Neste ano, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra lançará candidatos aliados da reforma agrária, da moradia e da alimentação dignas. Grande parte deles cresceu em meio ao Movimento, começando sua atuação política desde cedo. Muitos ajudaram a construir o MST em seus estados de origem e, agora, trabalham para se eleger, levando a luta pela terra cada vez mais longe.
Por Thaís Helena Moraes
Rosana Fernandes, da direção nacional do MST, afirma que “o trabalho prioritário durante a campanha eleitoral é eleger Lula, junto com uma bancada de parlamentares estaduais e federais que deem respaldo a uma política governamental que priorize as questões populares”. Por esse motivo, as candidaturas do movimento serão lançadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT)
Em 2022, os cidadãos votarão para os cargos de deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República. Os eleitores devem ir às urnas para o primeiro turno em 2 de outubro, e o segundo turno está previsto para 30 de outubro.
Deputados Federais
Nordeste
Natural da Paraíba, a candidata Gilvania Ferreira da Silva tem 52 anos, é mulher preta e professora do Ensino Superior. Ligada ao MST desde os 17 anos, representa mulheres negras, mães, educadoras e camponesas. Suas lutas são contra a concentração de renda e violência no campo, que é especialmente grande na região do Vale do Carajás.
Valmir é homem negro e nasceu dentro do Movimento. Envolvido na construção de diversos assentamentos, Valmir sempre se destacou por agitar as massas a partir de sua vivência com o povo. Foi o primeiro negro e nordestino a integrar a direção nacional do MST e ajudou a expandir o Movimento na Bahia. Em 2006, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES), lutando contra o coronelismo e a pobreza no estado. Valmir é natural de Itamaraju, tem 52 anos e concorre à reeleição como deputado federal na Bahia.
Filho de pequenos agricultores, João Daniel é natural de Santa Catarina e foi um dos fundadores do Movimento Sem Terra no estado. Desde então, seguiu organizando o MST em outras regiões, até chegar em Sergipe. Lá, se estabeleceu e liderou o movimento, que tornou-se uma referência nacional: proporcionalmente, Sergipe é o estado com o maior número de famílias sem terra mobilizadas em assentamentos. João Daniel já foi deputado estadual e federal, e concorre à reeleição em 2022.
Centro-Oeste
Ruth é Drag Queen, militante do Movimento Sem Terra desde os 13 anos e defensora dos direitos LGBT. Ruth também é pedagoga e já coordenou o setor de educação do MST. Em 2019, recebeu o Prêmio de Direitos Humanos do governo do Distrito Federal. Em suas propostas, a candidata busca uma intersecção da luta pela terra, pela educação e em favor da igualdade racial, sexual e de gênero.
Valdir Misnerovicz é geógrafo e agricultor. Candidato a deputado federal em Goiás, Valdir ajudou a construir o Movimento Sem Terra no estado nos anos 1990. Participou da desapropriação da Fazenda Palmeiras e ajudou a fundar assentamento, que hoje tem produção farta e diversificada. Defende o socialismo e entre suas propostas estão o fortalecimento dos movimentos populares e a luta contra o agronegócio.
Sul
Candidato a deputado federal, Marcon é o único deputado gaúcho que mora num assentamento rural. Filho de pequeno agricultor, viveu acampado por quatro anos e meio, até ser assentado em 1994. Já exerceu o cargo de deputado federal por duas vezes, em 2010 e 2014. Atua na defesa dos direitos das minorias, da liberdade de organização dos trabalhadores e dos movimentos sociais.
Deputados Estaduais
Norte
Lula do Assentamento 13000 (RO)
Dentre as principais propostas de Lula estão o fortalecimento da agricultura familiar e de programas sociais para combater a fome com urgência. Para ele, também é prioridade proteger o pequeno agricultor e os povos indígenas e garantir seu direito à terra, como prevê a Constituição. Além disso, Lula propõe a construção de escolas em assentamentos que ensinem as disciplinas tradicionais, mas também os valores do MST, como o contato e o respeito com a terra.
Filho de mãe indígena e pai seringueiro, Job concorre ao cargo de deputado estadual e pretende fortalecer os movimentos sociais e a esquerda em Roraima. Entre seus projetos estão a defesa da reforma agrária popular e da agricultura familiar, além de propostas para a juventude, as mulheres, povos indígenas e população LGBT.
Antônio é estudante de direito e militante do Movimento Sem Terra desde 2004. Foi membro da direção nacional do movimento e atuou no setor de Direitos Humanos. Filho de camponeses da região de Bico do Papagaio, em Tocantins, Antônio Marcos concorre a Deputado Estadual pelo estado.
Nordeste
Missias é administrador, agricultor, militante do MST e assentado. Candidato a deputado estadual pelo Ceará, Missias buscará construir um mandato que atenda minorias e movimentos sociais, como indígenas, quilombolas, LGBTs e sindicatos.
Rosa é filha de acampados e assentados e foi criada dentro do MST de Pernambuco. Jovem, negra e lésbica, a candidata a luta pelas mulheres, contra o racismo e a fome, e a favor da reforma agrária.
Lucinha conheceu o Movimento Sem Terra com 15 anos. Participou de ocupação na Bahia e ajudou a construir o Assentamento Bela Vista. Já foi coordenadora-geral do Acampamento de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia, da Coordenação Nacional de Movimentos Sociais. Atualmente, é Secretária Nacional de Movimentos Populares do PT e concorre ao cargo de Deputada Estadual pela Bahia.
Sudeste
Marina dos Santos é dirigente do MST e defende a reforma agrária. Candidata a Deputada Estadual, em seu mandato a prioridade será acabar com a fome no estado. Para ela, a fome tem gênero, raça e classe social – então mulheres negras e pobres serão representadas. É assistente social e já coordenou o Escritório Nacional do MST em Brasília.
Sul
Adão Pretto é filho do também deputado estadual Adão Pretto, militante histórico do Movimento no Rio Grande do Sul. O candidato cresceu no movimento e pretende seguir os passos do pai ao representar o MST no estado.
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