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Categoria: Privatização

  • Origem do golpe, Pré-Sal é cada vez mais dos gringos

    Origem do golpe, Pré-Sal é cada vez mais dos gringos

    Do site da FUP (federação única dos petroleiros)

    Multinacionais levaram 70% dos 12 bilhões de barris doados a R$ 0,26.  Participação mínima garantiu à Petrobrás 30% das reservas leiloadas, o que só foi possível, em função da resistência da FUP contra o desmonte da Lei de Partilha

    Mergulhado em escândalos de corrupção e sem apoio algum da população, o governo Temer entregou mais oito bilhões de barris de petróleo às multinacionais, ao concluir nesta quinta-feira (07) a 4ª Rodada de Licitações do Pré-Sal, onde cada barril saiu ao preço médio de R$ 0,26. Os três campos leiloados – Dois Irmãos (na Bacia de Campos), Três Marias e Uirapuru (na Bacia de Santos) – contêm reservas estimadas de 12,132 bilhões de barris de petróleo. A Petrobrás, mesmo pagando o maior valor em bônus do leilão (R$ 1 bilhão do total de R$ 3,150 bilhões arrecadados) e exercendo a preferência dos 30% de participação mínima nos consórcios, como prevê a lei, terá direito apenas a 3.999 bilhões de barris. Ou seja, 33% das reservas licitadas.

    A petrolífera norueguesa Statoil foi a grande vencedora do leilão, ao abocanhar 2.783 bilhões de reservas de petróleo com participações estratégicas nos blocos de Uirapuru e Dois Irmãos. A norte-americana ExxonMobil, que estreou como operadora no Brasil em setembro passado e já havia sido beneficiada com blocos da franja do Pré-Sal nas 14ª e 13ª Rodadas, avançou consideravelmente sobre as reservas do país, ao garantir mais 2.184 bilhões de barris de petróleo com os 28% de participação no valiosíssimo campo de Uirapuru, que está estrategicamente localizado ao lado de Carcará. Na gestão Pedro Parente, a Petrobrás entregou à Statoil 66% da participação que tinha nesse mega campo da Bacia de Santos. Agora, a Statoil e a Exxon terão juntas 56% de Uirapuru, após pagarem em média R$ 0,30 por cada um dos 7,8 bilhões de barris de reserva do campo.

    Sem a luta da FUP, nem 30% a Petrobrás teria

    “É bom lembrar que os 30% de participação que a Petrobrás garantiu nos campos leiloados só foram possíveis em função da resistência da FUP em 2015 e em 2016, quando a Shell e outras multinacionais, através do projeto de Serra, conseguiram alterar a Lei da Partilha, e tiraram da nossa empresa a exclusividade na operação do Pré-Sal. A resistência da FUP e de seus sindicatos que garantiu à Petrobrás exercer pelo menos a preferência dos 30%, pois o projeto original era acabar também com a participação mínima da empresa”, recorda o coordenador geral da FUP, Simão Zanardi, se referindo ao PLS 131/2015 do senador José Serra (PSDB/SP), que foi aprovado no Congresso Nacional, em outubro de 2016, logo após o golpe do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Se não fosse a luta da FUP, nem esses 30% a Petrobrás teria”, ressalta Zanardi.

    Em dois anos de golpe, cinco leilões de petróleo

    Em dois anos do golpe, o governo Temer já realizou cinco leilões de petróleo, onde entregou às multinacionais áreas preciosas do Pré-Sal, enquanto o povo brasileiro é obrigado a pagar preços absurdos pela gasolina, diesel e gás de cozinha. Considerada a maior descoberta de petróleo da atualidade, o Pré-Sal com pouco mais de dez anos de exploração, já representa cerca de 55% de toda a produção brasileira. Somente um poço produz em média 50 mil barris por dia, o que representa 63% de toda a produção da Itália e 35% da Dinamarca. Muitos países sequer conseguem produzir a quantidade que um único poço do Pré-Sal produz.

    “A entrega dessas reservas está condenando gerações futuras a não poder desfrutar da riqueza desse recurso natural que foi descoberto pela Petrobrás e está sendo apropriado pelas multinacionais”, afirma Simão Zanardi.  “Estamos vendendo petróleo para depois importar derivados, isso significa exterminar com a produção nacional. Voltamos ao colonialismo dos tempos de Fernando Henrique Cardoso”, alerta, ressaltando que a Petrobrás faz o jogo do mercado e dos golpistas ao exportar óleo bruto do Pré-Sal para que as empresas estrangeiras lucrem com a importação de produtos refinados.

    “A atual gestão da Petrobras está vendendo ao mercado internacional um petróleo que vai fazer falta ao Brasil. Saiu Pedro Parente e entrou Ivan Monteiro, mas a política de privatização continua”, declara o coordenador da FUP, avisando que os petroleiros seguirão mobilizados na luta em defesa da soberania nacional e contra o desmonte da Petrobrás.

    [FUP]

  • Pesquisa Vox Populi: Brasileiros são contra privatização das empresas públicas

    Pesquisa Vox Populi: Brasileiros são contra privatização das empresas públicas

    De acordo com a pesquisa Vox Populi a maioria da população rejeita a privatização (55% a 23%). As regiões que mais rejeitam são o Sudeste com 59% e Centro Oeste/Norte com 57%.

    A pesquisa revela que as privatizações  dos últimos 30 anos que os preços dos produtos/serviços nessas empresas privatizadas ficaram mais caros para 42%, já para 38% o número de empregados nessas empresas privatizadas diminuiu e para 31% o salário ficou menor. somente 11% acham que a privatização trouxe benefícios.

    A matéria aponta que 60% é contra a privatização da Petrobrás  “e 59% disseram que a venda da companhia só interessa a empresários, os investidores e os mais ricos”.A maior parte da população rejeita a venda dos Bancos públicos e da Eletrobras.

    Do site da FUP (Federação única dos Petroleiros)

    A maioria dos brasileiros é contra privatização de empresas e serviços públicos, segundo pesquisa CUT/Vox divulgada nesta segunda-feira (28). Entre as consequências das privatizações, os entrevistados citaram preços mais caros, demissões de trabalhadores, redução de salários e mais: não é um bom negócio nem traz benefícios para o Brasil, só beneficia empresários, investidores e os ricos.

    Perguntados se concordavam com a privatização da Petrobras, 60% foram contra e 59% disseram que a venda da companhia só interessa a empresários, os investidores e os mais ricos.

     

    A mesma opinião têm os 61% contrários à venda da Caixa Econômica Federal para o sistema bancário privado e os 58% que discordam da entrega do Banco do Brasil e os 57% que se opõem à perda do controle público da Eletrobras.

    Mais da metade, 55% dos entrevistados, discordam das privatizações em geral. Outros 23% são a favor e 22% não souberam ou não quiseram responder. As informações são de Marize Muniz, do Portal CUT.

    Os 23% que são a favor da privatização se dividem entre quem acha que todas as empresas e serviços deveriam ser privatizados e os que acham que apenas algumas, que não forem de setores estratégicos. Entre os 55% contrários a privatização, 59% não querem que nenhuma seja vendida; 31% apenas algumas.

    Bancos públicos

    Os bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, são indispensáveis ao desenvolvimento nacional para 49% dos entrevistados. Outros 26% acham que os bancos privados são capazes de fazer as mesmas coisas e que a privatização do BB e da Caixa seria boa para o país.

    Para 47%, se a Caixa for privatizada muitas cidades do interior vão ficar sem agências bancárias e muitos programas sociais vão diminuir ou parar de funcionar. Para 27%, isso não vai acontecer.

    Confira a íntegra da pesquisa.

     

  • Terceirização continua via decreto de prefeito e preocupa trabalhadores de Sorocaba

    Terceirização continua via decreto de prefeito e preocupa trabalhadores de Sorocaba

    Foto: Foguinho/Imprensa SMetal

     

    Por Fernanda Ikedo

    Foi rejeitado por um voto o projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/2018, que tornaria obrigatório o aval do poder Legislativo para a permissão de empresas privadas assumirem serviço público (na prática, a terceirização) em Sorocaba.

    A discussão do projeto, em sessão extraordinária, começou às 12h40 desta quinta-feira, 17, e a votação dos vereadores encerrou por volta das 15h. Os servidores municipais, professores, trabalhadores da saúde, principalmente da UPH da Zona Leste, participaram em peso da sessão.

    Em peso, eles pressionaram os vereadores pela aprovação do projeto. Cartazes, gritos de guerra, “não vai se reeleger”, “vote com o povo”, “Pastor Apolo, Deus tá vendo”, “Vitão, não seja cachorrão”, “Dini, a Vila Hortência está aqui”, “Fausto Peres, o Paineiras está aqui”, etc. Mesmo assim, esses vereadores e mais o Militão, Irineu Toledo e Wanderley Diogo não votaram com o povo e disseram não à fiscalização das concessões públicas com parceria público privada.

    Foto: Foguinho/Imprensa SMetal

    Corrupção na MERENDA escolar

    “Terceirização sem fiscalização é um desastre completo”, salientou a vereadora Iara Bernardi (PT) na abertura da discussão. Ela elencou uma série de exemplos de terceirização feita pelo governo municipal que é alvo de operação da Polícia Federal.

    Por sua vez, o vereador Renan Santos (PCdoB) afirmou “ser papel do legislativo fiscalizar e legislar. Se nos furtarmos de cumprirmos esse papel não seria preciso ter esta casa legislativa”, defendeu.

    Entre os exemplos de terceirização sem fiscalização citados por Iara está o contrato com a empresa ERJ, que fornecia merenda escolar em Sorocaba está envolvida na Operação Prato Feito, desencadeada no dia 9 de maio, por fraudes em licitações. Conforme divulgação da Polícia Federal, essas fraudes para a contratação de empresas fornecedoras de merenda às escolas da rede pública de Sorocaba aconteceram durante todo o período de 1997 a 2015.

    Houve constatação de uma simulação de concorrência entre as empresas Coan e ERJ entre 1997 e 2002 e de acordo com o relatório da PF a Coan ainda continuaria prestando serviços na área. Agora, por meio das empresas Pack Food (ainda operando em Sorocaba), G&T Cozinha Industrial e Silus Serviços Eireli, que, segundo as investigações, continuariam pertencendo ao mesmo núcleo de empresas.

    Outros exemplos de desvios de verba e irregularidades na terceirização estão na área da saúde da cidade com as empresas Moriah e Cies Global.

    Foto: Foguinho/Imprensa SMetal

    Pela transparência

    Professora há mais de 30 anos, Maria Cristina Pires, do movimento Vem Pra Luta, criado por um grupo de professoras de Sorocaba ressaltou à imprensa SMetal que a terceirização não é a saída. “Mas caso não haja outra saída seria um processo melhor e mais transparente passar pela Câmara”, afirma.

    A transparência, a independência do legislativo, o ato legal de fiscalizar os contratos, também foram alguns dos argumentos dos vereadores que foram a favor do projeto. Até a vice-prefeita, Jaqueline Coutinho apareceu no plenário para sinalizar que era a favor.

    Inclusive, o presidente do legislativo, Rodrigo Manga, autor do projeto, é do mesmo partido do prefeito Crespo (DEM).

    Com os ânimos acirrados no plenário e na galeria, um dos vereadores informou que Crespo andava mandando mensagem por whats app para intimidar vereadores a votarem contra o projeto.

    Esses “fios invisíveis”, como foram chamadas as intimidações do chefe do executivo, causaram indignação e revolta nos trabalhadores, que chegaram a gritar por greve geral.

    Antiga fórmula “SUCATEIA, depois privatiza”

    Questionado pela imprensa SMetal, o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Salatiel dos Santos Hergesel, afirmou que em um ano e meio de mandato Crespo (DEM) nunca chamou os servidores para conversar.

    “Ele quer sucatear o serviço público para justificar a terceirização”, ressalta. Para ele, é possível prestar um bom atendimento público com servidores públicos municipais, mas é necessário reestruturar a carreira do profissional da saúde, chamar os concursados e fazer ajustes.

    A partir do dia 14 de julho, 283 trabalhadores da Unidade Pré-Hospitalar da Zona Leste de Sorocaba estarão na rua e 700 atendimentos diários, inclusive de emergência, deixarão de ser atendidos ou terão que ser repassados, sobrecarregando outras unidades, da zona norte e do Éden.

    “Somos contra a terceirização e muito menos de deixar a população na mão. Se o contrato da UPH da Zona Leste está vencendo e não pode ser renovado com o Banco de Olhos (BOS) – numa parceria publico privada – então, por que Crespo não planejou uma solução seis meses atrás?”, reforça Salatiel.

    Há poucos dias, os trabalhadores se uniram contra a terceirização e contra os desmandos autoritários de Crespo.

    Com informações  dos sindicato dos metalúrgicos de Sorocaba e região

  • Chineses causam apagão

    No final da tarde do dia 21/03, houve um apagão que atingiu parte do Nordeste e Norte do Brasil. De acordo com a Companhia Energética do Maranhão (Cemar), a falha ocorreu por irresponsabilidade da Eletronorte (subsidiária da Eletrobras que está ameaçada de privatização) e também apontou erros na usina de Belo Monte (usina gerenciada pela State Grid, empresa chinesa que pretende adquirir um monopólio no setor elétrico mundial). A usina fez testes em horário comercial, arriscando a vida dos trabalhadores em energia e dos consumidores.

    Com o arquivamento temporário da reforma da previdência, Temer e seus comparsas estão mais preocupados com os poucos bilhões que receberão com a venda do Sistema Eletrobras e deixou de investir e cobrar manutenção no sistema elétrico, precarizando o serviço para a população brasileira que pagará a conta de energia ainda mais cara por 30 anos.

    Saiba mais sobre o caso da Eletrobras:

    https://bit.ly/2pwodBI

    https://bit.ly/2Ikzw7R

    https://bit.ly/2z1HMIX

    https://bit.ly/2mrGj8Q

  • Alckmin insiste em privatizar a CESP

    Alckmin insiste em privatizar a CESP

    Umas das prioridades do governador Alckmin é privatizar as empresas do Estado de São Paulo, como a SABESP, as linhas do metrô, escolas e por aí vai. Com a CESP não seria diferente. A Companhia Energética de São Paulo, CESP, foi posta à venda pela quarta vez. A primeira em dezembro de 2000, ainda no governo de Mário Covas, depois em 2001, 2008. Agora tucano Alckmin insiste em se desfazer da estatal e leiloar as concessões de suas três usinas, Paraibuna, Jaguari e Porto Primavera.

    O problema é o mesmo que se arrasta desde o ano passado, NÃO HÁ INTERESSADOS no complexo CESP, pelos simples motivos:

    O primeiro deles é que a holding está respondendo muitos processos na Justiça e pode perder parte deles. Os mais graves referem-se a ações trabalhistas, ambientais e obras compensatórias que ainda não foram realizadas para reparar os danos causados pela construção da usina de Porto Primavera, no interior do Brasil.
    Os custos dessas ações são muito altos e serão ainda maiores se a Companhia não ganhá-los no tribunal.

    Outra razão pelo qual não atrai investidores para o leilão é o prazo de concessão das hidrelétricas. Jaguari encerrará sua licença em 2020, Paraibuna em 2021, e Porto Primavera em 2028. É curto o período para aquisição de lucro, já que 90 % da energia da CESP está contratada, portanto, estarão disponíveis apenas 10% de energia a ser comercializada no mercado livre.
    Os compradores teriam que trabalhar 15 anos para pagar o investimento e só após esse ciclo teriam lucro, o que não torna a CESP um “negócio da China”, já que os interessados no setor elétrico brasileiro estão focados em smart money e hot money.

    Assim como a CESP, a COPEL (Companhia Paranaense de Energia) também está sob comando do PSDB de seu estado, e a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) esteve sob comando do mesmo partido até 2014. Essas estatais não aderiram às Medidas Provisórias 577 e 579 sancionadas em 2012 no governo Dilma, que prorroga automaticamente o tempo de concessão das usinas hidrelétricas no Brasil. O único órgão que pode estender o prazo das concessões das usinas da CESP é a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) de sob aprovação do Ministério de Minas Energia, atualmente conduzido por Fernando Coelho.

    Embora a ANEEL ainda não tenha divulgado o valor da outorga, tudo indica que o preço caiu. No ano passado as ações da CESP custavam R$16,80, totalizando R$ 1,96 bilhões de reais. Hoje no site da Bovespa está em R$ 14,84 por ação.

    Não podemos deixar de mencionar que devido ao arquivamento da reforma da previdência no Congresso Nacional, a privatização da Eletrobras é a pauta da vez e um dos principais objetivos de Temer na presidência. A venda das empresas de energia pode subir a conta de luz dos brasileiros em 17% por 30 anos.

    Audiência Pública

    No dia 20/02/2018, os dirigentes da estatal realizaram uma audiência pública na Secretaria do Estado de São Paulo, cujo objetivo foi apresentar o processo de alienação de controle acionário da CESP, quando foi explicado detalhadamente como será a privatização da companhia.
    Membros de entidades sindicais e trabalhadores da CESP estiveram presentes e defenderam a estatal.

    “O Estado deve usar as estatais para fomentar a economia e deixá-las mais robustas, não permitindo que sejam entregues na bacia das almas como está acontecendo”, observou Eduardo Annunciato, presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.

    “A CESP bate todos os índices estabelecidos pela ANEEL e faz inveja a qualquer país”, disse Sérgio Canuto, vice-presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.

    A venda de parte da CESP é considerada a maior cisão feita pelo governo do Estado de São Paulo.
    A companhia foi criada em 1966 com a fusão de 11 empresas do setor elétrico e permaneceu como a maior geradora de energia elétrica do país por 30 anos.

    A primeira privatização ocorreu em 1996 quando o Estado de São Paulo promoveu o processo de privatização do setor de energia.

    Em meados de 1997 a companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) comprou ações da CESP. Em 1998 criaram a subsidiária Elektro e a leiloaram no mesmo ano.
    Em 2001 o governo do Estado interrompeu a privatização, mas em 2016 retomou as vendas, graças ao Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização.

    Sobre as Usinas

    As três usinas somam 1.654,6 megawatts (MW) de capacidade instalada, formando um dos maiores complexos de energia do estado de São Paulo e um dos mais importantes do Brasil

    As usinas de Paraibuna e Jaguari, além de gerarem energia, servem para o controle de cheias na região e também abastecem o sistema de água do Estado do Rio de Janeiro, por meio de um convênio com o Estado de São Paulo.

    A hidrelétrica mais importante do grupo é a usina Engenheiro Sérgio Motta, mais conhecida como Porto Primavera, que está localizada em Rosana. Sua capacidade é de 1.540 MW e possui a barragem mais extensa do Brasil, com 10.186,20 m de comprimento e seu reservatório. Para sua construção, foram gastos milhões de reais, valor suficiente para o levantamento de três usinas de alta voltagem. Para pagar todo o investimento da usina o comprador da concessão de Porto Primavera, teria que trabalhar por dez anos no mercado livre de energia, portanto precisaria de mais tempo para obter lucro, tempo que o prazo da concessão não oferece.

    Fontes: cesp.com.br

    Sindicato dos Eletricitários de São Paulo

    Saiba mais sobre o caso CESP.

    Acesse: https://jornalistaslivres.org/2017/10/entenda-polemica-que-envolve-cesp-e-cemig/

    https://jornalistaslivres.org/2017/08/venda-cesp-a-conta-de-energia/

    https://jornalistaslivres.org/2017/09/saiba-como-venda-de-energia-vai-te-prejudicar/

  • Há um curto-circuito no coração do golpe

    Há um curto-circuito no coração do golpe

    Artigo de Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia*

    Acho que poucos de nós duvidam que a palavra “corrupção” é o termo chave da crise brasileira contemporânea. Uma crise que começou em junho de 2013, mas que deita suas raízes mais profundas lá em 2005, na ocasião do que já na época ficou conhecido como o “julgamento do mensalão”.

    Aqui neste ensaio, quero mostrar como essa palavrinha mágica pode ser entendida de várias maneiras e como a história da crise brasileira contemporânea pode ser contada a partir do privilégio de um desses sentidos: o sentido “liberal”, segundo o qual a “corrupção” está diretamente vinculada ao Estado, a tudo que é público. É como se o Estado fosse naturalmente corrupto e corruptor e o combate à corrupção passasse, necessariamente, pelo combate ao Estado, pelo desmonte do Estado.

    O privilégio dessa leitura liberal do fenômeno da corrupção diz muito sobre a crise, especialmente sobre os seus movimentos mais recentes. De uns dias pra cá, os veículos mais poderosos da imprensa hegemônica brasileira (Folha de São Paulo, o departamento de jornalismo da Rede Globo, Estadão) vêm abrindo fogo contra os privilégios dos juízes, que já são conhecidos por todos nós há muito tempo. Por que somente agora a imprensa hegemônica denuncia os privilégios nababescos dos juízes brasileiros? Penso que estamos entrando num novo momento da cronologia da crise, em que a aliança entre o judiciário e a mídia hegemônica, até então sólida como pedra, começa a fazer água. Também aqui a leitura liberal do conceito “corrupção” tem uma importante função política a cumprir.

    Bom, pra começar a conversa é importante esclarecer melhor o que estou querendo dizer quando afirmo que o conceito “corrupção” é polissêmico, que possui vários sentidos. Pra isso, cito, bem rápido, alguns autores que ao longo da história da cultura política ocidental usaram a palavra “corrupção”, fazendo-o de diferentes formas.

    Para Aristóteles, que que no IV século antes de Cristo escreveu o tratado da “Política”, a “corrupção” era o efeito natural do tempo sobre os organismos políticos. Maquiavel, escrevendo no século XVI da era cristã, seguiu a trilha aberta por Aristóteles e definiu a “corrupção” como a perda da capacidade da República em institucionalizar os conflitos travados entre seus cidadãos. Chamo de “republicana” essa forma de tratar a corrupção.

    Karl Marx, escrevendo no século XIX, enfrentou o tema da corrupção em um livro pouco conhecido, cujo título é “A luta de classes na França entre 1848 e 1850”. Basicamente, Marx argumenta que falar em “corrupção política” no sistema capitalista é uma redundância, pois o próprio capitalismo já é corrupto, na medida em que se fundamenta na exploração de uma classe pela outra. Essa é a definição marxista.

    Nenhuma dessas formas de pensar associou a “corrupção” ao roubo do dinheiro público. Vamos encontrar essa associação sendo feita de forma mais clara nos textos que Friedrick Hayek escreveu ao longo do século XX. Preocupado em discutir o tema da “ética na política”, Hayek definiu a corrupção como a apropriação para fins particulares dos recursos públicos. Como o objeto da corrupção seria o dinheiro público, a definição proposta por Hayek sugere que o terreno da “coisa pública”, do “Estado”, é solo fértil para a corrupção. Podemos chamar essa definição de “liberal”.

    Bom, o conceito “corrupção” tem, pelo menos, três significados distintos: o republicano, o marxista e o liberal. Nem carece de gastar muito papel e tinta pra mostrar que na crise brasileira contemporânea um desses significados foi privilegiado: o liberal. Ao menos na minha avaliação, isso não aconteceu à toa, sendo um projeto planejado deliberadamente por segmentos poderosíssimos das elites brasileiras para realizar um antigo sonho, para viabilizar um projeto que vem sendo frustrado desde a década de 1940.

    Que projeto é esse? Que sonho é esse que animou durante esse tempo todo o sono da direita brasileira, mas que jamais foi plenamente realizado?

    Pra responder, apresento uma breve síntese da história contemporânea do Brasil. Síntese histórica é igual prudência e canja de galinha: é sempre bem-vinda. O conhecimento histórico é útil à vida.

    Trata-se do sonho do “Estado Mínimo Brasileiro”, projeto que começou a ser defendido no final dos anos 1940 pela UDN, partido político que na época foi o portador da narrativa da redemocratização que marcou a transição da Ditadura do Estado Novo para a ordem democrática que se consolidaria em 1945. Não era, ainda, o “Estado Mínimo” neoliberal, mas sim um projeto desenvolvimentista internacionalista que priorizava o mercado e o capital, considerando o Estado um obstáculo para a prosperidade nacional.

    Esse projeto desenvolvimentista jamais foi aprovado nas urnas, o que explica em parte o transformismo golpista da UDN. Em algum momento da década de 1950, a UDN cansou de brincar de eleição e passou a recorrer ao expediente golpista. Já que o povo não colaborava, a UDN resolveu caminhar sem o povo mesmo. A aproximação com os militares foi uma consequência quase natural.

    A aliança entre a UDN e os militares viabilizou o golpe civil-militar de 1964. Mas como os militares não são seres acéfalos, não serviram como simples instrumento para a realização do projeto udenista. Acabou mesmo que a UDN deu com os burros n’água, pois os milicos sentaram na cadeira do poder e ali ficaram por mais de 20 anos, perseguindo até mesmo os aliados de véspera, como o líder udenista Carlos Lacerda.

    E o pior para o sonho do “Estado Mínimo Brasileiro” vou contar agora: os militares não efetivaram o projeto udenista, pelo contrário, já que em vários aspectos os governos militares podem ser definidos como estatais-desenvolvimentistas. Isso não significa um elogio aos militares, bem longe disso, pois a ditadura foi fundada em um golpe que destituiu um governo democraticamente eleito. Diante desse vício de origem, nenhum ato da ditadura militar pode ser considerado legítimo.

    Enfim, não foi com a UDN e não foi com os militares que o sonho do “Estado Mínimo Brasileiro” se tornou realidade.

    O projeto voltou com força no final dos anos 1980 e pautou as eleições presidenciais de 1989. Sob a batuta do “Consenso de Washington”, um jovem político alagoano, bonitinho mas ordinário, prometeu “caçar os marajás”. Ou em outras palavras, combater a “corrupção”. Adivinhem como? Enxugando o Estado.

    Sabemos bem o que aconteceu com esse jovem e charmoso político alagoano. Collor também não conseguiu realizar o velho sonho do “Estado Mínimo Brasileiro”.

    Com um discurso de propaganda em muitos aspectos parecidos com o de Collor, só que acrescido da narrativa da “estabilidade econômica resultante do plano real”, Fernando Henrique Cardoso se submeteu às urnas em 1994. E venceu. Havia chegado a vez do príncipe da sociologia uspiana tentar realizar o sonho do “Estado Mínimo Brasileiro”, dessa vez com a legitimidade de uma vitória eleitoral.

    O sucesso foi relativo. Sem dúvidas, FHC avançou mais que seus antecessores, mas no final dos seus oito anos de governo ficou a sensação de que foi pouco, de que dava pra entregar mais. O neoliberalismo é um lobo faminto.

    Por mais que o governo de Lula tenha negociado com a agenda neoliberal, apenas com muita desonestidade intelectual seria possível dizer que o desmonte iniciado pelos tucanos foi mantido pelos governos petistas. Com a eleição de Lula, o sonho do “Estado Mínimo Brasileiro” sofreu um duro revés. Mas o lobo não é só faminto. É insistente e teimoso também.

    O que estou querendo dizer é: A crise brasileira contemporânea representa uma nova ofensiva desse lobo neoliberal contra o Estado brasileiro e pra isso é necessário algo a mais do que o simples argumento macroeconômico. É que esse negócio de economia, de números, não convence muito, tem pouca eficiência retórica.

    É aqui que o tratamento da “corrupção” na perspectiva liberal vai cumprir sua função discursiva, ao definir o Estado como o antro da corrupção, como o cabaré da imoralidade. A diferença é que a experiência mostrou que o marketing político não basta, que é necessário algo mais forte: a judicialização da política. Nasce assim, lá em 2005, a aliança que até a semana passada era a força política mais poderosa da República: o concubinato entre a mídia hegemônica e setores do poder judiciário.

    Quem não lembra de Joaquim Barbosa, o homem da capa preta que prometia colocar todos os políticos corruptos na cadeia?

    O tal combate à corrupção foi seletivo e serviu apenas para desestabilizar os governos petistas, que estavam fortalecendo o Estado como grande agente de regulação estratégica do desenvolvimento nacional. Lideranças petistas foram perseguidas judicialmente, como foi o caso de José Dirceu e José Genoíno, e isso sob os aplausos de uma opinião pública raivosa, com fome de vísceras.

    Pouco importava o devido processo legal, desde que os “corruptos” fossem punidos e os “corruptos”, é claro, eram as lideranças petistas. Pronto! A matriz da crise está aqui. Só que do outro lado tinha um certo Luiz Inácio, cabra esperto, inteligente, que conseguiu sobreviver à primeira ofensiva do conglomerado “judiciário/imprensa hegemônica”.

    Nos anos seguintes, com a prosperidade econômica resultante do boom das commodities, os ânimos foram pacificados. Tava entrando dinheiro no bolso de todo mundo e a opção lulista em não tensionar as contradições estruturais fez com que o lobo faminto e temporariamente saciado pudesse dormir.

    O jogo mudou a partir de 2013, em virtude da combinação da crise econômica com algumas escolhas políticas da presidenta Dilma. Pois sim, em muitos aspectos o “dilmismo” é diferente do “lulismo”. Ainda precisamos avançar na conceituação do “dilmismo”. Não é isso que faço aqui.

    O lobo acordou, mais faminto que nunca e viu naquele momento uma chance de ouro para realizar o sonho do “Estado Mínimo Brasileiro”. Outra vez foi evocada a narrativa liberal do combate à corrupção. Foi assim que o governo da presidenta Dilma foi desestabilizado, foi com essa semântica que o golpe de 2016 se efetivou, novamente sob os aplausos dos “brasileiros de bem”, indignados com a corrupção.

    Mal sabiam os “brasileiros de bem” que eles estavam sendo bombardeados por uma narrativa que deu ao conceito “corrupção” um sentido específico, que de forma alguma é o único. Assim, com essa narrativa, Dilma foi derrubada e Lula condenado, em processos jurídicos profundamente politizados e questionados pela comunidade jurídica nacional e internacional.

    Acontece que a crise é um processo em movimento que ainda não acabou. Ao que parece, acabamos de entrar num outro momento da cronologia da crise: com Lula condenado e virtualmente preso, chegou a hora do lobo neoliberal devorar todo o banquete. O lobo é insaciável.

    E pra matar a fome do lobo, nada melhor do que servir, numa bandeja de prata, os privilégios do judiciário. Não é possível a realização do sonho do “Estado Mínimo Brasileiro” com um judiciário tão caro, cheio dos privilégios, cheio das pensões vitalícias.

    Bastaram menos de 72 horas após a condenação de Lula para aliança entre o judiciário e a mídia hegemônica, até aqui marcada por lealdade recíproca, se dissolver. Moro, Dallagnol, Bretas, até então representados como heróis nas páginas dos principais jornais da imprensa brasileira, se tornaram aproveitadores da coisa pública, se tornaram corruptos.

    Justo agora, os privilégios tão conhecidos por todos nós começaram a incomodar a imprensa hegemônica. De forma alguma, quero defender os juízes, mas precisamos entender que os ataques midiáticos ao judiciário fazem parte do mesmo projeto neoliberal que desestabilizou o reformismo petista. O lobo é faminto, teimoso e criativo. Tomara que as esquerdas brasileiras não se deixem seduzir pelo uivo do lobo, travestido de canto de sereia. Tem sereia não, meus amigos. É lobo mesmo, com os dentes enormes, mais perigoso que aquele jantou a chapeuzinho vermelho. Ou almoçou? Não sei.

    Escrever no olho do furacão é sempre um desafio e aquele que se arrisca acaba botando a língua na guilhotina. Não tem jeito. Por isso, arrisco a integridade da minha língua dizendo que temos um elemento novo na cronologia da crise brasileira.

    As duas forças que juntas foram as responsáveis pela aplicação do golpe têm projetos distintos e até mesmo rivais para o futuro da nação: de um lado, o judiciário querendo uma República dos bacharéis, onde os magistrados serão os guardiões da moral pública, com a devida recompensa, sob a forma de privilégios que não estão disponíveis a nenhum outro setor do funcionalismo público. Do outro lado, a imprensa hegemônica, que representando os interesses do neoliberalismo vê na atual conjuntura de crise a chance para tornar realidade, de uma vez por todas, o antigo sonho do “Estado Mínimo” brasileiro.

    Há um curto-circuito no coração do golpe! Em tempos tão difíceis, com tantas notícias ruins, talvez exista aqui algo a se comemorar.

    (*) Com ilustração de Cau Gomez