Jornalistas Livres

Categoria: LGBT

  • Carmen Carrera Lacrando

    Carmen Carrera Lacrando

    Carmen Carrera, transsexual e modelo, que ficou conhecida por participar do programa americano RuPaul’s Drag Race, está lacrando tudo na XX Parada do Orgulho LGTB de São Paulo!

    Ela dança em cima do trio elétrico. Nas ruas, milhares balançam a linda bandeira transsexual!
    #AmarSemTemer

  • Clara Averbuck na XX Parada do Orgulho LGBT

    Clara Averbuck na XX Parada do Orgulho LGBT

    Clara Averbuck, escritora e importante ativista das lutas feminista e LGBT, está na Av. Paulista na 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Ela falou aos Jornalistas Livres sobre a importância do evento no contexto político atual.

    “Nós sofremos um golpe, a gente tá tendo um governo ilegítimo de homens retrógrados, com uma mente do passado e os nossos direitos estão realmente ameaçados.”

  • Direito ao nome é direito à vida

    Direito ao nome é direito à vida

    IMG_2016-05-21 15:31:40

    Fundamentalistas religiosos e neofascistas liberais do PSC, PHS, PSDB, PRB, PV, PR, PROS, DEM e PTN protocolaram na quarta-feira (18), o Projeto de Decreto Legislativo de Sustação de Atos Normativos do Poder Executivo, PDC 395/2016, que pretende invalidar o Decreto nº 8.727. O decreto “dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.” O objetivo desse PDC é tentar anular a iniciativa que a presidenta Dilma assinou no dia 28 de abril, que reconhece a comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans no seu direito mais primário: a identidade.

    “Nome social é um primeiro passo para o reconhecimento do nosso direito de existir. Não é possível pensar, por exemplo, em permanência estudantil e acesso a estabelecimentos de saúde para pessoas trans, se seguimos deslegitimando o nome pelo qual somos conhecidxs” declara a travesti doutorando em literatura da Unicamp, Amara Moura (na foto). Ela pontuou também que o nome social é só uma “gambiarra”, e que o ideal seria a aprovação da Lei de Identidade João W Nery, que altera definitivamente o pré nome e gênero nos documentos. Enquanto em outros países essa questão já está resolvida há anos como na Argentina que tem uma das leis de Identidade de gênero mais avançadas do mundo, no Brasil ainda estamos lutando pelo respeito ao nome social.

    Com a extinção pelo presidente interino e ilegítimo, Michel Temer, do Ministério dos Diretos Humanos, o órgão que garantia e promovia os direitos dos movimentos sociais, ficamos à mercê dos ataques dessas figuras deploráveis que compõem o Congresso mais reacionário e golpista desde 1964. Da mesma forma que usurparam o direito legítimo da nossa presidenta de governar referendado por milhões de brasileiros, querem usurpar os poucos direitos duramente conquistados pela comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans.

    “Direito ao nome: só sabe o quanto isso é absurdamente valioso, quem tem esse direito negado. Direito ao nome é direito à vida.” desabafa Amara

    Quando se tira a garantia de direitos civis e se tenta cassar direitos adquiridos, deixamos de viver numa democracia para viver num estado de exceção semelhante ao que vivemos no período mais sombrio da história do Brasil. Naqueles anos difíceis, travestis e transexuais ficavam encarcerad@s em seus guetos sociais noturnos, e não saiam às ruas de dia nem pra fazer compras no supermercado, violadas no seu direito de ir e vir. Trinta anos depois, a organização política desse segmento conquistou algum espaço político, mas muito aquém de uma cidadania plena, e mesmo assim tem sido a maior vítima de crimes de ódio no Brasil. Agora querem usurpar o pouco que temos.

    É guerra e estamos sob ataque. Os inimigos da democracia conspiram e descarregam sua artilharia pesada contra a liberdade e os direitos civis dos cidadãos e cidadãs brasileir@s. Os direitos dos movimentos sociais conquistados durante anos com muita luta estão em risco. Não podemos permitir o avanço do neofascismo contra a jovem democracia que temos construído com tanta dificuldade ao longo dos anos.

    Amara, que é pré-candidata a vereadora de Campinas pelo Psol, sabe que só é possível fazer frente a esse e a outros ataques, se houver uma organização massiva da comunidade trans, disputando a sociedade civil para que a gente consiga de fato pensar resistências a esse ataque dos fundamentalistas. Governo é laico, nome social é direito.”

    A comunidade travestis, mulheres transexuais e homens trans acaba de lançar uma campanha nas redes sociais em defesa do nome social. Junte-se a nós nessa batalha contra o levante dos fundamentalistas e neofascistas contra os direitos humanos.

  • A aliança necessária para a resistência LGBT

    A aliança necessária para a resistência LGBT

    JL - A Aliança necessária

    por Leo Moreira Sá, especial para os Jornalistas Livres

    Negr@s, índi@s, gays, lésbicas, mulheres cisgêneras, mulheres travestis e transexuais, homens trans, pobres, trabalhadores…uni-vos!!! É chegada a hora da grande aliança dos excluídos do Cistema. A nova composição ministerial e a extinção de nove ministérios, incluindo o de Direitos Humanos – fundamental para a proteção das populações socialmente vulneráveis – não deixa dúvidas: a “ponte para o futuro” de Temer e sua corja será construída por e para homens brancos cisgêneros e heterossexuais. E da mesma forma que a mulher Dilma foi implacavelmente perseguida até que o seu direito legítimo de governar fosse usurpado, tod@s nós, que não participamos das benesses do patriarcado, seremos perseguid@s e cercead@s nos poucos direitos que conquistamos a duras penas.

    Espanto, temor, comoção e falta de expectativa frente à radicalização das forças conservadoras que tomaram de assalto, e nocautearam a jovem democracia brasileira. “Nossa comunidade (travestis, mulheres transexuais e homens trans) cresceu muito nos últimos anos. Há 10 anos a gente não tinha uma comunidade. Era algo impossível. Hoje temos muitas lutas importantes, e muito esforço coletivo, embora ele ainda esteja aquém do que precisamos pra conseguir o mais básico. Se na última década foi difícil colocar em pauta questões relacionadas a gêneros, sexualidade e direitos sociais, é fato que com essa direita que tomou o poder de assalto, as coisas vão ficar muito, muito mais difíceis”, alerta a programadora e ativista transexual Aline Freitas,36 anos.

    O conservadorismo neofascista brasileiro tem crescido proporcionalmente ao avanço político dos movimento sociais dos últimos anos e encontrou respaldo na atual composição parlamentar formada em sua maioria por políticos de direita neoliberais e fundamentalistas religiosos. Foram vários os ataques protagonizados por eles com o objetivo de barrar o avanço e anular as conquistas de direitos dos segmentos socialmente vulneráveis. Em 26 de março de 2015, uma frente parlamentar formada majoritariamente por evangélicos, católicos e políticos ligados à área da segurança pública, apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDC) com o objetivo de anular a resolução do Conselho Nacional de Combate à discriminação de LGBT (ligado ao Ministério dos Direitos humanos que foi extinto pelo ficha-suja Michel Temer) que permite a adoção do nome social em todas as instituições educacionais públicas e privadas do Brasil. Em contrapartida, dias antes da oficialização do golpe pelo senado, Dilma assinou decreto de lei sancionando o uso do nome social em todas as instituições federais do país, reconhecendo nacionalmente a comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans.

    No ano passado também foi aprovado o Estatuto da família baseada na matriz binária cisgênera heterossexual, que excluí o direito à cidadania a todas as famílias homotransafetivas, como também a Lei de redução da maioridade penal que incentiva a criminalização e violência policial contra a juventude, em especial a juventude negra, a que mais sofre com o estigma de pertencer ao universo do crime. O ano de 2015 também foi marcado pela oposição dos fundamentalistas religiosos aos dispositivos propostos pelo Plano Nacional de Educação que previam o combate à misoginia e discriminação por identidade de gênero e orientação sexual nas instituições educacionais.

    Nunca fez tanto sentido as palavras da filósofa Judith Butler ditas quando a mesma esteve no Brasil em setembro de 2015, por ocasião do I Seminário Queer, realizado em São Paulo, pelo Sesc e pela revista Cult. Para ela, a resistência à opressão só é possível quando se pensa numa grande aliança entre as populações socialmente vulneráveis. É preciso pensar “a violência contra as mulheres junto com a violência contra pessoas trans, já que são violências baseadas no controle do gênero ou da sexualidade das pessoas”, afirmou. A filósofa lembrou também o alto índice de assassinatos da população negra, de travestis e de transexuais no Brasil, e sua total impunidade. A precariedade social e política está profundamente conectada com a exclusão econômica, porque quando se pensa em pessoas com falta de perspectivas financeiras e sem acesso à educação, pensamos imediatamente em negr@s, travestis, mulheres transexuais e homens trans.

    Mas não se trata mais aqui de uma disputa entre quem é mais ou menos vulnerável, ou mais ou menos oprimido – estamos todos no mesmo barco. O modelo de poder do sistema patriarcal é que hierarquiza e define quem tem o direito à cidadania. E não existe modelo mais atual e representativo disto que o ministério apresentado pela direita neofascista e golpista de Temer. Se você não é um homem cisgênero, branco e heterossexual, de preferência cristão, você não pertence ao establishment e será considerado sempre cidadão de segunda classe, assim como as mulheres cisgêneras, ou não terá nem mesmo o direito à vida como negr@s, gays, lésbicas, travestis, mulheres transexuais e homens trans.

    Essa é a hora de assumirmos nossa vulnerabilidade e fazer dela a nossa resistência, numa grande aliança de todas as populações excluídas do Cistema heteronormativo. Tomarmos as ruas, praças e avenidas e dizermos não ao governo golpista. Temer não terá paz!

  • OS HOMENS BRANCOS DE TEMER

    OS HOMENS BRANCOS DE TEMER

    Que o governo Temer será conservador e neo-liberal todo mundo, que leu o plano “Uma Ponte para o futuro”, sabia.

    No entanto, o seu ministério – divulgado hoje, porém, há semanas, “conspirado” metodicamente nas capas dos jornais – é um ultraje não apenas aos movimentos sociais, mas à toda nação brasileira.

    Trata-se de 24 homens, brancos, heterossexuais, cis e, em sua maioria, ricos.

    Com uma única canetada, Michel Temer faz o Brasil retornar, pelo menos, ao ano de 1981, última data em que o país passou sem ter uma mulher ministra. Desde então, temos, progressivamente, contado com mulheres nos cargos mais importantes do governo federal.

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    Os governos Lula e Dilma nomearam mais que o dobro de ministras do que todos os governos anteriores, desde Figueiredo, que nomeou a primeira ministra do país, Esther de Figueiredo Ferraz, na pasta da Educação e Cultura.

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    Portanto, quando Temer decide não nomear ministras está, consequentemente, destruindo uma trajetória histórica de lutas e conquistas das mulheres. Está negligenciando o combate ao machismo e à misoginia e suas consequências nos planos simbólicos e materiais. Está tentando sepultar, junto com o mandato legítimo de Dilma, o empoderamento das mulheres brasileiras.

    Um ministério com a ausência ou uma minoria absurda e inexplicável de mulheres não representa o Brasil, muito menos o momento histórico em que vivemos. Michel Temer e seus aliados parecem esquecer que estão no século XXI e intentam nos arrastar para o século XIX, quando vivíamos em uma terra colonizada e com o povo escravizado.

    Não à toa, da mesma maneira, o presidente interino decidiu ignorar que metade da nossa população é negra e compôs um ministério somente com “sinhôzinhos” brancos.

    Embora de modo tímido, reflexo incontestável do nosso racismo institucional, nos últimos vinte anos, a população negra conquistou espaços de poder, principalmente, nos governos petistas, porém, Michel Temer, irresponsavelmente não se comprometeu com esse legado.

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    É, no mínimo, inconsequente planejar o ministério deste país e desconsiderar as populações feminina e negra, que estão, inclusive, prestes a se tornar maioria quantitativa. Sem contar, as representatividades, extremamente relevantes, das pessoas LGBT, trabalhadoras, indígenas e rurais, que, assim como a população negra e feminina, são historicamente tratadas de modo subalterno, se tornando vítimas da violência.

    Em poucas palavras, números e gráficos fica evidente que o governo Temer visa assolar politicamente tais populações, além de cessar o processo de melhoria de vida delas.

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    A tragédia do ministério de Temer não termina nesses dados. Além de nenhuma representatividade que contemple as populações subalternas, o presidente interino aboliu as pastas que, há mais de uma década, desenvolviam projetos para esses grupos.

    Não existe mais o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Aparentemente, Temer acha que tais questões não precisam ser tratadas ou podem ser todas (mal)trabalhadas no Ministério da Justiça e Cidadania, para o qual nomeou Alexandre de Moraes, ex-Secretário de Segurança Pública de São Paulo, responsável por uma das polícias militares mais sanguinárias do mundo. A mesma que, no último ano, agrediu de modo truculento e televisionado jovens estudantes e também conhecida por promover o genocídio da juventude negra paulista. Para arrematar, Eduardo Cunha é o responsável pela indicação de Moraes ao ministério. Os dois possuem relações estreitas desde que Moraes, como advogado, ajudou na defesa de Cunha em um dos seus vários processos.

    Outro ministério que Temer destruiu é o de Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Esse ministério era um dos corações do que houve de maravilhoso nos governos petistas: As políticas sociais que conseguiram tirar o Brasil do mapa da fome e possibilitaram milhões de famílias saírem da miséria. Temer, de um dia para o outro, acabou com ele e criou uma estranha pasta chamada Desenvolvimento Social e Agrário, para o qual entregou ao PMDBista, Osmar Terra. Agora, é nas mãos dele que está o futuro do Bolsa Família e de todos programas de assistência social.

    O presidente interino, Michel Temer, também acabou com o Ministério da Cultura. Para ele, cultura é algo secundário que pode ser anexada do Ministério da Educação, que mal consegue dar conta da complexidade das suas próprias demandas. Pois bem, agora temos a pasta da Educação e Cultura sob a responsabilidade de Mendonça Filho, do DEMOCRATAS. Percebe-se que essa decisão de Temer chancela e entrega de bandeja um dos ministérios mais importantes para as mãos da bancada conservadora que intenta retroceder direitos alcançados, como, por exemplo, as discussões de gênero. Não surpreenderá se esse novo ministério não colocar em xeque as conquistas das populações negra e indígenas, como as cotas e a leis que garantem o ensino da cultura e história africana e indígena.

    Para além desses pesadelos descritos, dentre os “sinhôzinhos” ministros de Temer, está o General Sérgio Etchegoyen, que assumirá a Secretaria de Segurança Institucional e a Agencia Brasileira de Inteligência (Abin). General Etchegoyen foi um exaltado crítico do relatório da Comissão Nacional da Verdade que investigou as torturas da ditadura militar. Precisa dizer mais?

    Temer e seus aliados não vieram para brincadeira. Não articularam um golpe dessa magnitude para economizar ambições.

    É chegada a hora dos movimentos negro, indígena, feminista, LGBT, rural, sindical e afins se unirem. Nossa força está em nossa união. Nossa união será a garantia de nossa resistência e sobrevivência. Somente assim poderemos vencer o golpe dos homens brancos de Temer.

    ministerio