Jornalistas Livres

Categoria: Assistência Social

  • A revolução da educação na quebrada é feita pela própria quebrada

    A revolução da educação na quebrada é feita pela própria quebrada

    “Nasci no escadão da Vila Solange, Guaianazes e tudo que sei sobre a vida aprendi aqui.”

    Assim começa o bate papo online que tive, na tarde desta sexta (19/06), com Pamela Vieira, bióloga e gerente de baladas que encontrei num grupo de Whatsapp.

    A postagem que estimulou esse contato trazia uma série de fotos de crianças da zona Leste de São Paulo estudando juntas, dentro de uma casa simples, como se fosse uma sala de aula improvisada. As imagens, em ampla maioria, mostravam mulheres negras da comunidade orientando as crianças em atividades recreativas e educacionais. Vi ali um cenário tão organizado – ou até melhor – que uma sala de aula de escola particular de um bairro de classe média da capital. O post havia sido publicado no grupo pelo professor de artes negro João Tody. 
    Imediatamente, lembrei do Ensino à Distância tão vangloriado por João Doria, governador de SP, e que tem sido seriamente criticado não só por pais e professores como, também, por estudantes que desde o início da pandemia do novo Coronavírus denunciam dificuldades absurdas para acessar as aulas.
    Além do improviso pedagógico e da falta de estrutura para amparar educadores nessa nova modalidade de ensino, não foram levados em consideração problemas inerentes à uma proposta de ensino universal; como a falta de acesso a computadores pelos alunos ou as péssimas conexões de internet, especialmente, em bairros das periferias de São Paulo.
    Tudo feito pela comunidade
    Aquelas fotos que retratavam a iniciativa em Guaianases me emocionaram. Resolvi saber mais sobre aquelas crianças e os métodos de organização das atividades. De cara, descobri que tudo é completamente autônomo, sem o incentivo de nenhuma empresa e subsidiada pelos próprios moradores do local. Algumas doações de materiais escolares vieram de pessoas próximas ao bairro.
    A bióloga, Pamela Vieira é a idealizadora do projeto

    Quando perguntei a Pamela o porquê de ter iniciado a atividade, ela trouxe a realidade de sua infância. “Parei um dia para observar a vida das crianças ao meu redor, inclusive do meu filho, e vi que por mais que ainda existam as brincadeiras, faltava educação de escola mesmo. Lembrei que quando pequena eu sempre brincava de escolinha com minhas primas e assim aprendia muitas coisas. No início dessa pandemia, me sentia muito triste e para não me entregar a uma depressão, decidi me ocupar dando amor e atenção a essas crianças e recebendo em dobro.“ 

     

    A iniciativa educativa atende cerca de 25 crianças e adolescentes que vivem nessa região da cidade e muitas ainda não são alfabetizadas. Algumas famílias têm mais de 5 filhos, todos crianças pequenas e muitos pais não conseguem, durante a pandemia, manter em seus lares o ritmo de aprendizado das escolas onde estudam. Assim, Pamela conta que o intuito do projeto é fazer com que esse tempo fora das “salas de aula oficiais” seja produtivo. Ela acha imprescindível ensinar e reforçar de forma divertida e criativa o papel da escola. As aulas acontecem entre 10h e 14h, de segunda a sexta.
    A maioria das crianças vive o dia inteiro em seus quintais, algumas são órfãs de pai ou mãe ou às vezes dos dois. Algumas moram com avós. O perfil predominante é daqueles que não têm o pai presente e, neste caso, suas mães trabalham em casa mesmo. Em tempos de pandemia, crise e fome crescentes, a situação anda cada vez mais trágica.
    A bióloga defende que o projeto vai fortalecer a educação dessas crianças, não só no tema da alfabetização, mas filosoficamente, pois uma visão sobre quem eles são e tudo que podem ser começa a ser ampliada.
    O professor João Tody vai doar para as crianças suas experiências na arte

    O professor João Tody, que me alertou sobre a iniciativa, também vai se juntar às crianças e na próxima semana, iniciará aulas de artes para a molecada por lá. “Antes nós achávamos que a revolução seria feita quando algum senhor de terno, barba e óculos aparecesse na quebrada e criasse um projeto social, mas ninguém com essas características chegou por aqui e percebemos que a revolução teria de ser uma iniciativa de nós mesmos.” diz, Tody

    Importante dizer que além de aprender, as crianças recebem o lanchinho todos os dias. “A gente faz um pão com manteiga e nescau, ou bolacha com suco. A maioria das coisas que eles comem eu mesma compro e outros doam bolachas e doces. Para arrecadar algum dinheiro eu vendo geladinhos aqui em casa. As vezes, acham que somos salvadores dessas crianças, mas são elas é quem nos salvam.” Finaliza, Pamela

    Importante: no retorno às suas casas, crianças e pais cumprem rigorosamente todos os protocolos de assepsia e cuidados contra o COVID-19
  • Salve Mestras e Mestres. Financiamento coletivo emergencial

    Salve Mestras e Mestres. Financiamento coletivo emergencial

    SALVE MESTRAS E MESTRES

    Financiamento coletivo emergencial para apoiar mestres de cultura popular durante a pandemia

      Salve Mestras e Mestres

    A iniciativa “Salve Mestras e Mestres!” é uma campanha de financiamento coletivo que tem como objetivo auxiliar mestras, mestres, brincantes e espaços de cultura popular de diversas localidades do Brasil. Devido à COVID-19, esses fazedores de cultura ficaram impedidos de realizar seus trabalhos e festividades, o que significa praticamente a paralisação total de suas atividades, bem como de toda a cadeia produtiva em volta destas manifestações.  Associado a isto, observa-se uma lacuna estrutural no processo de inclusão digital de diversas comunidades, o que dificulta ou torna inexistente a realização de atividades online que possam prover alguma renda, como lives, ou inscrição em editais.

    A iniciativa “Salve as Mestras e Mestres!” pretende juntar R$ 36.000 (incluindo taxas da vakinha e transações bancárias), para serem distribuídos da seguinte forma:

    • R$ 500 para 20 mestras e 20 mestres;
    • R$ 300 para 10 brincantes da cultura popular;
    • R$ 1.000 para 10 espaços de coletivos de cultura tradicional.

     

    O projeto foi lançado na última quarta-feira (27) e contará com atividades online em suas redes sociais, como Instagram e Facebook, incluindo lives com artistas e fazedores de cultura de diversas partes do país durante as sextas, sábados e domingos do mês de junho. As atrações confirmadas para este final de semana são Marcelo Jeneci (SP), (sábado, 30/5 às 20h) e Bumba Boi da Floresta de Mestre Apolônio (MA) (domingo, 31/5 às 17h e às 20h)  . A Programação completa será informada em nossas redes sociais ao longo do mês.

    O movimento é uma iniciativa autônoma independente de brincantes envolvidos em diversas manifestações populares. “Se para toda sociedade esse é um momento difícil, como estão nossos mestres, que tanto nos ensinaram, que tanto podem ensinar e tem se dedicado a manter as tradições populares pelo país por toda suas vidas? Esse foi o pensamento que gerou este projeto e que conta com a sensibilidade de todos os que puderem contribuir para ajudar nossos mestres”.

     

    As doações podem ser feitas pelo link: www.vakinha.com.br/vaquinha/salve-as-mestres-e-os-mestres

    Ou via depósito bancário:

    Salve Mestras e Mestres  – Banco 260 – Nu Pagamentos S.A.

    CPF: 22839554836 (Juliana Bueno)

    Agência 0001

    Conta 91881534-8

     

    Acompanhe:

    Instagram: https://www.instagram.com/salvemestrasemestres/

    Facebook: https://bit.ly/2XFRtpW

    Vídeo de divulgação: https://youtu.be/yHwXcQkrY2Q

    Contato: salveosmestres@gmail.com

    Idealização: Juba Carvalho, Luiza Fernandes, Juliana Bueno, Leandro Dias, Júlia Coelho, Savana Regina, Telita Arantes, Sofia Fajersztajn e Daniel Brás.

    Identidade visual: Daniel Brás

  • Pandemia: 1% mais rico do País não está nem aí para as mortes dos pobres

    Pandemia: 1% mais rico do País não está nem aí para as mortes dos pobres

    Por Ricardo Melo*
    A que ponto chegamos. Em meio a uma praga que diariamente fulmina milhares de vidas mundo afora, lemos, ouvimos, assistimos __até pelo confinamento compulsório__, supostos luminares preocupados com o que virá depois.
    Uma pergunta: e o que está acontecendo agora?
    É impressionante ver “especialistas” contabilizarem mortos “inevitáveis”. Chegou-se ao cúmulo de uma assessora de Bolsonaro, Solange Vieira, registrar que os óbitos de agora são velhos em sua maioria e aliviam as contas da Previdência.Assim informam os noticiários, embora ela agora tente desesperadamente desmentir.
    Justiça seja feita, não se trata apenas do Brasil. Na maioria dos países dominados pelo grande capital, a grande preocupação é com o fim dos isolamentos, das quarentenas, com a reabertura do comércio, a reativação da indústria e a “retomada da economia”.
    Mortos? E daí?
    Detalhe: briga entre Moro e Bolsonaro, ambos walking deads, rusgas com o Supremo, Congresso, embates com governadores, claro, têm sua importância. Mas o que o povo quer e precisa saber é o seguinte:

    Cadê o auxílio miserável de R$ 600 que 1 em cada três brasileiros ainda não recebeu? Cadê os testes? Cadê os leitos de UTI? Cadê os respiradores? Cadê a esperança? Cadê?

    Tantas perguntas sem respostas criam fogueiras de angústia e desassossego: Quem vai morrer amanhã? Qual parente ou amigo vou ver num caixão à distância? E quando for comigo? Com as pessoas que amo?
    É uma vergonha.
    Poucos dos endinheirados se importam com as mortes que se acumulam HOJE. Em plena avenida Brasil, em São Paulo, o drive thru do chiquérrimo Laboratório Fleury tem fila de carros de luxo na porta. Dentro deles, pessoas que fazem os testes para Covid-19: R$ 450 para saber se você está com o vírus agora; R$ 420 para saber se você já foi contaminado e, portanto, tem anticorpos para a doença. Total: R$ 970 por cabeça. Enquanto isso, os pobres morrem sufocados, afogando-se no seco, sem nem ao menos terem confirmada a causa de tanto sofrimento. É por essas que a doença hoje está matando o povo mais carente na imensa maioria dos casos.
    Porta-vozes dos tubarões do 1% mais rico da população nem enrubescem ao afirmar que, não fossem as favelas, a situação já estaria sob controle (Guilherme Benchimol, sócio do Itaú, criador da XP investimentos, o caça níqueis dos incautos, milionários lavadores de dinheiro e que tem como garoto propaganda gente como Luciano Huck).
    Sei que prego no deserto dominado pela mídia oficial e seus comparsas. Mas a verdade tem que ser dita.
    Os bilhões e bilhões de dólares nas mãos de uns poucos seriam mais do que suficientes para socorrer os milhões que hoje estão à míngua, sem direito a um tratamento digno.
    Tem mais: a tecnologia high tech, capaz de tantas proezas, certamente tem condições de encontrar em tempo recorde uma vacina contra um vírus que não passa de uma sequência de outros que já surgiram.
    Mas não. O que se observa é uma disputa entre laboratórios farmacêuticos poderosos para ver quem chega primeiro a um remédio ou a uma vacina eficaz para, assim, disparar nas bolsas de valores. Pura especulação. Não há colaboração entre cientistas de ponta. Tampouco os grandes conglomerados multinacionais sentem-se obrigados a reorientar sua produção para equipamentos voltados a salvar as milhares de vida perdidas diariamente. Estão mais preocupados em demitir e cortar salários sob o argumento de que “a economia parou”.
    Agora, virou moda falar em “novo normal”. Uma estupidez à altura dos cínicos que engordam seus cofres à custa das vidas dos mais pobres e do sucateamento dos sistemas públicos de saúde promovido pelo neo-liberalismo atroz.
    O que precisamos é inaugurar um tempo em que a solidariedade e o respeito aos desvalidos falem mais alto que a ganância desmedida imposta pelo capitalismo imperialista.

    *Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

    Leia mais Ricardo Melo em:

     

    RICARDO MELO: Brasil à deriva, salve-se quem puder!

     

  • Mais de um trilhão de reais jogados ao vento pelo governo Bolsonaro

    Mais de um trilhão de reais jogados ao vento pelo governo Bolsonaro

    Não, o Estado Brasileiro não só não está falido como possui recursos para acabar com a pobreza, para sempre. A nauseante ideia de que não existe dinheiro, da necessidade de “ajuste fiscal”, de “teto de gastos”, de perigo do déficit etc é conversa para boi dormir. Sim, estamos sendo enganados (as), diariamente, ano após ano, pela mídia comercial, pelos grandes empresários e pelas principais autoridades políticas e governamentais, salvo raras exceções…Trata-se de um crime de lesa-pátria, solenemente ignorado e muito bem acobertado. Dívida

    Por Silmara Conchão* e Eduardo Magalhães Rodrigues**, especial para os Jornalistas Livres

    A pobreza e a miséria em nosso país não são causadas pela falta de riqueza, mas sim por sua extrema concentração. Dados da ONG Oxfam, apontam que apenas seis brasileiros possuem riqueza igual aos 100 milhões mais pobres, os 5% mais ricos têm a mesma renda que os 95% restantes e entre 2017 e 2018 o número de bilionários no Brasil passou de 31 para 43.

    Uma das formas mais eficazes de concentração, além da injustíssima tributação, está no Orçamento Federal, elaborado pelo Governo e aprovado pelo Congresso Nacional.

    Vejamos alguns números.

    O site auditoria cidadã da dívida” denuncia um dos maiores roubos na história brasileira. Roubo de nosso dinheiro, roubo da riqueza produzida pelos milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Por exemplo, em 2019, o Governo federal desembolsou 2 trilhões e 711 bilhões. Quase 40% (38,27%) foi usado para quitar juros e amortizações da dívida pública federal. Ou seja, 1 trilhão e 38 bilhões de reais! Dívida esta suspeita e que deve ser investigada, mas até hoje nenhum governo ousou realizar auditoria.

    Ao mesmo tempo em que quase 40% foi usado para enriquecer ainda mais seus credores, a Saúde ficou com menos de 5% (4,21%), a Educação com menos de 4% (3,48%), a Assistência Social também com menos de 4% (3,42%), a Ciência e Tecnologia com menos de 1% (0,23%), Saneamento com ínfimos 0,02%, Cultura com 0,03%, Esporte 0,01% e Habitação com 0%! Isso as televisões, os jornais e seus comentaristas bajuladores não dizem. Continuam insistindo na cantilena de que o Estado Brasileiro está falido…

    Segundo dados do IBGE (2018 e 2019), havia no Brasil 13,5 milhões de miseráveis e 52,5 milhões de pobres, totalizando 66 milhões de pessoas sobrevivendo sem mínimas condições. Se os juros e amortizações da dívida pública federal não fossem pagos, a pobreza e a miséria acabariam para sempre no Brasil. Cada um dos 66 milhões citados receberia, mensalmente, R$ 1.310,60. Considerando 2 adultos e 2 crianças, o orçamento mensal dessas famílias passaria a ser de R$ 5.242,40, valor pouco maior do que deveria ser o salário-mínimo, de acordo com a Constituição Federal e calculado pelo Dieese: R$ 4.483,20. O efeito sobre a economia nacional, em pouco tempo, seria enorme. Essas pessoas passariam a consumir, o que geraria demanda para a indústria e o comércio; que por sua vez passariam a contratar um enorme contingente de trabalhadores e trabalhadoras, diminuindo ou acabando com o desemprego; os governos arrecadariam mais impostos, e assim teriam mais recursos para oferecer saúde, educação etc. Quer dizer, seria criado um ciclo virtuoso onde pobres e miseráveis se tornariam, em pouco tempo, cidadãos e cidadãs vivendo do próprio trabalho, sem depender da renda direta do Estado… Absurdo propor cancelamento da dívida pública se uma auditoria provar fraude? O próprio Papa Francisco apoia a ideia, afirmando que as dívidas públicas não devem ser “pagas com sacrifícios insuportáveis”.

    Outra grande mentira martelada cotidianamente, para tentar justificar reformas que tiram direitos do povo e do trabalhador (a), como a Reforma da Previdência, é o tamanho do Estado. Afirmam, seus defensores (as), que o Estado possui muitos servidores, que se gasta muito com a máquina estatal, que ela tem de ser diminuída, que os gastos públicos devem ser reduzidos etc. É claro que o patrimônio público deve ser administrado com todo cuidado, que se deve exigir eficiência, que não se deve pagar salários exorbitantes etc. Enfim, somente assim o povo poderia receber serviços públicos de qualidade. No entanto, como um exemplo, a administração e o judiciário federal consomem, juntos, 2,23% do orçamento da União.

    Mas quem são os credores da dívida pública federal?

    Conforme dados do Tesouro Nacional (2017), 22,3% são instituições financeiras; 25% fundos de investimento; 25,2% fundos de previdência; 12,6% são estrangeiros e o restante 14,9% fica com governo, seguradoras e outros. Apesar da falta de transparência sobre os nomes das pessoas e empresas credoras da dívida pública, não é difícil supor que seu controle cabe a poucos. Lamentavelmente, nenhum governo até o momento atreveu-se revelar essa informação básica.

    Portanto, quando você ouvir que o Estado Brasileiro não possui recursos, entenda que ele não possui recursos para você, para os moradores (as) das favelas, para os (as) que morrem nas filas dos hospitais, para os moradores (as) de rua, para as crianças e adolescentes que esmolam nos faróis, para os pequenos e médios comerciantes e industriais, para os desempregados (as) …para a pequena elite a história é outra…Esses estão muito satisfeitos com a política colonial do coronel de plantão. Se você não está no topo da pirâmide e continua exaltando o “mito”, lembre-se que o Covid-19 não se mata com tiro. Esta pode ser sua última chance de se arrepender…

    Não existe oposição entre saúde e economia, mas sim complementaridade. Desconcentrar a riqueza melhoraria a qualidade de vida em todos seus aspectos, incluindo educação, moradia, segurança, meio-ambiente, emprego, renda, alimentação e…saúde. O inverso também é verdadeiro: quanto maior a concentração da riqueza, pior para a saúde.

    O Brasil continua sendo uma mega fazenda escravocrata, uma máquina de moer gente administrada por senhores de engenho e seus jagunços. Sucupira segue impassível refém do paranoico Bolsorico Paraguaçu e seus milicianos.

    23 de abril de 2020.

    *Silmara Conchão – Socióloga, feminista e professora universitária da Faculdade de Medicina do ABC. Mestra em Sociologia e Doutora em Ciências da Saúde.

    **Eduardo Magalhães Rodrigues – Sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do ABC. Mestre em Relações Internacionais e Doutor em Planejamento e Gestão do Território.

     

    Veja mais: Mandetta se finge de bom-moço pra rifar SUS e ganhar eleição futura

     

     

  • LGBTQIA+. Resistência do Movimento em tempos de COVID-19

    LGBTQIA+. Resistência do Movimento em tempos de COVID-19

    Por Karina Iliescu, para os Jornalistas Livres

    Fotos: Sato do Brasil

    Membros da Frente Parlamentar Em Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, no dia 08 de abril de 2020, abriram um ofício à Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania da Cidade de São Paulo, cobrando ações emergenciais, frente à crise do coronavírus, para proteção da população LGBTQIA+ em tempo.

    Maria Clara Araújo, educadora em formação/PUC-SP e articuladora política na Mandata Quilombo da Deputada Erica Malunguinho respondeu algumas perguntas sobre a articulação e a prefeitura neste momento de pandemia.

    LGBTQIA+
    Deputada e educadora Erica Malunguinho

    – Existe alguma forma que a população possa estar ajudando para pressionar mais a prefeitura?

    Sim, sem dúvidas. Toda colaboração de outros coletivos, entidades e ativistas é bem vinda – inclusive, convidamos que venham construir a Frente conosco. Como exemplo, ofícios também são construídos pelo associativismo civil e se configuram como um instrumento de pressão institucional.

    A sociedade civil tem se articulado bastante para garantir cestas e produtos de higiene para LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. São iniciativas importantes, mas que evidenciam a omissão do Estado. Temos equipamentos LGBTI no município, temos uma Secretaria que cuida da pasta e é legítimo que sociedade civil indague e pressione por proposições que incidam objetivamente na garantia de subsídios, atendimento psicológico e acolhimento seguro para indivíduos LGBTQIA+ em um momento de crise como esse.

    Também acredito ser benéfico quando portais jornalísticos visibilizam proposições como essa e questionam a Secretaria sobre as ações que estão sendo pontuadas pela sociedade civil. Ficamos felizes com a procura do Jornalistas Livres e esperamos que outros portais também se engajem. Não só em São Paulo, como em todo Brasil.

    LGBTQIA+
    Intervenção do coletivo casadalapa. Projeto Famílias LGBT no Largo do Arouche, São Paulo.

    – E agora no momento de pandemia, as frentes que cuidam da população LGBTQIA+ estão sofrendo com falta de recurso pela prefeitura para estar viabilizando as ações?

    Tendo em vista que os equipamentos LGBTI do Município são referencia para a população LGBTQIA+, é compreensível que os pedidos de ajuda para se alimentar ou para adquirir produtos de higiene cheguem por via dos Centros. Infelizmente, as OS que administram os Centros não conseguem dar conta sozinhas da grande demanda que vem chegando por conta do Covid-19. É urgente um apoio significativo por parte Secretaria de Direitos Humanos e da Coordenação Municipal para Políticas LGBTI aos Centros de Cidadania LGBTI.

    As OS criaram campanhas e isso é válido, mas enquanto Frente Parlamentar que atua na institucionalidade, nos cabe indagar e exigir ações efetivas que partam da própria Secretaria de Direitos Humanos e da Coordenação Municipal para Políticas LGBTI. Enquanto movimentos, é visível como a vulnerabilidade se acentuou para LGBTQIA+ no Município e no Estado. Portanto, que o Poder Público reconheça as questões postas pela população LGBTQIA+ nesse momento. Os pontos elencados pelo Ofício se baseiam nessas questões.

    LGBTQIA+
    Intervenção do coletivo casadalapa. Projeto Famílias LGBT, no Largo do Arouche, São Paulo.

    As medidas são:
    – A importância de um repasse emergencial para os Centros de Cidadania LGBTQIA+, a fim de suprir a grande demanda de cestas básicas e produtos de higiene;
    – A viabilização, de forma conjunta com a SMADS, do cadastramento no CadUnico dos LGBTQIA+ que constam no cadastro de atendimento dos Centros LGBTQIA+ e dos Centros de Acolhimento da Assistência que atendem LGBTQIA+. E, caso exista algum impasse cadastral, que as Secretarias possam auxiliar juridicamente na efetivação do cadastro da LGBTQIA+;
    A criação de uma campanha nas redes da Secretaria sobre a importância do CadUnico para LGBTQIA+;
    – A criação de um “gabinete” LGBTQIA+ de crise para o enfrentamento do coronavírus, de modo a possibilitar a escuta ativa das demandas e construção de um plano de ação. Nesse gabinete, contaríamos com a Secretaria de DH, SMADS, Coordenações Municipal e Estadual de Políticas LGBTQIA+ e representantes do movimento LGBT com experiência no atendimento a população LGBT vulnerável, como o Coletivo Arouchianos, Projeto Seforas, TransEmpregos;
    – A importância dos psicólogos dos centros de cidadania LGBTI realizarem o acolhimento e o atendimento aos LGBTQIA+ que procurem o serviço diante do aumento de pessoas com vulnerabilidade psíquica em tempos de Covid-19. Caso seja possível, que os atendimentos também possam ocorrer através de videoconferência, visando o cumprimento da quarentena para os residentes da cidade.
    – O acolhimento, por parte dos Centros de Cidadania, de mulheres LBT vítimas de violência doméstica e o acompanhamento dos processos preliminares com essas mulheres, o que inclui registro de ocorrências, exame de corpo de delito e encaminhamento para um abrigo onde a segurança da mulher esteja resguardada;
    – A garantia de espaço seguro, de forma conjunta com a SMADS, às pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, sobretudo mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas transmasculinas.

    Saiba quais são os membros que formam a Frente Parlamentar Em Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ e as informações completas do ofício no link: https://www.professorabebel.com.br/wp-content/uploads/2015/12/OficioLGBTQIA.pdf

     

    LGBTQIA+
    Desfile da Daspu no Festival Verão Sem Censura
  • Conexão Solidária São Paulo

    Conexão Solidária São Paulo

    A APADEP e a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo lançaram no último sábado, dia 4 de abril, a campanha Conexão Solidária São Paulo, com a finalidade de arrecadar doações para a compra de cestas básicas e kits de higiene e de limpeza em geral que serão destinados a segmentos e grupos sociais vulneráveis que estão enfrentando de forma mais severa os efeitos sociais, jurídicos e econômicos decorrentes da pandemia de Covid-19.

    A campanha terá duração até o dia 30 de abril de 2020, podendo ser prorrogada, e a entrega dos kits será semanal, até 08 de maio.

    Neste momento de incertezas e de dificuldades para os mais vulneráveis, a Associação convida a todos/as a participar.

    Banco do Brasil
    Agência 3324-3
    Conta Corrente 26.439-3
    CNPJ 08.078.890/0001-66 (APADEP)

    1. O que é a Conexão Solidária São Paulo

    A CONEXÃO SOLIDÁRIA SÃO PAULO é uma campanha organizada pela Associação Paulista de Defensores Públicos (APADEP) em parceria com a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo com a finalidade de arrecadar dinheiro para a compra de cestas básicas e kits de higiene e de limpeza em geral que serão destinados a segmentos e grupos sociais hipossuficientes e cuja vulnerabilidade se torna ainda maior diante dos efeitos sociais, jurídicos e econômicos decorrentes da pandemia de Covid-19.

    2. Organizadores

    A campanha é uma parceria entre a APADEP e a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública de São Paulo.

    Novos parceiros poderão ser admitidos, desde que haja concordância expressa das duas entidades organizadoras originais.

    Os novos parceiros deverão demonstrar compromisso com o Estado Democrático de Direito, o combate às desigualdades sociais e a promoção dos direitos humanos.

    3. Sobre a doação

    3.1 Poderão doar dinheiro Defensores/as Públicos/as do Estado de São Paulo, assim como de outros Estados e da União, servidores/as públicos/as da Defensoria Pública e da Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública, membros do Conselho Consultivo da Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública, integrantes de outras carreiras de Estado e advogados/as;

    3.2 O valor será definido pelo/a doador/a;

    3.3 O dinheiro deverá ser depositado na conta corrente abaixo indicada, de titularidade da APADEP e aberta com a finalidade exclusiva para gerir os valores doados durante a campanha:
    Banco do Brasil
    Agência 3324-3
    Conta corrente 26.439-3
    CNPJ: 08.078.890/0001-66;

    3.4 A campanha terá duração até o dia 30 de abril de 2020, podendo ser prorrogada a critério dos organizadores;

    3.5 Caberá à APADEP gerir o dinheiro arrecadado e, ao lado da Ouvidoria da Defensoria Pública, prestar contas ao final do processo, de modo a garantir a transparência financeira da campanha.

    4. Beneficiários da campanha Conexão Solidária são Paulo

    A campanha tem como destinatários das doações pessoas que integrem segmentos e grupos sociais hipossuficientes e cuja vulnerabilidade se torna ainda maior diante dos efeitos sociais, jurídicos e econômicos decorrentes da pandemia de Covid-19.
    Caberá à Ouvidoria da Defensoria Pública, com prévia ciência da APADEP, definir os segmentos a serem beneficiados a partir da sua rede de parceiros e lideranças comunitárias e de critérios de maior vulnerabilidade social.

    Em razão da cidade de São Paulo ser o epicentro da pandemia no país, a campanha terá como prioridade inicial segmentos localizados na capital e na região metropolitana.

    Em caso de avanço da pandemia, do aumento da arrecadação e tendo em conta a logística para realizar a entrega dos produtos, a campanha poderá ser ampliada para o interior e litoral, assim como poderá incluir novos grupos vulneráveis.

    5. O que será doado

    Com o dinheiro arrecadado, a APADEP contratará fornecedores de cestas básicas, kits de higiene e kits de limpeza em geral.

    Os fornecedores serão definidos pelo critério de melhor custo-benefício.

    Um/a representante da Ouvidoria deverá acompanhar as entregas, podendo ser acompanhado/a por um/a representante da APADEP.

    Será disponibilizado equipamento de proteção individual.

    Caberá àquele/a que acompanhar a entrega, fazer registro fotográfico para fins de comunicação e prestação de contas e cada entrega será devidamente comunicada aos/às doadores/as.

    6. Comunicação

    A APADEP e a Ouvidoria organizarão a comunicação da campanha através dos seus canais e redes sociais.
    As entidades organizadoras também poderão realizar a comunicação através de outras entidades e instituições.

    7. Cronograma
     
    • Lançamento oficial da campanha – dia 04/04

    • Recebimento de doações – entre os dias 04 e 30/04

    • Escolha de até três segmentos e parceiros – a partir do dia 04/04

    • Compra dos produtos – a partir do dia 13/04

    • Entrega dos produtos – a cada semana, a partir do dia 13/04, de acordo com a disponibilidade dos fornecedores

    • Término das entregas – dia 08/05
    • Prestação de contas – até o dia 15/05

    A continuidade ou não da campanha será avaliada, pelos organizadores, antes do término do prazo para recebimento de doações.

    A ampliação territorial ou de grupos será avaliada pelas entidades organizadores periodicamente, de acordo com os critérios acima definidos.

    CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS

    1) Segmentos sociais vulneráveis, compostos majoritariamente por trabalhadores/as autônomos/as sem renda ou com queda abrupta durante o período de quarentena;

    2) Preferência para famílias compostas por idosos/as, crianças, pessoas com deficiência e pessoas com problemas respiratórios;

    3) Famílias com dificuldade de acesso a alimentação e produtos de higiene durante a quarentena.