Jornalistas Livres

Categoria: PT

  • #AgoraÉOficial #LulaÉCandidato

    #AgoraÉOficial #LulaÉCandidato

    #AgoraÉOficial #LulaÉCandidato

    “Em 15/08/2018 às 17:12:03 foi recebido pela Justiça Eleitoral em conformidade com o art. 22 da Resolução TSE nº 23.548 de 2017, o arquivo digital 403OBR99999CLVCLG20180814H221618.cif, gerado pelo Sistema de Candidaturas Módulo Externo – CandeEx, contendo os dados biográficos, fotos e documentos dos candidatos constantes dos Requerimentos do Registro de Candidaturas – RRC,, assim como o respectivo Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários – DRAP.

    Tipo de pedido: COLETIVO

    Requerente:
    O Povo Feliz de Novo
    13 – Luiz Inácio Lula da Silva
    13 – Fernando Haddad”

     

     

    Veja aqui o momento exato em que os representantes da chapa, incluindo Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, assinam a ficha de registro da candidatura: https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1098521370297541/

     

  • José Celso faz discurso histórico sobre Lula

    José Celso faz discurso histórico sobre Lula

    O Teatro Oficina Uzyna Uzona estava lotado para presenciar o lançamento do livro “Lula Livre – Lula Livro”, que reúne textos, ensaios, poesia, prosa, charges e fotos de 90 autores, com presenças ilustres como Eduardo Suplicy, Chico César, Alice Ruiz e muitos outros. O primeiro a discursar no evento foi o diretor do teatro e “anfitrião do evento”, José Celso. Seu discurso enfatizou a potência espiritual de Lula, sua alegria, seu talento para a política e a vida e sugeriu que nós devemos incoporar estas qualidades.

    Leia o discurso completo, transcrito a partir da gravação da transmissão ao vivo realizada pela Fundação Perseu Abramo:

    “Livro? Livro?
    Livro!
    Lula Livre! Livre! Livre!

    Realmente depende de cada um de nós esse momento. Cada um de nós livra o Lula. E tem que livrar porque o Lula é um talento extraordinário que surgiu na sociedade brasileira, na política brasileira. É um ator e um político extraordinário, só comparável a Getúlio e a Leonel Brizola. Ele faz parte da grande arte que é a política. E nesse momento, depois que ele conheceu a Sônia Guajajara, que pôs o dedo na cara dele e falou “Você não fez nada por nós”, ele sacou. Ele sacou o que é exatamente a importância das terras pros seres que cuidam da terra, não somente os indígenas. Os indígenas sagram as terras, têm essa sabedoria. Nós aqui do teatro, que vamos fazer 60 anos, também sagramos não só esse teatro, não só o entorno do Bixiga, do Parque-Rio das Artes do Bixiga. O bairro do Bixiga é um bairro sagrado e ele está ameaçado de ser exterminado agora porque houve um acordo entre os candidatos, o candidato a presidente da República Alckmin…

    (vaias)

    Não, não gasta muita energia não! Aquele cara é um chuchu de picolé. Não, calma.

    E o outro lá, o Dória.

    (vaias)

    Isso eu desafio o jornalismo a pesquisar. Saber como é que é o negócio. Porque é o seguinte: O Sílvio Santos sempre quis trocar o terreno dele, desde que foi tombado pelo IPHAN. Ele disse “Não quero empatar o serviço de você, nem quero que você empate o meu.” Ficamos amigos e tal, mas de repente, depois do Golpichmant, ele quer ter o monopólio do bairro do Bixiga para revitalizar o bairro. Revitalizar é a palavra que ele usa, mas a palavra certa é genocídio. Expulsar a população toda!

    A periferia central de São Paulo é um luxo! O Bixiga é a periferia central. Nesse lugar existe povo. O mesmo povo que está nas periferias existe aqui, e perto de teatros, cantinas, de uma vida vivida de uma maneira, que precisava sim de muito incentivo pras pessoas. As pessoas aqui são muito massacradas. Nós inclusive aqui no Teatro Oficina estamos na mesma onda do Lula Livre e do Parque Augusta.

    Isso não para.

    Mas acontece o seguinte: eu acho importante que algum jornalista tenha coragem de estudar o caso. Porque foi uma cessão de um bairro, a começar pelo teatro, pra massacrar um povo. Quer dizer, é uma coisa… Que a gente tá vivendo um momento! Nossa! Imagine arrochar a saúde! A saúde é a gente. É a vida. Arrochar a saúde por 20 anos! É ridículo acima de tudo. Nós não podemos permitir. Todo mundo tem pulsão de vida. Todo mundo quer viver, todo mundo quer viver com alegria. Você vê as ruas cheias de moradores de rua. Essa situação, eu não vou nem falar nela, porque estou nela, estou vivendo, nós todos estamos dentro dela.

    Mas nós temos uma coisa importante. Nós somos num certo sentido o renascimento. Porque o que tá aí é um quadrado morto. É uma fase do capitalismo imobiliário que traz o momento da maior corrupção do mundo que é a desigualdade. Nunca na história da humanidade houve tamanha desigualdade como existe hoje no mundo. Eles estão apavorados. Esses golpes todos, esse endireitamento do mundo é uma reação deles a todo movimento que veio desde… durante a ditadura, teve 68, movimentos subterrâneos, luta armada, a gente nunca permitiu isso, teve a constituição de 1988… E nós tivemos um momento luxuoso com o Lula.

    Imagina, o Lula! O Lula hoje em dia tem uma compreensão, eu chamo muita atenção pra isso porque é muito importante, nesse ato inclusive a gente pratica isso, é a cosmopolítica. Cosmopolítica é o momento em que você liga o social ao cósmico. O que é o cósmico? É o sol, é o ar que você respira, é a terra que você pisa. Não se trata de uma coisa espiritual é concreto. Tudo isso é concreto. E nós que estamos ameaçados, que estamos aqui há 60 anos, nós somos índios, nós sagramos esse lugar em que nós estamos e nós não admitimos isso.

    Então passa a ser uma luta, e o Lula representa uma luta de todos, pela vida!

    Por isso a política tem que ganhar uma coisa, tem que deixar a seriedade. Saber que a vida é trágica mas é cômica, é ridícula, dá pra rir, tem que rir, alegria é a prova dos 9! Sem alegria não se muda nada, com cara feia, cara de militante, isso já era! É verdade.

    (aplausos)

    A gente tem que entrar nas coisas de corpo e alma, inteirinho, a gente tem que se dar. A ideologia é uma coisa morta. Eu não tenho ideologia nenhuma, nem quero saber. Porque idéias, como disse Oswald de Andrade, levam as pessoas a queimar gente em praça pública, por idéias. São as idéias que nos dominam, as idéias abstratas, abstrações desse capitalismo que não nos reconhece como gente, como bicho humano, gente de verdade.

    O Lula realmente é um ser cosmopolítico. Porque é um cara que, como se diz na minha linguagem mais favorita, que sabe das coisas. O Lula sabe das coisas. Sabe.

    (aplausos)

    Ele não é só um político no strictu sensu, ele é, como tem a mulher da vida, a puta, ele é um homem da vida. Um ser da vida. Ele já passou por tudo que tinha pra passar. E agora ele tá passando por um momento fabuloso. Um movimento que se compara ao suicídio do Getúlio. Porque ele prefere ficar preso do que ser libertado e não poder concorrer. Ele tá lutando por uma causa e muita gente não compreende a grandeza dessa causa. Não compreende, não sabe, porque foi numa balela de um judiciário, que felizmente nos EUA não existe, mas um judiciário que atuamente é a ideologia dominante, do grande Moro.

    Moro? Morô? Moro, qualé? Não dá.
    (vaias)

    Nós fizemos uma peça do Artaud que se chama – Esse casaco aqui é de índio do México, Tarahumara, ele dizia – “Pra dar um fim no juízo de Deus”. A gente não precisa de juízo. A gente não precisa de juiz. Nós somos nossos juízes. A gente vive sob a tirania do juízo bíblico, sob a teoria do Freud, do super-ego, isto é, da polícia na cabeça. Não tem polícia nenhuma! Tira! Fica com o ego, o id e o inconsciente que já dá pra tudo. Não precisa ter polícia interna.

    Por isso a política tem que ganhar uma forma de alegria. A gente só vence se conseguir criar toda uma atmosfera de primavera. Se for uma primavera brasileira. É muito sério: a coisa mais desprezada do mundo chama-se teatro, até então. O próprio Oswald de Andrade quando escreveu o Rei da Vela disse: “A esse enjeitado, o teatro brasileiro.” Mas é que nas épocas como esta o teatro surge. Os teatros todos tão maravilhosos. Tão cheios de gente. Ontem eu vi uma peça extraordinária aqui. E há peças extraordinárias em todos os lugares. Ou seja, há um levante da condição humana. Do poder humano, do poder do bicho homem, ligado à natureza evidente, à natureza animal e vegetal. Quer dizer, é o momento de você assumir totalmente que você é um ser terráqueo, que você tem uma coisa chamada desejo e liberdade. São duas coisas que todo ser-humano tem. É uma coisa que tá acima de tudo e abaixo de tudo. Os baixo são muito importantes. A política precisa rebolar.

    Em Portugal a gente cantava: “Criar, criar, poder popular! Criar, criar, poder popular! A revolução faz quem cria com tesão! É debaixo pra cima! Ah! Ah! É de cima pra baixo! Ah! Ah!” E Portugal ia nessa, porque é uma revolução que ninguém conhece. (aqui ele fala sobre o golpe de Estado que aconteceu em Moçambique em 2017) Vai sair um livro que vai se mostrar um momento de democracia. E é um golpe que veio através televisão. De repente havia um movimento dos soldados, os soldados “unidos venceremos”, a televisão era livre, era uma janela aberta, eu tava montando um filme sobre Moçambique lá com o Celso Lucas, e de repente, estava num restaurante e entra uma imagem da Columbia Pictures e uma porção de enlatado brasileiro.

    Foi um golpe dado pela televisão. Uma coisa assim inacreditável. Era uma coisa que o mundo nem sabe disso. E nós tamos com um material todo que a gente tem que soltar porque a gente viveu isso, a gente sabe disso. Tem que virar livro também. Mas enfim.

    O que é mais importante é o que a gente vai recebendo no corpo através dessa revoluções todas. É o corpo humano junto ligado. Por exemplo, eles têm uma coisa muito bonita, por exemplo… Me dá as mãos. Vem cá Suplicy, vem cá chico. Vamos dar as mãos.

    Eles cantam assim. Todo mundo pode cantar, tamo junto.
    Tamo junto quer dizer, em uma das línguas de moçambique…

    E se todo mundo se der as mãos? Isso é teatro. Os corpos têm que estar juntos. Você tem que sentir o calor das pessoas. É isso que dá força. Juntos, o corpo junto e suingando. Olha aqui pra mim, olha a corrente! Corrente! Firma!

    (todos no Teatro Oficina dão as mãos e cantam juntos um canto moçambicano, em que Zé Celso emenda um “Lula Lá, Lula Livre”)

    Olha, o Lula é mais do que se vê nele. O Lula é um Xamã. Tem que ter a coragem de dizer essas coisas, porque é. Ele não tem só o poder de político no nível realista, de conchavo social. Ele é um poder humano.

    (No teatro, cantam “Olê, Olê, Olê, Olá, Lulá, Lulá!”, Zé Celso grita “Alegria!)

    Se o Lula falou que cada um… Mas não é idéia! Cada um é mais que uma idéia! A idéia não tem nada a ver. Aí eu discordo dele. Eu amo ele, acho ele um xamã, mas não é uma idéia, é incorporação, é macumba! Imagina! Se baixasse o talento do Lula em todos nós! Meu deus! E tem que baixar! O que tem que baixar em nós é a qualidade humana dele, a qualidade divina dele. O Lula é sagrado! O Lula é uma entidade muito forte. Eu acho que tem que começar a ver esse lado. Porque só o lado briguento da política às vezes não revela o poder político de uma tendência na sociedade.

    Essa sociedade não deve fazer cara feia, por favor! Você vê nos programas de esquerda, por favor! O programa do Haddad, eu vi ao mesmo tempo em que vi aquele daqueles bostas todos, com algumas exceções, mas era uma coisa que ficou entre o clube do PT. Não pode ser. Tem que ser aberto. Tem que ser aberto como é o Lula.

    Eu vou embora. Mas eu imploro pra que vocês acreditem que alegria é a prova dos 9 e encontrem motivos viscerais pra lutar. Não adianta ter motivos ideológicos. Motivos ideológicos, abstratos, não têm poder mais. O que tem poder é o poder humano, o poder da expressão da vida, da verdade da vida.

    Vida!
    Vida!

    É uma luta de vida e morte. É uma guerra, porque estão querendo nos matar. A gente tem que reagir com vida e tentar passar uma rasteira nessas pessoas. Tentar antropofagizar, comer toda essa porcaria e vomitar ou cagar ou abençoar. Abençoar é melhor.

    (aplausos)

    Olha, eu quis falar naquela hora porque eu queria implorar pra vocês cultivarem o amor, o humor e muito mais. O humor é imprescindível, a dança é imprescindível. O PT vai rebolar, porque o Lula rebola. O Lula tem jogo de cintura, ele vai, o Lula é grande. Então você tem que ter o Lula dentro, o Lula pinguço, com todos os defeitos humanos e todos as qualidades divinas. Então nós temos que observar esse lado e viver como ele. Seguir o exemplo dele no sentido vital. Claro, cada um na sua área, cada um na sua jogada, cada um do seu jeito, mas deixar essa coisa carrancuda da política de lado. Isso já morreu, é resto de stalinismo. Com todo amor, com toda sinceridade, eu acho que a gente tem que rir disso pra poder vencer isso.”

    *José Celso Martinez, diretor do Teatro Oficina, em sua sede, no dia 13 de Agosto de 2018, na ocasião do lançamento do livro Lula Livre – Lula Livro.

  • Uma conversa sincera sobre alianças

    Uma conversa sincera sobre alianças

    por Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na UFBA


    O jogo da política é esporte coletivo. Ninguém faz política sozinho, nem mesmo nas tiranias, nem mesmo nos regimes de poder mais autoritários. As alianças sempre são importantes, estão sempre sendo costuradas, em todos os lugares onde podemos encontrar seres humanos praticando política.

    E os seres humanos, leitor e leitora, praticam política em tudo quanto é lugar, estão sempre costurando alianças. É isso que nos humaniza.

    Costuramos alianças no trabalho, quando nos aproximamos de determinados colegas e nos afastamos de outros. Costuramos alianças até mesmo em casa, na família, quando construímos relações de afinidade e afeto mais intensas com um irmão e não com o outro, com um primo e não com o outro, com a mãe, ao invés do pai.

    Os políticos profissionais, como não poderia deixar de ser, têm na costura de alianças o fundamento do seu ofício.

    Neste ensaio, falo sobre alianças, tomando como objeto de reflexão as tratativas que envolveram PT e PDT visando uma aliança progressista nas eleições presidenciais de 2018.

    Ao que parece, essa aliança não vai acontecer, pelo menos não no primeiro turno. Acho difícil que aconteça depois também.

    Meu objetivo aqui é examinar a movimentação dos atores envolvidos fora do clima de histeria que tomou a militância de ambos. Quero reconstruir as estratégias acionadas pelas lideranças petistas e pedetistas, examinando as suas expectativas.

    Vamos lá, passo a passo, começando por Ciro Gomes.

    A estratégia de Ciro foi coerente com sua leitura da crise. A leitura, talvez, tenha sido equivocada, mas a estratégia foi coerente. Explico.

    Em outubro de 2016, na ocasião das últimas eleições realizadas no Brasil, todos os dados disponíveis apontavam para o colapso do Partidos dos Trabalhadores: redução drástica no número de prefeituras ocupadas, de mandatos parlamentares, sem contar a derrota acachapante em São Paulo, onde Fernando Haddad, em exercício do mandato e com o controle da máquina, foi batido ainda no primeiro turno por João Dória.

    Por aqueles tempos, não seria um absurdo decretar a morte do PT. Foi essa a aposta de Ciro Gomes, que viu aí a chance de inaugurar um outro equilíbrio de forças dentro do campo progressista.

    Durante quase dois anos, Ciro investiu nessa estratégia, criticando duramente os governos petistas. Ora o alvo de críticas era Lula, acusado de não ter feito nenhuma mudança estrutural, “a não ser a tomada de três pinos”, pra lembrar a ironia feita numa entrevista a Lázaro Ramos. Em outros momentos, era Dilma quem estava na alça de mira, acusada de “não ser do ramo”.

    Em entrevista a Paulo Moreira Leite, Ciro chegou a chamar Lula de ladrão, endossando parte das acusações feitas pela operação Lava Jato.

    Tudo isso pode ser somado à ausência de Ciro Gomes nos palanques petistas, tanto em Monteiro, na ocasião da inauguração da transposição do Rio São Francisco (março de 2017), como nas manifestações que aconteceram em São Bernardo do Campo, na ocasião da prisão de Lula (abril de 2018).

    A mensagem estava clara: Ciro estava disputando a hegemonia dentro do campo progressista. Lendo a conjuntura, Ciro achou que poderia vencer, e apostou alto.

    O caminho para a vitória passava pela costura de alianças, e Ciro Gomes sabia perfeitamente disso. Ciro investiu, então, na aproximação com o tal do “centrão”, antigo aliado do PT, especialmente durante a era Lula.

    Foram meses de conversas, de promessas recíprocas. Mas a conjuntura mudou (em momentos de crise, as conjunturas mudam muito rápido) e Ciro Gomes sofreu um duplo revés:

    1°) A recuperação do lulismo

    A agenda do golpe neoliberal se tornou extremamente impopular. O governo de Temer não conseguiu se apropriar da narrativa de combate à corrupção. Além disso, o desmonte do Estado, o ataque à CLT e a tentativa de destruir a previdência pública, colocaram Temer em confronto direto com o imaginário popular, que desde os anos 1930 é atravessado pela ideia de que cabe ao Estado prover direitos sociais e amparar os mais pobres.

    Direitos trabalhistas e previdenciários são coisas sagradas para os brasileiros e brasileiras. O golpe neoliberal foi inábil, afobado e pode até ter colecionado vitórias institucionais (a PEC dos gastos e a reforma trabalhista, por exemplo), mas se desgastou na opinião pública.

    Com esse desgaste, o capital político de Lula foi reabilitado. Lula se tornou o grande antagonista do golpe neoliberal, ainda que quando presidente tenha sido dócil com os interesses neoliberais.

    Lula passou a ser representado no imaginário popular como o novo “pai dos pobres”, personificando a função social do Estado.

    No imaginário dos mais pobres, a imagem de Lula lembra o prato mais cheio, lembra o crédito facilitado, a energia elétrica, a cisterna. A imagem de Lula lembra a “vidinha digna”, que nos valores populares significa comer três vezes por dia e ter algum conforto material para “criar os meninos”.

    Só isso que explica aquele que, ao menos na minha avaliação, é o dado mais impressionante da crise brasileira contemporânea: mesmo preso, mesmo sendo alvo do mais violento ataque midiático da história do Brasil, Lula ainda venceria as eleições presidenciais, talvez em primeiro turno.

    Ciro Gomes subestimou a capacidade do lulismo de sobreviver à crise. Ninguém faz política no campo progressista sem reivindicar o legado de Lula. Ciro achou que dava pra superar Lula. Errou.

    2°) O conservadorismo do “centrão”

    O centrão é conservador, se alimenta da fisiologia e, por isso, diferente do que fez Ciro Gomes, escolheu apostar baixo. Lendo a conjuntura, o centrão acredita que a polarização ideológica que marcou a história política brasileira nos últimos 25 anos irá se manter nas eleições de outubro: PT x PSDB.

    É com esse cálculo, de que a crise não alterou profundamente a sensibilidade do eleitor brasileiro, que o centrão se divide entre um apoio formal a Geraldo Alckmin e um apoio informal a Lula.

    Os partidos do centrão escolheram Alckmin, mas lideranças importantes flertam com Lula, como é o caso de um Edson Lobão, de um Renan Calheiros, de um Eunício Oliveira.

    Ciro queria o apoio do centrão para isolar o PT e, depois, ditar os termos da aliança. Ciro ficou a ver navios. O centrão lhe disse: “Não vamos trocar o certo pelo duvidoso”.

    Depois do “não” do centrão, Ciro reorientou sua estratégia, adotando um tom mais simpático a Lula e ao PT, como ficou claro na sabatina da Globo News, que aconteceu na semana passada. Quando teve que criticar, Ciro criticou Dilma. É redundante criticar Dilma. É fácil criticar Dilma. Com Lula, Ciro foi gentil, elogioso, bem diferente do que fez ao longo de todo esse tempo.

    Por seu lado, o PT, nas cordas e com o seu grande líder preso e inelegível, pensou seriamente na possibilidade de coligar com Ciro Gomes. Hoje, Ciro é mais forte do que qualquer quadro interno do PT. Todas as pesquisas mostram isso.

    O PT abocanhou o PCdoB e o PSB, para isolar Ciro Gomes e forçá-lo a uma aliança tutelada.

    Entendem, leitor e leitora? As duas partes queriam a mesma coisa: isolar o adversário e depois construir uma aliança tutelada.

    Quem perdeu e quem venceu?

    Por ora, só dá pra responder parcialmente.

    Dá pra cravar que Ciro Gomes já perdeu. O PT ainda não perdeu. Pode perder, mas também pode ganhar.

    Ciro apostou alto, foi ousado e corajoso ao confrontar o capital político mais valioso da história do Brasil. Se tivesse dado certo, seria uma vitória épica que refundaria o campo progressista brasileiro. Não deu certo e, se nada mudar, se as lideranças dos dois partidos mantiverem suas posições atuais, Ciro Gomes será o primeiro derrotado nas eleições de 2018.

    Já o PT vai apostar na estratégia da transferência de votos que já deu certo com Dilma. A diferença é que agora Lula não estará solto por aí, fazendo campanha.

    Mas Lula ainda precisa fazer campanha? Ele já não é conhecido, amado e respeitado o suficiente para transferir votos para qualquer poste sem precisar pisar no palanque?

    O PT acha que sim. Só o tempo dirá.

    Verdade, verdade mesmo é que ninguém é mocinho nessa história, tampouco vilão. Tanto Ciro como PT são players se movimentando no tabuleiro da política. Na política, aliado bom não é aquele com quem tenho afinidade ideológica. Esse pode até ser meu amigo, mas pra ser meu aliado precisa trazer algo. Pra que serve um aliado que só traz ideias, que não tem voto, que não tem mandatos no Congresso? Esse aliado não serve pra nada.

    Aliado bom mesmo é aquele que é forte o suficiente para agregar capital político, mas não é forte o bastante para ditar os termos da aliança. É esse o aliado com quem todos eles sonham: a esquerda, a direita e o centrão.

     

  • Edna Sampaio aceita a candidatura a deputada federal para seguir na luta por #LulaLivre e contra o golpe

    Edna Sampaio aceita a candidatura a deputada federal para seguir na luta por #LulaLivre e contra o golpe

    Nota de uma resistência militante de vozes que não se silenciam!

    Minhas amigas e meus amigos,

    Lutamos com todos os recursos que tivemos por uma candidatura própria do PT. Nos colocamos com a coragem de quem compreende a convocatória deste momento histórico, a responsabilidade que precisamos ter com os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país e de nosso estado. Nos apresentamos com o firme propósito de defender a Democracia, pela liberdade de Lula, pelo seu direito de ser candidato e de ser Presidente do Brasil.Lutamos para que o PT pudesse protagonizar a alternativa política, na defesa de um projeto de desenvolvimento justo, solidário, democrático e popular para Mato Grosso. Fomos vencidos! Vencidos na Executiva Estadual que, embora dividida, obteve a maioria dos votos para interditar nosso projeto de candidatura própria. Foram 7 votos contra 9.

    Não nos resignamos. Era preciso respeitar os que acreditaram em nosso projeto, as esperanças fecundadas, os corações já cansados e as vozes roucas de gritar nas ruas o que o corpo sente: o bolso vazio, o desemprego galopante, a terra sem gente e gente sem terra, a destruição de direitos, o golpe, o açoite.

    Apresentamos recurso contra a aliança junto à Executiva Nacional.

    Para os companheiros e companheiras do coletivo da candidatura própria, além de recorrer contra a decisão da aliança, era necessário que nos colocássemos para a candidatura a Deputada Federal, uma vez que o recurso poderia não ser acolhido pela Executiva Nacional e, é importante participar das eleições, como estratégia de resistência ao golpe, defesa da Democracia, da liberdade e da candidatura de Lula. Continuar a luta no processo eleitoral, não recuar. Entretanto, a Executiva Estadual, impôs a exclusão do meu nome, sob o argumento de que o PT poderia ter apenas um nome na chapa de federal. Uma tentativa de banimento político, uma regressão democrática inaceitável. Apresentamos o segundo recurso à Executiva Nacional.

    Em votação no final do dia de ontem, a Executiva Nacional não deu provimento ao recurso contra a aliança e perdemos por 8 votos a 9. Esgotamos a possibilidade de luta pela candidatura própria, lamentavelmente. Solicitamos, então, a apreciação do recurso contra a exclusão do meu nome da chapada de Federal. Não foi fácil a aprovação. O recurso foi votado quatro vezes e, em três das votações houve empate. O impasse se instalou na reunião da Executiva Nacional. Mato Grosso pautou a reunião durante toda tarde e noite do domingo e, apenas às 22:37h, depois da discussão do recurso do PT de Rondônia é que houve a última votação e, finalmente, nosso recurso foi aprovado por 10 votos a 9, determinando à Executiva Estadual a inclusão do meu nome na lista como candidata a deputada federal.

    Foi uma longa batalha contra nossa interdição, contamos com o apoio de lideranças nacionais dos movimentos sociais (CUT, MST, da educação), mobilizados pelos companheiros desses movimentos em Mato Grosso. Além disso, mobilizamos membros da direção nacional para revertermos a violência imposta a nós em Mato Grosso, perpetrada por quem tem poder. A batalha foi travada entre Cuiabá e São Paulo durante todo dia. Algo de extraordinário aconteceu: rompemos o silêncio e o rolo compressor imposto pela maioria da executiva estadual que queria silenciar as vozes dos que defendiam candidatura própria. Nunca antes a militância, desprovida de poder de mandatos conseguiu tal feito.

    Por que ser candidata numa aliança contra a qual combatemos fortemente? Porque apesar de sermos obrigados a aceitar a decisão das instâncias do partido, não é razoável abandonar a luta, mesmo nas condições impostas.

    Não é razoável aceitar o silenciamento imposto. Lula precisa de nós nestas eleições, precisa de um palanque, de uma defesa da militância e de espaço para essa defesa, precisará também de uma bancada de deputados e deputadas federais comprometidos/as com os interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras para que possa governar.

    Nossa candidatura a federal é resultado da luta que travamos, uma luta muito desigual, e a fizemos porque Lula precisa voltar a governar o Brasil para por fim ao golpe. Fomos, impedidos de lutar com candidatura própria ao Governo de MT, não poderíamos aceitar que também fossemos impedidos de ser a candidatura Federal do Lula em Mato Grosso. 

    Assim, sou candidata a Deputada Federal, por determinação da Executiva Nacional, não como prêmio de consolação ou concessão da Executiva Estadual.Essa candidatura representa a resistência e luta contra o silenciamento que tentaram nos impor. Acatamos a decisão do PT mas, mesmo nesta contradição e constrangimento que a política nos impõe, deixar de ocupar os espaços é entregar nossa luta a quem não irá fazê-la.

    Sou candidata sim, para aqueles que queiram uma alternativa combativa, em favor dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, representando os movimentos sociais e sindicais, do povo que se transforma em vozes de Lula em Mato Grosso. Sou candidata para compor a bancada de federais do Lula e, ajudar a construir uma frente progressista, de esquerda no Congresso Nacional, contra a destruição de nossos direitos e, em favor da Democracia e da Justiça Social Meu compromisso é com a luta contra o golpe, com o povo trabalhador, com o PT e com Lula, SOU 13!!

    Edna Luzia Almeida Sampaio

    Pré-Candidata a Deputada Federal/PT

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    Em ação midiática paralela, o grupo Diálogo e Ação Petista lançou uma série de stickers denunciando os atos e orientando a militância a não votar no candidato a governador da coalização estadual, o senador pelo PR Wellington Fagundes

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    Veja aqui a primeira matéria dos Jornalistas Livres com a então pré-candidata ao governo de Mato Grosso: https://jornalistaslivres.org/edna-sampaio-luta-por-candidatura-do-pt-em-mato-grosso/

  • O PT precisa reaprender a respeitar a sua militância

    O PT precisa reaprender a respeitar a sua militância

     

    As forças democráticas e progressistas já aguentaram muito desaforo. Temer, Eliseu Quadrilha, o bispo Macedo, o gato angorá (Moreira Franco), Garotinho, Cabral, Delcídio Amaral, Henrique Meirelles, entre outros tantos traidores, golpistas e inimigos do povo estiveram, sim, na base de sustentação dos governos Lula e Dilma.

    É preciso aprender com a experiência! Frentes são importantes e precisam ser feitas. Mas até que ponto devem ir as concessões?

    O que a direção do PT dirá às futuras gerações sobre esse atacadão de traidores com quem andava alegremente até que eles se lançassem como lobos famintos contra o único projeto de emancipação do povo em mais de 500 anos?

    Isso tem tudo a ver com a forma como o Partido se lançará na disputa deste ano. E já há motivos de grave preocupação.

    Neste momento, o PT abre mão da linda e promissora candidatura de Marília Arraes em Pernambuco –mulher, jovem, herdeira do melhor de Miguel Arraes–, em nome de uma aliança esquisitíssima com o PSB, partido que votou favoravelmente ao impeachment, destruiu o Estado, e não disse um ai sobre a injustiça contra Lula. Ressalte-se que a candidatura de Marília foi aclamada por esmagadora maioria dos delegados no Encontro Estadual. Foram 230 votos favoráveis, 20 contrários e uma abstenção. Mas que importa? A Direção Nacional do PT tratorou a militância como antes já fizera no Rio de Janeiro, impondo o apoio a Anthony Garotinho, um erro crasso!

    No Mato Grosso, o partido abandona a candidatura da petista Edna Sampaio, mulher, negra, guerreira, porque decidiu apoiar um golpista como Wellington Fagundes, do PR, que já anunciou apoio a Geraldo Alckmin… E essa rendição se dá em troca da possibilidade de manter apenas UM deputado federal e UM estadual. Mesquinharia pouca é bobagem, não é mesmo?

    E o que dizer da tática que leva o partido baiano a se negar a compor com a socialista Lídice da Mata (guerreira histórica pela Democracia e contra o golpe), para ficar de bem com a tradição carlista na Bahia, apoiando a candidatura do deputado Angelo Coronel, que tem 1/8 das intenções de voto de Lídice?

    Já no Ceará, o PT local chegou a considerar um inacreditável apoio informal ao senador Eunício Oliveira (PMDB), golpista de primeira hora, traidor convicto, para que persista na sua corrida insana contra o povo brasileiro.

    É bom que se diga: o PT só conseguiu sair das cordas em que a mídia golpista, o Judiciário politiqueiro e a Fiesp o lançaram desde o mensalão, passando pelo processo de impeachment da inocente Dilma Rousseff até a prisão de Lula, porque contou com a força de uma militância aguerrida, que nunca fugiu à luta.

    Dentre essa militância, elevou-se com destaque o vulto das mulheres, elas que são particularmente afetadas pelo projeto neoliberal que fecha ou precariza hospitais, escolas, creches, postos de trabalho e destrói os sonhos de uma vida melhor.

    É dessa primavera feminista por direitos que surgiram as marílias, ednas e lídices de que se falou acima.

    O PT dirá às futuras gerações que sacrificou no altar dos acordos a qualquer custo, mais uma vez, a vida e a militância dessas lutadoras?

    É melancólico ver Gleisi Hoffmann, uma mulher, ceder ao fiu-fiu machista que ecoa desde Pernambuco, contra a candidatura jovem, feminista, heróica e rebelde de Marília Arraes. É terrível ver o PT abraçado à figura sinistra de Eunicio Oliveira, no Ceará. É triste ver a trajetória impoluta de Lídice da Mata ou de Edna Sampaio (apoiada pelo MST e pela juventude) ficar a meio do caminho porque outros interesses (quais aliás?) se alevantam.

    A história é um trem alegre que, entretanto, não perdoa os erros continuados.

     

    Leia mais sobre Marília Arraes aqui

    Sobre Edna Sampaio, veja aqui, aqui  e  aqui

  • Juventude do PT em Mato Grosso faz moção em defesa da candidatura própria

    Juventude do PT em Mato Grosso faz moção em defesa da candidatura própria

    Moção em defesa da candidatura própria do PT em Mato Grosso
    O golpe liderado pelas forças reacionárias do país vem submetendo o povo brasileiro a um violento processo de empobrecimento e perdas de direitos. Desde a fraude do impeachment que tirou da presidência nossa companheira Dilma Rousseff, presidenta eleita e legítima do país, o governo golpista vem desmontando o Estado, dilapidando nossa soberania e destruindo todas as conquistas populares conseguidas através de lutas históricas e das políticas dos nossos governos.
    O golpe jurídico, parlamentar e midiático suspendeu nossa democracia, cassando direitos e garantias fundamentais e mergulhando o país num Estado de Exceção já conhecido pela população periférica, especialmente pela juventude negra, hoje materializado na perseguição infame e autoritária ao presidente Lula.
    A juventude brasileira é uma das principais vitimas desse golpe. Os golpistas interromperam um ciclo histórico de acesso a emprego, educação e a uma vida mais digna para as juventudes.
    Hoje voltamos aos recordes de desemprego entre os jovens; hoje as universidades fecham novamente as portas aos jovens trabalhadores, negros, indígenas; hoje voltam subempregos e precarização extrema da vida das juventudes na periferia. A geração de hoje e a da próxima década poderão estar submetidas a um sucateamento nunca antes visto da educação, da saúde e ao fim, na prática, da previdência.
    Aqueles que empenharam todas as suas forças para referendar o impeachment fraudulento da presidenta Dilma elegeram ali, conscientemente, o projeto criminoso derrotado nas urnas que hoje arrasa a vida dos brasileiros e das brasileiras.
    Em Mato Grosso assim como na conjuntura política nacional, aqueles que em 2016 foram entusiastas do golpe, não conseguem se aglutinar em somente uma candidatura. O que não significa na prática que todos esses setores pertencentes ao agronegócio genocida têm interesse direto na continuidade e consolidação da Ponte para o Retrocesso.
    Enquanto Pedro Taques (PSDB) foi o primeiro governador do Brasil a se posicionar favorável publicamente no decorrer do processo de impeachment da Presidenta Dilma, Wellington Fagundes (PR) foi um dos principais articuladores entre os parlamentares mato-grossenses na comissão do golpe, instaurada no Senado Federal. Posteriormente, ambos aplicaram na íntegra a cartilha do Imperialismo contra nossos direitos. Emenda Constitucional que congela os investimentos nas áreas sociais (tanto nacional, quanto estadualmente), contrarreforma trabalhista, lei da terceirização irrestrita, reforma do Ensino Médio e assim por diante.
    É notável a movimentação desses setores golpistas (que no fim das contas são todos farinha do mesmo saco) uma estratégia de inviabilizar o PT-MT eleitoralmente. Afinal, em nosso estado, cerca de ⅓ do eleitorado diz que vota no candidato a governador(a) que o Lula apontar.
    A juventude do PT em Mato Grosso considera inconcebível uma aliança com setor que aplicou o golpe nos direitos da juventude e de toda classe trabalhadora.
    Tal fato destruiria todo o esforço de reaproximação da nossa base social e política no estado, esvaziando a possibilidade de reaglutinação do campo popular em torno do PT, e saúda com muito entusiasmo militante as pré-candidaturas ao governo do estado da Professora Edna Sampaio e da Professora Enelinda Scala ao Senado, pois são pré-candidaturas percebidas como legitimas candidaturas das forças que enfrentaram o golpe e defendem a volta de Lula à presidência da República. Abrir mão disto em nome de uma aliança com setores que não tem compromisso algum com nossa defesa de Lula Livre e Lula Presidente significaria trocar a possibilidade de excepcional protagonismo pela condição de partido vazio de significado político, convertido em legenda palaciana por um bom tempo.
    A juventude do PT em Mato Grosso entende que qualquer aliança que não se enquadre com as apontadas no último PED (setores antiimperialisatas, anti-latifundiários, anti-monopolistas e radicalmente democráticas) nos diluiria numa coligação que em nada se comunica com nossa base social e que jamais terá como prioridade a defesa de Lula e a luta contra o golpe em suas mais profundas dimensões.
    A juventude do PT em Mato Grosso acredita que a vontade política da base do partido deve ser respeitada. Não compreendemos a insistência de setores do partido numa aliança que nos rebaixa politicamente no estado sem oferecer nenhum ganho político consistente ao PT, contraposta a uma pré-candidatura petista que defenda Lula Presidente como uma verdadeira saída política contra o golpe, tendo consequentemente reais chances de vitória. Não aceitamos qualquer tipo de veto ao exercício da liderança política por parte de jovens filiados e filiadas, compreendemos que a juventude petista tem autonomia política de ter posição.
    O Partido dos Trabalhadores não tem dono, pertence à sua militância e aos sonhos dos bravos e bravas trabalhadores e trabalhadoras que o constroem diariamente com a força de seus sonhos.
    Convocamos toda a juventude petista para seguir mobilizada e firme em defesa da candidatura própria do PT ao governo do estado, atualmente posta na pré-candidatura de Professora Edna Sampaio, para enfrentarmos no nosso estado as forças golpistas com seus diversos palanques e garantirmos aquilo que para nós é central: a defesa de Lula, do nosso projeto, para mudar, novamente, o Brasil e a vida da juventude mato-grossense.
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    Resolução do Congresso Extraordinário da JPT (ocorrido em junho, em Curitiba)
    1) Dois anos de golpe arremessaram o Brasil no caos social e ameaçam o presente e o futuro da juventude e dos trabalhadores.
    2) Lula é há mais de 100 dias é um preso político, numa prisão oriunda de um processo sem provas, organizado pela operação lava jato com a anuência do STF e as ameaças do exército. O mesmo acontece com nossos companheiros presos injustamente, José Dirceu, João Vaccari Neto e Delubio Soares, vítimas de processos fraudulentos, alimentados pela indústria da delação premiada.
    3) Essas prisões aprofundaram o Estado de Exceção no Brasil e se combinam com a política do governo golpista de Michel Temer. Ambos atendem diretamente aos interesses do capital financeiro internacional, do Imperialismo (principalmente dos EUA) que, frente a crise do capital para garantir a sobrevivência do sistema, desenvolve uma ofensiva contra todos os povos ao redor do globo.
    4) São estes mesmos interesses do capital financeiro que estão por trás dos bombardeios à Síria, do inaceitável massacre de crianças palestinas – e o impedimento ao retorno de seu povo.
    5) É o que está por trás da manutenção da miséria no continente africano, da ofensiva contra os direitos trabalhistas na Europa, da ofensiva estadunidense contra a China e Rússia e suas tensões com a Coréia do Norte, das tentativas de ingerência na Venezuela, com um bloqueio econômico, enfrentado bravamente pelo povo venezuelano que reelegeu Maduro recentemente, além da assembleia constituinte.
    6) É o que está por trás do golpe no Brasil. Um golpe parlamentar, jurídico, midiático, que retirou do governo a presidenta Dilma e o Partido dos Trabalhadores, mas foi muito além, avançando o desmonte da soberania nacional, a manutenção do caráter dependente da economia aprofundando, a precarização do trabalho e a desindustrialização, o ataque as liberdades democráticas e a retirada dos direitos da classe trabalhadora, que são objetivos estratégicos que unificam a coalizão golpista.
    7) Começou por reverter a lei do Pré Sal, importante conquista dos governos Lula e Dilma, cujos royalties estavam destinados à saúde e educação, para entregar o Petróleo brasileiro para as multinacionais e visa ainda atacar a soberania nacional com projetos de privatização da própria Petrobras, da Eletrobras e demais empresas públicas estratégicas.
    8) Acabou com a sequência de ampliação dos investimentos em saúde e educação nos anos de governos do PT para aprovar a emenda Constitucional 95 que congela os investimentos em áreas sociais, deixando estranguladas as universidades públicas, paralisando a expansão de universidades e escolas técnicas, diminuindo as verbas para o FIES e, mais recentemente, colocando fim ao programa Farmácia popular.
    9) Acabou com a valorização do salário mínimo. Aprovou uma reforma trabalhista que rasga direitos dos trabalhadores e com a queda no investimento social provocou a ampliação do desemprego que já chegou a casa dos 13%, que na juventude já alcança os 30%, enquanto 1 em cada 4 jovens está sem trabalhar e sem estudar, o que é demonstrado pela ampliação da evasão em escolas, os quase 200 mil jovens que deixaram as faculdades privadas, os 2 milhões a menos de candidatos no ENEM e a enorme e revoltante volta da fome e da miséria que vem assolando o país, colocando novamente no cenário social o trabalho infantil.
    10) A lista do pacote de maldades do governo golpista não termina por aí, ameaça reverter cada conquista da classe trabalhadora em décadas de luta.
    11) É da subserviência desse governo ao capital internacional que deriva a atual política de preços da Petrobras e a preparação de sua privatização, o que resultou em aumentos consecutivos do preço do combustível e do gás de cozinha, levando milhares de pessoas a cozinhar com lenha e gerando a mobilização dos caminhoneiros que desabasteceu o país e, agora, a dos petroleiros, que acertadamente exigem uma mudança dessa política.
    12) É importante salientar, que em meio a essa ofensiva o povo brasileiro busca resistir de diversas maneiras.
    13) Ainda em 2016 os estudantes secundaristas brasileiros protagonizaram o importante movimento de ocupação das escolas. Estudantes universitários realizam constantemente greves e manifestações, como recentemente na UNB e na UFMT.
    14) Os trabalhadores, organizados por seus sindicatos, a CUT e demais centrais, realizaram a maior greve geral da história desse país – com apoio enfático da juventude – que conseguiu impedir a aprovação da reforma da previdência e dividir os golpistas.
    15) Vem dessa resistência do povo brasileiro a necessidade deles de prender Lula e perseguir o PT e seus dirigentes históricos.
    16) Afinal, passados dois anos, liderando a resistência popular contra o golpe e suas consequências, o PT voltou a ter a preferência de 20%, enquanto Lula chega aos 40% e pode vencer as eleições no primeiro turno. Nesse processo milhares de jovens participaram das manifestações, compareceram às caravanas de Lula pelo país e diariamente dezenas de jovens se filiam ao Partido dos trabalhadores.
    17) A Juventude do PT tem uma enorme responsabilidade pela frente. Nascido da força da juventude sindical, estudantil, militante rural e das comunidades eclesiais de base, o PT ainda se depara hoje proporcionalmente com níveis muito menores de filiados jovens, fruto não apenas do envelhecimento da população, como também da dificuldade objetiva de absorver as demandas e as organizações de juventude atuais.  Nós temos a obrigação de organizar amplamente essa juventude que se dirige ao PT e com ela, ajudar os jovens brasileiros a se ligar às lutas da classe trabalhadora para resistir e virar esse jogo!
    18) Nesse caminho não podemos repetir erros do passado. A situação exige reafirmar a candidatura de Lula. Não há plano B. Eleição sem Lula é fraude!
    19) Lula é o único que pode derrotar a coalizão golpista e todos os seus representantes e as falsas saídas que representam.
    20) A intervenção militar não é solução como bradam grupos de extrema direita ou pessoas manipuladas. A ditadura militar perseguiu trabalhadores, prendeu, torturou e matou. Dilapidou o patrimônio nacional, arrancou direitos e precisou ser vencida com o suor e sangue de milhares de militantes que dedicaram suas vidas à democracia em meio a um processo que resultou na criação do próprio PT e da CUT.
    21) O fracasso da intervenção militar no Rio, com prisões ilegais, ataque as liberdades democráticas, a incapacidade de solucionar a execução de Marielle (Mais de três meses depois!) são outra expressão disso. É preciso, aliás, por um fim nessa intervenção e impedir a constante utilização do exército como meio de repressão do povo, como se viu novamente na greve dos caminhoneiros.
    22) A única solução para a crise do país passa por Fora Temer e pela realização de eleições livre e democráticas, com Lula Livre e candidato, para que o povo possa escolher quem deseja.
    23) Nessas eleições buscaremos eleger os candidatos do PT para assembleias, câmara e senado, além dos governos do Estado. Mas acima de tudo vamos eleger Lula pois ele é o único capaz de impulsionar um programa e uma estratégia de transformações políticas sociais e econômicas profundas no país, em favor da classe trabalhadora. Para isso é necessário revogar as medidas do golpe através da convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana (pois com um congresso com as atuais regras não dá), como afirma a resolução do 6° Congresso do PT e como afirmou Lula no histórico discurso de São Bernardo do Campo: “A prioridade é garantir a que este país volte a ter cidadania. Não vão vender a Petrobras! Vamos fazer uma Constituinte! Vamos revogar a lei do Petróleo que eles tão fazendo!” (Lula)
    24) De fato é preciso revogar a lei do Petróleo, recuperar a Petrobras e outras empresas privatizadas a preço de banana, voltar a financiar a saúde e a educação com o Pré Sal.
    25) É preciso combater o genocídio e o encarceramento da juventude. Este genocídio que aflige a juventude negra brasileira tem como base o racismo estrutural que é marca da nossa sociedade. Ele se alimenta da vulnerabilidade extrema na qual se encontram nossos jovens. Para enfrentar essa situação é preciso ter a juventude negra como centro das políticas públicas dos governos petistas, especialmente na Educação, e construindo perspectivas de bem viver para essa população. Precisamos ainda, apresentar um projeto alternativo de segurança pública que passe por desmilitarizar a polícia militar e mude a política punitiva de hiperencarceramento que lota nossos presídios com jovens.
    26) É preciso legalizar o aborto, cuja proibição mata mulheres todos os dias.
    27) É preciso revogar a emenda constitucional 95, voltar a investir em educação, expandir universidades e escolas técnicas, aprofundar o debate sobre federalizar o ensino médio como prometeu Lula, combatendo as falsas soluções da militarização de escolas civis ou de terceirização de escolas públicas.
    28) É preciso colocar um freio no obscurantismo crescente, acabar com os projetos de escola sem partido, enfrentar o machismo e a LGBTFobia crescentes.
    29) É preciso revogar a reforma trabalhista, recuperar direitos dos trabalhadores e empregos para o povo brasileiro.
    30) É necessário um programa de reformas democráticas e populares capazes de superar este modelo econômico conservador e neoliberal em curso no país. E garantir um desenvolvimento com soberania nacional, democracia e garantia dos direitos para a classe trabalhadora, com a reforma agrária, urbana, a reforma tributária progressiva, reforma política, do sistema judiciário (estabelecendo controle social) e democratização da mídia.
    31) Para isso é necessária uma política de alianças com os movimentos sociais e com setores que aglutinem quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, anti-monopolista, anti-latifundiária e radicalmente democráticas. O PT não deve se aliar com os setores golpistas que são os responsáveis por colocar o país na condição de exceção democrática e pelos retrocessos que afligem a classe trabalhadora.
    32) Essa conjuntura coloca a necessidade de reafirmar o nosso projeto político e nossa identidade partidária. Por isso a JPT defende a centralidade em lançar e fortalecer candidaturas próprias ou a aliança eleitoral que defenda a liberdade e eleição presidencial de Lula. Repudiamos movimentações que busquem abrir mão de nossas candidaturas por acordo que não contribuem para a disputa programática tampouco para os resultados eleitorais e a defesa da candidatura do Lula.
    33) Para garantir Lula Livre, Lula presidente e voltarmos a garantir um futuro para a juventude e os trabalhadores brasileiros temos uma enorme luta pela frente. Temos o desafio de transformar uma luta que até agora foi de milhares numa luta de milhões de homens e mulheres. Precisamos ter firmeza e ousadia!
    34) Buscando enfrentar esse desafio a JPT resolve:
    Organização e lutas
    35) Construir uma grande campanha de filiação para apresentar a militância partidária às jovens e aos jovens dispostos a enfrentar o neoliberalismo e o desmonte de direitos.
    36) Incentivar a organização de atividades de recepção para jovens filiados, principalmente os recentes filiados online.
    37) Organizar e impulsionar núcleos de jovens petistas em bairros, faculdades, escolas e locais de trabalho!
    38) Apresentar a unidade na ação para aprofundar relações entre a JPT e a juventude dos movimentos sociais ou que tem referência no PT e Lula, discutindo os métodos adequados para aprofundar tais ações.
    39) Criar uma plataforma que unifique as candidaturas jovens do PT para contribuir com as campanhas. Deste modo, saudamos as pré-candidaturas da companheira Ana Carolina a Deputada Estadual e do companheiro Adriano Plácido a Deputado Federal, bem como a de qualquer outro jovem que venha disponibilizar seu nome.
    40) Organizar uma campanha de auto financiamento da JPT e manter a defesa de 5% do fundo partidário para a juventude.
    41) Orientar o acompanhamento sistemático da frente Brasil Popular em todos os níveis.
    42) Promover intercâmbios de experiencias com os movimentos sociais e sindicais sobre as diferentes táticas de luta.
    43) Organizar a parceria com a mídia alternativa e popular.
    44) Buscar organizar que todas as candidaturas majoritárias do PT tenham uma coordenação de campanha de juventude.
    45) Organização a jornada de formação da juventude do PT, junto da secretaria nacional de formação.
    46) Buscar organizar os jovens petistas do movimento sindical, em especial da CUT.
    47) Orientar a impulsão e ação de comitês Lula Livre, Lula presidente por todo o país
    48) Organizar uma grande Marcha da Juventude à Brasília no dia 15 de agosto para registrar a candidatura de Lula como candidato a presidente do país.
    49) Organizar uma campanha permanente pela Liberdade dos nossos presos políticos, Lula, José Dirceu, Vaccari e Delubio.
    50) Organizar, enquanto Lula estiver preso, em todo dia 13 de cada mês um dia nacional de mobilização da JPT, com orientação para que secretarias estaduais, municipais, núcleos da JPT organizem panfletagens e manifestações (com panfleto próprio da JPT a ser produzido pela executiva nacional da JPT)
    51) Garantir a realização do 4° congresso da juventude do PT no primeiro semestre de 2019 com etapas municipais, estaduais e nacional, propiciando discussão e participação democrática com a eleição de delegados na base garantindo ampla mobilização, a legitimidade e representatividade na renovação das instâncias da direção da JPT, cujo cronograma e regimento será divulgado até dezembro de 2018.