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Categoria: Geopolítica

  • Governo de Bolsonaro apoia a guerra dos Estados Unidos contra Venezuela

    Governo de Bolsonaro apoia a guerra dos Estados Unidos contra Venezuela

    Os Estados Unidos registraram ontem (01/04) 884 mortes pela covid-19 em 24 horas, um recorde no país, segundo contagem divulgada pela Universidade Johns Hopkins. O forte aumento elevou a 4.475 o número de mortos no país desde o começo da pandemia.

    Enquanto contabiliza o maior número de mortos quanto ao novo coronavírus e o colapso do sistema de saúde americano, o presidente Donald Trump investe pesadamente em uma ofensiva contra a Venezuela, e anunciou o envio de forças militares para a região costeira daquele país. Entre os recursos a serem enviados estão destroieres, navios de combate costeiro, embarcações da Guarda Costeira americana, aviões-espiões e helicópteros da Força Aérea.
    O anúncio foi feito pelo presidente americano durante uma coletiva de imprensa convocada para tratar de medidas contra a pandemia da covid-19 no país.
    Na semana passada, os EUA acusaram Nicolás Maduro e outros líderes do governo venezuelano de comandarem um regime narcoterrorista e ofereceram recompensa por informações que levem à captura do presidente e das lideranças chavistas.
    Logo depois, o vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, chamou o anúncio de “uma tentativa de desviar a atenção” do que está acontecendo nos Estados Unidos com a crise de saúde causada pela covid-19.

     

    Jorge Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, 

    repudia o anúncio do Governo Trump  

     

     

     

    Bolsonaro
    O Brasil que enfrenta sérios problemas pela pandemia da covid-19 e a possibilidade de estrangulamento do sistema de saúde nos próximos dias, acaba por demonstrar a sua submissão e alinhamento ideológico ao governo americano, ao lançar, via Itamaraty, uma nota de apoio à ofensiva militar estadunidense. No texto, o governo de Jair Bolsonaro se coloca à disposição para um enfrentamento militar contra um país vizinho que nunca ofendeu ou criou problema diplomático com o Brasil.
    É bom lembrar que Bolsonaro e uma ala considerada mais ideológica e alinhada aos grandes empresários, menosprezam constantemente a pandemia chamando-a de “gripezinha”. Ignoram as ações de isolamento social e mitigação, propostas por especialistas, e adotadas por praticamente todos os países atingidos pela covid-19. Nesse momento, qualquer apoio militar a uma ofensiva americana contra o governo venezuelano deixaria o Brasil ainda mais fragilizado perante a eminência do avanço na epidemia no país. Desviaria recursos financeiros que deveriam ser aplicados na saúde, na proteção dos trabalhadores e trabalhadores e da população mais vulnerável. Além do mais, as forças militares deveriam estar somando e ajudando o país nesse momento do combate a pandemia.

     

    Conversa
    Antes do anúncio sobre mobilização de uma força militar em direção ao Caribe e ao leste do Pacífico realizado na Casa Branca, Trump e Bolsonaro conversaram pelo telefone. O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, também participou da conversa ao lado do presidente brasileiro. Segundo relato de Bolsonaro, o assunto era a pandemia causada pelo coronavírus e a solidariedade mútua entre os dois países..

    Nota do Itamaraty

    PROPOSTA DE MOLDURA INSTITUCIONAL PARA A TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA NA VENEZUELA

    O governo brasileiro, após tomar conhecimento da proposta de uma Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela, apresentada em 31/3, pelo governo dos Estados Unidos da América, expressa sua coincidência com os objetivos da proposta e a apoia como instrumento capaz de contribuir para o restabelecimento da democracia na Venezuela.

     

    2.De maneira convergente com a proposta, o governo brasileiro considera que somente a realização de eleições presidenciais livres, justas e transparentes poderá pôr fim à grave crise política, econômica e humanitária por que passa a Venezuela. Considera, igualmente, que a saída de Nicolás Maduro é condição inicial para o processo, uma vez que ele carece de qualquer legitimidade para ser parte numa transição autêntica.

     

    3.Vários dos elementos presentes na proposta têm sido defendidos pelo Brasil individualmente e também pelo Grupo de Lima, de que o país faz parte.

     

    4.A renúncia concomitante do ditador Nicolás Maduro e do Presidente Encarregado Juan Guaidó e o estabelecimento de um Conselho de Estado, eleito pela legítima Assembleia Nacional, com o mandato de organizar eleições livres e justas, sob observação internacional, constituiria importante passo em direção a uma solução definitiva para a crise na Venezuela. No entendimento brasileiro, a garantia de participação no processo de transição de todas as forças políticas comprometidas com a democracia, o repúdio ao crime organizado, a libertação de presos políticos, a restauração das imunidades parlamentares, a restruturação do Conselho Nacional Eleitoral e o restabelecimento de uma Corte Suprema de Justiça legítima são indispensáveis para a reconstrução do Estado de Direito e de um ambiente democrático na Venezuela.

     

    5.O Governo brasileiro está pronto a trabalhar com a comunidade internacional de modo a apoiar o processo de transição democrática na Venezuela, pelo qual tanto anseiam os próprios venezuelanos e os amantes da liberdade em toda a região.

  • Coronavírus já matou 1.295 americanos, mas Trump só pensa em caçar Maduro

    Coronavírus já matou 1.295 americanos, mas Trump só pensa em caçar Maduro

    O governo dos EUA acusou sem quaisquer provas ou evidências, nesta quinta (26), o presidente venezuelano Nicolás Maduro de narcoterrorismo e conspiração para traficar cocaína aos EUA. O Departamento de Estado americano estabeleceu uma recompensa de US$ 15 milhões (R$ 75 milhões) por informações que levem à captura de Maduro. Além do presidente venezuelano, estão sendo acusados vários outros integrantes do governo e membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Por informações que ajudem a capturá-los, ofereceu-se recompensa de US$ 10 milhões (R$ 50 milhões).

    Trata-se de mais um ataque, entre centenas de outros, contra a República Bolivariana da Venezuela, desde a eleição de Hugo Chávez à Presidência, em 1999. Mas, desta vez, a desfaçatez é escandalosa.

    Os Estados Unidos vivem neste exato momento a tragédia sanitária decorrente de um sistema de saúde em grande parte inacessível aos mais pobres, e da irresponsabilidade do presidente Donald Trump que, a exemplo de seu homólogo no Brasil, Jair Bolsonaro, tem se oposto à medidas drásticas de isolamento social para impedir o contágio em massa pelo Covid-19. Os EUA já contam 85.594 casos comprovados de coronavírus (mais do que a China) e 1.295 mortos.

    Desatento à dor do povo americano, o governo Trump encontrou tempo para rosnar em direção à Venezuela, responsabilizando-a pelo narcotráfico internacional, quando é a Colômbia, sabidamente, o grande produtor de drogas no mundo, especialmente cocaína, conforme levantamentos realizados pela ONU e pelas próprias autoridades dos EUA. Ocorre que a Colômbia, que possui 2.219 km de fronteira com a Venezuela, é uma aliada histórica do imperialismo americano em seu intento de atacar a revolução bolivariana –por isso, as autoridades dos EUA fecham os olhos para a farra entre narcotraficantes e políticos da direita colombiana.

     

    Ivan Duque, presidente da Colômbia, com Ñeñe Hernández, colombiano morto no Brasil Reprodução / Instagram
    Iván Duque, presidente da Colômbia, com Ñeñe Hernández, colombiano morto no Brasil, e a ex-miss. Reprodução / Instagram

    Agora mesmo, a Colômbia sob a presidência do direitista Iván Duque está sendo sacudida por um escândalo chamado “José Guillermo Hernández”, ou melhor, Ñeñe Hernández. Esse é o nome mais repetido na Colômbia hoje, depois de coronavírus. Ñeñe Hernández foi um amigão do peito de Iván Duque, criador de gado, membro da alta sociedade, casado com uma ex-miss Colômbia, proprietário de terras, de luxuosas propriedades e… braço político e financeiro de Marcos de Jesús Figueroa, o Marquito, contrabandista de gasolina e narcotraficante da pesada. Assassinado no ano passado no Brasil, o nome de Ñeñe Hernández ressuscitou por conta da recente descoberta, pela polícia, de áudios gravados que provam que Ñeñe Hernández foi um dos maiores financiadores ilegais da campanha que levou Iván Duque ao poder. Mas isso pouco importa ao Departamento de Estado americano e a Donald Trump. A obsessão é com a Venezuela.

    A Venezuela, por seu turno, considera-se vítima do flagelo do narcotráfico, que espraia sua violência ignorando as fronteiras entre os dois países. O país emitiu uma nota de esclarecimento sobre a natureza do mais novo ataque americano ao país. É o que segue:

     

    Aos Povos do Mundo e Amigos da Revolução Bolivariana

    (…) Vamos colocar esta decisão no contexto:

    1. Sob a liderança do Presidente Maduro, a Venezuela vem realizando uma luta eficiente contra o coronavírus, alcançando até agora uma contenção importante desse vírus. Nosso país foi o primeiro da região a pedir quarentena e, graças à cooperação com a China, a Rússia e Cuba, temos todas as capacidades médicas para lidar com essa pandemia. Tais decisões tiveram o apoio majoritário do povo venezuelano, incluindo amplos setores da oposição.

    2. Um importante processo de diálogo está progredindo com os setores democráticos da oposição, muitos dos quais, no contexto da pandemia, se manifestaram a favor de trabalhar com o governo e exigir a cessação de medidas coercitivas unilaterais (erroneamente chamadas de sanções), que afetam nossa economia e nosso povo.

    3. De diferentes partes do planeta, vozes se uniram contra o bloqueio sofrido pela Venezuela, entre as quais destacamos as recentes declarações do Comissário para as Relações Internacionais da União Europeia, Josep Borrel; Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, e Michelle Bachellet, Comissária da ONU para os Direitos Humanos.

    4. Em 23 de março passado, a polícia de trânsito colombiana capturou um arsenal de guerra que, nossos serviços de inteligência demonstraram, tinham como objetivo final sua transferência para a Venezuela para realizar atos terroristas contra o presidente Maduro e outras autoridades. Todo o tecido dessa conspiração, que conta com o apoio dos Estados Unidos e da Colômbia, foi denunciado ontem com detalhes pelo nosso ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.

    Após as reduzidas manifestações da oposição convocadas por Juan Guaidó em 2020, de Washington, eles decidiram reforçar as ações violentas para alcançar a tão esperada “mudança de regime” na Venezuela. É nesse quadro de fortalecimento do governo bolivariano e da crise nos EUA devido à pandemia que ocorre essa decisão perigosa, irracional e criminosa anunciada hoje pelo governo Trump. Eles apostam claramente na violência e no terrorismo, como foi revelado nas declarações divulgadas hoje por um traidor ex-militar venezuelano, general Cliver Alcalá Cordones, que da Colômbia confessou que as armas capturadas eram realmente para realizar ataques em Venezuela, em um plano que tem o aval de Juan Guaidó e do governo dos EUA, por meio de funcionários e mercenários prestadores de serviços militares. Entre outros elementos, Alcalá ressalta que a compra das armas foi instruída por Guaidó e que ele tem um contrato que comprova isso.

    É importante observar que, durante vários anos, especialmente desde 4 de agosto de 2018, quando ocorreu uma tentativa de assassinato em Caracas contra o presidente Maduro com o uso de drones carregados de explosivos, foi denunciado que esses grupos terroristas operam na Colômbia. Foram até enviadas para as autoridades a localização dos campos em que os terroristas treinam, sem que o governo de Iván Duque tomasse qualquer providência para extinguir a ação criminosa. Conseqüentemente, denunciamos essa situação de cumplicidade do governo colombiano com os terroristas perante o Secretário-Geral da ONU.

    Estamos, portanto, vivendo um momento muito perigoso, levando também em conta o próximo processo eleitoral presidencial nos Estados Unidos, propício – como tem sido visto historicamente – a aventuras que ajudam a garantir a reeleição do Presidente de plantão. Diante disso, pedimos sua solidariedade com o povo venezuelano e ficamos atentos a essa nova etapa de agressão.

    Nós Venceremos!
    #LasSancionesSonUnCrimen
    #MaduroValentíaYDignidad

     

    Leia mais sobre a Venezuela em:

    Coronavírus: Brasil fecha fronteira e venezuelanos são impedidos de voltar a Roraima

    Encontro na Venezuela decide criar Universidade Internacional de Comunicação

    VÍDEO: Itamaraty representou interesses de invasores da embaixada venezuelana em reunião

    Venezuela: “Cenário é tenso e perigoso, mas Maduro controla e neutraliza golpe”

    VIDA NORMAL EM CARACAS!!!

     

  • Cadernos da quarentena – Não maltratem a Mãe Terra

    Cadernos da quarentena – Não maltratem a Mãe Terra

    Por: Dennis de Oliveira

    Fiquei isolado aqui pelo litoral de São Paulo. A quarentena imposta pelas autoridades para combater a disseminação do coronavírus obriga a gente a mudar as formas de viver. Imagina ficar em uma cidade do litoral, verão, sol a pino e não poder ir à praia, ou tomar uma cerveja no boteco.

     

    Esta minha ida era por poucos dias, mas por conta da quarentena tive que ficar muito mais tempo. Aí bateu a preocupação: não trouxe roupa suficiente para mais que quatro dias. E como diz o ditado, a necessidade faz o ladrão. Diante da situação, foi possível sim viver com o que trouxe, só ir lavando a roupa que tinha, usando o que era possível sem qualquer vaidade consumista.

     

    E aí lembrei-me dos livros do Zygmunt Bauman que falava que vivemos em um “capitalismo de excessos”. Tivemos aumentos de produtividade imensos nos últimos 50 anos, graças ao avanço tecnológico. Mas, ao mesmo tempo, estes avanços como foram apropriados para a reprodução do capital e serviram muito mais para reduzir o número de pessoas que trabalham.

    Se produz mais com menos gente empregada.

     

    Só que aí a conta não fecha. Com menos gente empregada, a miséria aumenta e ao mesmo tempo que se produz mais mercadorias, tem menos gente que pode consumir. É aí que Bauman propõe o conceito de “consumo intensivo” ou o brasileiro Muniz Sodré fala do “turbocapitalismo”. O consumo intensivo significa o seguinte: as mesmas pessoas que têm poder de consumo hoje são instigadas para consumir ainda mais. Quem tem um celular, é incentivado a trocar por um outro mais novo a cada seis ou sete meses. Se você tem uma linha, a operadora te empurra uma outra (como se fosse necessária mais de uma linha). Numa casa com três pessoas, cada um tem um carro. A cada ano, os aparelhos eletrônicos ficam obsoletos e o conserto fica mais caro que a compra de um novo e assim por diante. E toda a tranqueirada velha para onde vai? Lixo!

     

    O mesmo Bauman disse que a cidade de Londres produz uma quantidade de lixo por ano equivalente a quatro vezes o tamanho da sua cidade.

    O automóvel, símbolo da modernidade, usa apenas 3% da energia que ele produz para carregar o seu condutor. O resto é para mover metal, plástico, engrenagens e resíduos eliminados para a atmosfera.

     

    Os avanços tecnológicos do capitalismo não são apenas trágicos. Descobertas científicas nos anos 1960 possibilitaram a cura de muitas enfermidades. Hoje a humanidade é muito mais longeva. As tecnologias de informação e comunicação – TICs permitem que esta quarentena forçada de hoje seja atenuada com a possibilidade de conversar com os amigos, familiares. Grupos de psicólogos organizaram terapias em grupo pela internet com pessoas que estão deprimidas. Tem um grupo de amigos que até fez um “churrasco virtual”, cada um na sua casa comendo uma carne e tomando uma cerveja e conversando pelo hangout. Eu mediei um debate sobre o coronavírus e a periferia para um canal da internet com cada um dos participantes nas suas casas. E ainda as informações sobre esta crise chegam de forma instantânea para a gente. Tem as fake news, mas prefiro acreditar que isto são os efeitos colaterais.

     

    Este modelo de sociedade em que cada vez mais se concentra riquezas vai criando mundos à parte. Nem todos podem usufruir de todos estes avanços. Ao mesmo tempo, uma casta de bilionários enriquece como verdadeiros parasitas, sem qualquer contribuição à sociedade: turbocapitalismo. Ganham muita grana sem produzir nada e aplicam no cassino do mercado rentista. Rende mais dinheiro e vai indo neste caminho. E vai turbinando ainda mais o seu consumismo.

    Não basta um palacete, precisa de dois, três. Não basta um carrão, tem que ter três, quatro… “Compra” ilhas, se isola do mundo, viaja de jatinhos e helicópteros.

     

    Na outra ponta, milhões de famintos desesperados vão em busca do mínimo para sobreviver. O mesmo mundo que conectou todas as localidades pela internet e mandou sondas a Marte convive com pessoas em busca de água potável. Como pensar em quarentena para aqueles cuja casa é a rua? No topo, os milionários consomem de forma turbinada e isto exige um consumo predatório dos recursos naturais para produzir os artefatos que usam. Na base, os miseráveis catam latas, papel ou o que ainda resta da natureza para sobreviver.

    E a mãe Terra vai agonizando. Os sábios dos povos originários da América já ensinavam a importância do Bem Viver. Os povos originários do Alto Xingu falavam do perspectivismo. O que é isto? Viver em equilíbrio com os sentidos da vida de todos os seres vivos. Não é preservar a natureza, mas conviver em diálogo com ela, como dizia o mestre Paulo Freire. Conforto não é opulência. Viver bem não é oprimir o outro. A mãe Terra, ou Pachamama, também é sujeito e está alertando.

    Este vírus é a lágrima da Pachamama que está dizendo: “eu não aguento mais!”

    Quem não acha que Deus é cartão de crédito entende o que estou falando. Não adianta acreditar em vida após a morte se nem a vida aqui a gente consegue dar conta.

     

     

  • Lula escreve carta ao presidente chinês se desculpando em nome do povo brasileiro

    Lula escreve carta ao presidente chinês se desculpando em nome do povo brasileiro

    Que falta nos faz um estadista! Neste momento de pandemia de Coronavírus, os dois países com mais condições de ajudar outras nações a diminuir as mortes são Cuba, com seus médicos, e a China, que já venceu a primeira fase da contaminação em massa. Além disso, o país asiático é nosso maior parceiro comercial e nossas relações com ele serão fundamentais durante e depois da crise médica. Mas nada disso parece importante para o presidente da república, para o ministro das relações exteriores e para o suposto presidente do comitê de relações exteriores e defesa nacional da Câmara dos Deputados (os nomes estão com letra minúscula porque os atuais detentores dos cargos não merecem maiúsculas). Após três dias de conflito diplomático com a China iniciado por um post indecoroso no Twitter feito pelo filho do presidente (ele ainda ocupa o cargo de presidente do comitê de relações exteriores?), foi preciso um ex-Presidente da República falar em nome do Povo Brasileiro pedindo desculpas e explicando a situação vexatória…

    Leia abaixo a carta que Lula escreveu a Xi Jinping, disponível em seu site, repudiando a atitude de filho de Bolsonaro e condenando o pai por se portar como “reles bajulador de Donald Trump”.

    São Bernardo, Brasil,
    20 de março de 2020

    “Caro presidente Xi Jinping,

    Em nome da amizade entre os povos do Brasil e da China, cultivada por sucessivos governos dos dois países ao longo de quase cinco décadas, venho repudiar a inaceitável agressão feita a seu grande país por um deputado que vem a ser filho do atual presidente da República do Brasil.

    Tal atitude, ofensiva e leviana, contraria frontalmente os sentimentos de respeito e admiração do povo brasileiro pela China. Creio expressar o sentimento de uma Nação, que tive a responsabilidade de presidir por dois mandatos, ao pedir desculpas ao povo e ao governo da China pelo comportamento deplorável daquele deputado.

    Como é de seu conhecimento, setores expressivos da sociedade brasileira condenaram aquela agressão, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal do Brasil.

    Lamento, entretanto, que o atual governo brasileiro não tenha feito ainda esse gesto pelos canais diplomáticos e por meio do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que deveria ter sido o primeiro a tomar tal atitude. Seu silêncio envergonha o Brasil e comprova a estreiteza de uma visão de mundo que despreza a verdade, a Ciência, a convivência entre os povos e a própria democracia.

    Lamento especialmente que esta agressão tenha ocorrido na conjuntura de um contencioso comercial entre a China e os Estados Unidos, país ao qual a política externa brasileira vem sendo submetida de maneira servil por este governo. Bolsonaro rebaixa as relações do Brasil com países amigos e se rebaixa como reles bajulador do presidente Donald Trump.

    Este governo passará, sem ter estado à altura do Brasil, mas nada poderá apagar os laços de amizade e cooperação que vimos construindo desde 1974, quando o então presidente Ernesto Geisel restabeleceu as relações entre o Brasil e a República Popular da China.

    Praticamente todos os presidentes brasileiros, desde então, fortaleceram nossa relação nos mais diversos campos. Recordo que, ainda em 1988, o presidente José Sarney assinou os acordos para a construção do satélite sino-brasileiro, que viria a ser lançado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Em 1994, os presidentes Itamar Franco e Jiang Zemin estabeleceram a Parceria Estratégica Brasil e China, que tem frutificado em benefício mútuo. Desde 2009 a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em meu governo, o Brasil reconheceu a China como economia de mercado e construímos juntos os BRICS, inaugurando um novo capítulo na ordem mundial.

    Recentemente, expressei minha solidariedade ao povo e ao governo da China no enfrentamento ao coronavírus. Recebo agora a notícia de que os esforços admiráveis nesse combate resultaram na interrupção, pelo segundo dia consecutivo, da transmissão do vírus em seu país. Parabéns por esta vitória e sigam lutando.

    Esta é a verdadeira imagem da China que nós, brasileiros e brasileiras, aprendemos a admirar, numa convivência de mútuo respeito. Um país com o qual desejamos manter e aprofundar as melhores relações de amizade e cooperação, inclusive no combate à grave pandemia que também nos atinge.

    Receba minha saudação respeitosa e fraterna, que se estende a todo o povo chinês,

    Luiz Inácio Lula da Silva

  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • Irã terá apoio popular em resposta ao assassinato de Soleimani

    Irã terá apoio popular em resposta ao assassinato de Soleimani

    ARTIGO

    Eduardo Campos, jornalista e advogado mineiro, visitou o Irã em 2018 e mantém
    contatos com amigos que fez no país

    A mídia ocidental hegemônica sempre comprou a narrativa contemporânea do
    Império, segundo a qual o Irã é um país satânico. Não por acaso, George
    Bush, então presidente dos Estados Unidos, incluiu o Irã no tripé que
    caracterizou, em 2002, como “Eixo do Mal”, que contava ainda com Iraque e
    Coreia do Norte. Da “ameaça” do Iraque, o Império se livrou já no ano
    seguinte, invadindo o país e derrubando seu governo. A Coréia, continua
    levando em banho-maria, tendo Trump participado, nos últimos anos, de um
    jogo cênico bilateral, simulando falsos acordos de paz.
    Já o Irã, este não apenas não se dobrou, nem sequer esboçou fazê-lo, muito
    embora tenha se disposto a celebrar um acordo de não-proliferação de armas
    nucleares, com as maiores potências do mundo, reduzindo seu estoque de
    urânio enriquecido e adotando outras medidas afins. O acordo permitiu acabar
    com o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos e seus aliados ao
    país dos aiatolás, que enfrenta, desde então, sérios problemas econômicos.

    Foi, contudo, rompido unilateralmente por Trump, em 2018, a pretexto de que
    não estaria conseguindo cumprir seu objetivo de conter a ameaça nuclear. O

    Irã não se curvou à chantagem estadunidense, permitindo-se, ao contrário,
    relaxar com cláusulas do pacto, diante da retomada das sanções pelo Império.
    O novo embargo, contudo, voltou a provocar grande impacto na economia do
    país, que ainda não havia se recuperado da crise e viu se agravarem as
    restrições à venda de seu petróleo e ao seu sistema bancário.

    O objetivo de Trump, na verdade, mais que o histórico interesse dos Estados
    Unidos no petróleo do Oriente Médio, foi o de conter o avanço da influência
    iraniana na região, já bastante acentuada no Iraque, na Síria, no Líbano e no
    Iêmen, tendo como contraponto Israel e a Arábia Saudita.
    O assassinato do general Soleimani, no último dia 3, se enquadra nesse
    contexto. Soleimani foi o principal articulador da expansão da influência

    iraniana no Oriente Médio nas últimas décadas, ele que, em 1998, assumiu a
    direção da Força Quds, divisão da Guarda Revolucionária Iraniana responsável
    por ações militares extraterritoriais. Não por acaso era considerado o segundo
    homem mais forte do país, abaixo apenas do Aiatolá Kamenei, líder supremo, e
    acima mesmo do presidente Rohani e do líder do Parlamento.

    As expectativas, agora, se voltam para a reação do Irã e de seus aliados na
    região, em face do atentado terrorista perpetrado pelos Estados Unidos no
    território do Iraque, que vitimou também importantes líderes iraquianos.
    A primeira resposta importante foi a decisão do Parlamento iraquiano, tomada
    neste domingo, 5, de pedir ao primeiro-ministro do país a expulsão das tropas
    estadunidenses e aliadas de seu território. Como a proposta partiu do próprio
    primeiro-ministro, não há dúvida de que será implementada, tornando-se a
    primeira vitória iraniana na contraofensiva que se anuncia.

    Ao lado dela, o Irã já anunciou, também neste domingo, que não mais se subordinará às restrições
    para enriquecimento do urânio, muito embora esteja disposto a continuar sendo
    monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica, vinculada à ONU.
    O país condiciona a revisão da decisão à suspensão das sanções comerciais
    lideradas pelos Estados Unidos.
    O regime iraniano, na verdade, está com um abacaxi na mão, e saber
    descascá-lo é essencial para que o país e seus aliados não sofram revezes
    ainda maiores. Não pode deixar de dar uma resposta contundente ao
    assassinato de seu líder, sob pena de se desmoralizar, não apenas na região,
    mas, sobretudo, diante de seu próprio povo. Corre o risco de, ao fazê-lo, sofrer
    novos ataques, tendo Trump já ameaçado bombardear o país, em caso de
    represália a alvos americanos.
    Trump, por sua vez, também não está em situação confortável, já que disputa a
    reeleição no fim deste ano e seu discurso populista de direita sempre
    incorporou o combate às guerras, focando nos interesses internos do país,
    como querem os seus concidadãos. O assassinato de Soleimani foi, na
    verdade, uma jogada de grande risco. Se não houver reação de impacto, sai
    fortalecido ainda mais para o pleito, somando-se sua demonstração de força à
    boa situação econômica vivida pelo país. Uma reação dura, contudo, tende a

    provocar nova ofensiva de sua parte, fugindo ao controle por ele planejado e
    com importante potencial de desgaste junto ao seu eleitorado.
    Embora não se possa prever, com o mínimo de segurança, o que acontecerá
    nos próximos dias, não é razoável supor que o Irã se absterá de novas
    medidas, em contraponto ao ataque sofrido. As possibilidades aventadas são
    múltiplas, desde a mais arriscada de todas, de atingir alvos estadunidenses na
    região, até a guerra cibernética, área em que o país vem se especializando e já
    possui força considerável, passando por ações no Estreito de Ormuz, por onde
    transitam de 30% a 40% do tráfego de petróleo do mundo, e ataques a aliados
    dos Estados Unidos, particularmente Israel.
    Um dado nesse jogo de xadrez não pode ser desconsiderado: o apoio do povo
    iraniano ao enfrentamento do país aos interesses hegemônicos
    estadunidenses.
    Os iranianos têm um grande orgulho da história de seu país, o que impulsiona
    seu espírito de defesa da soberania nacional. Este sentimento não se confunde
    com apoio ao regime teocrático que se impôs ao país com a Revolução
    Islâmica de 1979. Domina tanto os que sustentam o regime, quanto a
    crescente parcela que o rejeita e que aspira por liberdade e democracia.
    O povo iraniano quer paz, mas sabe que ela não será alcançada com a
    capitulação dos interesses nacionais, diante dos constantes ataques dos
    Estados Unidos contra o país e seus aliados na região. Defensores e
    opositores do regime se unem no combate à política hegemonista do Império.
    Além de seu espírito nacionalista, todos sofrem, no dia a dia, as consequências
    das sanções econômicas impostas ao país. A inflação e o desemprego estão
    fora de controle. As filas nas casas de câmbio não dão trégua, evidenciando o
    enfraquecimento do rial, moeda nacional, e a busca de um mínimo de
    segurança no dólar e no euro.
    Praticamente não se vê mendicância no Irã, mas as condições de vida da
    população se deterioram de maneira progressiva. O regime dos aiatolás
    manteve a política de concentração de riqueza da monarquia que substituiu,
    liderada pelo Xá Reza Pahlev, ainda que o dinheiro tenha mudado de mãos. As

    desigualdades, agravadas pela crise, potencializam o descontentamento com a
    teocracia vigente.
    A sociedade iraniana se encontra em estado de ebulição. Parte expressiva da
    população percebe claramente que o regime vem utilizando o manto religioso
    como instrumento de manipulação das consciências e de sua própria
    manutenção. As mulheres já se rebelam contra a opressão a que são
    submetidas. Já se veem, com certa frequência, manifestações públicas de
    contestação ao uso do hijab, o véu obrigatório que cobre suas faces. Os jovens
    querem liberdade. O álcool, proibido, circula com desenvoltura crescente. Muita
    gente, em contato com turistas, critica abertamente o regime, mesmo tendo a
    consciência dos cuidados necessários para não publicizar em demasia suas
    opiniões. Alguns dizem mesmo que tudo o que lhes é proibido faz a festa dos
    aiatolás, como orgias regadas a drogas e álcool.
    Tudo no Irã parece ter duas faces, uma interna, outra externa, contraditórias.
    Em suas casas, na intimidade, as pessoas se dão o direito de ser e agir
    livremente, como lhes convém; nos espaços públicos, transformam-se, por
    instinto de sobrevivência. Até mesmo a arquitetura iraniana simbolizaria esta
    dualidade: por fora, a simplicidade; por dentro, a suntuosidade, como se pode
    verificar no complexo de palácios de Reza Pahlev, transformado em museu.
    Toda transgressão é passível de prisão ou mesmo de morte, dependendo de
    quão ofensiva ao Islã é considerada. Todavia, segundo alguns iranianos, há
    muito já se percebe um certo jogo de faz de conta em relação a certas práticas.
    A proibição às bebidas alcoólicas, por exemplo, seria um pouco mais relaxada
    em Shiraz, onde a produção de vinho se iniciou em 2500 a.c. O mesmo
    aconteceria com a maconha. Em ambientes internos, mesmo públicos,
    mulheres de despem dos véus. Até o homossexualismo feminino seria
    tolerado, em alguma medida, enquanto o masculino resultaria em morte
    implacável.
    Na verdade, a mudança das mentalidades e as lutas que se travam em favor
    da modernização da sociedade acabam por ser, ainda que de forma limitada,
    absorvidas pelo regime. A política de linha dura já não se sustenta com
    facilidade. Os mais jovens querem conhecer outras possibilidades, mesmo

    sabendo de sua existência apenas pelas mídias sociais, cujas restrições ao
    acesso acabam conseguindo burlar, e por contatos com estrangeiros. Os mais
    velhos se dividem, entre os que têm saudade daquilo que identificavam como
    liberdade na época do Xá e os que se apegam aos dogmas religiosos
    supostamente encarnados pelos aiatolás.
    É fato que a mídia ocidental conseguiu demonizar o Irã perante a opinião
    pública mundial, como parte da estratégia hegemonista do Império
    estadunidense. O que ela talvez não se dê conta é de que, a despeito das
    contradições internas do país e da fratura que ocorre em seu tecido social, em
    que os anseios por mudanças profundas se contrapõem ao conservadorismo e
    à ditadura dos aiatolás, os iranianos se unem quando se trata de defender os
    interesses nacionais e de se contrapor à dominação que os Estados Unidos
    pretendem impor à região. Sabem, como ninguém, que a política externa
    estadunidense é diretamente responsável pelo surgimento de grupos como a
    Al-Qaeda e o Estado Islâmico, e que o Império navega conforme a corrente.

    O Irã está para explodir, mais dia, menos dia, por suas contradições internas.
    Onde vai parar, os próprios iranianos não se arriscam a dizer. Sabem apenas
    que a ditadura religiosa se enfraquece a cada dia e que dificilmente se
    prolongará por muito tempo. É provável, contudo, que, neste momento, os
    conflitos sejam colocados de lado, e que Estado e sociedade se unam para
    defender sua história e sua soberania. Não importa, para o povo mais
    simpático do mundo, que o inimigo seja incomparavelmente mais poderoso.
    Importa, sim, não se deixar humilhar pelo Império e seus interesses
    expansionistas.
    Que o digam as multidões nas ruas no funeral de Soleimani!