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Categoria: Juventude

  • Bolsonaro abandona estudantes de universidades federais na Colômbia

    Bolsonaro abandona estudantes de universidades federais na Colômbia

    Por Safira Campos, da Redação do PNBOnline

    Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), oito estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que estão na Colômbia, enfrentam dificuldades para saber quando poderão retornar a suas casas. Eles fazem parte de um grupo de 51 brasileiros que está em mobilidade acadêmica desde o começo do ano (até ontem, 31 estudantes haviam sido identificados, com a divulgação do caso hoje, mais 20 se juntaram ao grupo – nota dos Jornalistas Livres). Com fronteiras fechadas e cancelamentos de vôos comerciais em razão da pandemia, os jovens aguardam um posicionamento da embaixada do Brasil em Bogotá para um possível voo de repatriação. 

    Na semana passada, os brasileiros enviaram uma carta à Embaixada do Brasil em Bogotá solicitando ajuda. O que mais preocupa é que a maior parte dos estudantes é composta por bolsistas, que recebem alimentação e estadia, e que não têm como manter as despesas sem os auxílios, que já estão próximos de expirar.

    “Os brasileiros que atualmente se encontram na Colômbia e que se manifestam por meio desta carta, exortam aos órgãos consulares brasileiros a coordenação, juntamente com os órgãos competentes, a organização de um voo de repatriação humanitário e/ou apoio diante das necessidades que se desenham nesse cenário, como por exemplo a de estudantes com bolsas prestes a expirar”, inicia a carta.

    Em entrevista ao PNBonline, a estudante do curso de Comunicação Social Isabelle Fanaia, que atualmente estuda na Universidad de Boyacá, comentou sobre a preocupação do grupo de brasileiros. “O problema gira em torno do fato de que estamos aqui porque nos mantemos com a bolsa, que garante estadia e alimentação. Mas ela tem um prazo e o prazo tá se aproximando. Minha universidade aqui já pronunciou falando que não tem como prorrogar a bolsa caso a gente fique por mais tempo. O problema é que voos estão sendo cancelados e o aeroporto está fechado. O risco é sermos obrigados a ficar e nem ter um auxílio para isso”, relata Fanaia.

    Cerimônia de boa viagem da Secretaria de Relações Internacionais da UFMT antes da ida dos estudantes ao exterior.
    Cerimônia de boa viagem da Secretaria de Relações Internacionais da UFMT antes da ida dos estudantes ao exterior

    O sentimento é compartilhado pela colega de curso Pollyana Rodrigues, que está na Universidad Simón Bolívar, localizada na cidade de Cucuta. “A nossa situação é bem delicada. Eu por exemplo recebo a última bolsa na primeira semana de junho, ou seja, daqui a poucos dias. Se não tivermos auxílio e alojamento, não sabemos o que fazer para nos manter. Ainda pesa o fato de que os seguros de saúde que nós contratamos só vão até essa data. Se eventualmente acontecer algo depois desse limite, nós não temos nem isso”, lamenta.

    Em resposta à carta, a embaixada informou que já repatriou 577 brasileiros desde o fechamento das fronteiras em março e que está acompanhando a situação das cidadãos interessados em repatriação. Não há, entretanto, qualquer estimativa de quando isto pode acontecer.

    Sem informar algum tipo de previsão, o secretário de Relações Internacionais da UFMT,  Prof. Lucas Oliveira de Sousa, afirmou em resposta à redação que a instituição está buscando alternativas de trazer os estudantes de volta a Mato Grosso. “Desde o início da pandemia, a Secretaria de Relações Internacionais da UFMT faz um trabalho constante de acompanhamento individual dos estudantes em mobilidade internacional (…). Dentro deste diálogo, busca alternativas para viabilizar o retorno ao Brasil dos manifestaram interesse. Em todos os casos cuja mobilidade ainda está em vigor, a UFMT já se articula para que, após a conclusão e durante a pandemia, os estudantes tenham o amparo das embaixadas brasileiras nos respectivos países e garantido o retorno ao estado de Mato Grosso”, disse.

    Além dos estudantes da UFMT, estão na mesma situação alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Tiradentes (Unit) e Universidade Vale do Rio Verde (UninCor).

     

    Confira a nota enviada pela UFMT na íntegra: 

    Desde o início da pandemia, a Secretaria de Relações Internacionais (SECRI) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) faz um trabalho constante de acompanhamento individual dos estudantes em mobilidade internacional, mantendo contato direto e frequente com os mais 50 alunos em 6 países e 15 instituições parceiras anfitriãs. Dentro deste diálogo, busca alternativas para viabilizar o retorno ao Brasil dos que, após consultados, manifestaram interesse, concretizando, até o momento, oito casos.

    Vale ressaltar que, infelizmente, esta situação não é exclusiva da UFMT. Estudantes de outras universidades passam pela mesma situação e no contexto do fechamento de fronteiras e cancelamento de voos comerciais, a repatriação é de competência exclusiva do Ministério de Relações Exteriores e do corpo diplomático brasileiro em cada país.

    Em todos os casos cuja mobilidade ainda está em vigor, a UFMT já se articula para que, após a conclusão e durante a pandemia, os estudantes tenham o amparo das embaixadas brasileiras nos respectivos países e garantido o retorno ao estado de Mato Grosso

    Matéria original em: https://www.pnbonline.com.br/geral/em-carta-a-embaixada-estudantes-da-ufmt-na-cola-mbia-pedem-ajuda-para-retornar-ao-brasil/66291

  • ELISA LUCINDA: TOCA, MORAES MOREIRA! TOCA MAIS!

    ELISA LUCINDA: TOCA, MORAES MOREIRA! TOCA MAIS!

    Elisa Lucinda e Moraes Moreira: Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
    Elisa Lucinda e Moraes Moreira: Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar – Foto: @elena_moccagatta_fotografia

    Enquanto escrevo, meu vizinho bota pra tocar bem alto “Deixa eu penetrar na sua onda“, e o Brasil todo, nas rádios, nas casas dos milhares de fãs confinados e em tudo, só toca Moraes Moreira. O poeta, mestre, instrumentista e referência, é síntese da utopia de vida vivida pelos novos baianos. Só tinha fera ali: Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Galvão, Paulinho Boca de Cantor. Todo mundo muuuuuuito competente e arrasador. Sem desprezar ninguém, pelo contrário, reconhecendo ouro em todos, Moraes ficou sendo o símbolo daquilo tudo pra mim. Quem da minha geração não queria morar lá? Era uma espécie de quilombo urbano, rural. Aquilo era Jacarepaguá e podia ser também Bahia, porque era também magia. Era o sonho da nossa juventude sendo provado na prática. Moravam todos ali, num esquema livre, sem nenhum dos dogmas asfixiantes da vida aqui de fora, na hora em que a nação sofria na mão da ditadura militar.

    Aquela gente peculiar encarnava tamanha irreverência que beirava ao ingênuo, ao naïf, ao infantil quase. Nem a ditadura farejou, que eu saiba, o potencial de liberdade daquele Acabou Chorare, e dos Novos baianos FC. “Abelha abelhinha, faz zum zum pra mim”? O que havia por trás do Besta é tu, e do romântico hino Preta, pretinha?

    É que enquanto corria a barca nós íamos tentando respirar debaixo daquela mão pesada do sistema opressor, que se voltava violentamente contra o pensamento, contra a arte, contra a liberdade do mundo. Mas aquela turma nos oferecia alegria, dentro dos anos de chumbo, e a alegria, apesar de subversiva, passava entre os bélicos apenas vestida de alegria. Inatacável. Imune.

     

    O lugar daquele iluminado bando musical e divertido era quase ficção. Os novos baianos moravam era em Pasárgada, de Manuel Bandeira. Era um país, eu queria ir pra lá, se pudesse. Era uma utopia possível, o amor é que era aquele país. João Gilberto cabia lá, na língua dele.

    Nossa juventude universitária maconheira, via um cachimbo imenso naquele cotidiano, naquelas crianças como se vivessem igual nas tribos, tendo pais e mães compartilhados. Eu morava em Vitória do Espírito Santo, era menina ainda e já amava o grupo. Tudo o que sabíamos daqueles “hippies” vivendo em comunidade é que pai e mãe não faltavam ali, e que o amor estava intacto na sua essência: livre. Hoje percebo o quanto meu imaginário está nutrido dessa referência.

    Muito mais tarde, aqui no Rio quando conheci o mito (deste podemos falar assim sem medo), foi muito divertido e poético, como nunca deixaram de ser sempre, a partir dali, os nossos encontros e conversas. Estava fazendo o Parem de Falar Mal da Rotina, no teatro Leblon, quando de repente, numa cena em que canto uma canção e ofereço um brinde, um livro, ou uma bolsa, pra alguém da plateia que adivinha o nome autor do que eu cantei, ocorreu uma coisa curiosíssima: cantei Palavras, eternizada na voz da Cássia Eller (êta, céu ou inferno animados), e esperava a resposta da plateia que errava tentando acertar. Nada. Pois no teatro lotado, sem que eu pudesse ver com clareza, reconheço uma voz que se levanta e diz: “Eu sei, Moraes Moreira e Marisa Monte”!!!! Era o próprio. E era a primeira vez, e única, que o próprio autor estava na plateia e adivinhava o jogo. Foi emocionante, o público delirou, achou até que era combinado. Estreitamos uma amizade que, embora ali se inaugurasse, parecia continuada. Sempre parecemos velhos amigos. Trago dele muitas histórias. Era um griot. Homem simples e sofisticado de tanta grandeza no coração. Fez um poema pra nós, eu e Geovana Pires, quando assistiu ao Recital à Brasileira, convocando o Congresso Nacional a assisti-la. Quando leu a minha autobiografia do Fernando Pessoa (“O cavaleiro de nada”), me ligou, leitor envolvido, emocionado, inquieto e muito sensível: não quero que termine, não quero que acabe o livro, faltam só duas páginas…. e ao mesmo tempo protestou quanto à má distribuição da literatura no Brasil.

    É chato falar essas coisas aqui, fica parecendo ostentação. Claro que dá orgulho e é mesmo uma sorte poder ficar amiga de quem se admira tanto. Mas quero pontuar aqui a dimensão humana desse poeta, habitante da poesia dos nossos dias, que levou caminhões e caminhões de alegria pelo Brasil. Quero compartilhá-lo com todos. Muito do que escrevi e escrevo foi semeado em mim pelas criações deste cara genial. A arte independente e popular de Moraes Moreira referenciou minha geração e atravessou séculos. Me influenciou. Seu som é trilha de minha vida. Meu filho escuta. Meus sobrinhos, alunos e amigos. Quem é adolescente hoje também escuta. A galera escuta, dança, canta e come com prazer o alimento da arte deste cordelista atemporal que deixou um poema no seu computador de nome Quarentena. O último. No primeiro verso dizia ter medo do vírus mas também de bala perdida. O Brasil dos olhos de Moraes iluminou o Brasil real. Acrescentou. É um Brasil lúdico, mágico e, potencialmente revolucionário! Moraes, na sua ousadia e sua execução no violão, nos recursos de sua melodia, autorizou vários compositores e reluz entre nós sua brilhante e digníssima carreira. Desde que tocou pela primeira vez no rádio, nunca mais parou de tocar. “Escute esta canção que é pra tocar no rádio, no rádio do teu coração”. Nunca deixou de haver esse novo baiano com seu bigode marcante, tocando na nossa garoa, à beira do rio amazonas, no calor do Circo Voador, numa cidadezinha mineira, numa neve na fronteira, ou seja lá onde for.

    Nunca mais

    Quando Ronald Valle, músico e amigo querido, me enviou nesta manhã de abril um áudio afirmando e duvidando da notícia, rezei para que fosse fake news. Respondi: Para! Mas ali era a verdade nua e crua batendo na minha cara. Escavei. Chorei feito criança. Nunca mais falaria com ele? Estava na minha lista de providências afetivas ligar para ele nesta quarentena, para ler um poema do livro novo que quase saiu do livro, por que um outro amigo  — Claudio Valente — achou que estava meio fraquinho. E estava mesmo. Ajeitei. Ganhou mais ritmo, eu penso. E como o poeminha citava Moraes, combinei comigo de ligar pra ler. Nunca pensei que não fosse dar tempo. Nunca a palavra morte passara antes, à beira desse cara, desse cais. Ainda bem que as novas gerações o consomem. Ainda bem que a sua arte alegre, sua criativíssima alegria dançante e romântica estão gravadas em várias mídias e deixaram muitos herdeiros e descendentes.

    Muito triste é que não possamos agora, no presencial, nos despedir. Quem não quereria cantar seus sucessos em volta do mestre ídolo na cerimônia de despedida? Mas tenho certeza de que o grande cortejo da sua partida, em vários lugares deste país, está cantando preta pretinha, ou qualquer um dos seus maravilhosos hinos gravados nas plataformas dos nossos corações. Porque não podemos nos aglomerar agora. Nem pra beijar pela última vez os nossos mortos.

    Porém, nesse momento em que estamos isolados, temendo o invisível, nesse momento em que nos preparamos para o novo mundo, é difícil não lembrar das palavras dele: “e pra ter outro mundo, é preci-necessário viver. Viver contanto em qualquer coisa. Olha só, olha o sol. O Maraca domingo. O perigo na rua…”. Para entrarmos no novo mundo que se impõe à nossa vida, espero que o produzamos, pra deixarmos este mundo em que estávamos vivendo, tão longe do que postulava o “país” dos jovens baianos e a cabeça deste artista que aqui homenageio, vamos mesmo precisar de suas palavras, meu amigo querido, para pilotar os novos tempos. Sua alegria desobediente e original nunca foi tão revestida da palavra resistência como agora.

    Neste fevereiro, Moraes me deixou um recado bonito, pontuando que eu estava sempre fazendo sarau de aniversário nas datas em que ele estava fazendo shows, inúmeros, pelo Brasil. Sem tua voz não tem festa, Moraes! Ofereço à riqueza de sua memória toda nossa gratidão por deixares no mundo sua imperecível alegria. O hoje e o sempre te ouvirão e não te esquecerão jamais. Eu quero mais! Toca, Moraes! Toca mais!

     

    Coluna Cercadinho de  palavras, Elisa Lucinda, outro abril despedaçado, 2020

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  • Coletivo de Uberlândia lança pauta de emergência para enfrentar pandemia

    Coletivo de Uberlândia lança pauta de emergência para enfrentar pandemia

    Desde o dia 17 de março, militantes feministas do PT, Psol, Rede e UP estão se reunindo virtualmente para ajudar a organizar a sociedade para enfrentar a pandemia de Covid-19 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Ao longo dos dias, mais ativistas, entidades, ONGs e coletivos se juntaram ao grupo inicial formando o Coletivo de Luta dos(as) Atingidos(as) pelo Coronavírus em Uberlândia 1.

    Em sua primeira ação, o Coletivo elaborou uma Pauta de Emergência para Enfrentar a Pandemia em Uberlândia e no Brasil. O documento, já protocolado na prefeitura da cidade e no Ministério Público do Trabalho e que conta com 50 pontos de propostas, sugestões, exigências, recomendações e reclamações ao poder público, está aberto para assinaturas no endereço http://abre.ai/coletivolutaudia.

    Veja abaixo o conteúdo completo da Pauta:

    COLETIVO DE LUTA DOS (AS) ATINGIDOS (AS) PELO CORONAVÍRUS EM UBERLÂNDIA 1

    PAUTA DE EMERGÊNCIA PARA ENFRENTAR A PANDEMIA EM UBERLÂNDIA E NO BRASIL

    CLIQUE AQUI se você apoiar esta pauta: http://abre.ai/coletivolutaudia

    Nós, cidadãos (ãs) brasileiros (as), mineiros (as), uberlandenses, sindicalistas, filiados(as) a diversos partidos, participantes de organizações não-governamentais, eleitores (as), vinculados (as) a associações de bairro, moradores (as) em condomínios e de habitações populares, a entidades filantrópicas e religiosas, a movimentos por terra e moradia, autoridades em geral, artistas, artesãos (ãs), comerciantes, bancários (as), profissionais liberais, intelectuais, professores (as), técnicos (as), motoristas, autônomos da área de construção civil, vigilantes, empregadas (os) domésticas (os), trabalhadores (as) da segurança e limpeza pública e privadas, prestadores (as) de serviços, servidores (as) públicos de todas as áreas, cidadão (ã) comum, moradores (as) em situação de rua, desempregados (as), do lar, idosos, doentes crônicos, trabalhadores(as) da iniciativa privada na ativa e em situação de risco, informais, diaristas, ambulantes, trabalhadores (as) de Shoppings, de Call Centers (telemarketing em geral), trabalhadores (as) em TI e informática, artistas de circo, “de rua”, micros empreendedores (as) e apoiadores (as) destes cidadãos, neste documento identificados com nome completo, RG, ocupação profissional e de livre ativismo, nos encontramos no Brasil, como em mais de 100 países do mundo, diante de uma pandemia do Covid-19, que, embora semelhante a uma gripe, se propaga em progressão geométrica pelas cidades e áreas rurais, e coloca toda a população, de todas as idades e profissões, e mais ainda pessoas idosas e portadores (as) de outras doenças em risco de morte, principalmente porque, no Brasil, nos deparamos com uma realidade em que os governos têm precarizado os serviços públicos com o objetivo de instalar um Estado Mínimo capitalista para atender a minoria rica da sociedade.

    Prova disso é que estamos vendo o atual governo federal reduzindo os salários, já defasados pela inflação e pela enorme perda de direitos sociais, da maioria da classe trabalhadora, e a liberação de ajuda financeira às empresas como primeiras medidas diante desse momento dramático para a nossa saúde e sobrevivência.

    Enquanto isso, quem deveria estar liderando o País no enfrentamento desta epidemia globalizada, faz pouco caso da gravíssima situação com piadas e atitudes grotescas e, apesar de conviver com mais de duas dezenas de contagiados em seu staff , segue divulgando opiniões pessoais, em desacordo com a realidade apontada pelas instituições e autoridades envolvidas na questão. Ou seja, é um governo que irresponsavelmente aumenta ainda mais o sacrifício da população e usa o dinheiro do povo para ajudar os ricos. Trata-se, portanto, de um governo que devemos impedir com todas as nossas forças, que execute sua política de exclusão, de indiferença, de desrespeito, de falta de decoro, de ilegalidade, de imoralidade, de anti-humanismo e de verdadeiro desprezo pelo povo brasileiro, genuíno detentor constitucional da soberania da Nação. Merece por isso nosso veemente repúdio e a certeza histórica de que será responsabilizado politicamente pelo povo e quiçá, judicialmente por toda a sociedade.

    Analisemos como nós, sociedade civil, pretendemos enfrentar essa pandemia perante todas as esferas de Poder de Decisão no nosso País:

    As duas principais medidas de proteção contra o contágio são evitar sair de casa e receber todas as orientações e ferramentas de proteção individual. Análises realistas sinalizam que a política econômica e a pandemia, juntas, ameaçam com o desemprego mais de 60 milhões de trabalhadores (as) com vínculos regulares, milhões de aposentados (as) e pensionistas, mais de 12 milhões de desempregados e mais de 40 milhões de trabalhadores (as) informais, circulantes e também consumidores (as), sendo que já estamos impedidos de ganhar o nosso sustento, e até de fazer compras. Por isso, nos unimos neste COLETIVO DE LUTA DOS (AS) ATINGIDOS (AS) PELO CORONAVIRUS EM UBERLÂNDIA, com o objetivo de reivindicar medidas de absoluta urgência tanto de combate à doença quanto aos seus efeitos junto aos PODERES CONSTITUÍDOS (Executivo, Legislativo e Judiciário) em nível Municipal, Estadual e Federal, cada qual na sua ÁREA DE COMPETÊNCIA, RESPONSABILIDADE E ABRANGÊNCIA para que, mais uma vez, não sejamos nós, pobres, desempregados (as), informais, trabalhadores (as) ainda com vínculo empregatício e de setores da própria classe média, que paguemos esta conta. É inadmissível que uma desastrosa política econômica que conduz nosso País a um retrocesso econômico, social e civilizatório sem igual, jogue sobre nossos ombros o ônus desta crise, às custas de nossa saúde, de nossas vidas, impondo mais fome, doença e mais miséria. Um País que já ocupou o oitavo lugar como potência econômica mundial!!

    Sabemos, ainda, que muitas das nossas propostas precisam ser encampadas, encaminhadas formalmente e defendidas para além dos municípios e dos Estados junto à União, ou seja, estamos cientes das limitações objetivas de cada esfera, no entanto, nosso ponto de partida é local e, como trabalhadores (as) brasileiros (as), devemos lutar por elas em todas as frentes e territórios.

    Portanto, nós:

    1)  Reivindicamos a implementação do ato das Disposições Transitórias da Constituição vigente, que prevê auditoria da dívida externa e a suspensão da dívida pública (interna), que consome 50% do PIB brasileiro, também com auditoria, uma vez que a primeira nunca foi feita e a segunda, ou ambas (externa e interna) esta tem sido, de forma sistêmica, portanto intencional, retroalimentada de forma a crescer em “rolagens” e pagamento apenas dos juros. Esta é uma das mais importantes medidas com potencial para estancar a profunda crise econômica e reverter a calamidade anunciada advinda da propagação do coronavírus;

    2) Exigimos, por parte do governo brasileiro, a quebra de patentes de medicamentos necessários ao combate do Covid19, a revogação imediata da Emenda Constitucional EC 95 (chamada de Teto dos Gastos), da Lei de Responsabilidade Fiscal, assim liberando rapidamente o aporte de recursos públicos para governadores e prefeitos usarem nas áreas críticas da saúde e da segurança alimentar, e também da Reforma da Previdência e da Lei Trabalhista 13.467/17;

    3) Demandamos que o governo tribute lucros, dividendos e taxe as grandes fortunas e a cobrança imediata e com rito sumaríssimo dos maiores devedores do Estado brasileiro;

    4) Reivindicamos e interrupção imediata da prestação do trabalho em todas as esferas dos(as) trabalhadores(as) com mais de 60 anos, gestantes e dos demais pertencentes a grupos de risco, sem prejuízo do integral recebimento dos salários;

    5) Exigimos que nenhum dinheiro público seja dado aos bancos e especuladores e reivindicamos a estatização de empresas falidas, e que as em situação legal criem um fundo a partir da repartição solidária de lucros e dividendos dos seus sócios para proteger a renda de seus trabalhadores;

    6)Reivindicamos o fortalecimento do SUS, com aporte de recursos para aquisição imediata de respiradores, de ventiladores e de instalações de mais leitos simples e de UTI para enfrentar a curva epidêmica prevista para algumas semanas por todas as simulações de progressão da epidemia no país;

    7)Requeremos que o INSS acate o diagnóstico médico de Covid-19 para a concessão de auxílio doença, independentemente da realização de perícia pelo órgão, o reforço de servidores desse órgão no atendimento burocrático e médico, respeitadas as mesmas condições sanitárias e os direitos vigentes;

    8)Reivindicamos que as autoridades públicas intensifiquem a preparação técnica, e aumentem o contingente da Polícia Rodoviária Federal para assegurar o fluxo externo e a circulação de alimentos, remédios e equipamentos em todo o território nacional, configurando ações de primeira necessidade e não sujeitas às demais medidas de circulação de veículos e de outros produtos;

    9) Solicitamos que os Poderes Executivo e Legislativo promovam e construam frentes de trabalho em Obras Públicas, priorizando as que se relacionam com a crise na área da Saúde e de Segurança Alimentar com o objetivo de combater o desemprego que tende a crescer ainda mais;

    10) Requeremos que o Poder Público Federal, Estadual e Municipal proíba sobrecarga de trabalho, com a programação de escalas justas e a priorização de segurança sanitária, trabalhista e de locomoção gratuita para todos os profissionais da área de Saúde e de Segurança;

    11) Instamos que seja ampliado o Programa de Saúde da Família para atendimento domiciliar, a unidades básicas de saúde, de pronto atendimento (UAIS) e aos hospitais públicos, bem como incluir as UPAS mesmo as que, para isso, precisem ser concluídas e colocadas em funcionamento em ritmo de urgência;

    12) Pleiteamos que a PMU coloque a UPA Pacaembu em funcionamento (20 leitos adultos, cinco leitos infantis, e cinco de isolamento com respiradores). Reivindicamos que a Prefeitura Municipal de Uberlândia cumpra a decisão judicial de construção do Hospital Regional de Uberlândia;

    13) Requisitamos que sejam disponibilizados novos hospitais (improvisados, seguindo padrões internacionais típicos de calamidades do gênero), leitos e vagas hospitalares e de UTI em todos os hospitais privados credenciados pelo SUS, bem como, por decreto de excepcionalidade pública, adotado ou ao ser adotado, ordenar atendimento SOLIDÁRIO dos hospitais, ambulatórios e laboratórios privados não credenciados pelo SUS, ou seja, sem destinar dinheiro público para o setor privado, tal como dispõe a ética médica nacional e internacional vigente;

    14) Reivindicamos a ampliação de locais de testes e a distribuição gratuita de máscaras, luvas, álcool em gel e remédios aos que recorrem às unidades de saúde apresentando sintomas da Covid-19, isolamento rápido dos identificados. Bem como controle rigoroso do aeroporto (s) e da rodoviária tanto em relação a quem chega quanto em relação a quem sai da cidade;

    15) Solicitamos que a PMU disponibilize número de telefone para receber ligações com informação de onde se encontram moradores (as) de rua a fim de que profissionais qualificados, os (as) levem para ginásio, igreja ou algum outro local adequado onde os mesmos estejam mais protegidos de contaminação do Covid-19. Exigimos a construção ou adequação de abrigos e mobilização de grupos de profissionais para atendimento emergencial em saúde, além de fornecimento de alimento, condições de higiene, remédios e equipamentos apropriados para moradores em situação de rua e vulneráveis em abrigos e asilos;

    16) Pleiteamos o aumento imediato de fiscais trabalhistas orientados (as) e protegidos (as) com a missão específica de vistoriar as empresas com mais de 30 trabalhadores (as) quanto às medidas preconizadas pelos organismos de saúde, especialmente de distanciamento de pelo menos 1 metro de pessoas com tosse ou espirrando, de ventilação para troca de ar permanente do ambiente, da disponibilização suficiente de lenços de papel, álcool em gel e sabonete, de prevenção da saúde física e psicológica de seus (as) trabalhadores (as), pois são muitas as reclamações citando empresas infratoras e precisamos deste foro para a ele encaminhá-la;

    17) Reivindicamos que o Governo Federal, no uso de sua prerrogativa como poder concedente e diante da situação de calamidade pública, utilize a Televisão e o Rádio para ocupar o espaço na programação e fazer comunicados, prestar esclarecimentos, divulgar orientações técnicas e aceitar denúncias fundamentadas em fatos e provas feitas por representações de pessoas vulneráveis sobre essa pandemia e as formas de enfrentamento a ela que o Poder Público e a Sociedade Civil estão travando;

    18) Solicitamos a publicação transparente (número de casos suspeitos e infectados, e em isolamento) e regular (com Boletins Diários) por parte das autoridades e dos órgãos públicos de referência dos casos confirmados de contágio do Covid-19 no município, no Estado de Minas Gerais e no País, bem como a realização de campanhas de esclarecimentos sobre essa pandemia, medidas preventivas e de primeiros socorros, divulgadas também de forma física em locais de grande circulação de pessoas, como terminais, pontos de ônibus, instituições públicas, supermercados, portas de fábricas, bares e restaurantes, uma vez que nem todos estão conectados com o sistema de Internet;

    19) Instamos que o Poder Público Municipal libere pontos de Internet para garantir acesso universal às redes para comunicação digitais. Esta proposta se agrega a duas outras ações a serem executadas: a primeira local e a segunda em escala global, a saber, a) A criação e manutenção de um espaço virtual on line, um canal de comunicação entre a população de Uberlândia e a Prefeitura Municipal para alimentar banco de dados sobre as ocorrências do coronavírus, a gestão da crise em nossa cidade, como também para receber informações sobre medidas preventivas entre outras ações; b)Reivindicar uma ação governamental intercedendo junto ao Facebook e Instagram para que iniciem uma campanha global de esclarecimento e informação, moldada para cada país, por exemplo, e exigimos que todos os trabalhadores em Informação/Comunicação possa, formalmente junto à justiça civil e do Trabalho, denunciar e se recusar a produzir fake news, sem por isso ser penalizado e lhe sejam garantidos os direitos de sobrevivência enquanto durar a pandemia e seus efeitos econômicos e sociais;

    20) Pedimos que as autoridades competentes destaquem parte do efetivo das Polícias Civil e Militar, devidamente identificadas com uma tarja branca na farda/vestimenta e protegidos nos mesmos moldes dos (as) profissionais de atendimento de ponta da área da saúde, para auxiliar ambulâncias e socorrer as pessoas que estejam em pânico ou apresentem sintomas, com orientações e deslocamentos necessários a cada situação, seja domiciliar, seja a um hospital;

    21) Solicitamos que a Prefeitura Municipal de Uberlândia, concedente do serviço, institua transporte coletivo gratuito para todos os (as) trabalhadores (as), formais e informais, enquanto durar a pandemia e os seus efeitos econômicos e sociais, mantendo a frota usual, limitando a capacidade dos veículos para viajar somente com passageiros (as) sentados (as), mantendo-os higienizados com álcool em gel para os usuários e os (as) seus (as) profissionais devidamente orientados (as) e protegidos (as);

    22) Reivindicamos que a Prefeitura Municipal de Uberlândia – PMU, via Decreto do Poder Executivo destine recursos aos seus departamentos referentes para disponibilização imediata de cestas básicas e vale gás às famílias de baixa renda, às pessoas vulneráveis, às populações indígenas do município, aos (as) moradores de assentamentos urbanos, rurais e aglomerações, independente de regularização, às favelas, aos bairros periféricos, aos abrigos e asilos em geral, aos (as) ambulantes e outros (as) trabalhadores (as) informais, tanto aqueles que já possuem inscrição na SMDSHT, bem como dos (as) que não estão inscritos (as). Que neste último caso o procedimento de cadastramento seja concomitante ao primeiro auxílio, recorrendo, para isso, aos (as) trabalhadores (as) em Uberlândia já evocados por decreto municipal recente para serviços públicos de urgência, enquanto durar a pandemia e os seus efeitos econômicos e sociais;

    23) Pleiteamos que os poderes constituídos instituam a Renda Básica Universal no molde recomendado pela Organização das Nações Unidas para os brasileiros;

    24) Demandamos que as autoridades competentes paguem um Salário Mínimo a todos os trabalhadores e trabalhadoras desempregados (as) de Uberlândia, formais e informais, inclusive artistas e agentes culturais, enquanto durar a pandemia e os seus efeitos econômicos e sociais; e instamos que sejam estendidas as parcelas de seguro desemprego;

    25) Solicitamos que o Poder Executivo proíba o corte de água e de luz por falta de pagamento e opere junto ao DMAE, a CEMIG a preservação dos serviços e isenção de pagamento de água para todas as famílias com renda até 4 salários mínimos enquanto durar a pandemia e os seus graves efeitos econômicos. Para essa mesma faixa de renda, autorizar ou intermediar junto aos bancos públicos e privados a suspensão de pagamento de dívidas bancárias e toda a natureza (principal e juros), e especialmente taxas, tributos e impostos em cobrança por 4 meses e, por decreto, a suspensão de despejo, particular ou judicial, de famílias com renda de até 4 salários mínimos também enquanto durar a pandemia e os seus efeitos econômicos e sociais;

    26) Reivindicamos que em Uberlândia o Município promova por intermédio do DMAE, a universalização do fornecimento de água e de coleta de esgotos para todos os assentamentos e aglomerações, independentemente de regularização, visto ser o acesso à água limpa e segura e o saneamento, um direito humano fundamental conforme Declaração da Assembleia Geral da ONU, por serem essenciais para a garantia de níveis mínimos de saúde das populações;

    27) Requisitamos a liberação de saque de até 50% do FGTS de todos os trabalhadores e as trabalhadoras, e de até 90% para os (as) infectados (as) que necessitem de tratamento intensivo;

    28) Instamos, junto aos órgãos envolvidos e competentes, a suspensão de todos os processos judiciais de desocupação de sem-teto e de sem-terra em trâmite atualmente no município;

    29) Reivindicamos a manutenção, ampliação e o aumento dos valores do Bolsa Família e sua extensão às famílias de baixa renda cujo arrimo seja trabalhador formal, desempregado ou informal, devido à pandemia e seus efeitos econômicos e sociais críticos;

    30) Solicitamos que seja ampliada a ajuda e vigilância contra a violência doméstica à mulher, bem como a violência intrafamiliar, no trabalho, envolvendo as autoridades como a Defensoria Pública, as Delegacias de Polícia Civil, a Polícia Militar, o Ministério Público Estadual, o Poder Judiciário, os Conselhos Tutelares, os equipamentos sociais de atendimento em todos os níveis de complexidade como CRS e CREAS, casa abrigo e outros. Que sejam realizadas campanhas de sensibilização quanto à questão da violência doméstica como uma realidade colocada pelo isolamento social e sofrimento emocional causado pelo medo e pela perda da condição econômica e a divulgação ampla dos respectivos canais de denúncia. É indispensável haver um canal online para denúncia disponibilizada para mulheres que estejam sujeitas à violência, agressões em todos os espaços de vida e também com risco de agressão sexual, especialmente para quem está em situação de confinamento e com especial atenção para as mulheres que atuam nos setores da saúde, higiene e limpeza;

    31) Requeremos que seja emitida norma ou decreto estabelecendo regras para catadores (as) de resíduos recicláveis e para os (as) trabalhadores (as) envolvidos na destinação final dos mesmos iguais às normatizadas e praticadas com dejetos de saúde, uma vez que também estão expostos ao contágio;

    32) Reivindicamos que sejam soltos todos os (as) presos (as) provisórios (as), não perigosos (as), com condenações leves, após exame clínico do seu estado de saúde, encaminhando os casos suspeitos para as unidades de saúde preparadas para recebê-los, e enquadrando-os nos mesmos programas sociais de emergência direcionados aos (as) cidadãos (ãs) com situação financeira e econômica similar e os mesmos cuidados sanitários aos que continuarem presos;

    33) Solicitamos a desobrigação de registro de ponto nas esferas pública e privada enquanto durar a crise, uma vez que a orientação de não-deslocamento induz os trabalhadores e as trabalhadoras a evitarem aglomerações em pontos de ônibus e em outros transportes coletivos;

    34) Reivindicamos que sejam completamente, ou seja, incluindo também os (as) servidores (as) de apoio e limpeza, suspensas as aulas e fechamento das escolas, escolas técnicas, faculdades e universidades do município, sem nenhuma demissão nem redução de salários, bem como sejam fechadas academias de ginástica e outros espaços de aglomeração de pessoas, desde que enquadradas nas respectivas medidas e situações de atendimento econômico social e de saúde neste documento definidas;

    35) Demandamos que os governos estadual e municipal estabeleçam uma logística de distribuição de alimentos do PNAE, no período de suspensão das atividades escolares, às famílias dos e das estudantes de escolas públicas;

    36) Reivindicamos, da mesma forma, aos mesmos foros, que por Decreto se assegure estabilidade de emprego na cidade de Uberlândia, tanto no setor público quanto no privado, com todos os seus direitos mantidos por 12 meses, sem redução de salários e proventos;

    37) Solicitamos que o Poder Público adote para si, e oriente setores empresariais estratégicos na produção de alimentos, de insumos, de limpeza, de equipamentos de higiene e de medicamentos, o exercício do trabalho sob condições sanitárias e trabalhistas previstas para esta situação, proibindo conjuntos acima de 30 trabalhadores num mesmo espaço. E que as empresas de outros setores, como as de Call Center (telemarketing), além das mesmas novas disposições internas, adotem o chamado “Home Office”, e que para isso sejam assegurados os devidos equipamentos e o acesso gratuito à Internet, ou promovam rodízio em turnos e escalas, sem redução de salário, garantidas as medidas sanitárias correspondentes a suas situações, sem redução de salários;

    38) Postulamos que os (as) trabalhadores (as) “ociosos” da iniciativa privada, como bancários (as), devido à redução do fluxo de trabalho e de atendimento tenham todos os seus empregos e direitos mantidos;

    39) Requeremos a antecipação de pagamento e de gozo de férias e de férias-prêmios para todos os trabalhadores e trabalhadoras concursados ou contratados pelo setor público;

    40) Solicitamos que as empresas paguem Uber para os seus trabalhadores e trabalhadoras se deslocarem para o trabalho, reduzindo a pressão sobre o transporte público, enquanto o Poder Público também usa sua frota de veículos utilitários, ou a reforce, para o mesmo serviço;

    41) Requisitamos que as empresas de Transporte Coletivo Intermunicipal e de Cargas promovam o transporte gratuito de alimentos, equipamentos e medicamentos para todas as cidades brasileiras e forneçam alimentos crus com fogões nos modelos apropriados ou alimentos não perecíveis, pois os mesmos começaram a passar fome porque não encontram restaurantes e outros estabelecimentos do gênero aberto nas estradas;

    42) Reclamamos que o Poder Público, por meio do seu Ministério ou Secretarias de Cultura, no contexto da emergência de saúde e economia reconhecida no município de Uberlândia, ou seja, com ou sem necessidade de editais ou de licitação, custeie, subsidie e premie os artistas e as artistas, agentes culturais profissionais para apresentações culturais via Internet, tanto com o objetivo de sobrevivência quanto com o de oferecer a arte como instrumento psicossocial que amenize os efeitos depressivos do isolamento imposto à população com a perspectiva de 04 meses de duração, a exemplo do já criado em Portugal, que vive a mesma situação, de nome Festival Fico em Casa, e de propostas semelhantes que estão sendo efetivadas em São Paulo e Belo Horizonte.

    43) Demandamos o prolongamento de prazos contratuais para garantir o pagamento aos artistas, agentes e produtores (as) culturais que tenham projetos aprovados pelos Programas de Incentivo à Cultura nas três esferas de Poder;

    44) Exigimos a manutenção da totalidade de bolsas de estudos de pós-graduação e intensificação das políticas de permanência de estudantes cotistas, bem como dos demais programas de fomento educacional e de pesquisa, inclusive como forma de estímulo ao desenvolvimento de soluções para a crise, ficando sob a responsabilidade das instituições envolvidas garantir o ambiente e as relações sanitárias adequadas para o funcionamento das comunidades envolvidas;

    45) Reivindicamos que não haja nenhuma suspensão de direitos políticos, de reunião e manifestação, desde que atendendo as determinações sanitárias de prevenção definidas pela Organização Mundial da Saúde – OMS;

    46) Exigimos diálogo, respeito e efetiva negociação imediata com os sindicatos dos trabalhadores – público e privado, como condição necessária para implementação das medidas de restrição de risco trabalhista e de saúde;

    47) Este Coletivo de Luta dos (as) Atingidos (as) pelo Covid19 em Uberlândia apoia e indica a criação de uma Campanha de Solidariedade aos (as) Microempreendedores (as) e pequenos (as) Comerciantes, priorizando os envolvidos com Agricultura Familiar e Agroecologia, com o objetivo de incentivar a Compra Solidária junto a estes, observadas as regras sanitárias de proteção mútua, assim contribuindo para que mantenham seu sustento e de sua família por tempo indeterminado. Pleiteamos que a Prefeitura Municipal de Uberlândia, para garantir a segurança alimentar e nutricional de toda população, em especial, a mais vulnerável, destine recursos para compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar;

    48) Este Coletivo também requer a criação de uma Rede de Doação Cidadã, sob responsabilidade do Poder Público, com o objetivo de receber doações de alimentos básicos não perecíveis a serem entregues gratuitamente a pessoas vulneráveis, como moradores (as) de periferia, acampados (as) sem-terra e sem-teto no âmbito do município, e em abrigos e asilos cuja situação seja constatada como grave. Para tal, solicitamos que Poder Público Municipal disponibilize um espaço/endereço/veículo para recepção, entrega e distribuição das mesmas, respeitados os procedimentos sanitários envolvidos nesse processo, por tempo indeterminado;

    49) Este Coletivo de Luta dos (as) Atingidos (as) pelo coronavírus de Uberlândia apoia e orienta a sociedade que ora se organiza no enfrentamento da doença e de seus vários efeitos a apresentar três cidadãos (ãs) comuns para integrar uma BRIGADA PROTEGIDA DE FISCALIZAÇÃO E DE TRABALHO, ou SOS-Coronavírus, composta por um (uma) profissional da área de saúde, um (a) advogado (a) e um (a) assistente social, junto às autoridades, comitês e outros foros já criados ou a serem criados em todas as frentes públicas e privadas de enfrentamento da pandemia, que deverão ser mantidos e remunerado por meio de verbas de contingência no valor de dois Salários Mínimos mensais para transitar às expensas do Poder Público em veículo por este indicado, dado que se prevê muitas frentes de trabalho público expostas a tensionamentos de demanda, de pressões e de carências ocasionalmente ignoradas ou negligenciadas, sendo sua missão principal fiscalizar e ligar comandos e ações que resolvam os eventuais conflitos, registrados em planilha, com base nas quais se deverá constituir mais brigadas ou conjuntos SOS-Corona a serem distribuídos geograficamente em áreas de, nesta ordem, periferia, populações carentes e desassistidas por toda a cidade, em todos os espaços públicos e quando solicitados por qualquer cidadão enquanto durar a pandemia;

    50) Exigimos que o governo federal, em nenhuma de suas instâncias de Poder declare ou aprove a declaração de “estado de sítio”, e sim, de calamidade pública, com a suspensão de todas as atividades não relacionadas à preservação da vida.

    Para concluir, informamos que os tópicos acima abordados não foram esgotados, e que outros poderão ser construídos e serem objeto de pleitos e ações deste Coletivo.

     

    COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO

    Carolina Clementino ____________________________________________________

    Gabriela Almeida Luz ___________________________________________________

    Iara Helena Magalhães __________________________________________________

    Liliane Cirino _________________________________________________________

    Tânia de Lourdes Martins ________________________________________________

    Wilson Shimizu ________________________________________________________

     

     

    COLETIVO DE LUTA DOS (AS) ATINGIDOS (AS) PELO CORONAVÍRUS EM UBERLÂNDIA 1

     

    Uberlândia, 25 de Março de 2020.

  • UFMT lança podcast Vida em Quarentena

    UFMT lança podcast Vida em Quarentena

    O podcast Vida em Quarentena, programa gratuito sobre as histórias de período de isolamento devido à situação da pandemia da Covid-19, estreou nesse domingo, 29 de março, nas plataformas Spotify, Deezer, Mixcloud, Anchor, Breaker RadioPublic. Todo o trabalho de produção, gravação e edição é feito em casa por estudantes que integram os projetos de extensão nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e TV e Cinema e Audiovisual do Departamento de Comunicação da UFMT, e coordenado pelo professor Luãn Chagas, do curso de jornalismo. Além do programa semanal mais longo, estão sendo produzidos outros conteúdos como o Minuto Quarentena. Todos são e distribuídos nas redes sociais e também enviados às emissoras de rádio comunitárias.

    A “Quarentena lá fora” é o tema do primeiro episódio do Vida em Quarentena, uma produção do Comunicast, o Projeto de Extensão em Podcast da UFMT. Para saber como o mundo tem vivido o isolamento, os alunos foram atrás de histórias de estudantes e moradores de nove países diferentes: Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Colômbia e Argentina. “Solidariedade, empatia, cuidados e precaução são algumas palavras que movem o movimento difícil que estamos passando. Mas como é a vida em quarentena de quem está fora do país, longe de casa? Coloque o fone de ouvido e mergulhe nas histórias do Vida em Quarentena, um podcast feito dentro de casa por muitas vozes!”, traz o material de divulgação do programa.

    Os episódios de Vida em Quarentena e os mini-programas Minuto Quarentena também têm o apoio da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraco) em Mato Grosso, que veicula o material em emissoras como a CPA FM, de Cuiabá. Ao longo das próximas semanas diversos temas que envolvem a quarentena serão abordados, como a situação dos moradores em situação de rua frente à Covid-19, as redes de voluntariado, os cuidados na alimentação e no manuseio dos alimentos, fé, refugiados e entretenimento.

    “Nosso objetivo é trazer informação e contar as histórias que envolvem esse período, até porque é hora de refletir sobre o que estamos vivendo, sobre a quarentena em diferentes aspectos, dos que tem casa aos que não tem, dos que estão longe de suas famílias às políticas públicas”, destaca o professor Chagas.

    Os áudios para WhatsApp, os Minutos Quarentena e os podcasts terão produção, roteiro e edição exclusiva para cada formato.

     

    Veja abaixo as opções de acesso ao Vida em Quarentena na internet.

    Spotify: https://open.spotify.com/show/6yxyK5YK5fZIlsx4kjepwY?si=Kht5DydxR6mCRWm7L7dt-Q

    Deezer: https://www.deezer.com/br/show/993622?utm_source=deezer&utm_content=show-993622&utm_term=2206201488_1585425023&utm_medium=web

    Mixcloud – https://www.mixcloud.com/comunicastufmt/

    Anchor: https://anchor.fm/vidaemquarentena

    Breaker: https://www.breaker.audio/vida-em-quarentena

    RadioPublic: https://radiopublic.com/vida-em-quarentena-Wo0B9x

  • Elisa LUCINDA: Aos filhos da Liberdade

    Elisa LUCINDA: Aos filhos da Liberdade

    Estação Primeira de Mangueira: Filhos da Liberdade
    Estação Primeira de Mangueira: Filhos da Liberdade

    Quando soube do novo enredo da Mangueira, gostei de cara. Nutriu minha esperança. É muito poderosa a força narrativa da Sapucaí. A festa tem impressão espetacular, grifando bem a etimologia da espetaculosa palavra. O carnavalesco Leandro Vieira sabe certamente da força educacional política de uma escola e não vem medindo esforços para mirar no esclarecimento do povo brasileiro sobre as questões que dominam seu cotidiano e em usar a arte popular do rei momo pedagogicamente. Pelo que entendo do que li do enredo, Jesus Cristo volta ao mundo, o encontra extremamente intolerante, e o que é pior, em seu nome. Isso o desagrada. É realmente perigosa, escandalosa e abismal a diferença da vida e do pensamento entre Jesus Cristo e o que se tornou a igreja católica e as neopentecostais.

    Chocante.

    Ele não era intolerante nem preconceituoso. Sabemos que Cristo não era branco nem pregava riqueza! Ao contrário, vivia entre pobres, hippies e putas, e não estava em seus planos ver um fiel aos seus princípios um dia dizer: “Agora encontrei Jesus e já tenho dois carros”. Tanto que, desde que chegou ao Vaticano , o valente papa Francisco atua seriamente na desconstrução de toda pompa de tal império da fé e de tudo mais que afasta a igreja dos verdadeiros fundamentos cristãos. Não é tarefa fácil. Tudo está muito torto.

    E o mundo está confuso. O Brasil numa maré de azar sem tamanho. Avançam as forças conservadoras numa miscelânea de ignorância radical e pregação de ideologias que não se assumem como ideologias, mentiras vestidas de verdades, e tudo isso leva nossa comunicação à beira do caos. Que confusão é essa?

    Mata-se indígena em nome do desenvolvimento, nudez é crime mesmo sendo o nosso figurino original, condena-se a sexualidade como se fosse pecado, enquanto as igrejas cometem há séculos a desfaçatez de terem templos espalhados pelo nosso país com categorias separatistas e nomeados como igrejas dos escravos ou dos pretos e ninguém repara? Destroem terreiros, atacam babalorixás e ialorixás, e tudo em nome da fé, do bem, da família. Fé em quem? Bem de quem? E de que família? Nessa febre insana que inclui moralistas, terra-planistas em pleno século XXI, temos um presidente desmatador do Brasil que imita o presidente americano que ama armas e guerras e de cuja performance o mundo tem vergonha, e ainda uma ministra da Secretaria especial da mulher que é contra o feminismo, que faz do seu gabinete uma sucursal de sua igreja, e que, agora, inventou de propor a não-vida sexual entre adolescentes e jovens.

    Socorro, “… o mundo está ao contrário e ninguém reparou?” Realmente Jesus vai ter muito com que se espantar com “isso daí”. E o enredo vai fazer muita gente refletir a partir da Sapucaí.

    Estamos todos atordoados. A cada porrada, uma ação judicial, a cada inconstitucionalidade uma reação imediata dos direitos humanos, uma busca desesperada da sociedade que ainda pode usar a Constituição como um escudo contra as barbaridades que estão levando nosso país ao seu pior lugar de evolução diante de todos os avanços que havíamos conseguido nas últimas décadas. Uma merda geral. As milícias no poder, o Ministro da justiça afundado na falta de ética, comprometendo a imagem geral dos juízes, e um governo despreparado para compreender a complexidade do Brasil de agora, que ainda tem coragem de afirmar, esquizofrenicamente, que a economia vai bem, quando nenhuma economia pode ir bem chafurdada na desigualdade, nas injustiças sociais, na violação dos Direitos Humanos no extermínio das populações indígena e negra. É como dizer: “A economia daquela casa vai muito bem, só estão todos desempregados, não têm como se sustentar, as crianças da casa não tem boa alimentação, educação e saúde pública de qualidade, o pai é preto e pobre, por isso pode ser assassinado a qualquer momento, um dos filhos é gay, lésbica ou trans e por isso pode ser assassinado a qualquer momento, a mãe sofre violência doméstica, por isso pode ser assassinada a qualquer momento. Mas a economia daquela casa vai muito bem”. Não sou economista mas sei que se trata de uma ciência que se relaciona com outros fatores definidores. Nossa economia vai mal, meus senhores. Milhões de desempregados circulam desesperados na espiral da falta de perspectivas. Se eu fosse nossa querida e competente Flavia Oliveira, teria mais argumentos aqui. Mas o pouco que sei diz que isso não está certo, que vamos mal sim.

    Porém, brilha uma luz no fim do túnel:

    O que insanos conservadores não perceberam é que não adianta uma determinação para que jovens não façam amor, agora uma ordem. Quem vai obedecer? É tarde demais. Ninguém vai querer parar de transar e quem ainda nunca, não vai querer mudar a regra do jogo logo na sua vez. Nos 35 anos que nos separam do fim da ditadura, desenvolvemos uma profunda revolução amorosa começada mundialmente em 1968, encabeçada por jovens exigindo a liberdade de sua sexualidade, na base do “faça amor, não faça guerra”. Desde então nossos jovens estão transando em casa, na casa dos seus namorados e namoradas, e os pais sabem, orientam, ensinam prevenções sem hipocrisia e com responsabilidade. Esta é a luz: a nova gente.

    Sou de uma geração que nasceu na ditadura e viu, e participou da luta pela restituição da liberdade e da democracia. Uma dura luta contra a censura e pela liberdade de expressão. Vi meu pai queimando livros no meio da noite no fundo do quintal. Temia ser descoberto como homem de pensamento livre, como amante da liberdade e igualdade para todos. Eu sou filha de quem lutou pela liberdade. Herdeira desta bandeira. Ter vivido essa história fez com que nós também lutássemos para que nossos filhos tivessem garantida a liberdade que um dia nos faltou .Vinte anos de ditadura fizeram muito mal ao país, creiam-me! Gênios, intelectuais, estudantes, artistas, professores, pensadores, pesquisadores, jornalistas, pessoas cujo único crime foi lutar pela liberdade, foram torturados e mortos. A ditadura insistia em ser chamada de revolução quando na verdade foi um duro golpe militar. Nesse tempo todos nos tornamos guardiões dessa liberdade e lutamos diuturnamente para preservá-la. Imagine o que farão então os que nunca viveram sem ela? Quem nasceu com esse grito –gozo da liberdade de expressão– solto não vai querer saber de outro rumo pra esta prosa e não vai se entregar assim .

    Greta Thumberg, esta menina ativista sueca que está puxando a orelha dos adultos pela bagunça climática no mundo, não é um caso isolado. Os jovens estão estudando sustentabilidade em todos os sentidos. Estão atentos à contemporaneidade, à diversidade de gênero e enquanto negros e indígenas estão se tornando antropólogos, sociólogos, filósofos, e estão de olho nas contradições do país que caminha trôpego sobre profunda desigualdade. Sabem que dessa injustiça não poderá brotar a paz.

    São os filhos da liberdade e não a entregarão com facilidade, nem imaginam o mundo onde não possam circular livres e expressarem sua opinião quando quiserem, à hora que quiserem e sobre o que quiserem. Não conhecem outro regime. Não estava nos seus planos. Os filhos da liberdade nasceram com o DNA de sua preservação. Seus pais lutaram pelas minorias e acharam maneiras alternativas para lhes prometer um mundo melhor. Lutaram por suas crenças, ervas e opiniões. Não será uma luta fácil, mas confio na força de quem nasceu numa casa onde a repressão deu lugar à uma educação sincera, verdadeira, informal e respeitosa.

    Claro que também há os “jovens de direita” (ó triste encontro de duas palavras tão antônimas), mas ainda assim eu acredito que, como diz o poeta Manoel de Barros, “A liberdade é como água, caça jeito”, acha um modo de escoar. Não vão nos levar tudo na mão grande, haverá luta. Há luta! E os filhos da liberdade não vão negociá-la nem medir esforços para honrá-la. O carnavalesco da Mangueira é um filho desta grandiosa prole. Na esteira destas batalhas para assegurar nossos direitos veio o direito ao nosso pensamento livre, o direito à homoafetividade e à transexualidade sem condenação, veio o anticoncepcional que fez com que pudéssemos decidir e programar gestações, veio a mulher no mercado no trabalho, veio o homem se reconfigurando e se despoluindo de seu machismo tóxico.

    Nosso grande quilombo misto somado aos que vieram depois de nós não é nada pequeno. Ou seja, estamos todos, os da tribo imensa da liberdade, dispostos a não perdê-la de modo algum. Confiemos nos frutos da liberdade e aí veremos que os filhos dela jamais fogem à luta.

    Elisa Lucinda, verão de 2020

     

     

     

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  • Família de garoto morto em Paraisópolis entrará em campo com o Corinthians

    Família de garoto morto em Paraisópolis entrará em campo com o Corinthians

    Camiseta: Dennys Guilherme Santos, eternamente dentro de nossos corações
    Camiseta: Dennys Guilherme Santos, eternamente dentro de nossos corações

    Em seu último jogo do Campeonato Brasileiro de 2019, contra o Fluminense, na Arena Corinthians, em Itaquera, o Corinthians entrará em campo com um irmão e um primo de Dennys Guilherme Santos, de 16 anos, um dos nove jovens mortos durante o ataque da Polícia Militar aos frequentadores de um baile funk na favela de Paraisópolis, no último domingo.

    Dennys era estudante aplicado e trabalhador dedicado, ganhando a vida como Jovem Aprendiz numa empresa de telemarketing. Morador da Vila Matilde, na Zona Leste de São Paulo, seu sonho era tornar-se administrador de empresas e mostrar para a mãe que um garoto da favela poderia vencer na vida. Nas horas vagas, torcia pelo seu Corinthians. Comparecia aos jogos no Pacaembu e na arena de Itaquera.

    Ao consentir na homenagem, a direção corinthiana atendeu à solicitação de integrantes do Coletivo Democracia Corinthiana (CDC) e do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO), empenhados em fazer valer a tradição centenária do clube alvinegro na luta por uma sociedade justa e solidária.

    Lucas Santos, de 10 anos, irmão mais novo de Dennys, e seu sobrinho, Murillo, de 4 anos, entrarão em campo com seus ídolos. “O pessoal faz um trabalho maravilhoso e fico agradecido de coração pela atenção deles”, diz Rodrigo, irmão mais velho da vítima, integrante ativo dos Gaviões da Fiel.

    Contestação

    A irmã de Dennys, Fernanda Santos, contesta a versão oficial de que a morte do jovem tenha sido em decorrência de pisoteamento. Segundo ela, o adolescente estava sendo socorrido por amigos, em um beco de Paraisópolis, quando a polícia chegou, expulsou os jovens do local e afirmou que socorreria Dennys.

    O rapaz, no entanto, somente foi encontrado no dia seguinte, já morto, no IML. “Ele estava com a barriga coberta, não me deixaram ver. Eu pedi para tocar ele, mas não me deixaram”, afirma Fernanda. Ela examinou o corpo somente no velório. Encontrou apenas uma lesão na cabeça. “Sabemos que não foi pisoteamento”, contesta.

     

     

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