Por José Roberto Torero* O cara da casa de vidro vai cair.Diário, aquele site Intercept interceptou uma investigação que interceptou uns telefonemas que interceptaram minhas ligações com o Adriano da Nóbrega, aquele miliciano amigo da minha família.
Se a gente estivesse num país sério, isso aí ia interceptar o meu mandato. Ainda bem que não!
Foi o seguinte: a polícia, depois da morte do Adriano, interceptou umas ligações dos parceiros dele.
O Ronaldo Cesar, alcunhado “o Grande”, nem esperou o corpo do defunto esfriar. No mesmo dia (9/2/2020) ligou para uma mulher falando que ia telefonar para o “cara da casa de vidro”.E quem é o cara da casa de vidro? Pois é…
Quatro dias depois, o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher Ana Gabriela Nunes (casal que escondeu o Adriano numa fazenda) falaram de um tal de “Jair”. Que Jair é esse? Pois é…
Depois disso, a polícia sugeriuparar com os grampos do casal e do Grande. E o Ministério Público Estadual do Rio, que não pode investigar suspeitas sobre o presidente da República, aceitou a sugestão.
Antes, a mesma coisa tinha acontecido quando a irmã e um parça do Adriano (o Orelha) me citaram em telefonemas. O Orelha contou que “Adriano dizia que se fodia por ser amigo do Presidente da República”. Aliás, o Orelhafoi morto numa emboscada na frente da sua casaassim que saiu ao seu mandado de prisão.
E teve mais gente que não teve a quebra de sigilo renovada. Por exemplo, o Gilsinho de Dedé, dono do sítio onde o Adriano foi mortovereador em Esplanada (pelo PSL).
Na época, o Gilsinho disse que não conhecia o Adriano. Mas as interceptaçõesdesinterceptadas pelo Intercept mostram que eles se encontraram pelo menos duas vezes.
Agora vão querer me ligar a essas coisas, só porque fui no tribunal quando o Adriano estava sendo julgado, só porque defendi o Adriano na Câmara, só porque mandei o Flavinho condecorar o Adriano quando ele estava preso e só porque a mãe e a ex-mulher do Adriano eram funcionárias do Flavinho na Alerj.
O bom, ou melhor, o ótimo é que ninguém que ajudou o Adriano foi indiciado. Nem o casal pecuarista, nem Gilsinho, nem a mãe do Adriano, sua ex-mulher e sua irmã.
É que nem eu sempre digo: acabou a corrupção!
Kkk!
José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
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