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Categoria: Español

  • CIDH vai a Bolívia ouvir vítimas

    CIDH vai a Bolívia ouvir vítimas

    A Comissão Interamericana de Direitos Humanos esteve nos dias 24 e 25 de Novembro na Bolívia visitando as algumas áreas, e recebendo denúncias da população. O Secretário- Executivo da CIDH, Paulo Abrão foi pessoalmente ao local.

    O Massacre na Bolívia

    Em nota divulgada no dia 20.11, o organismo vinculado à OEA (Organização dos Estados Americanos), condenou a ação das Forças Armadas e policiais na repressão aos protestos realizados no país, e classificou como “inadmissível” o decreto da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez que visa eximir de responsabilidade penal os militares que participem das matanças.

    Além disso, o comunicado também adverte sobre “as ameaças dirigidas a líderes do governo anterior, parlamentares e dirigentes sociais” ligados ao partido MAS (Movimento ao Socialismo), assim como “a funcionários e dirigentes de instituições independentes do Estado, como os organismos nacionais de promoção e proteção aos direitos humanos”.

     

    Mais na nota oficial:

    http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2019/301.asp?fbclid=IwAR2db8GDwY8rvKt3zyme_mXxlSPx9T489KCXiIH3NSw5RXSyHbZaAc4MqME

     

     

  • O que significa o Golpe de Estado na Bolívia

    O que significa o Golpe de Estado na Bolívia

    Companheiros e irmãs, desde Bolívia sei que existe muita informação confusa e por isso estamos tratando de informar e pedir que nos acompanhem e sigam denunciando.

    Primeiro é importante ter bem claro que isso é um golpe, um golpe de estado e um golpe contra as organizações sociais. Um golpe, como já dissemos, organizado e encabeçado por organizações cívicas do Oriente, organizações empresariais e de terra-tenentes e oligarcas.

    É um golpe fundamentalista, porque pretende “devolver a bíblia ao Palácio”, “colocar o país nas mãos de Deus” e todas essas coisas… É um golpe profundamente racista, porque busca e identifica as mulheres e homens originários dentro das organizações e os hostiliza.

    A noite a polícia se amotinou. Essa manhã terminaram de se amotinar todos os regimentos, por um pedido específico de coisas para esse setor. Mas além disso, eles se uniram a esse golpe cívico e exigem também a renúncia de Evo Morales. A polícia já não está resguardando as cidades, já não está nas ruas.

    Esta manhã os militares fizeram uma declaração, desconhecendo seu comandante e depois dizendo que não vão sair o que significa que se declararam em desacato ao presidente Evo Morales. Não sairão para resguardar as pessoas, não sairão para desmobilizar, quer dizer que eles também estão com o golpe. Um golpe de civis, empresários e oligarcas.

    Algo que não se está difundindo porque internamente na Bolívia os meios são propriedade dos empresários, dos grupos de poder e não está claro que é um golpe de estado e um golpe contra as organizações sociais, um golpe racista. Não estão divulgando o que está ocorrendo agora no país, que estão queimando as sedes das organizações sociais e camponesas, as sedes de organizações sociais indígenas, estão queimando espaços do Movimento ao Socialismo (MAS), que é um instrumento conformado por organizações sociais. Estão queimando as casas de autoridades indígenas, estão queimando a casa de dirigentes sociais, estão perseguindo nossas companheiras, nossas irmãs e irmãos, nos estão perseguindo nas ruas.

    Estivemos nas ruas buscando formas de resistir e nos perseguiram e amedrontaram nas ruas. Esses grupos civis, grupos que dizem que pretendem recuperar a democracia, o que é falso pq não vivíamos em uma ditadura. Dizem que são organizações em resistência civil, o que é falso porque são grupos armados. São grupos que têm lanças, capacetes, escudos, que tem gases, explosivos, e que além disso estão utilizando também a violência sexual. Eu suponho que utilizam essas armas para dizer que esse é um suposto golpe civil, mas não duvidem que atrás disso estão as armas da polícia e dos militares. Então é todo um teatro que estão fazendo. E para dizer depois que não foi um golpe, mas sim, é um golpe de estado. Sim, é com violência. Sim, está gerando terror. Sim, há uma hostilidade racista pq estão indo a todas as organizações sociais indígenas, originárias e camponesas.

    Tomaram a Confederação de Trabalhadores Campesinos, amarram um companheiro jornalista, diretor da Rádio que ainda estava transmitindo. Até esse momento, segue sequestrado, segue amarrado, saquearam e destruíram a emissora. Na sede da Confederação, baixaram a bandeira Whipala, içaram a bandeira tricolor, da Bolívia rezaram e cantaram o Hino Nacional. O mesmo fizeram em todas as organizações que tomaram. Baixaram a Whipala, rasgaram, queimaram, rezaram e colocaram aí a bandeira da Bolívia. Essa é uma punição racista, colonialista é um castigo contra nossas organizações por conta desse processo de mudanças. É uma perseguição e isso não está saindo nos meios.

    O único que está se tentando mostrar é que toda violência foi gerada pelo MAS e pelo governo. Nesse momento o governo não tem mais o apoio da polícia, nem dos militares. Nós, das organizações sociais, estamos nos reorganizando para resistir e as organizações que mais possibilidades tem de fazer pressão, são as que estão preparando um cerco às cidades. E essas são as organizações camponesas, originárias e que já expuseram que vão tentar fazer um cerco, que vão cortar a provisão de água. É não temos outra possibilidade. Isso também vai ser denunciado seguramente como violência, mas não temos outra possibilidade.

    O que se está pedindo é que vá embora da cidade Luis Fernando Camacho, que é quem está encabeçando esse golpe cívico. E todas as pessoas que chegaram no Comitê Cívico de Sta Cruz de La Sierra, que tomaram a cidade, algo que não esperávamos, não tínhamos visto que tanta gente tinha tomado a cidade. Tomaram as instituições, a televisão nacional, as rádios comunitárias com toda a violência, promovendo o terror. Ou seja, hoje eles nos tem escondidas, perseguidas, e isso não está saindo nos meios.

    Peço a vocês para compartilhar que é um golpe de Estado, com violência, com perseguição às mulheres e homens indígenas, que há uma punição voltada às organizações sociais e necessitamos da pressão e denúncia internacional das organizações.

    Evo convocou a um diálogo, acreditando como feministas, como militantes anti patriarcais que isso está fora de tempo, além disso a direita não vai querer nenhum diálogo. A direita quer tirar Evo nas piores condições, humilhantes, e dar a ele e seu corpo e às organizações a punição exemplar para todo o país para que siga existindo esse país sob o colonialismo, sob o racismo, controlado por oligarcas, controlado por empresáios.

    Pedimos que nesse momento possam difundir essas informações, que é muito importante a pressão internacional.

    Obrigada a todos

     

    Tradução Juliana Medeiros

     

  • A Venezuela resiste e Gleisi Hoffmann acerta ao participar da posse de Maduro.

    A Venezuela resiste e Gleisi Hoffmann acerta ao participar da posse de Maduro.

    Original do FaceBook do autor, Afrânio Silva Jardim*

    APÓS GRANDE VOTAÇÃO NAS RECENTES ELEIÇÕES
    PRESIDENCIAIS, NICOLAS MADURO TOMARÁ POSSE, NOVAMENTE, COMO PRESIDENTE DA VENEZUELA.

    Muitos países não querem reconhecer esta eleição, na verdade, por questões ideológicas. Eles e seus empresários estão boicotando, com a ajuda da grande mídia comercial, a tentativa de se introduzir o socialismo democrático no país irmão.

    Ninguém aponta e traz prova de qualquer irregularidade em tais eleições, apenas falam que elas não foram legítimas e justas … Como assim ???

    A situação do Brasil ainda é mais delicada, pois o Ministério das Relações Exteriores questionou a legitimidade das eleições do Maduro pelo fato de o seu maior opositor estar preso e não ter podido concorrer no pleito.

    Isto é de uma hipocrisia alarmante. A prevalecer este argumento, a eleição do Capitão truculento, aqui no Brasil, também é ilegítima e injusta. Pois o líder disparado nas pesquisas de opinião pública – ex-presidente Lula – também foi mantido preso e não pôde concorrer nas eleições, mesmo com manifestação em sentido contrário da ONU. Dois pesos, duas medidas.

    Como socialista, também gostaria de estar na Venezuela no dia de amanhã. Depois de Allende, no Chile, esta é mais uma tentativa de instaurar uma economia socialista através dos meios democráticos, com eleições e sem violência política, salvo aquela usada para evitar golpes de Estado, tentados pelas forças de Direita, auxiliadas pelos Estados Unidos.

    Julgo, pois, correta a presença da senadora Gleisi Hoffman.

    Os socialistas devem estar juntos para resistir a esta onda conservadora e retrógrada que se espalha pelo mundo todo. Como a história avança através das forças sociais que se opõem, em breve, voltaremos a ter esperanças mais concretas de que a justiça social ainda será possível neste mundo desigual e egoísta.

    *Professor de Direito da UERJ

  • A Venezuela e sua batalha por soberania

    A Venezuela e sua batalha por soberania

    10 de Janeiro de 2019, por Elaine Tavares, em IELA

    Nicolás Maduro começa hoje seu segundo mandato na presidência na Venezuela, depois de vencer as eleições gerais em maio do ano passado com 70% dos votos. A mídia brasileira tem dado destaque ao discurso da oposição venezuelana, que alega não ser legítima essa posse. Ora, e por que não é legítima? Porque os Estados Unidos assim decidiram e os seus aliados dentro da Venezuela seguem a receita.

    Desde a eleição de Hugo Chávez em 1998 a elite venezuelana, que sempre sugou as riquezas do país em benefício próprio, tem procurado recuperar sua posição de mando dentro do país. Tudo já foi tentado, inclusive um golpe midiático/militar no ano de 2002 que terminou em fracasso. Com a maioria do exército do seu lado e com a organização popular, Chávez foi reconduzido e seguiu atuando no sentido de garantir a soberania da Venezuela. Seus mandatos foram marcados por grandes processos eleitorais com massiva participação popular. A oposição, organizada e financiada pelos Estados Unidos tentou disputar. Perdeu. Depois decidiu não disputar, denunciando uma ditadura. Fracasso de novo. Que ditadura era aquela na qual a população – em sua maioria – determinava os destinos do país em sucessivas e democráticas consultas nacionais?

    A saída foi garantir o desaparecimento de Chávez. Acreditavam que se ele sumisse tudo voltaria ao normal e o povo voltaria a obedecer. Assim, um câncer apareceu e em pouco tempo o presidente estava morto. Muitas são as teorias sobre essa morte, inclusive a de que o câncer foi plantado. Tudo é possível. Chávez tinha acabado de ganhar novas eleições, mas não assumiu. Nicolás Madura era seu vice e a oposição começou uma campanha para que o vice não assumisse. De novo, a chamada “democracia” burguesa foi quebrada, afinal em qualquer processo democrático, morto o presidente assume o vice. Na Venezuela não, chamavam de golpe.

    Pois bem, fizeram-se novas eleições. Maduro disputou e venceu. Ainda assim, seguiram gritando: golpe, golpe. Porque na democracia burguesa é assim. Se a elite ganha, está muito bem, o processo foi democrático e há que aceitar. Mas, se perde, aí é golpe.  E os papagaios da mídia internacional reproduzem à exaustão.

    Derrotados nas urnas, os opositores venezuelanos, que nunca sofreram qualquer censura, voltaram à carga. Dessa vez organizaram as chamadas “guarimbas”, que são trancamentos violentos de rua. Os opositores botaram fogo em prédios públicos, como escolas e hospitais, e chegaram a queimar pessoas vivas nesses protestos, mas a mídia internacional, com a brasileira incluída, seguia dizendo que eles eram os bonzinhos e que Maduro usava a repressão contra os protestos “legítimos”. A pergunta é: um governo deve permitir que grupos paramilitares queimem vivos os seus cidadãos, ou que ameacem de maneira tão brutal crianças e doentes? Maduro reagiu como tinha de ser. E a maioria do povo apoiou.

    Ainda assim a tentativa de desestabilização não deu certo. Os protestos foram rechaçados pela própria população organizada junto com as forças governamentais. E mesmo que a mídia insistisse com a velha mentira de que aquele governo era uma ditadura, os venezuelanos venceram a batalha e seguiram suas vidas.

    A oposição iniciou então uma guerra econômica que consiste em esconder produtos para provocar o desabastecimento, criando uma crise generalizada, provocando a fome e a violência entre as pessoas. Esse processo começou no ano de 2015 e segue até hoje, com o governo encontrando caminhos para escapar de mais esse ataque que vem de dentro e de fora, eivado de financiamentos internacionais. Afinal, desde o governo Obama que a Venezuela é um ponto de honra para os Estados Unidos. Há que derrubar o governo e acabar com o bolivarianismo, porque ali manda o povo organizado e isso não é bom para o império.

    E foi no meio de mais esse ataque movido pelos Estados Unidos, aliançado com a elite local que não se conforma em ter perdido seus privilégios, que o governo chamou uma eleição para uma nova Assembleia Nacional Constituinte. De novo o povo votou e decidiu. A oposição, já ciente da derrota, não participou, e preferiu manter sua tática de acusar de ditadura um governo que age conforme manda a Constituição.

    No Brasil, a mídia comercial sempre esteve aliada ao discurso dos Estados Unidos, então não é novidade que volte à carga outra vez agora nesse momento de assunção de um novo mandato para Maduro. Ainda que tenha sido eleito com 70% dos votos, o governo é chamado de ditatorial. Dois pesos e duas medidas.

    No Brasil, em 2016, quando um Congresso corrupto tirou do governo uma presidenta legitimamente eleita, foi aclamado como “limpeza contra a corrupção”. O golpe foi legitimado. E, mesmo com quase 300 dos 500 deputados envolvidos em corrupção, ninguém na mídia comercial ousou chamar de “golpe”. Era a democracia se expressando. Mas, na Venezuela, a verdadeira democracia participativa é chamada de “ditadura”. Um samba descompassado que só entende quem consegue fazer as ligações.

    Nas redes sociais, alimentadas por uma centena de postagens mentirosas e manipuladas, as pessoas reproduzem os absurdos contra a Venezuela e pedem que o governo brasileiro ajude o “pobre” dos Estados Unidos a restabelecer a democracia no país vizinho. Uma nova versão do que foi a primavera árabe que, também com mentiras e manipulações, tirou do governo vários líderes nacionalistas, que buscavam saídas locais para suas realidades, sem alinhamento com os Estados Unidos.

    Parte da chamada esquerda brasileira também faz coro com a mentira estadunidense e ajuda a aprofundar o drama da Venezuela. Com discursos melodramáticos em nome do “povo que passa fome” lideranças do PSTU, do PSOL e até do PT pedem por democracia na Venezuela aliando-se ao império.

    É fato que o governo de Nicolás Maduro tem muitos problemas, como todo governo tem, e a crítica é legitima. Mas, essa crítica deve ser feita desde a esquerda, no sentido de melhorar o que ainda não está bom, fortalecendo as conquistas que foram garantidas com o bolivarianismo. Embarcar na mentira estadunidense é respaldar o massacre da população que virá caso haja uma guerra ou voltem os mesmos que durante séculos sugaram as riquezas do país.

    Nicolás Maduro toma posse como presidente, porque foi eleito pela maioria e tem o respaldo da sociedade organizada. Todo o processo foi democrático, dentro dos cânones da democracia participativa que é a que comanda a vida na Venezuela, respaldada pela sua Constituição. Se a oposição quer Maduro fora do poder que se organize e dispute o governo no seio da população. Mas dispute com honra e não com terrorismo, como tem feito desde 1998.  Sabe-se que esse não é o modo de agir da direita internacional, capacho dos Estados Unidos. Sua linha de ação é o terror, a mentira e a manipulação.

    Com isso é impossível compactuar. Sendo assim, reproduzir o discurso da elite venezuelana é aliar-se ao terror e negar a autodeterminação dos povos. Se a Venezuela tem problemas, que resolva internamente. Ninguém tem o direito de intervir na soberania do país.

  • La prisión de Lula y la contrarreforma conservadora

    La prisión de Lula y la contrarreforma conservadora

    Por Luciana Gaffrée

    El docente de Historia, primer diputado negro de Uruguay, y exviceministro de Industria, Energía y Minería, cartera que incluye nada más y nada menos que dos importantes pilares para entender cualquier contexto geopolítico latinoamericano como Comunicación y Petróleo, Edgardo Ortuño, quien trabajó codo a codo con el expresidente Mujica,expone su perspectiva sobre la grave situación que atraviesa hoy Brasil.

     

    Cuál es tu perspectiva sobre la situación actual de Brasil?

    De gran preocupación, porque Brasil vive un deterioro de sus instituciones democráticas, desde el proceso de destitución de la presidenta Dilma Rousseff, culminando con la prisión del expresidente Lula, el candidato con mayor adhesión ciudadana al día de hoy.

    Hay que aclarar que independientemente de la orientación, sea de derecha o de izquierda, lo que pasa en Brasil es muy preocupante desde una perspectiva de defensa de la democracia.

    Los latinoamericanos no deberíamos olvidar la importancia de Brasil en la vigilancia del funcionamiento democrático en toda la región. El inicio del período de deterioro y posterior quiebre institucional democrático en América Latina comenzó en Brasil en 1964. Por eso, estamos todos los demócratas de América Latina muy preocupados con lo que está sucediendo en Brasil.

     

    ¿Por qué usted considera lo que Brasil vive como un deterioro de las instituciones democráticas?

    En Brasil, el poder judicial aparece influyendo y determinando procesos políticos importantes, y el Poder Ejecutivo sufre fuerte presión de las cadenas de comunicación más importantes en el país, de las fuerzas conservadoras y ahora también la presión militar. Los militares en Brasil se pronuncian políticamente, con amenazas, generando un contexto de presión indebido, como por ejemplocuando asistimos a pronunciamientos de generales con mando de tropa previo al dictamen del Supremo Tribunal Federal en el caso del expresidente Lula.

    ¿Para usted la ausencia de una Ley de Medios en Brasil fue parte relevante para esa articulación?

    La ausencia de regulación en Brasil ha permitido una actuación decisiva de las grandes cadenas y de los grandes medios en el proceso político, que ha dejado a los ciudadanos rehenes de su perspectiva, en gran medida al no brindarles toda la información en su diversidade, buscando reforzar una única narrativa del momento, con noticias sesgadas, sin pluralismo ni opiniones divergentes.

    Implementar la normativa de medios no ha sido fácil en toda la región latinoamericana. Si bien ha ingresado en la agenda de todos los gobiernos progresistas en la última década,ha tenido muchas resistenciasy niveles dispares de aplicación en toda la región.

    Uruguay, Argentina y Brasil asumieron la meta de construir una normativa para garantizar la libertad de pluralidad en los servicios de comunicación audiovisual, pero con contenidos y resultados dispares. En Argentina, con una aprobación y luego, con el gobierno de Macri hubo una desarticulación de los principales aspectos que contenía la “ley de medios”. En Brasil se dio la frustración del proceso, que nunca llegó a concretarse.

    En Uruguay la Ley de Medios ha sido precedida de un proceso de consulta social a todos los involucrados, largo y profundo, incluyendo a los propios dueños de los medios de comunicación, periodistas, organizaciones de la sociedad civil y todos los partidos políticos, sin excepción, porque atravesó por una etapa de debate parlamentario larga y profunda, en un parlamento como el uruguayo, donde están representados todos los partidos políticos. Tuvo también una larga consideración del Poder Judicial que ratificó su constitucionalidad, por lo que está en optimas condiciones para su aplicación plena, lo que aún no se ha producido.

    Usted promovió esta lucha, ¿verdad?

    Fui un promotor decidido de la ley, entre otros, porque creo que la regulación democrática de los medios que garanticen tanto la libertad editorial, de opinión, de los medios, libres de la presión del gobierno de turno, como la garantía del acceso de los ciudadanos a informaciones plurales, diversas, son cuestiones absolutamente claves en una democracia.

    La agenda de regulación y modernización de las telecomunicaciones y de los medios de comunicación masiva es aún una agenda pendiente en América Latinay en el caso de Argentina y Brasil, con los nuevos gobiernos, vimos un retroceso o mismo el aborto de esa reglamentación.

    ¿Usted cree que Lula es víctima de una guerra jurídica?

    En Brasil se da un proceso donde se verifican actores judiciales que más parecen inquisidores que jueces imparciales, y al mismo tiempo campañas sistemáticas y tendenciosas de los medios masivos, por lo tanto, estamos sí frente a un caso de guerra jurídica o abuso de la ley con objetivos políticos y prejuzgamiento mediático.  Tal vez sea el caso de Lula el más dramático.

    Los medios no difunden ni de cerca con la misma intensidad y profundidad los argumentos o contraargumentos de la defensa de Lula. Ahí es donde uno verifica la toma de partido de los medios de comunicación alineados con un poder judicial que también toma partido y asume posiciones políticas, e incluso pronunciamientos políticos.

    En Brasil se nota claramente un desmedido protagonismo de los poderes judiciales por sobre la propia voluntad de la ciudadanía y de la Constitución, asociado a un lobby conservador y campañas mediáticas muy importantes, donde se ve un uso abusivo de la ley en un proceso de apariencia legal, pero de esencia antidemocrática.

    ¿Uruguay tiene como impedir una guerra jurídica?

    La judicialización de la política se está viendo en toda la región. Lo que es preocupante. La guerra jurídica surge como una estrategia para deslegitimar y desplazar las fuerzas progresistas cuando no se logra apoyo ciudadano para ello en las urnas. Es una tentación del bloque conservador en toda la región.

    La Ley de Medios inhibe ese tipo de acciones tendenciosas de los medios masivos, que por suerte en Uruguay no se han vivenciado con la intensidad que vemos en Brasil.  En nuestro caso, lo fundamental es que no hay puntos de apoyo en la realidad para eso.

    ¿Ancap no sería el punto de apoyo en la realidad? ¿No ve una correlación entre las investigaciones en Petrobrás y en Ancap?

    No es casualidad en el contexto regional, que se tome a la empresa petrolera del Estado como objeto de estudio y de investigación. Pero, al momento no ha habido pruebas de procesos de corrupción que involucren al Poder Ejecutivo o al gobierno, sino que hay cuestionamientos puntuales a quienes ejercieron determinados cargos en Ancap en determinado período.

    Ahora, se nota claramente que la derecha uruguaya está desesperada por asociar la situación en Uruguay con la política interna de Brasil y de Argentina, porque no hay un proyecto de la oposición alternativo o que sea confesable.

    Porque el proyecto político y económico de la derecha en la región es un proyecto inconfesable. De ser confeso jamás tendrá el respaldo ciudadano: rebaja de salario, rebaja de derechos, desregulación laboral, disminución de garantías previsionales para la jubilación, distribución regresiva de la riqueza, radical reducción de la inversión en políticas sociales, en fin, un programa inconfesable e irrespaldable, ¿y quién votaría en eso? De ahí el atajo por el enchastre, la judicialización, para intentar aislar a las fuerzas políticas progresistas que cuentan con respaldo popular.

    ¿Entonces, cual fue el punto de apoyo en la realidad para Dilma y Lula?

    Yo creo que el antecedente del “mensalão” fue dramático para la legitimidad del Partido de los Trabajadores, los procesos de compra de votos o de corrupción y juicios de referentes políticos históricos del PT, acusados de sobornos y de enriquecimiento personal ilícito, contribuyeron a la desestimación y claramente a la reducción del apoyo popular al partido gobernante, generando condiciones subjetivas para el avance de esta ofensiva judicial conservadora, agravado por un debilitamiento del apoyo ciudadano, ambientando un clima de agresión y finalmente de desplazamiento de Dilma del poder y ahora la prisión de Lula.

    Cuando dijeron “tirar esa basura al mar” al transportar Lula en un avión de la FAB para Curitiba, se nota una plena alusión al Plan Condor.¿Usted cree que hay peligro que se repita lo de 64?

    Por el protagonismo totalmente inadmisible que han tomado figuras representativas del Ejército, del poder militar, yo creo que hay un peligro objetivo de quiebre de la institucionalidad democrática de Brasil, con elrespaldo del poder económico más tradicional y conservador de Brasil, contrario al desarrollo productivo y a la forma como el PT manejaba la redistribución de la renta y la economía, por ejemplo, con un salario mínimo por arriba de la inflación.

    Por todo eso es que voten a la derecha o a la izquierda, los demócratas de la región debemos estar preocupados y ser solidarios con el mantenimiento de la democracia en Brasil, que claramente está amenazada.

    Tuvo bajo su Ministerio tanto el petróleo como la comunicación, dos grandes poderes hoy. Teniendo este poder en las manos, ¿qué críticas tiene usted a hacer a la izquierda hoy?

    Lo que debemos asumir con autocrítica es que no hemos desarrollado en todo su potencial una estrategia de desarrollo productivo integrado.

    El proyecto de la derecha es un proyecto radicalmente individualista, que no cree en la igualdad y, por lo tanto, no genera oportunidades de desarrollo para todos y todas.Pero tampoco genera un desarrollo soberano, independiente, porque no cree en ello.

    No podemos olvidarnos que Brasil desplegó unaestrategia geopolítica alternativa, rompiendo el esquema unipolar. Eso generó enorme oposición desde los centros de poder, porque el gobierno progresista del PT logró articulaciones económicas y de poder alternativas, como el caso del BRICS, del Mercosur y UNASUR, en una estrategia alineada con los países más emergentes y también con los países más carenciados. Lula tenía una apuesta claramente geopolítica alternativa a las lógicas de dominio unipolar occidental.

    ¿Por eso importa tanto el destino y la orientación política de Brasil?

    Claro, porque perder el protagonismo de Brasil en el escenario mundial y regional, lo sufre toda América Latina. De no retornar Brasil a estos niveles de protagonismo, volveremos a la no existencia de incidencia de América Latina en el concierto del mundo.

    Aumentará la pobreza, aumentarán los niveles de dependencia económica y se retrocederá en el respeto de los derechos en general, en particular de los más desfavorecidos.

    ¿Estamos ante un ataque conservador a nivel regional?

    Creo que sí, que asistimos a una contrarreforma conservadora, en toda América. Y esa contrarreforma busca el retorno alo peor de la cultura conservadora de nuestras sociedades. Me refiero a que hay una oposición radical a la redistribución de la riqueza, a la salida de la pobreza de un porcentaje significativo de la población, pero también a la nueva sensibilidad cultural que supone “la agenda de derechos” que ha impulsado la izquierda.

    Esa oposición también se nota en Uruguay. La redistribución de la riqueza irrita principalmente a las elites de nuestros países. También hay un rechazo ideológico y cultural, de contenido reaccionario, a las políticas de derechos implementadas por los gobiernos progresistas, contrarios a los derechos de la mujer, a las cuotas, a las políticas de equidad racial, a la diversidad de género. Lo que ahora se expresa en campañas explícitas contra lo que llaman ideología de género.  Asistimos al impulso de una contrarreforma de las derechas, a una reacción conservadora.

    Creo que acierta Lula en su discurso cuando dice que el problema no es Lula, sino la continuidad y el avance de esas conquistas.

    Lo grave es si imponen los cambios sin aprobación ciudadana. La soberanía popular de Brasil no fue respetada, porque se votó un programa de gobierno propuesto por la Presidenta Dilma y con su destitución se procesó un cambio radical en las políticas públicas, con la reforma del sistema previsional, los cambios en la política laboral, en el modelo de desarrollo, con la intención de favorecer a los intereses económicos tradicionales, debilitando el desarrollo económico de mediano y largo plazo de Brasil y de toda América Latina. Un cambio de programa sin mediar la decisión soberana, que ahora se pretende reiterar impidiendo la elección de Lula.

    ¿Cuálsería entonces el gran desafío de los partidos progresistas hoy?

    El gran y mayor desafío quizá sea la concientización del pueblo de lo que está en juego y reivindicar el contenido ético de nuestro proyecto. Hay queconcientizar al pueblo sobre el peligro de un retorno a las políticas más conservadoras y de elite pudiente.

    Lograr hacer despertar a la militanciasobre los proyectos en juego y su papel para definir el futuro. La concepción de la izquierda es una concepción humanista, solidaria, que no concibe el desarrollo personal si no es en una convivencia armónica con los otros.

    La única manera de prevenir los procesos de amenaza a la democracia es con una participación ciudadana activa y militante en la defensa de la democracia, no aceptando en hipótesis alguna que se viole la Constitución y las garantías de los derechos fundamentales. Para eso, las personas precisan estar bien informadas, y por eso la importancia de los medios de comunicación.

    ¿Lula es o no preso político?

    Mi convicción personal es de una prisión de carácter político. Porque– sin elementos probatorios –se está privando el pueblo brasileño de contar con un candidato que posiblemente resultaría electo. Entonces, es grave, porque se está incidiendo en el futuro electoral y, por lo tanto, en la orientación política del país. En dos años sacaron a Dilma y a Lula. No podemos más que calificar de político ese proceso judicial. Pero, no es un proceso terminado, no está resuelto su final.

    No olvidemos que Lula puede ser precandidato hasta avanzado el mes de setiembre. Es decir que él puede ser un candidato o factor de triunfo presidencial en Brasil desde la prisión. Nosotros lo sabemos porque tenemos como líder histórico fundamental de la creación y del crecimiento del Frente Amplio a un referente que estuvo más de diez años preso, como fue el general Líber Seregni, que desde la cárcel fue un factor fundamental para recuperar la democracia y luego lograr cambiar la realidad electoral.

    La prisión de las personas no es la prisión de sus ideas. Muchas veces la multiplican. Porque refuerza la impronta ética que la prisión da a su lucha, que el sacrificio personal desde la prisión da a su lucha. Y ese contenido ético jamás podrá tener la derecha, incapaz de estos sacrificios personales en función de proyectos colectivos.

     

    *Luciana Gaffrée – Licenciada en Ciencias de la Comunicación – Facultad de Información y Comunicación FIC – UdelaR.

     

  • Manifestações na Argentina e “isto aqui não é Brasil”: Qual a síntese possível?

    Manifestações na Argentina e “isto aqui não é Brasil”: Qual a síntese possível?

    Por Rosane Borges*, especial para os Jornalistas Livres

    Nas últimas semanas, um amigo argentino, que mora em Buenos Aires, Rodrigo Alvarez, me “achou” no Instagram. Imediatamente reiniciamos interlocução sobre literatura, política e cinema, temas que partilhamos mutuamente há pelo menos uma década. A intensificação dos colóquios coincidiu com a eclosão das manifestações contra as reformas trabalhista, fiscal e da Previdência, o chamado “pacote de ajustes”, proposto pelo governo de Mauricio Macri. O episódio, como era de se esperar, foi o tema principal das nossas conversas.

    Entre vídeos curtos e comentários enviados por Rodrigo, eu fiz menção à frase que teria sido enunciada pelos insurgentes: “Isto aqui não é o Brasil!” (expressão que me levou, machadianamente, a pensar com meus botões – a mim e à torcida do Flamengo, vide a enxurrada de posts e comentários nas redes sociais). Como é sempre fácil ser sábio no dia seguinte, comecei a desfiar um rosário de justificativas para o paralelo estabelecido: “é preciso lembrar que uma das tradições argentinas mais fundas é a máxima de que a rua manda na política”, falei entusiasmada. Continuei: “estamos examinando a expressão aqui no Brasil criticando grupos e pessoas que a reproduzem para atestar uma certa apatia nossa, o que não é verdade”, disparei mais à frente.

    Em meio ao rosário, Rodrigo, entre atônito e descrente, me interrompeu: “Mas, Rosa [como costuma me chamar], eu estava nas manifestações e em nenhum momento eu escutei frase desse gênero”. No que retruquei: mas a manifestação teve dimensão alargada, será que você não deixou escapar frações do levante pela sua incapacidade física de testemunhar todas as ações in loco”? Ele ponderou: “É possível, mas acho muito improvável. Acompanhei a cobertura da manifestação no Twitter e todas as palavras de ordem lá, no Twitter, tiveram reverberação” Provocativo, continuou: “acho estranho uma frase dessa chegar no Brasil e não ser captada por nenhum instrumento de comunicação local que deu visibilidade aos gestos e palavras das pessoas na rua”.

    A essa altura, a ponderação de Rodrigo me fez pensar (de novo, machadianamente!) mais do que a frase que aqui ressoou como palavra de ordem. Enquanto conversava com ele, abri diversas abas na Internet, até aonde o computador permitiu sem travar, à procura da ocorrência e nada encontrei como prova testemunhal.

    Um site, reconhecido por detectar fakenews, comentou: “Não encontramos nenhuma referência a essa frase nos jornais argentinos e tampouco nos jornais de outros países. Nem mesmo no Twitter essa frase aparece nas buscas em espanhol e, curiosamente, só aparece nas buscas em português!”

    “Isto aqui não é o Brasil”

    De fato, algo me inquietou na frase reputada aos manifestantes. Espalhando-se rapidamente nas redes sociais, tais como os incêndios florestais, ninguém parece saber de onde a informação adveio originalmente. Pareceu que a força das ruas em Buenos Aires tinha que ser traduzida livremente por parte da nossa imprensa como um recado para o Brasil. A pergunta que insiste, aparentemente ingênua, é: mas por que, do ponto de vista jornalístico, não perseguimos o poder das manifestações na Argentina (repito, que já se tornou uma tradição) ao invés de atribuir-lhes enunciado que serviriam de exemplo/lição para o nosso país?

    Ao invés de insistirmos na síntese “Isto aqui não é Brasil”, ganharíamos muito em perseguir o acontecimento na forma como se mostrou. O acontecimento é a própria lição. Carrega sentido próprio. A potência do acontecimento, bem ao modo do filósofo Gilles Deleuze, é a matéria-prima para a exploração jornalística. Insisto novamente: temos a História e os fatos cotidianos para estabelecer comparações, parâmetros, análises pontuais…

    Entender como a “rua manda na política” na Argentina poderia ser um portal de entrada para possíveis comparações com o estado da arte da política no Brasil. Fazer isso por meio de atalhos, carimbando uma manifestação com uma expressão que, pelo visto, não foi pronunciada, resulta em prejuízo informativo. Buscar compreender parcial e provisoriamente o fenômeno também não significa desconsiderar o poder das transformações sociais e políticas aqui no Brasil por meio das manifestações populares (exemplos temos vários), mas nos leva a pensar, por exemplo, como o clamor das ruas aqui nem sempre é ouvido pelos governantes com a rapidez que deveria.

    Reatualizar essa tradição (de que a rua manda na política) não corresponde afirmar que no país vizinho está tudo tranquilo e favorável: Macri tinha os votos para levar a reforma adiante. Ainda possui amplo apoio dos congressistas, o que o faz persistir no avanço das reformas. A distância que o separa da crise de 2001, que aconteceu também em dezembro, é telescópica. Lembremos: naquele ano o grito “fora todos” provocou uma cascata em que cinco presidentes diferentes governaram o país em duas semanas e a morte de 38 pessoas nas ruas. Sem falar no chamado corralito (retenção dos depósitos bancários). Nenhum desses elementos compõe o cenário atual.

    Mesmo com a repressão crescente aos manifestantes, a força das ruas na Argentina maculou em definitivo um pacote de medidas que se anunciava como o remédio para melhorar a vida de todos. As imagens violentas tiveram o papel pedagógico de mostrar ao mundo que medidas impopulares estão sendo rechaçadas pela população que faz da insurreição uma via inescapável para correção de rota.

    Sem sombra de dúvidas, as manifestações solicitam: ouçamos o que as ruas dizem e como se movimentam. Tentemos captar os germes desta insurreição que poderá, em muito, lançar luz no terreno arenoso da política brasileira.

     

    *Rosane Borges, 42 anos, é jornalista, professora universitária e autora de diversos livros, entre eles “Esboços de um tempo presente” (2016), “Mídia e racismo” (2012) e “Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro” (2004).