Questão de sobrevivência: conheça as candidaturas do movimento negro nestas eleições 

Confira a nova reportagem dos Jornalistas Livres sobre movimentos sociais que lutam por representação política
Protesto contra o racismo em São Gonçalo, no Rio, onde o adolescente João Pedro, de 14 anos, foi morto baleado pela polícia. foto: reprodução /Silvia Izquierdo
Protesto contra o racismo em São Gonçalo, no Rio, onde o adolescente João Pedro, de 14 anos, foi morto baleado pela polícia. foto: reprodução /Silvia Izquierdo

Para estimular que as eleições tenham mais candidatos negros, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que os votos dados a mulheres e pessoas negras valem o dobro de pontos na distribuição do dinheiro do fundo eleitoral para os partidos. A medida do TSE já apresentou efeitos nas eleições de 2022, que, ao todo, possui 26.398 candidaturas negras, dentre elas alguns casos de fraudes

Por Melannie Silva

A bancada negra-antirracista ainda é pouco expressiva no parlamento que atualmente é composto de 75% de pessoas brancas. Ainda que a participação dessa população tenha crescido nos últimos anos, a representação é desproporcional. 56,2% dos brasileiros se declaram pretos ou pardos de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Casos de racismo, especialmente envolvendo violência policial, ainda são extremamente comuns no Brasil. Um levantamento do instituto Sou da Paz aponta que 80% das mortes violentas no país são de jovens negros.

 A atuação politica antirracista é fundamental para reparação e superação das desigualdades e violências que a população negra enfrenta. Douglas Belchior, fundador da Coalizão Negra por Direitos e candidato a deputado federal pelo PT/SP, ressalta que apenas eleger um candidato negro não é suficiente. “O voto antirracista é o voto no movimento negro. Nós não estamos aqui para eleger pessoas negras e só. Estamos aqui para eleger lideranças do movimento negro. Aqueles que levam na sua elaboração política essa tradição de luta. É esse voto que nós iremos buscar e são essas pessoas que nós vamos eleger. Não nos confunda”. Portanto, os Jornalistas Livres convidam seus leitores e suas leitoras a conhecerem os candidatos negros e antirracistas dessas eleições de 2022.

Norte

  • Francy Júnior 13550 (PT – AM)

Historiadora, feminista, membro do Coletivo das Dandaras, do Forúm Permanente de Mulheres de Manaus (FPMM) e da Associação das Mulheres Brasileiras (AMB). Foi candidata ao cargo de vereadora em Manaus em 2020 e este ano é candidata a deputada estadual pelo Amazonas.

  • José Galiza 5011 (PSOL – PA)

Coordenador administrativo e representante das Associações de Comunidades Remanescentes de Quilombos no Pará (Malungu) e representante da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) do estado. Galiza é agricultor, tem 59 anos e é candidato a deputado federal pelo Pará

  • Ana Cleia Kika 13300 (PT – TO)

Mulher, negra, feminista, ativista, cientista social, mestranda em Comunicação e Sociedade/UFT. . Conselheira do Conselho Municipal da Juventude do Município de Porto Nacional. Militante do Movimento Negro Unificado/TO. Integrante do Coletivo de Mulheres do PT e do Comitê de Combate à Violência contra a Mulher. Participa do ALAGBARA, articulação de mulheres negras e quilombolas no Tocantins. Professora Convidada na UFT, no Campus de Porto Nacional, no Curso de Ciências Sociais. Foi candidata a vereadora no Município de Porto Nacional em 2020. Atualmente, é presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Porto Nacional e candidata a deputada estadual no Tocantins.

Nordeste

  • Valmir Assunção 1310 (PT – BA)

Agricultor, é membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra desde 1990 e ex-Secretário Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia. Atualmente, Deputado Federal, foi importante nome na criação de universidades nos governos petistas. Esta concorrendo a reeleição como deputado federal pela Bahia.

  • Olívia Santana 65500 (PCdoB – BA)

Pedagoga, militante do Movimento de Mulheres Negras e fundadora da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO).Foi eleita a primeira mulher negra deputada estadual na Bahia. Foi vereadora de Salvador, secretária municipal de Educação, além de secretária estadual de Política para as Mulheres (SPM), e do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE). Ela é candidata a deputada estadual pela Bahia.

  • Robeyoncé Lima 5000 (PSOL – PE)

Primeira advogada trans, negra e nordestina a conseguir o nome social na carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Foi militante nos movimentos estudantil e em defesa dos direitos da comunidade LGBTQIA+. É codeputada estadual no coletivo Juntas Codeputadas. Atualmente é candidata a deputada federal por Pernambuco.

Centro-Oeste

  • Adna Santos (MÃE BAIANA DE OYÁ) 4055 (PSB – DF)

Mãe de santo, defensora dos terreiros, atuou na Fundação Palmares entre 2014 e 2019 e, atualmente, é coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa do governo do DF. Candidata a deputada federal pelo Distrito Federal.

  • Lucilene dos Santos Rosa 40100 (PSB – GO)

É Secretária Estadual da Mulher do PSB-GO, quilombola, negra, mãe, graduada em turismo e pós-graduada em história da cultura afro-brasileira pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Integra o grupo de mulheres apresentadas pelo Instituto Marielle Franco no projeto Estamos Prontas. Lucilene é candidata a deputada estadual em Goiás.

  • Professora Bartô 13222 (PT – MS)

Foi candidata a vereadora de Campo Grande. É professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul aposentada e professora sênior no curso de Mestrado Profissional em Educação. É Presidente do Grupo TEZ (Trabalho de Estudos de Zumbi), líder do GEPPEHER/UEMS e vice-coordenadora do GT21CO. Seu eixo de atuação é Educação, Gênero e Raça, fazendo a intersecção com Saúde, Transporte e Cultura. Ela é candidata a deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul.

Sudeste

  • Dandara Tonantzin 1334 (PT – MG)

Preta, periférica e feminista, é pedagoga e mestra em educação. Sempre aliou as lutas do movimento estudantil a todas as lutas dos movimentos sociais. Esteve presente em manifestações na busca por direitos. Hoje, é militante do movimento negro e feminista, tendo sido a mulher negra mais jovem eleita para a Câmara de Uberlândia e a vereadora mais votada nas eleições municipais de 2020 na cidade.

  • COLETIVO DAS PERIFERIAS (Vanessa Vicente, Rodrigo Nunes, Marta Batista e Rose Cipriano) 50800 (PSOL – RJ)

Coletivo de maioria feminina, negra, 100% da Baixada Fluminense. Formado por Rose Cipriano, uma liderança da Educação, do Movimento Negro e de Mulheres com o maior potencial eleitoral na Baixada Fluminense dentre as expressões da militância de esquerda. Junto dela, lideranças de mais três cidades da região, além de Duque de Caxias: Marta Batista, de Nova Iguaçu; Vanessa Vicente, de Belford Roxo e Rodrigo Nunes, de Mesquita. O coletivo é candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro.

  • Erika Hilton 5070 (PSOL – SP)

É vereadora na cidade de São Paulo. Negra e transvestigênere, foi a mulher mais bem votada em 2020 em todo o país e é a primeira trans eleita para a Câmara Municipal paulistana, com mais de 50 mil votos. É ativista dos Direitos Humanos, na luta por equidade para a população negra, no combate à discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ e pela valorização das iniciativas culturais jovens e periféricas. Erika é candidata a deputada federal por São Paulo.

  • Douglas Belchior 1375 (PT – SP)

Douglas nasceu em Suzano, mas cresceu em Poá. Trabalhou desde muito cedo, tendo conhecido ainda nos anos 90 o Sindicato da Construção Civil e o Partido dos Trabalhadores. Formou-se em História pela PUC-SP em 2009. Iniciou sua trajetória de ativismo político em grupos de juventude da Igreja Católica e no movimento estudantil secundarista. A partir de 1999, passou a construir o movimento e cursinhos populares e comunitários da Educafro. Em 2009, foi um dos fundadores da Uneafro Brasil, ajudou a construir a Frente Pró-Cotas Raciais do Estado de São Paulo e foi um dos fundadores do Comitê de Luta Contra o Genocídio. Trabalhou no Fundo Brasil de Direitos Humanos entre 2018 e 2022. Nos últimos anos, se dedicou a construir a Coalizão Negra por Direitos. Douglas é candidato a deputado federal por São Paulo.

Sul

  • Renato Freitas 13123 (PT – PR)

Renato Freitas foi eleito vereador de Curitiba com mais de 5 mil votos nas eleições de 2020. Tem 37 anos, é advogado e mestre em Direito Penal, Criminologia e Sociologia da Violência pela Universidade Federal do Paraná. Já trabalhou na Defensoria Pública do Estado e atuou como professor universitário e advogado popular. Na Câmara Municipal de Curitiba, trabalha para ser a voz das periferias da cidade. Tem se dedicado principalmente a pautas relacionadas à segurança pública, emprego e renda, moradia, educação e cultura. Com 5.097 votos, Renato Freitas foi o 16º candidato a vereador mais votado de Curitiba nas Eleições de 2020. Em 2018, disputou uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná pelo PT, quando obteve mais de 15 mil votos.

  • Graziela Oliveira 5060 (PSOL – RS)

Militante do Movimento Negro e do PSOL/Resistência, presidente do Sindicato dos Municípios de Esteio e mestre em Educação. Seu trabalho é dedicado ao acesso à educação e à luta das mulheres e negros e da comunidade LGBTQIA+.

Para ver mais candidaturas antirracistas acesse: https://quilombonosparlamentos.com.br/

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