Por José Roberto Torero
Diário, a novelinha do UOL continuou. O capítulo de hoje foi sobre o Queiroz, meu amigão.
Nós íamos ao Maracanã juntos, pescávamos juntos em reserva ambiental, e estávamos juntos na inauguração da loja de chocolate do Flavinho. Ele até tirou foto com o Parreira.
O Queiroz era amigo de fazer xixi cruzado. Não, mais que isso! Era amigo de fazer xixi cruzado e de olhos fechados, porque a gente sabia que um não ia respingar no outro.
Mas respingou.
O Queiroz também era amigão do Adriano, aquele miliciano que acabou morto na Bahia. Os dois foram policiais. Até mataram gente juntos. O Adriano foi homenageado pelo Carlos e pelo Flavinho. Eu pessoalmente fui no julgamento dele e fiz discurso a seu favor na Câmara. E aex-mulher do Adriano foi nomeada no gabinete do Flavinho por dez anos.
Bom, deixa eu voltar pro Queiroz.
Quando estourou o caso das rachadinhas, ele sumiu. E a pergunta mais perguntada no Brasil era: “Cadê o Queiroz?”.
Minha vontade era responder: “Está no meu coração!”. Mas eu me continha. A gente tem que ser forte nessas horas.
O Queiroz se acoitounuma casa do meu advogado, o Wassef. Mas a vida dele e da família andava muito chata. A Márcia, sua mulher, já não aguentava mais.
Aí,ela, a Vera (mãe do Adriano) e o advogado Gustavo Botto Maia começaram a pensar num plano de fuga.
Pô, ia ser um final feliz de filme de bandido, tipo “A Casa de Papel”.
Mas antes disso, o Ministério Público fez uma busca e apreensão nas casas dos Queirozese pegaram o celular da Márcia. Daí chegaram nocoitado, lá em Atibaia.
Então ele foi preso e teve aquele bafafá todo. Mas, graças a Deus, e mais ainda aos advogados e aos juízes, deram direito a prisão domiciliar pra ele e pra Márcia.
Hoje o Queiroz vive num apartamento de 60 metros quadrados na zona oeste do Rio de Janeiro. Pelo menos o prédio é bom. Tem sauna, piscina, essas coisas. E ele pode usar a sala de musculação. Só é chato correr na esteira ergométrica usando aquela tornozeleira eletrônica.
Enfim, Diário…, em vez de “A Casa de Papel”, a história dele ficou mais pra “A Casa de Papel Higiênico”.
@diariodobolso
José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
2 respostas
Impeachment já, fora virose Bolsonaro.
Ótimo ????????