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Categoria: Feminismo

  • Hoje, o movimento feminista se despede de Helena Nogueira, militante incansável

    Hoje, o movimento feminista se despede de Helena Nogueira, militante incansável

    Por Helena Zelic, da Marcha Mundial das Mulheres, para os Jornalistas Livres

     

    Nesta manhã de março, com muita dor e saudade, nos despedimos de nossa grande companheira Helena Nogueira. Helena era uma feminista incansável, batalhadora, amiga, solidária… sempre que podia, estava nas ruas de São Paulo contra as injustiças do mundo. No último 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, aconteceu a última grande mobilização antes da quarentena. Nós estávamos lá, mas parecia que tinha uma peça faltando… já estávamos sentindo muita falta da Helena, que se resguardava, com a saúde frágil demais para sair.

    Helena foi diagnosticada com leucemia há poucos meses. Foi internada em um hospital em Indaiatuba. Foi preciso muita organização entre a família, em São Paulo, junto com as companheiras de Campinas e da capital, para contornar as precariedades desse sistema desigual, que impõe às mulheres negras e pobres uma saga para salvar a própria vida. Há poucas semanas voltou para casa, para fazer o tratamento fora da internação. Depois de muitos dias de espera por uma vaga, ela começaria hoje seu tratamento. Nesta manhã, seu corpo, depois de tanta luta, não aguentou.

    A companheira Lourdes Simões, de Campinas, que ajudou no período de internação, destacou “a coragem da Helena em enfrentar o desconhecido. Ali, naquele momento, ela enfrentou algo que não tinha controle, mas com coragem. Dentro do hospital, ela, de novo, foi muito solidária, dessa vez com sua companheira de quarto”.

    A cerimônia de cremação será realizada amanhã, dia 25, às 10:30 no  Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, com duração de quarenta minutos. Devido aos riscos de exposição ao COVID-19 de muitas companheiras que estão no grupo de risco, faremos também uma homenagem virtual durante estes quarenta minutos. Apesar da situação de isolamento, não iremos deixar esta triste perda passar batido.

    Helena, uma vida de luta

    Militante da Marcha Mundial das Mulheres e também do PT, não faltava a uma reunião, atividade, encontro, manifestação. Participou das Marchas das Margaridas e de todas as caravanas para Curitiba por Lula Livre. Não tinha como não gostar da Helena, com sua animação, coerência, companheirismo e sensibilidade.

    “A história de Helena se mistura com a história da Marcha Mundial das Mulheres, que ela ajudou a construir diariamente, nunca abrindo mão da luta radical, feminista, antirracista, socialista, por um mundo novo”, diz a nota do movimento. As militantes estão, todas, muito tristes com essa grande perda, e o isolamento imposto pela pandemia torna o consolo à distância mais difícil. “Nesse estranho momento do mundo, não sabemos bem o que o futuro nos reserva. Mas sabemos que a luta continua e que, na próxima vez que formos para as ruas e nos encontrarmos todas, da forma como gostamos, com nossas bandeiras e batuques, não haverá uma militante que não sentirá a falta de Helena, sempre presente”.

    A Marcha das Mulheres Negras também expressou seu pesar: “Que o Órun a receba em festa! Virou nossa ancestral e fará imensa falta na luta”. No ano passado, Helena fez uma fala pública muito emocionante sobre sua ancestralidade, durante o ato do Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, dia 25 de julho.

    No ato de homenagem e denúncia no marco de um ano do assassinato de Marielle, Helena também fez uma fala poderosa: “Marielle representava a voz preta da comunidade, a voz das pessoas pobres, das mulheres e pessoas LGBT. Nós estamos aqui para honrar o nome de Marielle Franco. Ela não tinha medo, como nós aqui. Nós não temos medo”.  E continuou: “as armas e o ódio estão no Brasil. Nós, mulheres negras, mulheres de luta, estamos aqui para combater esse ódio. Nosso trabalho é trazer a paz, a luta e a coragem”. E, por tudo isso e muito mais, seguiremos, levando o jeito único de Helena na lembrança.

    As companheiras da Marcha Mundial das Mulheres enviaram algumas mensagens homenageando Helena e recordando grandes momentos. Vou começar e passo a palavra para as outras:

    “Este é um dia triste. Daqui de casa, sem saber quando vamos poder nos aglomerar de novo, me sinto desorientada, sem entender direito o que realmente significa perder uma pessoa como essa, uma mulher que tinha, ao mesmo tempo, muita luta pela frente e também muita história pra contar. Uma perda enorme. Sei que não vou ouvir mais o “e aí, xará?” de praxe, de toda vez que a gente se encontrava… e como era bom ouvir, e como é triste só poder lembrar.”

    “Perdemos mais uma. Helena juntava um alto astral, uma indignação, a radicalidade bem própria, olhava pro que a maioria não vê, baita mulher. Que energia e disposição militante para mudar o mundo, ensinar, aprender. Linda, linda.” Tica Moreno

    Uma frase sobre a Helena: alegria de viver. Em todas as vezes em que me relacionei com ela, nas atividades da Marcha e também no hospital, ela sempre via o lado bom das coisas. Alegria de viver de quem enfrenta a dificuldade com esperança. Aquela risada boa, gostosa, que ela dava. Ela sabia que a dificuldade estava vindo, mas não abaixava a guarda.” Lourdes Simões

    “Hoje perdemos uma companheira gigante. Helena estará sempre conosco em nossas lutas. Uma vida inteirinha de luta para nos inspirar.” Fabiana Oliveira

    “Ela nos deixa um grande legado a seguir, um misto de combatividade e alegria, ela não se curvou nunca! Ela seguirá conosco, em nossa luta, até que todas sejamos livres! Temos que nos apegar às coisas boas que a Helena nos ensinou. Coerência, essa força que ela emanava por onde passava… cada sorriso largo… as lembranças incríveis… lembram quando ela deu umas porradas no capanga do Alexandre Frota? E ela ia nas padarias da região para retirar alimentos e distribuir para os moradores de rua em Pinheiros. Muito solidária. Lembram que na Marcha das Margaridas comemos um super lanche coletivo? Comemos salgadinhos e bolos de uma dessas coletas.” Fátima Sandalhel

    “Ela era livre, tão livre e forte. E esperançosa. Vai ser muito difícil seguir em frente nessa despedida.” Vick Rocha

    “E no dia do golpe da Dilma, que ela subiu a rampa do planalto? Helena nos lembrava todo dia que precisamos ser rebeldes!” Carla Vitória

     “Que tristeza, companheiras! A Helena foi mulher muito batalhadora, engajada, divertida. Se envolvia com tudo. Fará muita falta!” Jéssika Martins

    “Que triste essa notícia. Era uma pessoa rara. Estava sempre disposta a compartilhar sua energia, alegria e capacidade de luta quando se tratava de ajudar as pessoas.” Maria Luiza Costa

    “Helena fará muita falta para nós pessoalmente, para o feminismo e para o PT, ela era uma militante de esquerda no PT, sempre muito disposta na luta, não faltou em nenhuma caravana por Lula livre. À Helena, toda nossa gratidão. Por ter lutado por mundo mais justo, feminista e antirracista.” Sonia Coelho

    “Ela era muito solidária. Lembro que, na primeira vez que fui a Brasília com a Marcha, ela me deu uma marmita e água, com todo cuidado comigo porque eu estava ali pela primeira vez. Jamais vou esquecer como ela me recebeu pra de braços abertos.” Salete Borges

    “A Helena era dessas pessoas que a gente não precisa nem conhecer para saber que são fundamentais. Se percebe pelo jeito que os outros falam dela. A Helena sabia que feminismo não tem nada a ver com obediência. Nada. E lembrava a gente disso. Ela não titubeava, não pedia licença. O peito dói muito de tristeza, mas dá muita alegria lembrar destes momentos e saber que a vida é tão maior que esse projeto de morte que pretendem pra nós. A Helena nos ensinou isso. A não aceitar o inaceitável. Não aceitar que a vida seja uma coisa miserável. Não pode ser que seja.” Natália Lobo

     

     

     

     

  • Mulheres em luta contra o capital

    Mulheres em luta contra o capital

    Por Clara Luiza Domingos, especial de Lisboa para Jornalistas Livres*

    No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, as ruas de Portugal foram ocupadas pelas milhares de portuguesas e mulheres imigrantes em Portugal que estavam em luta contra o machismo sistêmico e cultural. Proposto pela marxista alemã Clara Zetkin, o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é o símbolo da luta emancipadora das mulheres e permanece como um importante dia de luta pelo progresso social e igualdade de direitos.

    Ameaçadas pelo feminício, violadores, impedidas de ter acesso a um aborto seguro e legal em muitos países, corpos explorados, disparidade salarial entre homens e mulheres, sobrecarga pelo trabalho doméstico invisibilizado, jornadas duplas, triplas, relações abusivas. Essas são algumas das dificuldades que a mulher do segundo milênio ainda enfrenta e a impede de alcançar emancipação plena. Essas, entretanto, são também a força motriz para que a mulher, ainda que subjugada frágil pela sociedade, se rebelem radicalmente contra o sistema, exijam mudanças no comportamento dos homens e paralisem as ruas a cada novo dia 8 de março.

    Em Lisboa, duas organizações feministas distintas foram responsáveis por mobilizazem milhares de mulheres para irem às ruas na data simbólica. Por vias diferentes da cidade de Lisboa, mulheres protestaram por seus direitos e reconhecimento, acusando bravamente a estrutura capitalista pela posição de exploradas, cuja mulher ainda está inserida nos dias de hoje. 

    No marcha que seguiu pela Avenida da Liberdade de Lisboa, conduzida pelo Movimento Democrático de Mulheres, pertencente ao Partido Comunista Português (PCP), camponesas e mulheres do interior de Portugal mostraram o poder do feminino e a sabedoria das mais velhas. Mulheres da terra marcharam com seus trajes típicos e cânticos de força. Assista à cobertura da marcha ao vivo feita pela equipe de correspondentes do Jornalistas Livres em Portugal. Logo no início, são as mulheres alentejanas expressam um de seus cantos:

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/555113275351448/

    Cobertura: Bruno Falci / Jornalistas Livres

     

    Múltipla e diversa, a Rede 8 de Março unificou coletivos e organizações feministas para que as mulheres saíssem juntas pelas ruas de Portugal na data representativa para a Greve Internacional Feminista, em direção à Assembleia da República de Portugal. Todas as vozes foram bem-vindas, cada qual com sua bandeira, num único tom, fazendo prevalecer a luta de seus direitos. Além de Lisboa, as cidades de Coimbra, Porto, Braga, Aveiro, Amarante, Évora, Faro, Viseu, Vila Real e Ponta Delgada tiveram as ruas tomadas pela onda roxa de mulheres marchando juntas por igualdade de direitos.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2308165219480664/

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/192909505303072/

    Cobertura: Clara Luiza Domingos

     

    manifesto da Rede 8 de Março destaca-se que as mulheres em toda sua pluralidade têm se levantado em defesa dos seus direitos, contra a violência, a desigualdade e preconceitos. “As violências que sofremos são múltiplas, a Greve que convocamos também o é. No dia 8 de Março faremos greve ao trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços”

    Andreia da Rede 8 de Março explicou os pilares do manifesto e o porquê de acreditarem que este são os próximos passos para a emancipação da mulher em Portugal.

    Durante a Greve, a atriz feminista, performer audiovisual e produtora de arte Samara Azevedo, representou o Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa. Em sua fala, ela marcou o posicionamento do coletivo em defesa das tantas brasileiras e outras imigrantes de Portugal que são muitas vezes estigmatizadas e vítimas da violência racista e xenofóbica. 

    O Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa surgiu em 2016 juntamente com as manifestações que aconteceram em todo Brasil e em várias cidades do mundo contra o golpe parlamentar-jurídico-midiático em curso na época, para fazer resistência internacional em defesa da presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff. Assista a fala de Samara Azevedo abaixo:

    https://www.instagram.com/tv/B9fZZlVn2qf/

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Diferentes nacionalidades, representações políticas, coletivos, organizações se concentraram no Largo Camões antes de iniciarem a marcha até a Assembleia da República. O fotógrafo e filmaker Guilherme Stein contribuiu com o Jornalistas Livres em Lisboa e produziu um vídeo durante o momento a concentração da Greve Internacional Feminista. Pilar Del Rio, jornalista, escritora, tradutora espanhola e presidente da Fundação José Saramago foi uma das mulheres mandou uma mensagem de resistência via vídeo.

    Vídeo e edição: Guilherme Staine

     

    Greve Internacional Feminista em Portugal

    O Jornalistas Livres em Portugal também acompanhou os atos da Greve na cidade de Porto e Coimbra. Em Coimbra, a Rede 8 de Março mobilizou mais de 500 pessoas para o ato. A organização liderada pela Rede também contou com o apoio de outros coletivos da cidade, bem como a reivindicação de pautas diversificadas. Coimbra é uma cidade com mais de 4 mil estudantes internacionais, o que proporcionou à Marcha uma variedade de denúncias e reivindicações internacionais.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/256303835365021/?vh=e&d=n

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1274645632925233/?vh=e&d=n

     

    Cobertura: Luiza Abi Saab

    Na Cidade do Porto, PT, também foi a Greve Feminista Internacional que mobilizou as mulheres locais. A marcha celebrou a diversidade. Mulheres e simpatizantes do movimento feminista em busca da melhoria da educação, igualdade social, pela precariedade e desigualdade laboral,  e o não ao feminicídio, que está a crescer em Portugal. Por isso, nas ruas elas pedem: Basta!

    https://www.instagram.com/tv/B9et5UcB-4R/?igshid=t9tpqek7ob6x

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Cobertura: Nilce Costa

  • #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    Por: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

    Debaixo de muito sol e com uma sensação térmica acima dos 40 graus, dezenas de mulheres da Grande Cuiabá se reuniram hoje na Praça Ulisses Guimarães para protestar contra o feminicídio e exigir direitos iguais.

    Com uma tenda para atender as crianças que acompanhavam as mães, carro de som para as falas e shows e produtos artesanais, as manifestantes distribuíram um Manifesto Pela Vida das Mulheres. Nele, realçaram as conquistas históricas, como o direito ao voto, e as lutas atuais, como o fim da violência de gênero, sexual e estrutural.

    Além das pautas próprias, as manifestantes também exigiram a revogação das reformas da previdência e trabalhista e a garantia de acesso à saúde e educação, incluindo as creches, já que apenas 30% da demanda por esse serviço é atendida pelos governos do estado.

    O manifesto acusou, ainda, o governo federal:

    Temos o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência, agressão física, violação e abusos sexuais, mas o Estado Brasileiro, através do atual governo (Jair Bolsonaro), e sua prática machista, racista, misógina e LGBTfóbica, nos expõem e nos coloca num “lugar frágil” e, por isso, vulnerável.

     

    Outra figura de destaque no Manifesto foi a ministra Damares que, com suas falas alucinadas e sua arbitrariedade de atitudes, quer “negar essa violência e a nossa necessidade de igualdade: temos um governo que tenta destruir os direitos que conquistamos com muita luta”.

    Para a professora e coordenadora de imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Adufmat, Lélica Lacerda, conta em vídeo, os motivos das manifestações: a criação de uma nova cultura, política e economia que promovam a igualdade entre os gêneros.

    Veja abaixo a rápida entrevista

    Outras fotos do evento

    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Lélica Lacerda, da Adufmat, fala às mulheres – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

     

     

  • Ato em defesa da vida e dos direitos das mulheres aconteceu  em  Campinas (SP)

    Ato em defesa da vida e dos direitos das mulheres aconteceu em Campinas (SP)

    No sábado, 07 de março, centenas de pessoas  se reuniram em Campinas no Largo do Rosário para o ato do Dia Internacional da Mulher.  Durante parte da manhã  aconteceram  diversas  intervenções artísticas  chamando a atenção para o tema  do ato –  “Em Defesa da Vida de Todas as Mulheres” –  e as pautas do constante ataque e retrocesso do governo do presidente Bolsonaro (PSL)  que atingem diretamente as mulheres, principalmente as mais pobres, negras e periféricas.

    As vítimas de feminicídio foram lembradas e homenageadas, as  pautas como a reforma da Previdência Pública, o desmonte do SUS (Sistema Único de Saúde) e da Educação Pública, o ataque aos direitos das trabalhadoras e a democracia estiveram em evidência também durante o ato na praça.  Na sequência  mulheres, crianças e homens seguiram  em manifestação pacífica  pelas ruas do centro da cidade em defesa da democracia, da educação, da saúde, dos empregos, pelo fim do feminicídio e contra o desmonte das políticas sociais.
    Em  algumas cidades do interior paulista  os atos aconteceram no sábado para que as pessoas pudessem participar  do 8 de Março na capital, no domingo .

    #8M #8MCampinas

    fotos : Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres

     

  • Combate ao assédio no carnaval de São João da Barra (RJ)

    Combate ao assédio no carnaval de São João da Barra (RJ)

    Conhecida por promover o melhor carnaval de rua do interior do Estado do Rio, a cidade de São João da Barra decidiu aproveitar a presença dos milhares de foliões que recebe durante a festa para falar de assédio. As mensagens estão nos guarda-corpos, pirulitos e painéis de led dos arcos e do palco oficial que enfeitam a Avenida do Samba. A Prefeitura também distribui panfletos e adesivos na cidade e nos distritos onde acontecem os eventos. A decoração também inclui mensagens de combate à homofobia e respeito à diversidade.

     

    A secretária de Comunicação Social do município, Mônica Terra, explica que a ideia tem tudo a ver com o slogan do carnaval deste ano: “Alegria de estar aqui!”, por propor uma reflexão sobre a importância do respeito. “Carnaval é tempo de ser feliz, de aproveitar a festa, mas é também tempo de paz, gentileza, cuidado, de combater preconceitos”, afirma.

    A telefonista Kamila Porto, 28, que saiu de Vitória (ES) para curtir o carnaval sanjoanense, aprovou o tema escolhido para a decoração da avenida.

    “A gente quer curtir, mas quer respeito, não quer que confundam as coisas”.

     

    Uma mulher no comando contra o assédio no carnaval

    O município de São João da Barra tem uma mulher como prefeita, que fez questão de enfatizar a importância do combate ao assédio ao dar as boas-vindas aos foliões na abertura oficial do carnaval, que aconteceu sexta-feira, 21. “São João da Barra promove um ótimo carnaval e todos são acolhidos com muito carinho. O que pedimos aos foliões é que ajudem a manter o clima sadio da festa, de confraternização e respeito. Não esqueçam que não é não!”, disse Carla Machado.

    Além da decoração temática, o combate ao assédio é abordado durante o carnaval por meio da distribuição de panfletos e folhetos. A campanha #NãoéNão é desenvolvida pela secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. “Nosso objetivo é orientar os foliões sobre a diferença entre uma paquera e uma importunação sexual. A diferença é o consentimento”, explica a secretária Michelle Pessanha.

     

    No carnaval de 2019, falamos sobre a comissão feminina de Carnaval de Rua em São Paulo.

    Pra quando o carnaval chegar – Representatividade, segurança e inclusão feminina

     

  • PUTA PASSARELA DE LUTA!

    PUTA PASSARELA DE LUTA!

    Fotos: Sato do Brasil

     

    Foi realizado neste sábado, 18 de janeiro de 2020, a PASSARELA-MANIFESTO DASPU para celebrar a (r)existência de putas, kengas, travestis e trans na luta pela garantia de direitos e liberdades. A passarela manifesto foi realizada dentro da programação do Festival Verão Sem Censura, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.

    PUTA PASSARELA DE LUTA!

    À meia noite, após exibição do filme Bruna Surfistinha, filme usado pelo atual presidente do Brasil como bode expiatório para controlar e vigiar os direitos culturais e as liberdades, aconteceu o desfile-performance da Daspu numa transa inédita com a marca Ken-gá Bitchwear. Duas marcas que enchem a boca para expressar a palavra PUTA como arma de luta contra todas opressões e violências que vivem as mulheres, principalmente, por escaparem às normas sexuais e de gênero. Com peças icônicas dos seus acervos, Daspu e Ken-gá se uniram para mostrar quão poderoso é ser uma PUTA.

    A alegria foi a mola-propulsora do desfile. A ousadia, o posicionamento, a força, o reconhecimento e o desbunde estiveram em cada passo e dança reveladas na passarela. A plateia urrou e dançou junto. PUTA (r)esistência.

    Renata Carvalho abriu o desfile trazendo um fragmento cênico da peça “O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Rainha do Céu”, da qual foi protagonista e que sofreu vários ataques e atos de censura desde a sua estreia em 2016. Erika Hilton, deputada estadual da bancada ativista e as atrizes Leona Jhovs e Veronica Valentino também ocuparam essa passarela de luta. A artista Fabiana Faleiros, conhecida como Lady Incentivo, fez uma performance para homenagear a madrinha das putas, Elke Maravilha, que participou de inúmeros desfiles da Daspu.

    Daspu e Ken-gá

    A Daspu foi criada em 2005 por Gabriela Leite, ativista e fundadora do movimento de prostitutas no Brasil. Criou a Daspu para dar visibilidade ao movimento e sustentabilidade às ações da organização Davida, fundada na década de 1990. Com a repercussão e o afeto gerado pela sua proposição, a marca acabou se tornando um dispositivo artístico-cultural que dialoga com as questões relacionadas ao corpo no embate com as normas sexuais e de gênero, movimentando essa puta passarela de lutas feministas e LGBTQI+. Quem está à frente da marca é Elaine Bortolanza, produtora cultural e ativista do movimento brasileiro de prostitutas.

    facebook @daspudavida instagram @daspubrasil

    A Ken-gá, marca lançada em 2016, faz parte da luta pelo empoderamento feminino, com muito bom humor, tendo o máximo respeito pela diversidade de corpos e pregando as liberdades dos desejos. Todes podem ser o que quiser. Criamos o termo bitchwear para dissociar a ideia negativa da mulher considerada vagabunda, puta, kenga ou bitch, apontada dessa forma por ser autêntica, ter coragem, não ser normativa , não ocupar o lugar que dão pra nós mulheres, a submissão ou o slut-shaming,Ken-gá vem pra mostrar o quão poderoso é ser uma BITCH.

    Instagram @kengawear