Por Nayara Lourenço, dos Jornalistas Livres
Há um ano atrás, mais precisamente no dia 2 de março, foram oficializados os primeiros casos de COVID-19 em Portugal.
Eu estava lá enquanto mulher, lésbica, imigrante e, posteriormente, desempregada por consequência da pandemia.
Fotografei o ato do 8 de março de 2020, que em Portugal carregou o mote “Se as mulheres param, o mundo para” e marcou exatamente esse período: o surgimento de um vírus que mal sabíamos o quanto iria afetar o mundo inteiro, sobretudo nós mulheres.
O mundo realmente parou por um tempo, mas as violências e a desigualdade continuaram, e foram ainda mais severas pra nós.
Fomos afetadas pela sobrecarga do trabalho, pelo aumento de agressões e feminicídios durante o isolamento, pela crise econômica que nos fechou ainda mais as portas, pela falta de acesso à saúde e por outros inúmeros fatores.
Hoje, morando no Brasil novamente, sinto o mesmo medo que senti ano passado, mas ainda pior: somos atravessadas pelo governo genocida de Jair Bolsonaro, que precariza nossas vidas, saúde e trabalho.
Os efeitos colaterais desse um ano de pandemia é imensurável para nós, mas apesar disso o 8 de março segue marcando mais um dia de luta e mobilização.
Esse ano acontecerá de uma forma bem diferente, com atos simbólicos, ações virtuais e distanciamento, mas seremos resistência em todos os territórios.
Aqui, nós exigimos: fora Bolsonaro, vacina para toda a população e auxílio já!