O problema do Brasil são os brasileiros?

Provavelmente você já ouviu a frase “O problema do Brasil são os brasileiros”. Você acredita nisso? Essa frase quer dizer que o problema do Brasil sou eu, é você, seus familiares, amigos e vizinhos.

Será que isso é verdade?

Geralmente as pessoas que dizem isso comparam o Brasil com outros países e tentam provar que aqui os problemas são maiores. É como se o Brasil tivesse sido amaldiçoado: “tanta beleza, mas um povo tão ruim!”. Mas as pessoas esquecem que existem problemas gravíssimos em outros países que não existem aqui.

No Japão, na Coreia do Sul e na Bélgica, por exemplo, as taxas de suicídio são assustadoramente altas. Se fossem lugares maravilhosos de se viver as pessoas tirariam a própria vida? Nos Estados Unidos são muito frequentes assassinatos massivos com armas de fogo dentro de escolas realizados por crianças e adolescentes. Serão felizes essas crianças? No entanto você não ouve dizer que “o problema da Bélgica são os belgas” ou que “o problema dos Estados Unidos são as crianças norte-americanas”.

Ironicamente muitos estrangeiros discordam da ideia de que o problema do Brasil são os brasileiros, pois consideram o brasileiro um povo extraordinariamente criativo e alegre. Essa ideia também ignora coisas positivas que acontecem no nosso dia a dia.

Você sabia que no Brasil mais de 7 milhões de pessoas realizam algum tipo de trabalho voluntário? Provavelmente elas buscam fazer algo positivo para o seu país. Você lembra daquela professora que morreu salvando crianças de um incêndio na creche em Minas Gerais?

Será que todas essas pessoas são o problema do nosso país?

Por que então algumas pessoas pensam que o problema do Brasil são os brasileiros? Provavelmente por duas razões. A primeira é por que fazem uma generalização extrema. Dizer que o problema do Brasil são os brasileiros é o mesmo que dizer que todos os brasileiros são mau-caráter, golpistas e trapaceiros. Evidentemente essa ideia é completamente falsa.

Em segundo lugar, por que as pessoas fazem uma comparação entre o que os poderosos fazem (retirada de direitos, corrupção, lavagem de dinheiro…) e aquilo que o povo faz. É como se furar a fila do ônibus fosse o mesmo que desviar a verba da merenda escolar. Como se alterar em alguns reais o valor do recibo do lanche fosse o mesmo que ganhar auxílio-moradia de R$4.000 como os juízes brasileiros.

Mas será que se trata realmente do mesmo problema?

Na realidade, a maioria das contravenções que as pessoas comuns cometem no seu dia a dia são muito mais estratégias de sobrevivência do que atos equivalentes aos golpes milionários que aparecem na TV. Afinal, o brasileiro é antes de tudo um sobrevivente: sobreviveu ao colonialismo, à escravidão, à hiperinflação, ao desemprego, à fome… e para isso criou um modo de vida muito flexível. Podemos considerar moralmente errado, mas é basicamente um meio de sobreviver. O mesmo não se pode dizer dos poderosos. Por isso, é até engraçado pensar que o problema do Brasil é o brasileiro!

Mas a quem interessa a ideia de que o problema do Brasil são os brasileiros?

Essa ideia interessa a poderosos interesses estrangeiros, pois se nós somos o problema, a solução só poderia vir de fora. Assim, seria necessário entregar o patrimônio nacional para empresas estrangeiras pois eles saberiam como nos governar melhor. Por isso, é triste ouvir pessoas que se orgulham de vestir a camisa do Brasil dizerem que o problema do Brasil são os brasileiros.

Os poderosos setores que controlam o Estado brasileiro também se beneficiam dessa visão. Pois se o problema é o povo, a gente merece o governo, o Congresso, a polícia, e o judiciário que temos. Alguns grupos que não querem que o povo participe da política também disseminam essa visão, afirmando que a solução para o Brasil é o uso da força e da repressão. Pois se o povo é o problema, há que prendê-lo e impedi-lo de falar.

Dizer que o problema do Brasil é o brasileiro é o mesmo que dizer que o culpado da escravidão é o escravizado e não o senhor! É uma forma que alguns poucos encontraram para justificar injustiças de todo tipo.

Mas, ouça bem: Os brasileiros não são o problema, são a solução! O problema do Brasil não é o povo, é o Estado brasileiro e aqueles que o controlam. E para vencê-los é necessário conquistar a liberdade para eleger e ser eleito. É necessário conquistar a liberdade de fazer política, dentro das eleições e para além delas.

  • Amilton Sganzerla, filósofo de meia idade, morador de uma Porto já não tão Alegre

COMENTÁRIOS

12 respostas

  1. O problema do Brasil, definitivamente, NÃO são os brasileiros. No entanto, o amigo Sganzerla foi um tanto infeliz ao tentar botar panos quentes pros brasileiros que furam fila ou falsificam recibos. Chamar isso de estratégia de sobrevivência beira o maucaratismo. Esses brasileiros utilizam a corrupção no nível que lhes é possível e ouso dizer que, muito provavelmente, se estivessem na cadeira de um prefeito ou juiz, fariam simplesmente o mesmo que esses fazem. Cada um com o crime que sua posição social lhe confere.
    E daí, chegamos ao verdadeiro vilão, ao verdadeiro problema do Brasil: a desigualdade social. Enquanto seguirmos ensinando nossas crianças – independente da classe social – que recursos são escassos, que é preciso acumular para viver e/ou que nossa felicidade é simples questão de meritocracia, continuaremos criando monstros que causam(os), sim, um baita problema para o nosso Brasil.

    1. Concordo com você até a parte em que acho que alterar o valor de um recibo ou seja pequenas falcatruas é o mesmo que super faturar uma ponte, pois o mesmo se tivesse uma chance maior o faria, e para mim o problema é o brasileiro, por mais que a maioria não seja corrupta ainda assim existe uma grande porcentagem que é, senão não seria essa baderna. Agora a desigualdade social já é uma coisa que não da para mudar da noite pro dia, é uma coisa que vem da história desde muito tempo, claro teremos que melhorar os ensinos básicos, mas não só melhorar no sentido de qual curso vai dar mais dinheiro, qual é o do momento, não é necessário todo mundo virar médico, pode haver todas as profissões, pedreiro, pipoqueiro, vendedor de seja o que for, precisamos de todas elas, uma criança fica feliz sabendo que existe um vendedor de pipoca, e não precisa um filho ter vergonha, ou um pai falar que precisa dar ensino ao filho porque não quer que ele faça o mesmo na vida, todas as profissões são importantes, não é porque alguém é lixeiro, que você não vai querer que seu filho seja o mesmo, o problema esta em o dinheiro valer pouco, o salário não poder dar uma vida digna para essa pessoa, mas o que se tem que ensinar principalmente é o respeito, e caráter a tudo e a todos, com o verdadeiro amor ao próximo, na verdade tudo que vemos a respeito disso é tudo em cima da política. Claro que existe uma desigualdade para todo mundo ter um estudo descente para todos, mas uma certa desigualdade sempre vai existir, nem que seja menos, mais vai ter, porque tem uns que trabalham mais que outros, estudam mais, levantam mais cedo e várias outras coisas, e essa pessoas que acabam adquirindo mais vão ter outras oportunidades que sempre alguém não vai ter igual. A não ser que queira um país comunista em que tudo é igual, e fica todo mundo pobre.

  2. Boa Tarde muito bom mesmos até vou compartilhar ok grato

  3. Caro Amilton Sganzerla,

    quando alguém afirma que “o problema do Brasil são os brasileiros”, parece se tratar de uma generalização errônea como se nenhum ser humano de nacionalidade brasileira fosse bom. É claro que há muita gente boa de nacionalidade brasileira, muitos brasileiros têm consciência cívica. Muitas pessoas tendem a expressar opiniões generalizando, mesmo sem perceber que estão generalizando. Mas quando observamos e analisamos a sociedade brasileira “por um ângulo que permita visão panorâmica*” (figura de linguagem), nos é possível perceber que grande parte da população, às vezes, se comporta de forma indevida. É perceptível que muita gente no Brasil tem uma mentalidade inviável, muita gente não tem maturidade e nem bom senso. Muitas pessoas no Brasil têm uma cosmovisão que não contribui para o bem comum da população coletivamente. Ah, mas as pessoas fazem coisas que o senso comum mundial interpreta como moralmente erradas para conseguir sobreviver! Então, o que a sociedade brasileira necessita fazer é contestar o sistema vigente, o status quo no Brasil! A população necessita buscar a mudança, passar a funcionar num sistema melhor do que o atual. E, se o povo brasileiro não compreender que é necessário união, que a população seja menos individualista e mais unida, não veremos mudanças para melhor tão cedo! Ah, referente aos outros países, não existe país-paraíso na Terra! Todo país tem aspectos desagradáveis, é recomendável às pessoas que não criem expectativas fantasiosas!

    1. Concordo com você João, só tem uma coisa, infelizmente só melhoramos como indivíduos, esse coletivo só alcança quando só eu melhoro, quando eu melhoro as pessoas a minha volta melhoram também, é uma coisa de exemplo, as pessoas cobram isso e aquilo dos outros, cobram união, mas essa união tem dois lados, aquele que gosta de um time diferente do outro, e isso acaba complicando as coisas, vejo pessoas inteligentes de todos os lados cada um chamando o outro time de burro, com suas convicções e “certezas”, dizendo que leem isso estudam aquele outro. Os brasileiros tem muito a aprender, e vários outros países também, cada um tem seus tipos de defeito, mas uma coisa é certa a maioria das pessoas esta em busca da tal felicidade. Mas só vai descobrir quando ver que esta em Deus, e tudo e todos é Deus.

  4. Pelo teor percebi que é um porto alegrense saudoso dos tempos de PT, afinal criticou os “entreguistas”.
    Realmente, não mais tão alegre, local depauperado pela desgraça socialista da turminha dos sindicatos e DCEs regados à maconha. Necessário um Porto Alegre mais conservadora e reiniciada do zero.

  5. O problema do Brasil é sua elite, egoísta e desonesta.

    1. O problema não é elite não, eu não tenho inveja de gente rica, é só trabalhar e ficar rico, é simples, levanta bem cedo, estuda bastante, economiza, tem ótimas ideias e fica rica.
      O pobre é tão desonesto quanto qualquer um, ja conheci pessoas ricas muito bem educadas e que fazem muito pela sociedade. Vou dar um exemplo de rico e pobre, O rico pode ter um carro bem caro no trânsito e ter um cara devagar na frente dele, e ele pensar assim do outro que esta na frente, tira essa lata velha dai, já o pobre que fica rico tem maiores chances de ser um babaca desse jeito, não que pode não haver alguem rico de berço que talvez não acaba pensando assim, ou um pobre que ficou rico que é humilde e fica de boa. Em primeiro lugar porque acha que a elite é egoísta, acha que rico tem que dar aos pobres?

  6. A História (mentira) está equivocada. Brasileiro era o nome do contrabandista de Pau Brasil, que tornou-se na “xacota” Lusitana o apelido de brasileiro ou: traficante de pau-brasil, por ter tornado o contrabando uma profissão. Assim o profissional ilegal de pau-brasil foi chamado de Brasileiro e por isso mau visto na “Lusitânia”, pois não queriam ser chamados de traficantes. Brasileiros assim como: açougueiro, pedreiro, carpinteiro etc… e quem contrabandiava o pau-brasil que era o brasileiro. Eles preferiam ser chamados de Brasilianos que é o nome correto de quem nasce no Brasil.O índio chamava de Ibirapitanga. Bom… parente de Bucaneiro e sabemos porque se usa tapa olho…mas na internete não tem nada ainda que explique isso. Esquenta não, a maior parte das pessoas vão morrer sem saber que azeitona preta não é um tipo de azeitona, mas a azeitona verde que amadureceu.

  7. Cara, eu não concordo. Você comparou as falhas de caráter do povo com a corrupção dos políticos e depois veio querer justificar que as pessoas são trambiqueiras porque esse é um jeito que elas arranjaram de “sobreviver”. Não, isso não é verdade pois eu e meu marido também temos que sobreviver nesse meio e sempre fazemos as coisas certas. Isso é mau caratismo que está realmente enraizado na população. Não tem o que romantizar e nem justificar.

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