Pô, Diário. Ontem, um psiquiatra chamado Guido Palombo escreveu uma matéria na Foice de S.Paulo dando a entender que eu sou maluco. Maluco, não, psicopata, que é o nome chique pra maluco.
Mas é tudo mentira. Bobagem mesmo. Por exemplo, ele diz que o psicopata é “incapaz de se reconhecer culpado”. Pô, se eu fosse culpado de alguma coisa, eu assumia. Mas, como eu nunca errei,tô fora disso daí. Não é à toa que, no tocante à pandemia, eu falei que até agora “não errei nenhuma”.
O tal do Guido também diz que geralmente o psicopata é tosco. Tosco é o nariz dele!
O doutorzinho fala que, “frente ao sofrimento alheio, o psicopata não mede palavras”. E dá o exemplo de quando eu disse: “eu não sou coveiro”, e “vai ficar chorando até quando?”.Mas isso é injustiça, pô! Eu me segurei. E muito. Porque minha vontade mesmo era falar: “Sua mãe morreu? Enterra e vai trabalhar,va-ga-bun-do!”
Ele também disse que o psicopata tem vaidade exagerada. Mas aí se deu mal, porque eu sou o cara mais modesto do mundo.
Outra coisa: o sujeitinho falou que os psicopatas “não toleram contrariedades”. Mas eu tolero, sim! E ai de quemdisser o contrário!
O Guido falou que opsicopato (vou escrever assim, com “o”, porque eu sou homem, pô) é tirano e egoísta, colocando a própria vontade acima das leis e da Justiça. Mas eu não sou contra a justiça. Pelo contrário. “Eu sou a Constituição!”. Aliás, foi o que eu disse naquela manifestação do ano passado que pedia que eu desse um golpe, fechando o Congresso e o STF.
Esse psiquiatra que me chamou de psicopata merecia um pescotapa, que é uma mistura de pescoção com tapa. Porque, de tudo que ele falou, só tem uma coisa que presta. Ele disse que “gravidezes complicadas são causas de sofrimento cerebral e de consequentes distúrbios de comportamento”. E, no meu caso, minha mãe teve uma gravidez complicada mesmo. Ela conta que eu só sobrevivi por milagre. E por isso que me deu o nome de Messias.
Isso aí é uma coincidência. Mas o resto que ele falou não tem nada a ver, pô! Sou um cara normal! É o que o meu outro eu me diz toda noite, quando conversa comigo pelo espelho do banheiro.
José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
#diariodobolso
2 respostas
Muito bom. Obrigado