Jornalistas Livres

Categoria: Golpe

  • Viva a morte! Fascistas fazem ato pró-golpe militar e pelo fim da quarentena

    Viva a morte! Fascistas fazem ato pró-golpe militar e pelo fim da quarentena

    O ato ocorreu neste domingo (19/4) em frente ao Comando Militar do Sudeste (II Exército), localizado no bairro do Ibirapuera, região nobre da cidade e reuniu, em sua maioria, pessoas brancas de classe média, dentro de carrões. Os manifestantes, muitos dos quais com roupas de camuflagem, como as usadas por militares, são fissurados por tudo envolva a caserna, como o próprio presidente sociopata, Jair Bolsonaro, que eles idolatram.

    Os presentes na manifestação serão responsáveis, também, pelo aumento da disseminação do COVID-19 na cidade de SP, pois deveriam estar em suas casas (muitos estão fazendo home office), mas reclamam que não podem passear com seu cachorrinho, que suas empregadas devem voltar ao trabalho, que Doria é “comunista” (ô criatividade!). Ouve-se o hino ufanista do governo do general Emílio Garrastazu Médici, tocado a milhão pelos auto-falantes instalados na caçamba de uma caminhonete 4X4 tinindo de nova: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo / Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil / Eu te amo, meu Brasil, eu te amo / Ninguém segura a juventude do Brasil”. O hino, da dupla Dom e Ravel, embala os discursos malucos, segundo os quais a pandemia “não é tão letal” assim. É um contra-senso seguido de outro.

    A PM nem deu as caras na manifestação, que deveria ser dispersada, já que atenta contra a ordem do governador João Doria, de isolamento em casa em prol da saúde pública. Agora imagine se fossem professores manifestando-se ali, no mesmo local. Seria pau na certa (como é sempre, aliás). É inaceitável que defender a Democracia seja proibido e defender a morte seja legal.

    Captando as imagens dessa manifestação, em meio às tantas insanidades que vimos e ouvimos, proferidas por esse gado perdido nas ruas do entorno do Ibiraquera, foi-nos perguntado se éramos jornalistas do bem ou do mal. Respondemos: Do bem, é claro. Também nos perguntaram se éramos de direita ou de esquerda. De direita, é claro (dizer outra coisa seria arriscado demais, pensamos). Aproveitamos para orientar um senhor que, como Bolsonaro, não sabia usar a máscara corretamente. Ele estava com o nariz para fora da proteção contra o COVID-19.

    Saímos do meio dessa aglomeração o mais rápido que pudemos, pois ao contrário deles, acreditamos em Coronavírus e estamos fazendo toda a produção de conteúdos dos Jornalistas Livres, de dentro de nossas casas, com exceção dessa. Seguimos todos os protocolos de proteção durante a manifestação, porque somos responsáveis e não queremos levar coronavírus de fascistas para outras pessoas. Ao chegar em casa, um banho imediato —para combater algum vírus mais saliente e para limpar a onda ruim dessa gente que odeia a Democracia. Fique em casa e assista!

     

  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • Elisa LUCINDA: Aos filhos da Liberdade

    Elisa LUCINDA: Aos filhos da Liberdade

    Estação Primeira de Mangueira: Filhos da Liberdade
    Estação Primeira de Mangueira: Filhos da Liberdade

    Quando soube do novo enredo da Mangueira, gostei de cara. Nutriu minha esperança. É muito poderosa a força narrativa da Sapucaí. A festa tem impressão espetacular, grifando bem a etimologia da espetaculosa palavra. O carnavalesco Leandro Vieira sabe certamente da força educacional política de uma escola e não vem medindo esforços para mirar no esclarecimento do povo brasileiro sobre as questões que dominam seu cotidiano e em usar a arte popular do rei momo pedagogicamente. Pelo que entendo do que li do enredo, Jesus Cristo volta ao mundo, o encontra extremamente intolerante, e o que é pior, em seu nome. Isso o desagrada. É realmente perigosa, escandalosa e abismal a diferença da vida e do pensamento entre Jesus Cristo e o que se tornou a igreja católica e as neopentecostais.

    Chocante.

    Ele não era intolerante nem preconceituoso. Sabemos que Cristo não era branco nem pregava riqueza! Ao contrário, vivia entre pobres, hippies e putas, e não estava em seus planos ver um fiel aos seus princípios um dia dizer: “Agora encontrei Jesus e já tenho dois carros”. Tanto que, desde que chegou ao Vaticano , o valente papa Francisco atua seriamente na desconstrução de toda pompa de tal império da fé e de tudo mais que afasta a igreja dos verdadeiros fundamentos cristãos. Não é tarefa fácil. Tudo está muito torto.

    E o mundo está confuso. O Brasil numa maré de azar sem tamanho. Avançam as forças conservadoras numa miscelânea de ignorância radical e pregação de ideologias que não se assumem como ideologias, mentiras vestidas de verdades, e tudo isso leva nossa comunicação à beira do caos. Que confusão é essa?

    Mata-se indígena em nome do desenvolvimento, nudez é crime mesmo sendo o nosso figurino original, condena-se a sexualidade como se fosse pecado, enquanto as igrejas cometem há séculos a desfaçatez de terem templos espalhados pelo nosso país com categorias separatistas e nomeados como igrejas dos escravos ou dos pretos e ninguém repara? Destroem terreiros, atacam babalorixás e ialorixás, e tudo em nome da fé, do bem, da família. Fé em quem? Bem de quem? E de que família? Nessa febre insana que inclui moralistas, terra-planistas em pleno século XXI, temos um presidente desmatador do Brasil que imita o presidente americano que ama armas e guerras e de cuja performance o mundo tem vergonha, e ainda uma ministra da Secretaria especial da mulher que é contra o feminismo, que faz do seu gabinete uma sucursal de sua igreja, e que, agora, inventou de propor a não-vida sexual entre adolescentes e jovens.

    Socorro, “… o mundo está ao contrário e ninguém reparou?” Realmente Jesus vai ter muito com que se espantar com “isso daí”. E o enredo vai fazer muita gente refletir a partir da Sapucaí.

    Estamos todos atordoados. A cada porrada, uma ação judicial, a cada inconstitucionalidade uma reação imediata dos direitos humanos, uma busca desesperada da sociedade que ainda pode usar a Constituição como um escudo contra as barbaridades que estão levando nosso país ao seu pior lugar de evolução diante de todos os avanços que havíamos conseguido nas últimas décadas. Uma merda geral. As milícias no poder, o Ministro da justiça afundado na falta de ética, comprometendo a imagem geral dos juízes, e um governo despreparado para compreender a complexidade do Brasil de agora, que ainda tem coragem de afirmar, esquizofrenicamente, que a economia vai bem, quando nenhuma economia pode ir bem chafurdada na desigualdade, nas injustiças sociais, na violação dos Direitos Humanos no extermínio das populações indígena e negra. É como dizer: “A economia daquela casa vai muito bem, só estão todos desempregados, não têm como se sustentar, as crianças da casa não tem boa alimentação, educação e saúde pública de qualidade, o pai é preto e pobre, por isso pode ser assassinado a qualquer momento, um dos filhos é gay, lésbica ou trans e por isso pode ser assassinado a qualquer momento, a mãe sofre violência doméstica, por isso pode ser assassinada a qualquer momento. Mas a economia daquela casa vai muito bem”. Não sou economista mas sei que se trata de uma ciência que se relaciona com outros fatores definidores. Nossa economia vai mal, meus senhores. Milhões de desempregados circulam desesperados na espiral da falta de perspectivas. Se eu fosse nossa querida e competente Flavia Oliveira, teria mais argumentos aqui. Mas o pouco que sei diz que isso não está certo, que vamos mal sim.

    Porém, brilha uma luz no fim do túnel:

    O que insanos conservadores não perceberam é que não adianta uma determinação para que jovens não façam amor, agora uma ordem. Quem vai obedecer? É tarde demais. Ninguém vai querer parar de transar e quem ainda nunca, não vai querer mudar a regra do jogo logo na sua vez. Nos 35 anos que nos separam do fim da ditadura, desenvolvemos uma profunda revolução amorosa começada mundialmente em 1968, encabeçada por jovens exigindo a liberdade de sua sexualidade, na base do “faça amor, não faça guerra”. Desde então nossos jovens estão transando em casa, na casa dos seus namorados e namoradas, e os pais sabem, orientam, ensinam prevenções sem hipocrisia e com responsabilidade. Esta é a luz: a nova gente.

    Sou de uma geração que nasceu na ditadura e viu, e participou da luta pela restituição da liberdade e da democracia. Uma dura luta contra a censura e pela liberdade de expressão. Vi meu pai queimando livros no meio da noite no fundo do quintal. Temia ser descoberto como homem de pensamento livre, como amante da liberdade e igualdade para todos. Eu sou filha de quem lutou pela liberdade. Herdeira desta bandeira. Ter vivido essa história fez com que nós também lutássemos para que nossos filhos tivessem garantida a liberdade que um dia nos faltou .Vinte anos de ditadura fizeram muito mal ao país, creiam-me! Gênios, intelectuais, estudantes, artistas, professores, pensadores, pesquisadores, jornalistas, pessoas cujo único crime foi lutar pela liberdade, foram torturados e mortos. A ditadura insistia em ser chamada de revolução quando na verdade foi um duro golpe militar. Nesse tempo todos nos tornamos guardiões dessa liberdade e lutamos diuturnamente para preservá-la. Imagine o que farão então os que nunca viveram sem ela? Quem nasceu com esse grito –gozo da liberdade de expressão– solto não vai querer saber de outro rumo pra esta prosa e não vai se entregar assim .

    Greta Thumberg, esta menina ativista sueca que está puxando a orelha dos adultos pela bagunça climática no mundo, não é um caso isolado. Os jovens estão estudando sustentabilidade em todos os sentidos. Estão atentos à contemporaneidade, à diversidade de gênero e enquanto negros e indígenas estão se tornando antropólogos, sociólogos, filósofos, e estão de olho nas contradições do país que caminha trôpego sobre profunda desigualdade. Sabem que dessa injustiça não poderá brotar a paz.

    São os filhos da liberdade e não a entregarão com facilidade, nem imaginam o mundo onde não possam circular livres e expressarem sua opinião quando quiserem, à hora que quiserem e sobre o que quiserem. Não conhecem outro regime. Não estava nos seus planos. Os filhos da liberdade nasceram com o DNA de sua preservação. Seus pais lutaram pelas minorias e acharam maneiras alternativas para lhes prometer um mundo melhor. Lutaram por suas crenças, ervas e opiniões. Não será uma luta fácil, mas confio na força de quem nasceu numa casa onde a repressão deu lugar à uma educação sincera, verdadeira, informal e respeitosa.

    Claro que também há os “jovens de direita” (ó triste encontro de duas palavras tão antônimas), mas ainda assim eu acredito que, como diz o poeta Manoel de Barros, “A liberdade é como água, caça jeito”, acha um modo de escoar. Não vão nos levar tudo na mão grande, haverá luta. Há luta! E os filhos da liberdade não vão negociá-la nem medir esforços para honrá-la. O carnavalesco da Mangueira é um filho desta grandiosa prole. Na esteira destas batalhas para assegurar nossos direitos veio o direito ao nosso pensamento livre, o direito à homoafetividade e à transexualidade sem condenação, veio o anticoncepcional que fez com que pudéssemos decidir e programar gestações, veio a mulher no mercado no trabalho, veio o homem se reconfigurando e se despoluindo de seu machismo tóxico.

    Nosso grande quilombo misto somado aos que vieram depois de nós não é nada pequeno. Ou seja, estamos todos, os da tribo imensa da liberdade, dispostos a não perdê-la de modo algum. Confiemos nos frutos da liberdade e aí veremos que os filhos dela jamais fogem à luta.

    Elisa Lucinda, verão de 2020

     

     

     

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    ELISA LUCINDA: A mão que balança o berço

    ELISA LUCINDA – “SÓ DE SACANAGEM, VOU EXPLICAR: LULA É INOCENTE, LIMPO”

    ELISA LUCINDA: QUERO A HISTÓRIA DO MEU NOME

    ELISA LUCINDA: CERCADINHO DE PALAVRAS

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  • Ato/Instalação no MPF: Tributo e Esperança!

    Ato/Instalação no MPF: Tributo e Esperança!

    Texto de Cecilia Figueira e Moniquinha Simões

    Nesta 5ª feira 12 de dezembro, em frente ao STF na Rua Frei Caneca, ocorreu o Ato/Instalação Tributo e Esperança.
    Há mais de 6 meses este local vem sendo palco de manifestações de denúncia e sensibilização para os procuradores e demais funcionários que trabalham no STF assim como para os transeuntes. Os manifestantes, participantes dos Coletivos que compõem o CCD-LL, Comitê dos Coletivos pela Democracia e por Lula Livre, quinzenalmente estão lá. Esta ação do CCD-LL faz parte das ações nacionais realizadas juntamente com Coletivos de vários Estados do Brasil do grupo Lula Livre Nacional.
    Com faixas, cartazes e megafone, sempre procuram chamar a atenção para o compromisso e responsabilidade do STF na defesa da Lei, da Justiça e a da Democracia, ameaçadas desde o golpe de 2016 e especialmente com a prisão arbitrária de Lula.

    Neste dia 12 de dezembro o Ato teve como objetivo denunciar as arbitrariedades, resgatar a memória dos tempos da ditadura e do dia em que foi instituído o Ato Institucional número 5, já que dia 13 é dia dos Direitos Humanos. O AI-5 estabeleceu a censura, cassou direitos políticos, instalou regime de exceção, permitiu que governantes, realizassem prisões, torturas até a morte para os suspeitos de serem contra o regime. Muitos tombaram em decorrência dessas atrocidades.

    Homenagem aos Mortos e Desaparecidos: militantes trabalhadores, cidadãos comuns

    Segundo a Comissão da Verdade os Mortos e Desaparecidos foram identificadas 434 pessoas, mortas vítimas da ditadura, na maioria homens mas também mulheres, com idade que variava de 20 a 60 e tantos anos. Muitos jovens estudantes, trabalhadores das mais diversas profissões, cidadãos comuns, trabalhadores… Operários, bancários, costureira, alfaiate, agricultores, camponeses, seringueiro, estivador, eletricista, taxista, vendedor, empregada doméstica, dona de casa, pedreiro, sapateiro, ferreiro, comerciante, mecânico, tipógrafo, escriturário, ascensorista, corretor de imóveis, motorista, lojista, seminarista, religioso, sacerdote, metalúrgico, ferroviário, farmacêutico, pianista, ator, design gráfico, designer de moda, fotógrafa, restaurador, escultor, soldado, militar, salva vidas, policial, piloto militar, jornalistas, políticos e profissionais de nível universitário como professor, professor universitário, médicos, psiquiatra, dentista, advogado, engenheiro, geólogo, procurador, veterinário, químico, enfermeira, tradutor. Muito poucos entre eles, ativistas e guerrilheiros.
    Em Ato singelo e cheio de emoção, com as faixas estendidas na calçada: “AI-5 Nunca Mais; Não ao Estado opressor; O Brasil precisa de Paz, Lula Livre” e com muitas Flores do Coletivo Flores pela Democracia, prestou-se homenagem aos Mortos e Desaparecidos.
    Aos poucos, os vasos que circundavam as faixas foram preenchidos com as Flores pela Democracia que reproduziam a fala do papa Francisco ”A Paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a Humanidade”.
    Para cada nome pronunciado de companheiro ou companheira morto, torturado ou ainda desaparecido, os participantes da ação gritavam juntos: presente! e uma Flor, era depositada com delicadeza nos vasos.

    AI 5 e Ditadura Nunca Mais!

     

    Impressionava aos passantes verificar que as pessoas lembradas eram cidadãos comuns, exercendo profissões identificadas com as suas. A todo momento, fazia-se pelo megafone um paralelo sobre o momento sombrio em que estamos vivendo, chamando-se a atenção para as ameaças que vem sendo feitas de volta ao AI 5 e se conclamava ao STF para assumir seu compromisso e responsabilidade na garantia das leis e da manutenção do Estado democrático.
    Flores eram distribuídas para os transeuntes. Denunciar as arbitrariedades de ontem e as arbitrariedades que vem ocorrendo hoje, sensibilizar para a importância da resistência e da luta para que AI-5 nunca mais aconteça, denunciar o extermínio das populações periféricas e mortes de lideranças do campo que vem ocorrendo, homenagear os companheiros mortos, torturados e desaparecidos durante a ditadura militar de 64 no Brasil. Um tributo aos que lutaram e tombaram conclamando por justiça social, direitos e democracia.

    Nossas Flores Lutam pela Democracia

    Um apelo ao povo brasileiro para que se unam, lutem junto com o STF para que esta corte aja constitucionalmente, evitando que o país viva novamente a ruptura com o Estado democrático.
    Na porta do STF foi deixado um vaso com Flores, sinal de alerta e de esperança! Mensagem dada, Flores pela Democracia. Uma simbologia da luta por Justiça e garantia da Paz e do Estado Democrático, tributo e homenagem aos que tombaram, convite à participação popular nas ruas, nos locais de trabalho, nos movimentos sociais, partidos. Quem irá pegá-las?
    “Deixaram suas Flores
    Tributo e Esperança
    Quem irá pegá-las?
    O vaso com as Flores de proporções tão diminutas ante a edificação frondosa do MPF no coração da Avenida Paulista buscam brechas pra florescer
    Buscam e caminham pelas brechas
    Procuram o olhar solto e direto que só é possível na liberdade
    Viva o Estado Democrático!
    Nossas Flores lutam pela democracia”

     

  • Exclusivo: para especialista, Evo Morales tinha o direito de disputar sua quarta eleição

    Exclusivo: para especialista, Evo Morales tinha o direito de disputar sua quarta eleição

    Fotos: Leonardo Milano/Jornalistas Livres

    No recente Golpe de Estado ocorrido na Bolívia, a direita e a extrema direita  alegaram que Evo Morales não respeitou a democracia e o desejo do povo, ao concorrer a seu quarto mandato. Alegam também que houve fraude nas eleições, e que esse acúmulo de supostas irregularidades seria o fator desencadeador do Golpe, embora não tenham apresentado provas acerca dessas acusações.

    Para esclarecer essas questões, procuramos o especialista em constitucionalismo latino-americano, Gladstone Leonel, que concedeu aos Jornalistas Livres uma entrevista exclusiva.

    “A OEA foi uma instituição legitimadora do golpe. Hoje dá pra entender os motivos que fundamentaram o rompimento da Venezuela com a OEA.”

    “O que Evo fez é o que qualquer cidadão que busca uma demanda deve fazer em um país pautado no Estado de Direito e na repartição de poderes: recorreu ao Judiciário. Não foi uma manobra, foi um direito”

     

    JL – A oposição a Evo Morales o acusa de ter feito uma manobra para burlar o plebicito que ele perdeu. Muita gente, que não é de direita, tem dúvidas sobre isso e acredita que Evo deveria ter respeitado o resultado do plebicito. O que você pensa sobre isso?

    GL – O que Evo fez é o que qualquer cidadão que busca uma demanda deve fazer em um país pautado no Estado de Direito e na repartição de poderes: recorreu ao Judiciário. Não foi uma manobra, foi um direito, garantido por um devido processo legal e um julgamento de um poder próprio, o Judiciário. Certamente, algumas pessoas podem discordar da decisão, mas trata-se de análise própria do Tribunal Constitucional Plurinacional que considerou devido a possibilidade de reeleição e compatível com o corpo constitucional.

    “A Bolívia, como o Brasil, possui uma elite extremamente atrasada, colonizadora e racista.”

    JL – O golpe que ocorreu na Bolívia tem um forte caráter racista e misógeno. Viu-se nas ruas gente branca – em sua maioria, de classe média xingando os indígenas, dizendo coisas como “a Bolívia é nossa, chucros”. Você acha que esse ódio tem similaridades com o golpe recente que ocorreu no Brasil?

    GL – A Bolívia, como o Brasil, possui uma elite extremamente atrasada, colonizadora e racista. A diferença é que na Bolívia está uma parcela muito pequena de brancos, se comparado aos indígenas e mestiços. Contudo, exceto no governo Evo, essa elite sempre teve o domínio político do país. Não é uma surpresa desrespeitarem o resultado das urnas através de um golpe. O período de maior estabilidade foi durante os governos de Evo. A história da Bolívia é a história dos golpes de Estado, mais de 100 desde sua independência.

    “Certamente, contarão com o apoio internacional de países alinhados com o golpismo, inclusive os Estados Unidos, para se manterem no poder”

    JL – Como você acha que ficará a Bolívia, após o golpe de Estado? Há chance de o MAS voltar ao poder?

    GL – Chance há, mas ninguém dá um golpe desse para perder uma eleição na sequência. Certamente, contarão com o apoio internacional de países alinhados com o golpismo, inclusive os Estados Unidos, para se manterem no poder. Somente uma movimentação brusca da sociedade civil poderá garantir uma mudança de rumo no sentido da retomada do MAS à presidência da Bolívia.

    “Não existem golpes na América Latina sem o apoio dos Estados Unidos.”

    JL – Você acredita que há participação do governo brasileiro e dos EUA no golpe?

    GL – Não existem golpes na América Latina sem o apoio dos Estados Unidos. Seria uma inocência secundarizar o papel do imperialismo nos dias de hoje. Isso não só é notório, como explicitado pelos presidentes que reconheceram o golpe no momento que se iniciou, e o fazem isso não só na Bolívia, como em outros países como a Venezuela.

    “Ela (OEA) só foi a centelha que animou a elite golpista a consumar o golpe.”

    JL – A OEA disse que havia indícios de irregularidades nas eleições de outubro, mas não apresentou provas. Qual foi o papel da OEA (Ordem dos Estados Americanos) no golpe?

    GL – A OEA foi uma instituição legitimadora do golpe. Hoje da pra entender os motivos que fundamentaram o rompimento da Venezuela com a OEA. No caso da Bolívia, ela colocou em cheque as eleições sem apresentar prova de fraude. O governo Evo errou ao considera-la apita para uma auditoria, uma vez que ela já tinha se posicionado de forma a tumultuar o processo, fazendo críticas públicas e tendo um julgamento parcial sobre o processo. Não estava apta a auditar nada. Sequer teve tempo! Ela só foi a centelha que animou a elite golpista a consumar o golpe.

    “Caso o governo Bolsonaro continue implementando essas medidas anti-populares, em algum momento e de alguma forma, essa conta chegará”

    JL – Você acredita que, assim como está acontecendo com outros países da América Latina, O Brasil possa entrar em convulsão social, por conta da política ultra liberal de Bolsonaro?

    GL – Difícil fazer um diagnóstico e comparar as situações. Existem muitos aspectos distintos, como a formação do povo, alterações constituintes, dentre outros. Mas todas essas insurreições podem ser um sinal de que a insatisfação popular tem crescido conforme cresce o descrédito com o governante. As redes sociais potencializam e aceleram essas insatisfações, além de serem usadas como formas de manipulação. Caso o governo Bolsonaro continue implementando essas medidas anti-populares, em algum momento e de alguma forma, essa conta chegará, seja com maiores mobilizações ou mais provavelmente, maior repressão ao povo.

    JL  No seu ponto de vista, qual o papel da internet e das redes sociais na atual crise que se abateu sobre os países da América Latina?

    GL – Já adiantei isso na resposta anterior. Acredito que elas estejam acelerando e potencializando alguns processos, além de ser um formidável instrumento de manipulação.

    “Quando você tem uma pluralidade de meios, a notícia torna-se mais difícil de ser manipulada. Quanto mais concentrada, maior a manipulação.”

    JL – Como combater as fake news, que cada vez mais vêm influenciando resultados de eleições?

    GL – Um dos caminhos de combate às fake news é uma maior democratização dos meios de comunicação. Quando você tem uma pluralidade de meios, a notícia torna-se mais difícil de ser manipulada. Quanto mais concentrada, maior a manipulação. Enquanto no Brasil recebemos a notícia de 5 grandes grupos empresariais de comunicação e uma enxurrada de mensagens virtuais, sem qualquer regulação ou verificação de veracidade, na Argentina se tem na TV aberta canais de TV sobre a América Latina (Telesur), Rússia, Síria , dentre os locais. A notícia certamente chega muito mais qualificada ao receptor.

    “Esse foi o grande erro do governo do PT. Tirou milhões da miséria sem politização social.”

    JL – Qual a importância de se politizar as camadas sociais que ascenderam durante governos progressistas?

    GL – Total. Esse foi o grande erro do governo do PT. Tirou milhões da miséria sem politização social. Isso fez com que parte daqueles que saíram, voltassem a miséria em governos como de Bolsonaro, sem capacidade para resistirem a isso. A dificuldade de comunicação do governo com o povo também foi um sinal dessa despolitização, pois o povo amparado pelo discurso do consumo e da meritocracia achava que os êxitos na vida eram fruto do esforço próprio e não de programas de governo que possibilitavam isso. A proposta inicial do Fome Zero com Frei Betto possuía essa preocupação, algo que foi escanteado na implementação do Bolsa Família. Sem politização social e democratização da mídia, Judiciário e Forças Armadas, como ocorreu na Venezuela, dificilmente os governos populares na América Latina sobreviverão muito tempo aos golpes de Estado.

    • Gladstone Leonel da Silva Junior é Doutor em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília. Pós-doutor em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB. Professor do Programa de Pós-graduação em Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense. Morou na Bolívia e escreveu o livro “Novo Constitucionalismo Latino-americano: um estudo sobre a Bolívia”.

    Leia tudo que publicamos sobre as eleições e o Golpe na Bolívia.

     

  • CIDH vai a Bolívia ouvir vítimas

    CIDH vai a Bolívia ouvir vítimas

    A Comissão Interamericana de Direitos Humanos esteve nos dias 24 e 25 de Novembro na Bolívia visitando as algumas áreas, e recebendo denúncias da população. O Secretário- Executivo da CIDH, Paulo Abrão foi pessoalmente ao local.

    O Massacre na Bolívia

    Em nota divulgada no dia 20.11, o organismo vinculado à OEA (Organização dos Estados Americanos), condenou a ação das Forças Armadas e policiais na repressão aos protestos realizados no país, e classificou como “inadmissível” o decreto da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez que visa eximir de responsabilidade penal os militares que participem das matanças.

    Além disso, o comunicado também adverte sobre “as ameaças dirigidas a líderes do governo anterior, parlamentares e dirigentes sociais” ligados ao partido MAS (Movimento ao Socialismo), assim como “a funcionários e dirigentes de instituições independentes do Estado, como os organismos nacionais de promoção e proteção aos direitos humanos”.

     

    Mais na nota oficial:

    http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2019/301.asp?fbclid=IwAR2db8GDwY8rvKt3zyme_mXxlSPx9T489KCXiIH3NSw5RXSyHbZaAc4MqME