Eia, Diário! O Palmeiras foi campeão! E com a coisa que eu mais gosto: ajuda do juiz!
Juiz, quando está do nosso lado, é a melhor coisa que tem.
Ontem, na final da Libertadores, o cara do apito deu amarelo pro jogador do Palmeiras e vermelho pro técnico do Santos. E por quê? Porque os juízes sempre ajudam os mais ricos e poderosos. É uma coisa da natureza deles. Talvez porque eles também sejam ricos e poderosos.
Se fosse o contrário, se fosse o técnico do Palmeiras que tivesse segurado a bola e o jogador do Santos que desse um chega-pra-lá no cara, alguém acha que o palmeirense ia receber vermelho? Nunca! O jogador santista é que ia ser expulso e o juiz ainda ia estender a mão para ajudar o técnico do Palmeiras a se levantar.
Ter o julgador a favor é a melhor coisa que tem.
Por exemplo, esses dias, o juiz federal Ney Bello suspendeu um inquérito sobre o meu advogado Frederick Wassef. O Bello está na disputa para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça. E quem vai decidir quem vai pra essa vaga? Euzinho. Não é uma beleza?
Outro julgador importante é o Aras. E ele está sempre do meu lado. Devia me vigiar feito um pastor alemão. Mas é um poodle que cheira o meu chinelo.
Não precisa ser juiz pra ser julgador. Por exemplo, o CFM, Conselho Federal de Medicina, falou contra a “pílula do câncer” que a Dilma liberou, mas não falou nada contra a minha cloroquina. Por quê? Porque é natural o julgador julgar que os poderosos têm razão. E a esquerda não é poderosa. Ela às vezes consegue chegar ao poder, mas ela nunca é dona do poder. Ele só está emprestado por um tempinho até voltar pra gente.
O Arthur Lira também se dá bem com julgadores. Só no STF já correram oito processos contra ele por fraudes de mais de R$ 302 milhões, além de outros dois por ameaçar testemunhas e atrapalhar as investigações.
O cara chegou a ser preso. Mas só por uns dias.
Aí os casos saíram do STF e foram para a justiça de Alagoas. Então o juiz Carlos Henrique Pita Duarte absolveu sumariamente o Lira.
Juiz tem que ser assim mesmo. Tem que dar vermelho pros inimigos e, pros poderosos, no máximo um amarelinho.
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
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