Diário do bolso: Aras o grande defensor do desgoverno

No meio daquele bafafá todo sobre impichimem, ele divulgou uma nota dizendo que não é dever dele avaliar ilícitos atribuídos a mim. Isso foi show! É como um zagueiro dizer que o trabalho dele não é defender. Ou seja, eu posso pisar no pescoço de quem eu quiser, que o Aras não vai fazer nada. No máximo, vai lustrar o meu sapato. Ou bota. Pra ele, me processar é responsabilidade do Legislativo. É como se o zagueiro dissesse: “O culpado pelo gol foi o centroavante que perdeu a bola lá na frente, não eu, que tomei a bola por baixo das pernas”. Mas o Aras não parou por aí. Não mesmo! Ele ainda insinuou que posso decretar o "estado de defesa", para preservar a "estabilidade institucional". Ou seja, falou que eu tenho direito de dar um golpe de estado.

Por José Roberto Torero*  Diário, toda vez que eu tenho que escolher o meu funcionário do mês é uma dificuldade. A concorrência é muito grande!

É que eu escolhi um grupo maravilhoso de técnicos. Opa, de técnicos, não. De zagueiros! Porque a especialidade deles é destruir. Cada um é o melhor em destruir na sua área.

Por exemplo, a Damares, que cuida do Ministério da Mulher e de Outras Bobagens, acha que que manda é o homem; o Ricardo Salles, do Meio Ambiente, só pensa em passar a boiada; e o cara da Educação (eu sempre esqueço o nome dele) diz que tá certo que bater em criança.

Este mês eu tinha dois candidatos óbvios: o Pazuello e o Ernesto Araújo. Um é militar, o contrário de médico, e o outro é um diplomata que não é diplomático.

Mas é óbvio que eu não gosto de ser óbvio. Então pensei num assessor do Pazuello, o Laurício Monteiro Cruz. Ele é veterinário, mas foi colocado como diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.

Ou seja, ele entende de bicho, não de gente, mas vai ser um cara muito importante esse ano. E o que ele fez? Colocou os veterinários como grupo prioritário na vacinação. Não é demais!?

O Laurício já estava com a pata, digo, a mão no troféu. Mas aí apareceu o Aras, o Procurador-Geral da República. Ah, o Aras é bom pra cachorro! E pra cavalo.

No meio daquele bafafá todo sobre impichimem, ele divulgou uma nota dizendo que não é dever dele avaliar ilícitos atribuídos a mim. Isso foi show! É como um zagueiro dizer que o trabalho dele não é defender. Ou seja, eu posso pisar no pescoço de quem eu quiser, que o Aras não vai fazer nada. No máximo, vai lustrar o meu sapato. Ou bota.

Pra ele, me processar é responsabilidade do Legislativo. É como se o zagueiro dissesse: “O culpado pelo gol foi o centroavante que perdeu a bola lá na frente, não eu, que tomei a bola por baixo das pernas”.

Mas o Aras não parou por aí. Não mesmo! Ele ainda insinuou que posso decretar o “estado de defesa”, para preservar a “estabilidade institucional”. Ou seja, falou que eu tenho direito de dar um golpe de estado.

É como se um zagueiro dissesse: “Não vou defender e, se a bola vier pra cá, ainda faço gol contra”.

Parabéns, Aras, você é meu zagueiro do mês!

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

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 Ivo Minkovicius

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