Questão de sobrevivência: conheça as candidaturas PcDs nessas eleições

O Jornalistas Livres iniciaram uma série sobre as candidaturas que buscam representatividade na política nacional

Em 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou a candidatura de apenas 480 pessoas com deficiência (PcDs). O número de candidatos PcDs representa apenas 1,6% de todos os pedidos registrados, que somam 28.790 candidaturas. 

Nas eleições passadas, em 2018, apenas 2 candidatos com deficiência conseguiram se eleger. Não existem dados oficiais que registrem a quantidade de PcDs que concorreram às eleições de 2018. É necessário escolher candidatos que lutam pelo direito de pessoas com deficiência; mais que isso, é preciso eleger pessoas com deficiência para cargos públicos. Representatividade PcD é importante em todos os lugares, e dentro da política não deveria ser diferente.

De todos os partidos com candidatos registrados, os partidos Psol (2,03%), Rede (1,88%) e PMN (1,75%) são os que possuem mais candidatos com deficiência. Com menos são o PDT (0,99%), DC (0,9%) e Novo (0,8%).

Os cidadãos votarão para os cargos de deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República. Os eleitores devem ir às urnas para o primeiro turno em 2 de outubro, e o segundo turno está previsto para 30 de outubro.

Conheça os candidatos PcD, ou que estão aliados diretamente à causa.

Nordeste

Anaildes Sena é mulher negra e cadeirante, e a primeira candidata PcD a concorrer ao cargo de Deputada Federal pelo PT da Bahia. Dentre as suas principais pautas, estão a defesa de maior acessibilidade para PcDs. Anaildes é conselheira tutelar e sindicalista. A candidata luta pela inclusão, e pretende construir propostas coletivas com movimentos sociais e minorias.

Thabatta é deputada federal pelo PSB e é a primeira mulher trans a concorrer como deputada no Rio Grande do Norte. A candidata não é PcD, mas inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência estão entre suas principais pautas. Thabatta pretende priorizar as demandas das mulheres, da população LGBTQIA +, das pessoas com deficiência e da população do interior do RN. Dentre as propostas da candidata para PcDs, estão: estabelecer um programa habitacional com moradias acessíveis para PcD, a efetivação de auxílio financeiro para mães solo PcD e reservar 30% das emendas parlamentares para ações voltadas para PcD.

Sudeste

Luciana Inclusão, como é chamada, faz parte da secretaria nacional de inclusão do PSB, partido em que concorre como deputada federal. Luciana luta pela melhoria na estrutura das escolas, pela criação de um Programa Nacional de Acessibilidade, pela fomentação de pesquisas para implementação de novas tecnologias assistivas, e pelo fortalecimento da política de cotas.

Tuca Munhoz é ativista em prol dos direitos das pessoas com deficiência há mais de 40 anos, e é deputado estadual pelo REDE. Foi presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade, e foi secretário adjunto da Secretaria Municipal das Pessoas com Deficiência de São Paulo, durante a gestão Haddad. Dentre as suas propostas, estão o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, com ênfase nos serviços de atenção às pessoas com deficiência, educação bilíngue para estudantes surdos em todas as Unidades Educacionais.

Talita é educadora e está aliada às causas feministas e LGBTQIA +. Foi a primeira vereadora cadeirante a ser eleita em Taubaté, São Paulo. A candidata, que concorre pelo PSB, pretende fortalecer as políticas de proteção social, de educação, inclusão, participação social, acessibilidade e saúde das pessoas com deficiência. 

Flávia Diniz é uma mulher preta, mãe solo, ativista social, produtora cultural, e candidata a deputada estadual pelo PT. Flávia luta pelo direito aos PCDs de ocuparem a cidade, pelo fortalecimento do CAPS, maior empregabilidade de mulheres e pela acessibilidade – não apenas pela construção de mais rampas; mas sim pelo que ela categoriza como acessibilidade cultural, atitudinal, comunicacional, arquitetônica, instrumental, metodológica e programática.

Thífany Félix é mulher trans e candidata a deputada estadual pela REDE. Thífany não é PcD, mas está aliada com as causas. Suas principais bandeiras são a inclusão de pessoas com deficiência, saúde pública, educação, legalização da cannabis para usos medicinais e as causas LGBT. Luta por equidade e igualdade social. Quer implementar o estudo de LIBRAS obrigatório em todas as escolas públicas. 

Tetê é mulher preta, feminista, LGBTQIA +, PCD, ativista e candidata a deputada federal pelo PSOL. É contra a privatização do SUS, contra a privatização da educação, a favor da legalização da maconha, igualdade de direitos e defende a população negra periférica. 

Andrea é jornalista, escritora, ativista, fundadora do Instituto Lagarta Vira Pupa – uma organização sem fins lucrativos que promove suporte jurídico e material a famílias de pessoas com deficiência – e candidata a deputada estadual pelo PSB. Andrea não é PcD, mas está aliada às causas. A candidata luta pela capacitação de funcionários públicos para atuarem com PcDs, destinação de emendas parlamentares, licença diagnóstico para pais, renda básica para mães cuidadoras, polícia militar treinada para atendimentos PcDs e pretende tirar as residências inclusivas do papel. 

Vanessa é comunicadora, artista, produtora cultural e candidata a deputada estadual pelo PT. Ela faz parte da Bancada Cultura Viva e Cidadania, que surgiu a partir da união de várias pessoas diferentes, mas com um propósito comum: ser um canal direto entre os anseios da sociedade e o poder público. O objetivo principal da bancada é desenvolver uma gestão ética e transparente de governança, defendendo a agenda em torno da afirmação da cultura e da cidadania na defesa da democracia, na afirmação dos direitos culturais e humanos. Como pautas individuais, busca desmistificar o rótulo capacitista empregado às PcDs, e garantir que todos tenham acesso ao bem cultural.

Camila é candidata a deputada estadual pelo PSB. Dentre suas propostas, estão: o aumento do número de abrigos sigilosos para mulher vítima de violência, a garantia de que todas as delegacias tenham acessibilidade, a criação de um programa de Conscientização e Prevenção Contra a Violência da Mulher com Deficiência Visível e Invisível, o estabelecimento do curso de LIBRAS obrigatório para todos e o fornecimento gratuito de materiais didáticos acessíveis. 

Formada por 5 mulheres e 4 homens, em que todos estão envolvidos nas pautas das pessoas com deficiência, a candidatura coletiva PcDs do PSOL busca sair da invisibilidade e construir uma sociedade anticapacitista e inclusiva em São Paulo.

Segundo a candidatura coletiva, “o ‘modelo social’ considera a deficiência como expressão da diversidade humana, colocando-a no âmbito da afirmação de direitos e da luta pelo fim do capacitismo. Assim, não é o sujeito que precisa adaptar-se à sociedade, mas é a sociedade que precisa encontrar solução para se amoldar às  especificidades dos indivíduos. Queremos radicalizar o lema mundial das pessoas com deficiência que é “Nada sobre nós sem nós”, evocando, muito acertadamente, o nosso protagonismo e lugar de fala. Nesse sentido, propomos “Nada sem nós, porque tudo diz respeito a nós”. Não existe tema ou eixo dentro de uma política, seja de saúde, educação, trabalho, esporte, lazer, habitação, infraestrutura, transporte ou qualquer outro, que não nos diga respeito. Todos são sobre nós!”.

Regina Celia G. Santos é mulher, negra, mãe e cadeirante, funcionária pública na vigilância sanitária. Formada em Pedagogia com pós em gestão ambiental, atua na liderança do movimento “Ultrapassando Barreiras da Pessoa com deficiência de Guarulhos/SP”. É a representante oficial da pré-candidatura;

Alina Boabaid Yule Noronha é gastróloga, bacharel em Direito e dedicou seu TCC a um estudo aprofundado sobre os impactos do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Militante da causa PcD, é mãe atípica orgulhosa da Maria Eduarda (adolescente PcD empoderada). Natural de Cuiabá-MT e reside no Estado de São Paulo há 22 anos;

Carlos Alberto de Moraes da Silva é pessoa com deficiência física (artrogripose) em cadeira de rodas, institucionalizado na AACD, ativista do movimento em conselhos de saúde e conselhos da pessoa com deficiência nos âmbitos municipal e estadual. Representou nacionalmente o movimento FCD (Fraternidade Cristã da Pessoa com Deficiência) na central de movimento popular e participou em manifestações ocorridas em Brasília/DF, pressionando deputados (as) para que aprovassem e promulgassem a convenção da ONU sobre as pessoas com deficiência;

Dayse Cristiane Alves é mãe solo de dois filhos, cadeirante (poliomielite), tendo feito reabilitação na AACD. Militante, participou da FCD Itaquera e das intervenções para chamar a atenção para causa PcD por meio de uma ocupação de 13 (treze) dias em uma construção do CDHU, cujo resultado foi positivo, assegurando para PcDs a cessão de aproximadamente 35 (trinta e cinco) unidades habitacionais com cadastramento no BPC;

Jeniffer Farias de Souza é uma mulher com deficiência física (poliomielite) que cresceu nas palafitas do Guarujá-SP. É psicóloga, mestre em psicologia, desenvolvimento e políticas públicas pela Universidade Católica de Santos/SP. Sua luta é pela reformulação da Saúde Pública, inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho de forma anticapacitista, Cultura e Esporte. Ela faz seu ativismo por meio da arte e o clipe  da música autoral “Não vou me esconder”, totalmente acessível, foi ganhador do Festival Curta Santos em 2021;

Katia Gavranich Camargo é Pessoa com Deficiência com mobilidade reduzida e mãe atípica, nutricionista formada pela USP, mestre em Engenharia de Produção pela UFSC, escritora, produtora cultural pelo Centro de Pesquisa e Formação pelo SESC-SP;

Laelcio Vieira Cortez é Pessoa com Deficiência visual total, trabalha na Santa Casa de Misericórdia de Guaratinguetá/SP. Militante, atua na setorial da Pessoa com Deficiência do PSOL/SP, participa da FCD, canta e toca violão amador e tem certeza de que pode contribuir para uma grande mudança no setor político;

Neimar Rosa de Jesus é psicólogo, pós-graduado em gestão estratégica do capital humano, músico, faz parte do movimento de pessoas com deficiência de Guarulhos. Ativista pela acessibilidade e inclusão digital para todos;

Paulo S. T. Villar é doutor em Ciência Política pela USP e professor universitário. Atuou na militância de direitos humanos no Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. Atualmente atua na causa dos PcD como voluntário da AACD. Nasceu em Santos e vive em São Paulo desde os 5 anos.

Sul

Amabile é professora, mãe de 2 meninos autistas e é ativista pelos direitos das pessoas com deficiência. Além de candidata à deputada federal pelo PCdoB, Amabile também é coordenadora regional do Instituto Lagarta Vira Pupa, uma organização sem fins lucrativos que promove suporte jurídico e material a famílias de pessoas com deficiência. Amabile não é PcD, mas suas principais pautas são a favor da acessibilidade, e educação inclusiva.

Centro-oeste 

Sarah é jornalista, ativista pela inclusão social e candidata para deputada estadual pelo PSB. Sarah levanta bandeiras para a juventude – melhores políticas públicas, de trabalho, de renda, melhorias na condição da educação e ações culturais, para as pautas de igualdade de gênero e de inclusão para pessoas com deficiência, como a criação de auxílios, a criação de laudos permanentes e a priorização de cultura e lazer para PcDs.

Acompanhe as bancadas indígena, do MSTnegra, feminista e LGBTQIA+.

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