Uma grande manifestação acontece hoje pela Avenida 9 de julho em Buenos Aires no dia em que se comemora o aniversário de independência do país, onde organizações sociais e políticas protestam contra o FMI e as políticas de ajuste do Governo.
Mais de 40 organizações sindicais, sociais, de direitos humanos, políticas, religiosas e multissetoriais convocaram a manifestação contra os abusivo aumento nos preços dos serviços básicos e o corte no setor estatal que tem trazido várias demissões.
Foto La Campora
Um palco com uma grande tela instalada aos pés do Obelisco foi montado pelos organizadores desta convocação, à que se somaram também um grupo de atores com um video no que convidaram a somar à mobilização, entre eles Pablo Echarri, Liliana Ferreiro, Cecilia Roth, Leonardo Sbaraglia e Darío Grandinetti.
‘Neste 25 de maio a Pátria está em perigo. Dizemos não ao FMI, à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) e ao ajuste neoliberal da Aliança Mudemos, instrumentos para a dominação do povo argentino. Não os deixaremos passar’, escreveu em twitter o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel.
Espera-se a leitura de uma proclamação popular, redigida por várias organizações, e que todos em uníssono cantem o hino nacional nesta data histórica.
O eixo discursivo central da campanha eleitoral de Mauricio Macri para a presidência foi “voltar ao mundo”. Era hora de superar o atraso e o isolamento da era Kirchner, aproveitar o grande potencial humano e produtivo da Argentina e produzir reformas capazes de reinserir o país na economia mundial. Nas falas televisivas dos apoiadores do então candidato dizia-se com frequência que a Argentina precisava voltar a ser um país normal. E um país normal, para a elite argentina, bem como para parte significativa de sua classe média, é um país em que se pode comprar e vender dólares sem restrições.
Vencidas as eleições, o novo mandatário tratou de colocar em prática seu choque “modernizador”: abriu o país às importações, liberou o controle cambiário sobre o valor do dólar, derrogou tributos sobre a exportação do trigo, milho e soja e reduziu impostos sobre automóveis, motos e embarcações de luxo, quase sempre importados. Aproveitou a boa recepção à sua vitória nas economias do centro do capitalismo, que viram aí uma oportunidade de iniciar a virada no tabuleiro, com auspícios de uma derrocada em série dos governos populares da região, para alçar voos maiores. Em dezembro do ano passado, Buenos Aires sediou a 11ª Reunião Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC). No final deste ano, presidirá a Cúpula do G20, a reunião das vinte economias mais ricas do planeta, que terá o tema “construindo consenso para um desenvolvimento equitativo e sustentável”.
Por debaixo desse véu modernizador, o mundo volta à Argentina sob outra forma, arcaica. No dia 8 de maio, diante da desvalorização galopante do peso argentino, da ineficácia da alta dos juros e da venda sucessiva de reservas para conter a subida do dólar, em pronunciamento oficial, o presidente declarou que decidiu iniciar diálogo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para “fortalecer este programa de crescimento e desenvolvimento”. A euforia dá lugar ao pesadelo, como no filme de terror Escape From Tomorow, em que um pai leva a família de viagem para a Disney sem revelar que foi demitido.
O outro lado do conto de fadas é um país empobrecido (ao menos para suas vastas maiorias) e que, desde que Macri assumiu, somente agudizou seus problemas estruturais. O setor exportador de soja e minérios aumentou consideravelmente a sua rentabilidade. O setor financeiro obteve ganhos fabulosos com o empréstimo de dinheiro ao Estado a juros exorbitantes. A bicicleta financeira consistente na compra e venda sucessiva das Letras do Banco Central (Lebac) já no ano passado atingia 26% de juros (El país, 23/06/2017). Para o setor produtivo industrial quase nada chegou neste contexto de plena abertura aos investidores. Já para a massa trabalhadora restou o aumento do desemprego, a desindustrialização, a redução do valor real dos salários e o aumento brutal das tarifas de serviços públicos.
Em termos macroeconômicos os desequilíbrios somente se acentuaram: a abertura econômica gerou mais dependência. O governo impulsionou forte processo de endividamento externo dando um passo atrás no caminho de redução da dívida ocorrido durante o período kirchnerista. O déficit de conta corrente alcançou 5% do PIB, superando os 2,8% de 2015 e os registros da década de 1990. A avalanche importadora, em um cenário de abertura comercial, provocou a elevação do déficit de comércio exterior para o nível mais elevado dos últimos 40 anos. Ao contrário dos tão sonhados investimentos produtivos incrementou-se a fuga de capitais, e ainda se tentou amenizar o déficit pelo aumento da dívida externa.
O macrismo e seu leque de aliados chamaram as reformas implementadas até agora de “gradualistas”. Avançaram com a reforma previdenciária, com uma reforma tributária com caráter regressivo e têm na agenda uma reforma trabalhista de propósito flexibilizador e precarizador. O remédio do ajuste, no entanto, nunca é suficiente. A morte iminente do paciente, em vez de colocar em questão o próprio tratamento, para os financistas de plantão é sempre uma oportunidade para legitimar um aumento da dose. Por isso, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil sob a presidência de FHC, ao falar da crise argentina diz que “hoje as opções são fazer mais rápido este ajuste, que sempre esteve entre os objetivos do governo, ou ter problemas muito mais sérios” (Ámbito Financiero, 14/05/2015). O retorno ao FMI serve, portanto, para pôr fim ao “gradualismo” e substituí-lo pelo choque descarado, legitimando um incremento da austeridade.
Por outro lado, a consciência do significado do pedido de resgate na Argentina não é pequena. O FMI apoiou o programa econômico ortodoxo e regressivo da última ditadura militar. Foi protagonista direto dos planos massivos de privatização e desregulação da era Menem, na década de 1990, apoiando o programa de convertibilidade que estabeleceu a paridade entre o dólar e o peso. Programa este que culminou com a crise econômica e social sem precedentes de dezembro de 2001. No início de 2002, 25% dos argentinos estavam desempregados e o índice de pobreza chegava a quase 60%.
Agora, o FMI vem ao resgate de um governo neoliberal cujos altos postos são formados, sobretudo, por CEOs: ex-diretores executivos de grandes empresas, muitos deles oriundos do setor financeiro e bancário. A chamada “porta giratória” entre setor privado e setor público é, na atual gestão, mais vigente do que nunca. Os dirigentes, formados em sua maioria em universidades norte-americanas ou em universidades particulares de elite na Argentina, tem pouca conexão com seu próprio país. Mais do que isso: tem pouco do seu patrimônio pessoal nessas terras. O ministro da fazenda, Nicolas Dujovne, possui 88,25% dos seus bens declarados no exterior. O presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, 70,04% (La Nación, 22/08/2017). São eles, junto com o presidente Maurício Macri, envolvido no escândalo das offshores descobertas no caso Panamá Papers, que querem convencer a população de que um novo empréstimo com o fundo dará proteção ao país.
No entanto, um recente informe do Centro de Estudios de Opinión Pública (CEOP) aponta que 77% dos argentinos são contra o pedido de empréstimo ao FMI. Ao contrário do que gostariam alguns ideólogos do mercado e do governo, a população não esquece que o desastre de 2001 veio depois de anos de ingerência direta e de aplicação das políticas do FMI. Não por acaso, os colunistas econômicos do establishment não deixam de apontar para os riscos de uma nova explosão “populista”. E para mostrar que Macri não está sozinho neste processo de aprofundamento da inserção subordinada da Argentina na economia-mundo, Trump, Merkel y Rajoy não tardaram em deixar claro o apoio às medidas do governo.
O próprio Ministro da Fazenda argentino já admitiu que o país terá mais inflação e menos crescimento (La Nación, 14/05/2018). A última terça-feira (15) foi considerada o dia D, pois venciam 30 bilhões de dólares em Letras do Banco Central (Lebacs). O perigo imediato de forte desvalorização cambiária decorrente da não renovação das Lebacs e consequente corrida ao dólar pode ser controlado. O Banco Central Argentino, além de ofertar 5 bilhões de dólares pelo segundo dia consecutivo, emitiu dívida com a oferta de novos títulos do tesouro. Ainda que o governo tenha conseguido controlar o cenário, o problema de fundo permanece. “As Lebac são uma bola de neve que se chuta para frente” (Izquierda Diario, 15/05/2018). Cedo ou tarde, o caminho do endividamento, fracassa.
Após reunião ministerial na segunda-feira (16), o chefe de gabinete, Marcos Peña, esclareceu a nova linha política: chegar a um grande acordo nacional com o objetivo de reduzir o déficit fiscal, sendo que o marco para tal acordo é o orçamento de 2019. Disse, ainda, que o caminho é o correto, mas é preciso acelerá-lo (La Nación, 15/05/2018).
O caminho já é conhecido e os resultados também: ajuste sobre o povo, aumento das desigualdades, desmonte do Estado e mais recessão. Economiza-se para diminuir o déficit e “honrar” os compromissos com o setor financeiro. A ação indutora do Estado como impulsor da atividade econômica vai às favas. A economia encolhe e a arrecadação tributária diminui. Resultado final: todo ajuste é insuficiente, demandando ainda mais ajuste. E o país navega na catástrofe social, que é narrada pelos cínicos de plantão como um mal necessário.
Resta saber por quanto tempo a narrativa vendida pela imprensa que apoia o governo vai sustentar o discurso que é desmentido no cotidiano da população argentina. Nesta quarta, pelo menos duas mobilizações contra o FMI estão convocadas, uma no Obelisco e, outra, no Ministério de Economia. Amanhã, várias organizações convocam uma manifestação na Praça de Maio. A pressão ao governo argentino aumenta e vem de todos os lados.
A Câmara de Vereadores do município de Estância, Sergipe, foi palco de cenas de intolerância e discriminação protagonizadas pelos vereadores Dionísio Neto (REDE) e Misael Dantas (PSC). A polêmica começou por causa do Projeto de Lei 74/2017, de autoria de Neto, que tem o objetivo de proibir a inclusão de atividades pedagógicas de discussão da sexualidade na grande curricular de ensino das escolas da rede municipal. A desculpa é novamente o perigo da tal “ideologia de gênero”, uma mentira criada por grupos religiosos, conservadores e de direita que lutam para manter fora das salas de aula discussões que poderiam diminuir no futuro o preconceito na sociedade contra mulheres, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros e não binários.
O acontecimento ganhou nova dimensão quando os vereadores de orientação conservadora aumentaram o tom de voz e de maneira agressiva propagaram o ódio à comunidade LGBTqueer. O caso, que gerou grande revolta no estado, vem ganhando repercussão também nas redes sociais. As respostas de repúdio dos sergipanos aos atos dos parlamentares fizeram com que redes sociais dos vereadores ficassem cheias de comentários contrários aos seus posicionamentos.
O Conselho Regional de Psicologia, juntamente com outras organizações, publicou uma nota de repúdio às ações de ódio em plena Câmara de Vereadores e ao PL 74/2017, que desconsidera o princípio da dignidade humana e fere a Constituição Federal vigente no Brasil.
Após 5 mil quilômetros percorridos por mais de 30 cidades dos nove estados nordestinos, a Caravana “Lula pelo Brasil”, que teve início no dia 17 de agosto, chegou ao fim nesta quarta-feira (5), em São Luís do Maranhão.
Foto: Mídia Ninja
A Caravana, como foi falado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diversos momentos, teve como principal objetivo vivenciar o grande desenvolvimento pelo qual a região passou durante os 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores. E, principalmente, entender de que forma o Nordeste vem sofrendo com os desmontes sociais do governo de Michel Temer, exatamente um ano depois do golpe que tirou do poder a presidenta Dilma Rousseff, e aprovou uma série de medidas que restringem o investimento em políticas públicas e flexibilizam os direitos dos trabalhadores, como a PEC 55 e a Reforma Trabalhista.
Entre as principais mudanças na região durante a última década, que a Caravana mostrou, está a interiorização do ensino superior brasileiro, a construção de cisternas para armazenamento de água, e a distribuição de renda e direitos básicos através de programas como o Luz para Todos e o Bolsa Família. Foram 63 campi universitários, 150 novas escolas técnicas e sete novas universidades construídas no Nordeste pelo governo do PT; 1/,2 milhão de cisternas para consumo instaladas em casas do semiárido nordestino, e milhões de pessoas beneficiadas pelos programas sociais.
O contexto político atual é essencial para entender a importância histórica dessa Caravana, e marcou boa parte dos discursos do ex-presidente, assim como os depoimentos do povo que o recepcionou. Difamado diariamente pela grande imprensa, réu em primeira instância pela Operação Lava Jato, e aguardando uma decisão em segunda instância que pode barrar sua candidatura em 2018 – para uma eleição que já é antecipada como uma das mais polarizadas da história do país – Lula encontrou na Caravana o apoio e reconhecimento das milhares e milhares de pessoas beneficiadas pelo seu projeto de país.
Apoio esse que, mais uma vez, tentou ser apagado por veículos da mídia empresarial que descaradamente insistiam em fotografar praças esvaziadas horas antes dos atos marcados, ignorando fatos noticiosos como cidades que reuniram um número de pessoas (algumas vindas de regiões próximas) que somavam mais da metade de sua população para assistir às falas do ex-presidente, como Currais Novos (RN), que tem 35 mil habitantes e aglomerou pelo menos 30 mi pessoas.
Nesse sentido, tivemos a decisão de fazer uma cobertura colaborativa entre três dos maiores veículos da mídia alternativa, assumindo o desafio de construir em conjunto uma narrativa, acompanhando todas as atividades dos 20 dias de Caravana, contando os relatos, lembranças e sonhos daqueles que tiveram suas vidas transformadas, mas são os últimos a serem ouvidos pela mídia hegemônica. Produzimos textos, fotos, vídeos, matérias para rádio, transmissões ao vivo, memes, em quatro comunicadores no dia a dia da Caravana, mas contando com o apoio das equipes das bases e de colaboradores em diversas cidades pelas quais passamos. A nossa cobertura atingiu cerca de 30 milhões de pessoas.
Assim, acompanhar a jornada de Lula pelo mesmo Sertão que ele deixou há 64 anos, como retirante, foi uma das mais comoventes experiências vivenciadas por cada uma e cada um de nós. De tudo que presenciamos e contamos, algumas cenas foram especialmente marcantes, como a travessia de Lula pelo Rio São Francisco, quando centenas de pessoas aguardavam para recebê-lo no estado de Alagoas, às margens do rio, ao por do sol. Ou também em uma noite, na pequena cidade de Acari (RN), quando fomos surpreendidos por uma multidão deixou a missa, que acontecia naquele momento, para assistir à passagem da Caravana dos degraus de uma igreja.
Essas paradas não programadas em cidades onde os habitantes espontaneamente se reuniam e se mobilizavam para encontrar com o ex-presidente, foram, talvez, os momentos mais emocionantes da viagem. No trajeto original de cinco horas entre Quixadá (CE) e Juazeiro do Norte (CE), onde foram realizados atos programados, por exemplo, a Caravana parou em oito pequenas cidades do interior, demorando o dobro de tempo para chegar.
Nesses momentos, Lula descia com o apoio de alguns seguranças e era engolido por uma multidão de pessoas que fazia questão de seguir os ônibus para tocá-lo e agradecê-lo, segurando bandeiras vermelhas improvisadas com paus, lençóis e outros tecidos, em cenas que pareciam histórias de realismo fantástico. Após duas semana de Caravana, as mãos e braços do ex-presidente já estavam bastante arranhadas, sua voz havia praticamente sumido, mas ele continuou com o impressionante esforço de cumprimentar e abraçar as pessoas em cada lugar que o recebia.
A presença incansável do povo marcou desde a primeira atividade da Caravana, a visita de Lula ao recém-inaugurado metrô de Salvador (BA), até o última fala do ex-presidente em São Luís do Maranhão. Nesse meio tempo, Lula participou de atividades inesquecíveis como a colação de grau dos estudantes brasileiros e africanos da primeira turma do curso de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), criada durante seu governo para promover a integração Sul-Sul, e agora ameaçada de cortes de bolsas para seus estudantes. Ou o almoço no acampamento Valdir Marcedo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em Jandaíra (BA), onde centenas de acampados e assentados se reuniram para recebê-lo. Ou os cinco títulos de Doutor Honoris Causa que o ex-presidente recebeu durante a Caravana, apesar de, como ele disse diversas vezes, não ter tido a oportunidade de ter uma formação universitária.
Foto: Guilherme Imbassahy
Outro ponto marcante que notamos foi a presença das mulheres em cada uma dessas manifestações. Mais afetadas pelas políticas públicas de distribuição de renda e reparação histórica dos governos do PT, e consequentemente as maiores vítimas dos desmontes sociais de Temer, elas foram as protagonistas de cada uma das atividades organizadas pela Caravana. Nossa cobertura decidiu contar a história de algumas dessas mulheres, já que elas apareciam como presentes a cada parada da Caravana, com suas histórias comoventes e que traduzem toda a força e peleja de suas vidas.
Assim, contamos a história da jovem Iva Mayara, que devolveu seu cartão de beneficiária do programa Bolsa Família à Lula em Aracaju (SE), afirmando não precisar mais dele após ter se graduado pelo PROUNI e se tornar cadastradora do próprio programa. Narramos a vida da peixeira Simone Virgínia e da lavadeira Alzira de Souza, moradoras do bairro de Brasília Teimosa, no Recife, desde quando ele sofria com a falta extrema de saneamento básico, antes da visita de Lula ao local, em 2004.
Também tivemos a honra de conversar com a lendária militante da reforma agrária Elizabeth Teixeira, que aos seus 92 anos não deixou de comparecer ao ato de recepção de Lula em João Pessoa (PB), e com a fundadora do MST no Ceará, dona Maria Lima, hoje com 80 anos. Conversamos também Solange Saldanha, a Sol, que esteve presente em Currais Novos (RN) para agradecer Lula pela possibilidade de ter entrado no curso de letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte aos 35 anos, através do mesmo sistema de cotas raciais que colocou sua filha mais velha – e colega de classe – na mesma universidade.
Após 20 dias acompanhando Lula pelo Nordeste, voltamos, cada um para seu respectivo estado, com a certeza de que somente por termos estado debaixo do sol com o ex-presidente, durante ao menos 10 horas diárias, pudemos entender a dimensão do desenvolvimento trazido pelo seu governo, e das injustiças que tentam diminuir uma das maiores lideranças políticas da América Latina. É preciso estômago para ignorar e deslegitimar os relatos de pessoas que representam o primeiro diploma de suas famílias, que relatam com propriedade o fim dos saques nas épocas de seca após as políticas de Lula, que agradecem com lágrimas nos olhos pela atenção que lhes garantiu sobrevivência.
Deixamos o Maranhão sabendo que, independente da linha editorial de cada veículo da nossa cobertura compartilhada, e da opinião política de cada comunicador, tivemos a chance de vivenciar e entender a proporção mais bruta das medidas tomadas em Brasília e da intensificação da luta de classes no país.
Por esse motivo, voltamos acreditando ainda mais no potencial de uma mídia independente, ativista ou popular, e da importância de oferecer contra-narrativas, com o apoio de um povo que hoje não apenas tem o que comer e onde morar, mas possui a consciência política e os meios tecnológicos necessários para disseminar essas informações. Como disse Lula, em uma entrevista coletiva realizada no terceiro ônibus da Caravana, que durante as três semanas nos abrigou, temos alternativas à mídia hegemônica: “Nós não precisamos deles”.
A cobertura da caravana “Lula pelo Brasil” foi realizada por meio da parceria entre Brasil de Fato, Mídia Ninja e Jornalistas Livres.