Sampaio, professora e sindicalista filiada há 31 anos.

    No vídeo abaixo, ela fala sobre a possível candidatura, analisa o cenário político no estado e conclama a militância a comparecer no encontro do partido nesse sábado 28 de julho no hotel Mato Grosso Palace para derrotar, no voto e nas teses, parte da diretoria do PT que prefere a coligação com o PR golpista.

    A ideia de Edna e da militância era acompanhar a resolução nacional do partido, definida no início do ano, de fazer alianças apenas com agremiações que apoiassem a liberdade de Lula e sua possibilidade de concorrência nas eleições, viabilizando palanques locais para a campanha, o que não existe em Mato Grosso. No estado, as forças de direita estão divididas entre três candidaturas principais, cada uma com cerca de 15% das intenções de voto: o atual governador Pedro Taques (PSDB – em coligação com o PSL de Bolsonaro), o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM) e o senador Wellington Fagundes (PR). Na esquerda, o PCdoB já anunciou a intenção de se coligar ao PR para viabilizar a candidatura ao Senado da ex-reitora da Universidade Federal do Mato Grosso Maria Lúcia Neder. E o Psol decidiu não fazer alianças e disputar a eleição majoritária com Procurador Mauro, derrotado no pleito para prefeito da capital em 2016.

    Acontece que mesmo diante desse cenário inédito de possibilidade de um segundo turno com candidatura própria e da resolução nacional de evitar alianças com golpistas, parte importante da diretoria do PT de Mato Grosso advoga seguir os passos do PCdoB e fechar coligação com o PR de Wellington Fagundes, que votou pelo impeachment de Dilma Rousseff e a favor das desastrosas reformas do presidente ilegítimo. O cálculo é que a participação na chapa garantiria a eleição de ao menos um deputado federal, mas o tiro pode sair pela culatra.

    “Qual partido com uma liderança como Lula, com o percentual que o PT tem aqui em Mato Grosso, abriria mão disso (a candidatura própria) pra fazer aliança com um candidato que representa as velhas elites oligárquicas, vinculadas ao baronato no agronegócio, e que não representa do ponto de vista eleitoral um percentual significativo sequer pra mudar o quadro de disputa pro segundo turno?”, questiona Edna Sampaio. “Que princípio essa aliança esta obedecendo, se é uma aliança com um golpista, se é uma aliança que representa o que há de mais atrasado na política, que representa as velhas oligarquias aqui do estado e não vai defender o presidente Lula? Qual é o ganho eleitoral, político que a gente tem com uma aliança como essa? Nos esperamos que no dia 28, no sábado, quando teremos nosso encontro, que as pessoas que defendam a aliança com Wellington Fagundes não façam o ‘patrolamento’ como maioria, mas façam uma defesa qualificada das razões que levam à aliança”.

  • Parlamentares dos EUA, incluindo Bernie Sanders, exigem #FreeLula

    Parlamentares dos EUA, incluindo Bernie Sanders, exigem #FreeLula

    “26 de julho de 2018

    Caro Embaixador Sergio Silva do Amaral:

    Nós somamos nossas vozes aos recentes pedidos dos ex-presidentes do Chile e da França, Michelle Bachelet e François Hollande, bem como do ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, em oposição à intensificação do ataque à democracia e aos direitos humanos no Brasil. Nos últimos meses, Marielle Franco, vereadora e defensora de direitos humanos amplamente admirada, foi morta em um assassinato executado profissionalmente, enquanto o principal candidato presidencial para as eleições de outubro no Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso por acusações não comprovadas. Nós respeitosamente pedimos que você trabalhe para facilitar uma investigação independente sobre o assassinato da Sra. Franco; apoiar os direitos dos trabalhadores brasileiros; e trabalhe para assegurar que o Presidente Lula tenha seu direito constitucional ao devido processo legal garantido.

    Em março, nós ficamos horrorizados em saber sobre a execução da vereadora da cidade do Rio de Janeiro, Marielle Franco, uma corajosa defensora dos direitos das mulheres afro-brasileiras e membros da comunidade LGBTQ, e uma destemida ativista contra os assassinatos de jovens pela polícia nas favelas do Rio. Evidências críveis sugerem que membros das forças de segurança do Estados poderiam estar implicados no assassinato.

    Em abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso após um processo judicial altamente questionável e politizado, no qual seus direitos processuais foram aparentemente violados. Os fatos do caso do Presidente Lula nos dão razão para acreditar que o principal objetivo de sua prisão é impedi-lo de concorrer nas próximas eleições.

    O Brasil é atualmente o lugar mais perigoso do mundo para os defensores dos direitos à terra e recursos naturais, segundo a Global Witness. O respeitado grupo de direitos humanos Comissão Pastoral da Terra documentou mais de 70 assassinatos de defensores dos direitos da terra em 2017, incluindo muitos líderes de comunidades indígenas e membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A grande maioria desses assassinatos ficou impune.

    Além disso, desde que assumiu o poder por meio de um controverso processo de impeachment, o governo de extrema-direita do presidente Temer instituiu um congelamento de gastos que desencadeou importantes cortes em programas vitais de saúde e educação, e promoveu um total ataque aos direitos dos trabalhadores. Em fevereiro de 2018, o comitê de especialistas da Organização Internacional do Trabalho descreveu as mudanças de 2017 do governo Temer no direito dos trabalhadores de barganhar coletivamente como “não baseadas em negociações, mas na abdicação de direitos”. Nós encorajamos seu governo a usar sua autoridade para evitar mais ataques aos trabalhadores.

    Nós também exortamos as autoridades judiciais e políticas brasileiras para que garantam eleições justas e proteções aos direitos humanos: os tribunais brasileiros devem avaliar prontamente os méritos das acusações contra o presidente Lula, em que nenhuma evidência material foi apresentada como prova das acusações de corrupção do ex-presidente. Como exortaram ex-líderes do governo europeu, o presidente Lula deve ter sua liberdade concedida enquanto as apelações à sua condenação estão pendentes, de acordo com as garantias constitucionais do Brasil. A luta contra a corrupção não deve ser usada para justificar a perseguição de opositores políticos ou negar-lhes o direito de participar livremente nas eleições.

    Também esperamos ver justiça no caso de Marielle Franco, com os autores de seu assassinato capturados e processados, e medidas sendo tomadas para proteger outros ativistas corajosos que colocam suas vidas em risco denunciando a violência e a injustiça do Estado. Nós nos juntamos aos apelos por uma investigação internacional independente sobre seu assassinato.

    Atenciosamente,

    Mark Pocan (D-WI), Raúl M. Grijalva (D-AZ), Bernard Sanders (I-VT), Ro Khanna (D-CA), Jan Schakowsky (D-IL), Keith Ellison (D-MN), Pramila Jayapal (D-WA), Barbara Lee (D-CA), Adriano Espaillat (D-NY), Eleanor Holmes Norton (D-DC), José Serrano (D-NY), Rosa DeLauro (D-CT), James McGovern (D-MA), Maxine Waters (D-CA), Jamie Raskin (D-MD), Frank Pallone (D-NJ), Zoe Lofgren (D-CA), Alan Lowenthal (D-CA), Alma Adams (D-NC), Yvette Clarke (D-NY), Bobby Rush (D-IL), Linda Sánchez (D-CA), Peter Welch (D-VT), Robert Brady (D-PA), Henry C. “Hank” Johnson, Jr. (D-GA), Karen Bass (D-CA), David Price (D-NC), Luis Gutiérrez (D-IL), Derek Kilmer (D-WA)

     

     

     

     

  • Estado de Exceção avança com condenação de 23 manifestantes no Rio

    Estado de Exceção avança com condenação de 23 manifestantes no Rio

    Por Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá, da www.mediaquatro.com, para os Jornalistas Livres

    O juiz federal Flavio Itabaiana condenou em primeira instância a penas entre 5 e 7 anos de regime fechado, 23 pessoas que participaram de manifestações entre 2013 e 2014. Entre eles não está nenhum apoiador do regime militar, ninguém que fez apologia a torturadores, nenhum político que votou pelo impeachment contra a corrupção ou flagrado combinando propinas e assassinato de parentes.

    Manifestantes pedem a volta da ditadura na reedição da Marcha com Deus e a Família. 15/03/2014. Foto: www.mediaquatro.com

    Mas há estudantes, professores, profissionais liberais, pessoas que tiveram a vida destruída por uma imagem de “black bloc” construída pela imprensa e até uma advogada que adotou um jovem durante esse processo. Há também dois jovens que estouraram um rojão numa manifestação matando um jornalista, mas que respondem a esse crime em outro processo e obviamente foram colocados nesse processo para qualificar todos como “quadrilha armada”, quando de fato nem se conheciam.

    Black Blocs pixam fachada da Rede Globo em São Paulo. Junho de 2013. foto: www.mediaquatro.com

    Entre junho de 2013 (veja aqui uma cronologia das principais manifestações daquele mês) e o agosto de 2014, milhões de jovens e nem tanto foram às ruas lutar, primeiro, por transportes dignos e, depois, por mais direitos, melhor educação, saúde, segurança pública, etc. As reivindicações iniciais eram TODAS de esquerda. 

    Até o dia 13 de junho de 2013, a pauta única das manifestações era a diminuição das tarifas do transporte público e, invariavelmente, reprimidas com força excessiva pela PM. Avenida Paulista 13/06/2013. Foto: www.mediaquatro.com

    Mas a direita, hábil e com apoio monumental da mídia hegemônica, transformou as manifestações em uma luta contra uma corrupção vaga que seria responsabilidade exclusiva da esquerda e especialmente do PT. Não faltaram declarações de que bastava tirar o PT do poder e voltaríamos ao paraíso da moralidade.

    Em 17 de junho de 2013, a maior manifestação em décadas, mudou a pauta das reivindicações. Foto www.mediaquatro.com
    A falta de senso de ridículo e pautas de direita como a redução nos impostos (o que inviabiliza as políticas públicas de educação e saúde, por exemplo) ganham as ruas. 17/06/2013. Foto: www.mediaquatro.com

    Muitos petistas e aliados, por sua vez, passaram a ver nas manifestações uma luta contra o governo e não foram poucos os que apoiaram a repressão que, já em 2014 mas principalmente a partir de 2015, iria recair exatamente sobre as manifestações de corte à esquerda, enquanto as “sem partido”, as que exaltavam a ditadura militar etc passavam a ter selfies com a polícia ao invés de cassetetes e gás lacrimogêneo.

    Manifestação pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Av. Paulista 13/04/2015

    Com a efetivação do golpe em 2016, a direita sumiu das ruas e a esquerda foi massacrada em atos como os contrários à PEC do Teto dos Gastos (veja aqui e aqui ).


    Dezenas de feridos pela PM tiveram de ser carregados pelos manifestantes para longe das bombas de gás e cassetetes. Brasília, dezembro 2016. Foto: www.mediaquatro.com
    Poucos resistiram até o fim, quando o mesmo número de deputados que derrubaram a Presidenta eleita aprovaram a PEC do Teto dos Gastos . Brasília, dezembro 2016. Foto: www.mediaquatro.com

    Se ainda se faz necessária a autocrítica da esquerda sobre o governo de uma ex-guerrilheira que aprovou uma lei antiterrorismo num país sem terrorismo dentro de uma política de conciliação que nasce na campanha de Lula em 2002, também é fundamental repudiar a destruição do Estado de Direito. Aceitar a sentença surreal do juiz Itabaiana (disponível aqui ) é aceitar o Estado de Exceção que permitiu a prisão até hoje de Rafael Braga por portar desinfetante. E também a prisão de Lula por “ato de ofício indeterminado”. Aceitar essa condenação é permitir que QUALQUER UM DE NÓS seja o próximo preso político do Brasil.

    Para alguns dos condenados, aliás, o pronunciamento da sentença nesse momento é um recado das forças conservadoras para que não se faça novas manifestações políticas às vésperas das eleições como, por exemplo, pela libertação do ex-presidente Lula e sua possibilidade de concorrer a um novo mandato. Por isso, 12 dos 23 condenados por Itabaiana divulgaram hoje uma Nota de Repúdio e Chamamento à Luta contra quem pretende criminalizar as manifestações populares e reinstalar a censura no país e encher novamente as prisões de presos políticos.

    #EstadoDeExceção

    #EuApoioOs23

    #NãoÀsPrisõesPolíticas

     

    Liberdade para Lula. Liberdade para Rafael. Liberdade para os 23!

    NOTAS DOS ATIVISTAS CONDENADOS POR CONTA DAS MANIFESTAÇÕES DE 2013/2014

  • CIRO CORTEJA COMUNISTAS

    CIRO CORTEJA COMUNISTAS

    Em busca do apoio do PCdoB à sua candidatura presidencial, Ciro Gomes (PDT) tem realizado verdadeiro périplo. Ontem foi a vez de visitar o governador comunista do Maranhão, Flávio Dino.

    Hoje, Ciro (em companhia do presidente do PDT, Carlos Lupi) encontrou-se com Luciana Santos, presidenta do PCdoB, Renildo Calheiros, do Comitê Central comunista e Renato Rabelo, dirigente histórico do partido.

    No PDT, já se fala até em partilha de cargos. E que a candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, abandonaria a disputa presidencial para participar da corrida eleitoral pelo Palácio Piratini, sede do governo gaúcho (Manuela é deputada no Rio Grande do Sul).

    No PCdoB, os encontros sucessivos de Ciro com os comunistas são tratados apenas como “diálogos necessários entre as forças políticas do campo democrático e progressista”.

    Em suas redes sociais, a presidente do PCdoB escreveu: “A convite do pré-candidato Ciro Gomes, em PE, uma conversa de alto nível sobre os desafios brasileiros.” A convenção nacional eleitoral do PCdoB que vai referendar a candidatura de Manuela D’Ávila à Presidência da República acontecerá no dia 1º de agosto (quarta-feira), em Brasilia-DF.