Na cracolândia, militantes são detidos pela polícia sem justificativa

Nesta quinta (01), policiais, em ação na Cracolândia, levaram para a delegacia 22 pessoas, entre elas, ativistas atuam na região
Ativistas são presos na Cracolândia - Foto: Danilo Verpa
Ativistas são presos na Cracolândia - Foto: Danilo Verpa

Nesta quinta (01), o psiquiatra Flávio Falcone, o fotógrafo João Leoci, que trabalham com redução de danos para as pessoas da Cracolândia, e outras 20 pessoas da região, foram detidos pela Polícia Civil e levados para a delegacia. O grupo estava localizado na Rua Helvétia que, hoje, é um dos pontos de uso e comércio de drogas no centro da cidade de São Paulo. O veículo Ponte Jornalismo apurou o caso.

Por Emanuela Godoy

Chegando na delegacia, a turma foi recebida pelo delegado Severino Vasconcelos, quem informou que o grupo de 22 pessoas estava sendo detido com a justificativa de “pertubação da ordem pública”.

João Leoci, o fotógrafo detido, contou ao Ponte Jornalismo que os policiais já chegaram atirando balas de borracha e soltando bombas:

“Eu me identifiquei como jornalista e mesmo assim tive uma espingarda calibre 12 apontada para o meu rosto” (João Leoci, fotógrafo)

Na cracolândia, policial aponta fuzil para fotógrafo que responde apontando sua câmera e atirando uma foto – Foto: João Leoci

Depois de passar pelo menos quatro horas na delegacia, os ativistas foram soltos. Para Flávio Falcone, que comanda o grupo social na Cracolândia, atuando como psiquiatra vestido de palhaço, a detenção significa a tentativa de criminalização da redução de danos de usuários de drogas e das pessoas que defendem os direitos humanos.

No fim, foram presas 12 pessoas de acordo com o chefe dos investigadores da Seccional Centro, Luiz Carlos Zaparoli. O resultado dessa operação, como já é de costume em ações desse tipo, foi a dispersão desse grupo. Aqueles que estavam concentrados na Rua Helvétia foram para a Rua Conselheiro Nébias, na altura da Rua Aurora, que também é um ponto de consumo e venda de drogas no centro de São Paulo.

Na quinta (01), outras ações foram realizadas peça Polícia Civil e Guarda Civil Metropolitana com o objetivo de desfazer os pontos de venda de drogas do centro.

Leia a nota da organização Craco Resiste:

Polícia prende militantes sem justificativa na Cracolândia Em uma ação completamente absurda, a Polícia Civil levou sem justificativa dezenas de pessoas para o 77 DP na tarde de hoje (1/9). À imprensa, a polícia afirma que estava buscando um homem que supostamente faria parte do crime organizado.  Porém, além das pessoas em situação vulnerável que frequentam a Cracolândia, foram levados diversos militantes que estavam em uma atividade de cultura e redução de danos.  Esse é mais um episódio da perseguição contra as pessoas que lutam pelos direitos humanos no centro de São Paulo. Um completo abuso, que se soma às ameaças, inquéritos sem pé-nem-cabeça e prisões arbitrárias.  Foi apreendida, também sem qualquer respaldo legal ou justificativa, uma bicicleta com equipamento de som usado nas atividades que buscam levar momentos de lazer e cultura a quem dorme nas calçadas.  A Craco Resiste está junto com o fotógrafo João Leoci, o psiquiatra Flávio Falcone, e todas as outras pessoas que sofreram com os abusos de hoje.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Réus do 8 de janeiro: quando julgaremos os peixes grandes?

Os julgamentos e as penas são capítulos importantíssimos para uma conclusão didática do atentado que sofremos em 8 de janeiro de 2023, quando milhares de pessoas de todo o país se organizaram para atentar contra a democracia. Mas e os peixes realmente grandes?

Catástrofe nuclear?

Estamos diante da maior ameaça de guerra nuclear desde a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, no início dos anos 1960.