Questão de sobrevivência: conheça as candidaturas que defendem os LGBTQ+

O Jornalistas Livres iniciaram uma série sobre as candidaturas que buscam representatividade na política nacional
20ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo - Foto: Paulo Pinto
20ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo - Foto: Paulo Pinto

Além dos negros e das mulheres, um grupo que vem lutando pela representatividade no congresso são os LGBTQ+. Enquanto 10% dos brasileiros fazem parte da sigla, apenas um deputado federal e senador são assumidamente gays. Em 2014, foi criado o coletivo #VoteLGBT+, que reúne profissionais do jornalismo, direito, economia e antropologia. O grupo entende a diversidade como um valor fundamental à democracia. Em 2022, o coletivo lançou ao menos 256 candidaturas abertamente LGBTQI+ em todo o país, representando todos os 21 partidos.

Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil é o país que mais mata LGBTQ+ no mundo segundo o relatório produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+. A pesquisa, publicada em 2021, demonstrou o aumento de violência e assassinatos dessa população. Em 2020, 237 mortes haviam sido registradas. Já em 2021, 316 pessoas foram vítimas. Quando se trata dos transexuais, em 2020 completou o 12º ano consecutivo em que o Brasil ocupou o cargo de país que mais assassina pessoas trans.

A representação na política é fundamental para que a luta dessas pessoas por direitos e justiça receba cada vez mais visibilidade. Entretanto, apenas a representação não é suficiente. Para que as causas dessa comunidade sejam levadas verdadeiramente adiante é preciso mais do que eleger LGBTQ+. A luta LGBTQ+ precisa, desde o princípio, estar alinhada com a luta dos direitos sociais, sobretudo dos mais pobres, que são os mais afetados pelo abandono familiar e pela negligência do Estado. Conheça aqui as candidaturas de esquerda que se comprometem com as pautas LGBTQ+:

Nordeste

Lésbica, Elida Miranda é candidata a Deputada Estadual em Alagoas. Teve sua origem política nas lutas populares do Movimento Estudantil. Foi diretora da CUT, do Sindicato dos/as Jornalista/as de Alagoas e é ativista do movimento pela democratização da comunicação. No governo Dilma, foi representante regional da Fundação Palmares cuidando das comunidades quilombolas. Elida é feminista, defensora dos direitos humanos, da igualdade racial, da livre orientação sexual e do Estado laico. 

Bissexual, Carol Lima (PSOL), de 43 anos, é candidata a Deputada Federal na Bahia. Professora universitária, ela é bissexual e mora em Porto Seguro (BA). Formada em História, tem mestrado em História Regional e Local e doutorado em Ciência Sociais. Carol defende a ampliação da política de cotas, para que ela possa abraçar a população LGBTQIA+.

Criado na periferia de Olinda (PE), com 27 anos, Vini Castello é formado em direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Eleito em 2020 o vereador mais jovem e o primeiro LGBTQIA+ em Olinda, Vinícius concorre agora ao cargo de deputado estadual em Pernambuco. Entre os projetos aprovados na Câmara de Olinda, ações contra o racismo, lgbtqia+fobia e pautas sociais ganham mais força. Vini, através do mandato de vereador, foi autor da primeira cartilha da diversidade sexual e de gênero de Olinda. Aprovou o Estatuto de Igualdade Étnico Racial de Olinda, sendo o 5º estatuto municipal do país nesse tema e o primeiro a incluir povos indígenas em contexto urbano e os povos ciganos. Além disso, a primeira lei no país que proíbe homenagens a escravocratas e ditadores é de sua autoria.

Norte

Bárbara Pastana, candidata ao cargo de Deputada Estadual pelo PSOL na coligação Federação (PSOL/REDE) . Bárbara nasceu em Natural de Viseu e tem 38 anos de idade. Foi presidenta do movimento LGBTQIA do Pará, frequentou a ONG GRETTA e é ativista e transfeminista. Defende as pautas antirracista, LGBTQ+ e ambiental. Bárbara é filiada à Associação Nacional de Travestis e Transexuais e foi a primeira trans no Pará a conseguir a adoção de uma criança, o Pietro Joaquim. Foi do comitê técnico de segurança pública do Pará e diretora do grupo de resistência de travesti e transexuais da Amazônia.

Lésbica e negra, Marília Freire é a única candidata mulher ao Senado pelo Amazonas. É formada em direito e está há 15 anos no serviço público e esse ano estreia na vida política. É militante dos direitos humanos, das mulheres e da população LGBTQ+ e membra do Coletivo Feminista Humaniza. Além disso, faz parte da Frente Pelo Desencarceramento no Amazonas. Foi professora de Direito Penal, Direito da Criança e do Adolescente, Direito Internacional Público e Privado e coordenou a primeira turma de Promotoras Legais Populares do Amazonas.

Centro-Oeste

Gay, Arthur Ramos é candidato a Deputado Federal pelo PCB em Goiás. Arthur participou das lutas contra o fechamento das escolas pelo governo Caiado em 2019. Participa ativamente da construção do movimento LGBT no estado, construindo a frente LGBTI+ Goiás e a coordenação municipal da aliança nacional LGBT. Atualmente, constrói o Centro Acadêmico de História do IFG, membro do CONSUP do IFG e na UEE Goiás ocupa a cadeira de assistência estudantil.

Franklin (PSOL), de 27 anos, é candidato a Deputado Federal no Mato Grosso do Sul. Morador de Dourados (MS), comunicador social e gay. Em 2010, foi o candidato a vereador mais votado da cidade de Dourados. Franklin é formado em Relações Internacionais e mestre em Sociologia, Franklin milita pela educação e participa de greve e ocupações desde 2013. Caso eleito, diz que irá se comprometer com as pautas LGBTQ+.

Sul

Ágata Mostardeiro é candidata a Deputada Estadual do Rio Grande do Sul pelo PT. Com 29 anos, Ágata é travesti, bissexual, bióloga, professora e trabalhadora da cultura. Entrou na política em 2018, quando a justiça do Estado não permitiu que ela registrasse seu filho. Suas principais pautas são as ambientais e de defesa aos LGBTQ+. A candidata defende a necessidade de políticas de criação de empregos para a população LGBTQ+ e a criação de casas de acolhimento para os que não tem suporte da família.

Daiana é candidata a Deputada Federal pelo Rio Grande do Sul. Com 40 anos, Daiana é mulher, negra, periférica, formada por uma universidade federal, participante da política de cotas, filha de empregada doméstica e lésbica. Sanitarista e educadora social de rua, foi eleita em 2020 como a primeira vereadora lésbica de Porto Alegre. Para a candidata, um dos seus grandes desafios é pautar as demandas da população LGBTQ+ em um estado preconceituoso como o Rio Grande do Sul.

Sudeste

Fernanda Curti, 27 anos, é moradora da periferia de Guarulhos e atual Secretária de Mulheres do PT São Paulo. Luta em defesa dos direitos das mulheres e comunidade LGBTQIA+. Em 2020, foi eleita vereadora em Guarulhos, a primeira assumidamente Lésbica, mas perdeu seu mandato após uma manobra Política-Jurídica. Agora, candidata a Dep. Federal, carrega bandeiras feministas, antirracistas e LGBTQIA+ e seu número é o 1387. “Tenho orgulho em fazer parte do partido mais elegeu candidaturas LGBTQIA+ e a primeira governadora assumidamente lésbica no Brasil. Mas, ainda estamos sub-representadas na política.” 

Nina Rosa Lía, conhecida como “Espaguete”, é atualmente a única candidata a deputada federal travesti e negra no estado de Minas Gerais. Com 21 anos, é militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Coletivo Negro Minervino de Oliveira em Belo Horizonte, ela também é estudante de geografia na UFMG. Travesti, Bissexual, Vegana, Católica, Comunista. Com sua candidatura, Espaguete procura tencionar o debate público para que possamos construir uma agenda em comum para a esquerda, dando ênfase aos direitos da população LGBT, em especial da população T.

Ediane Maria é candidata a Deputada Estadual pelo PSOL em SP. Mulher preta periférica, LGBT, nordestina, mãe solo de 4 filhos e empregada doméstica. Coordena o MTST e o movimento negro Raiz da Liberdade. Suas propostas para a comunidade LGBTQ+ são a defesa de um ambiente que acolha crianças e adolescentes LGBTQIA+, cotas de contratação, para pessoas trans e travestis, nos contratos de trabalho dos serviços estaduais, criação de casas de acolhimento para a população LGBTQIA+ expulsa de casa e em situação/vivência de rua, legislações e medidas que garantam uma cidade segura para a população LGBTQIA+, entre outras.

Acompanhe as bancadas indígena, do MST, negra e feminista.

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. É sobre representatividade! Por isso escolhi pra Federal em São Paulo a Fernanda Curti 1387!

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