Jornalistas Livres

Autor: Rodrigo Pires

  • Povos Originários e Tradicionais Contra a PEC Nuclear

    Povos Originários e Tradicionais Contra a PEC Nuclear

    A PEC 09/2019 visa a alteração do Artigo 216 da Constituição de Pernambuco, para permitir a instalação de usinas nucleares no Município de Itacuruba, Sertão de Pernambuco nas margens do rio São Francisco.

    A região é habitada por indígenas quilombolas, comunidades de pescadores e ribeirinhas, são contrários a instalação das usinas e tem o direito de permanecer em seus territórios, livres da ameaça radioativa e outros impactos sociais e ambientais atraídos por esse tipo de projeto necropolitico.

    “O homem, com sua ambição, vem querendo instalar essa usina nuclear na beira do rio são francisco. eu digo isso pensando na preservação do meio ambiente, eu digo isso no futuro para meu filho.” (Genilson Manuel Pankará) 

  • Ativistas debatem sobre a construção de usina nuclear em Pernambuco

    Ativistas debatem sobre a construção de usina nuclear em Pernambuco

    Há aproximadamente 450 km de Recife, sertão de Pernambuco, está a cidade de Itacuruba, com uma população de 4.754 pessoas. Nesse pequeno município existe um projeto do Governo Federal, para construção de um complexo com seis reatores nucleares e uma emenda à Constituição de Pernambuco pretende liberar a construção desta usina nuclear no Estado. Nesta primeira transmissão da série #LIVESANTINUCLEARES, o ativista Chico Whitaker entrevistou a cacica Evani Tuxá, da aldeia Tuxá, cujo território pode se tornar canteiro de obras das usinas de Itacuruba e o bispo de Floresta, Dom Gabriel Marchesi, que tem lutado contra esse projeto.

     

     

    REPORTAGEM SOBRE O PROJETO FEDERAL DA USINA NUCLEAR EM ITACURUBA:

    A luta ambiental dos índios Tuxás contra o retrocesso da usina nuclear

  • ACABOU, CHORARE!

    ACABOU, CHORARE!

    Antônio Carlos Moreira Pires menino de Ituaçú, sanfoneiro prodígio e como todo nordestino nascido, criado, escarrado e esculpido no sertão, cresce ouvindo Luiz Gonzaga no rádio, criando assim uma influência forte na vida e na obra de Moraes. Tem ouvido biônico e aprimora seu canto e poesia no violão e guitarra, instrumento que vira parceiro eterno de uma mente com muitas lembranças das notas complexas da sanfona. Já morando em Salvador encontra em Luis Galvão e Paulinho Boca de Cantor a química que vai se desenrolar por anos, décadas até hoje, ontem.

    Galvão torna-se parceiro de muitas prosas e versos, com os Novos Baianos já formado em 1968. Eis que aos quarenta e sete minutos de 69, De Vera, composição da dupla, é selecionada para o Festival da Record,  a turma toda chega em Sampa e sobe ao palco pra defender “Vera, estou falando de Vera/De Vera, de Vera da primavera”, música gravada no primeiro LP Ferro na Boneca. Defesa feita, os baianos e a carioca Baby se mudam para Botafogo, em um apartamento onde Baby e Pepeu moravam na varanda.

    A fase mais produtiva d’os baianos começa em Vargem Grande, comecinho dos anos 1970, com disco lançado, o sítio Cantinho do Vovô vira comunidade anarco-hippie e celeiro de música, futebol e radio pirata. Menino moço, Moraes vira um dos pilares da banda, compondo e cantando a maioria das músicas, eis que durante peladas, banhos, visitas ilustres como a de João Gilberto e jogadores de futebol, o LP Acabou Chorare é batizado e lançado, virando trilha sonora de tudo e todos, consagrando Moraes compositor e letrista para todo e sempre.  

       

    Ano de 1975 e Moraes lança seu primeiro disco solo trazendo o sertão de Ituaçu em ondas de rádio, ele grava uma música feita em parceria com Luiz Gonzaga e Luiz Galvão (PS) e uma de Erasmo e Roberto Carlos (Se Você Pensa). No mesmo ano grava com Armandinho, Dodô e Osmar  o disco “Trio Elétrico – Jubileu de Prata” e compõe frevos como ‘Vou Tirar de Letra’ e ‘A Dança da Multidão’ fazendo dessa forma a tríade Rockn’samba-Forró-Frevo, que carregou à tiracolo em mais de 20 discos.

    EVOÉ MORAES, VÁ NA PAZ!

  • Porto de Galinhas é Bacurau

    Porto de Galinhas é Bacurau

    A Guarda Municipal abordou trabalhadores fardados, com truculência e a população de Porto de Galinhas, litoral norte de Pernambuco, não deixou barato, colocou pra correr.

    via Twitter de @flaviocostaf

  • Carta de Floresta, 06 de novembro de 2019

    Carta de Floresta, 06 de novembro de 2019

    Carta de Floresta

    Floresta, 06 de novembro de 2019

    A todas as pessoas de boa vontade,

    Às lideranças políticas do País, dos Estados da Bacia do Rio São Francisco

    E, mais precisamente, do Sertão de Itaparica

    “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (Rm 12,15)

    Nós, bispos, presbíteros, diáconos, religiosas, leigos e leigas, representantes das comunidades quilombolas e de povos indígenas, pesquisadores e estudantes, reunidos em Floresta – PE nos dias 5 e 6 de novembro de 2019, chamados, como cristãos, a sermos solidários com toda criatura humana e com a natureza, e a fazer da nossa vida e da nossa fé um sinal e um instrumento do amor de Deus para com todas as suas criaturas, sentimo-nos impelidos a escutar o povo de Itacuruba e da região do Sertão de Itaparica a respeito das esperanças e dos temores suscitados pelo projeto de implantação de um complexo nuclear naquele município, à beira do rio São Francisco. Escutar para entender, para se informar, para solidarizar-se, escutar como estilo de caminhar juntos, a fim de que todos possam ser protagonistas das suas vidas e do seu futuro. Em tudo, fomos conduzidos e iluminados pela constatação de que progresso e desenvolvimento só são verdadeiros e reais quando promovem a vida, a partir da vida dos mais necessitados, e não a economia e o lucro de uma restrita elite.

    Nossa primeira preocupação é com a vida de quantos moram na região, com o trabalho, a cultura, o futuro, a possibilidade de um crescimento e de um desenvolvimento de acordo com as suas caraterísticas, tradições, possibilidades e aspirações.

    O povo que mora em Itacuruba e na região tem rosto e tem nome, história que fala de promessas não cumpridas, quando foi tirado de sua terra pela construção das barragens da hidrelétrica, de esperanças frustradas pela impossibilidade de continuar a trabalhar dignamente para a sua vida, de depressão, de suicídio entre os jovens que não aceitam ter uma vida fútil e sem sentido, reduzida ao consumismo. Sentimos, nas falas deste povo, o drama de quem desejaria mostrar suas forças e energias para o presente e o futuro, mas não tem perspectivas. Esse povo não sente a necessidade de usina nuclear, não acredita em promessas que já ouviu trinta anos atrás e que resultaram na situação problemática em que hoje vive.

    Progresso não pode ser palavra bonita, mas vazia, não pode significar imposição de um modelo de vida baseado no ter e que acarreta problemáticas sociais muito fortes. Com quais instrumentos de conhecimento, com quais estruturas sociais o povo de Itacuruba e região irá enfrentar a transformação decorrente da chegada de muitas pessoas na sua terra? Quais serão as possibilidades de desenvolver harmoniosamente a sua vida no futuro próximo? Temos, de fato, uma grande responsabilidade também com as próximas gerações, pois as nossas escolhas, ainda mais em casos como este, sempre vão gerar consequências importantes. Diz o Papa Francisco na sua Encíclica Laudato Sí: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo? Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária. Quando nos interrogamos acerca do mundo que queremos deixar, referimo-nos sobretudo à sua orientação geral, ao seu sentido, aos seus valores… se esta pergunta é posta com coragem, leva-nos inexoravelmente a outras questões muito diretas: Com que finalidade passamos por este mundo? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? Por isso, já não basta dizer que devemos preocupar-nos com as gerações futuras; exige-se ter consciência de que é a nossa própria dignidade que está em jogo” (LS 160). Por toda esta série de considerações, denunciamos os erros do passado e pensamos que eles deveriam nos ajudar a refletir melhor para que não sejam repetidos e, sobretudo, a não tomar decisões sem escutar os interessados.

    Projeção da Eletronuclear, feita em 2011, para a usina em Itacuruba, com seis reatores

    A saúde do rio São Francisco também nos preocupa, porque, dele e com ele, o nosso povo vive e cresce, e não pode ser considerado como um instrumento de lucro por uma técnica que sabe fazer muitas coisas, mas que, até agora, raramente foi colocada a serviço da vida plena da nossa casa comum.

    Todos aceitam com entusiasmo a possibilidade de uma vida melhor, mas isso significa acesso à educação e à saúde, possibilidade de um trabalho real e contínuo, justiça social e defesa das culturas; significa, sobretudo, unir a população e vislumbrar outros modelos de desenvolvimento pautados no princípio da dignidade da vida humana. É esse o tipo de desenvolvimento de que estamos precisando, algo que faça do povo de Itacuruba e região não pessoas que recebem uma “recompensa” por hospedar um complexo nuclear difícil de aceitar, mas que poderão afirmar sua plena pertença a um País e contribuir para o crescimento dele com humildade e ousadia.

    Conclamamos todos os homens e mulheres de boa vontade, independentemente de suas convicções político-ideológicas, a conhecerem os estudos técnicos e sócio-antropológicos relativos à temática, e a se comprometerem com a defesa e a promoção da vida dos povos, do Rio São Francisco e do meio ambiente como um todo, a fim de que “todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).

    Foto destaque: CPT

     

  • O dia da consciência negra é necessário para se chegar à consciência humana

    O dia da consciência negra é necessário para se chegar à consciência humana

    por Stilo Santos

    foto: Veetmano Prem

    No primeiro 20 de novembro no governo Bolsonaro, o movimento negro foi para rua demonstrar, mais uma vez, sua resistência e força. Em todo país, a pauta pela vida do povo negro, contra o exterminio da juventude negra e periférica e o escancancaro do fascimo trouxeram à tona o debate de que nosso país passa por um momento importante para a defesa dos direitos e mudanças de estratégias no combate as opressões.

    No país que foi o último das Américas a abolir a escravatura e que, até hoje, demonstra nos números do encarceramento o reflexo disso, não se pode mais permitir ações facistas, como a de um deputado de quebrar uma obra de arte que falava do extermínio da população negra ou da morte da menina Agatha, vinda do braço armado do Estado, passem impune de responsabilização. Ou que a execução do menino Mario Andrade seja esquecida ou tabulada como apenas mais uma morte nas estatísticas.

    No Recife, o antigo ‘Parque Treze de Maio’, agora rebatizado de ‘Praça 20 de novembro’, foi o cenário para a concentração desse momento de luta, que demonstra a importância de continuar ’negritando’ essa pauta, puxada pela Articulação de Negros e Negras de Pernambuco. Diversas falas foram feitas no ato que reuniu 40 movimentos de negritude do Estado e culminou na Rua da Guia com muita poesia e música de artistas negros.

    Todas e todos usando a arte como um viés educativo para lembrar todo sofrimento dos ancestrais e que a reparação histórica só virá com ascensão social e entrada dos negros e negras nos espaços de poder e tomada de decisão, e como diz a música da cantora da banda Femigang, Adelaide: “A revolução será preta ou não será”.