O vídeo acima é de autoria de Hedy
Para reivindicar a recomposição salarial de 24% prometida e não cumprida pelo governador bolsonarista Romeu Zema, do NOVO, em 2019, servidores da segurança em Minas Gerais, inclusive policiais civis e militares, saíram às ruas hoje, no centro de Belo Horizonte, em manifestação. Após o protesto nas praças 7 e da Estação, as diferentes categorias do setor decidiram paralisar suas atividades para pressionar o governo.
A princípio, haverá apenas o expediente mínimo de 30% dos servidores da segurança pública. A decisão em assembleia é de paralisação, mas, pela Constituição Federal, os policiais e bombeiros militares não podem fazer greve, enquanto os policiais civis não têm essa permissão desde 2017, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) vetou a greve para a categoria.
A mobilização das categorias superou as expectativas das lideranças do movimento dos trabalhadores da segurança de todo o estado. Quase 200 ônibus partiram de diversas regiões de Minas com servidores para participar da manifestação no centro da capital mineira. Sob alegação de que a emissora manipula e omite informações, uma equipe da TV Globo foi rechaçada e impedida pelos manifestantes de registrar o ato, o que só ocorreu com o uso de helicópteros.
As reivindicações dos servidores da segurança de Minas começaram em 2019, quando eles saíram às ruas para exigir recomposição salarial que não recebiam desde 2015. Na ocasião, o governador Romeu Zema fez um acordo e apresentou um projeto de lei concedendo 13% em 2020, 12% em 2021 e 12% em 2022. A Assembleia Legislativa aprovou a proposta, e o primeiro reajuste, de 13%, foi pago em 2020.
O governador, no entanto, descumpriu o acordo e vetou as duas últimas parcelas da recomposição, que agora são cobradas pelos servidores. No total, os trabalhadores teriam uma recomposição de 41% como forma de compensar os efeitos da inflação. O governo de Minas alega que aguarda a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pela Assembleia Legislativa para aplicar a recomposição da inflação sobre o salário de todas as categorias de servidores estaduais.
Outras greves
O peso da manifestação fez muita gente lembrar a greve de 1979, realizada pelos peões da construção civil, após a greve das professoras no governo Francelino Pereira. Agora, a paralisação dos policiais pode desencadear novas greves no estado, como a das professoras do Estado, que reivindicam o pagamento do piso salarial conquistado pela categoria, que é negado pelo governo Zema. Ontem, por exemplo, os funcionários da estatal TV Minas decidiram também entrar em greve por reajuste e isonomia salarial. Em média, jornalistas da Rede Minas recebem R$ 2.300, enquanto, técnicos, R$ 1.300. Os servidores da emissora não recebem reajuste salarial desde 2013.
Esta é a segunda vez que policiais mineiros se revoltam contra a baixa remuneração. Em junho de 1997, os policiais militares realizaram uma série de manifestações, que culminaram com a realização de uma grande assembleia no dia 24 na Praça da Liberdade, diante da sede do governo mineiro. Na ocasião, o cabo Valério dos Santos Oliveira, de 36 anos, do Batalhão de Choque, foi alvejado com um tiro na cabeça e acabou morrendo dias depois. O local virou uma praça de guerra quando o governador Eduardo Azeredo, do PSDB, pediu ao presidente interino, Marco Maciel, a presença de tropas do Exército para garantir a segurança na capital mineira. Os PMs terminaram o movimento após receberem uma proposta de acordo salarial que atendia a suas pretensões. O movimento dos policiais militares mineiros acabou originando outras greves semelhantes nas PMs de pelo menos 15 estados.
Uma resposta
O Zema parece refém das forças de segurança. O fato é que enquanto os policiais militares tem uma média salarial bruta acima de R$7,0 mil, os professores percebem, em média, pouco mais de R$2,0 mil, nem vou falar da saúde. Aonde iremos parar com isso. Tal eixo de gestão só aumenta a marginalização das outras categorias de servidores em Minas, consequentemente, a exigência de contratação de mais policiais. Pior: a segurança representa 40% das despesas de pessoal do estado. Isso que é gestão eficiente ?? Sem contar que as Polícias em Minas estão entre as mais bem pagas do país. Polícia tem que ter salário digno, mas nesse caso não é justo fazer greve e deixar a população refém se já são uma das Polícias mais bem pagas do país.