Ontem, domingo cedo, manhã fria de cimento em cidade grande, vi na rede imagem tão gelada, de mortes, do fotógrafo Mario Friedlander, que vive em local aquecido de sol. Terra entre voracidades, de fome de pedra, ele me aponta fotografia de altitude, expondo o projeto da terra plana daqueles que, cegos, governam.
Fiquei alguns segundos com o pulmão paralisado, creio que susto pára as ventas, prende ar quando entristecemos de repente, em demasia.
Tal bico de peito, de mulher linda deitada na terra, entre floresta plena, pluma verde na pele do chão, a mineração consome meu desejo em realidade torta, abrupta, que corta a carne como canivete. Violenta o solo dos sonhos, a alma, a paz na terra, amor possível que resta entre minha gente.
A imagem me recordou o desenho do arquiteto capital, Niemeyer que pensava em curvas nem tão santas, sedentas de um país em construção, concreta formosura.
Em 2021 tudo destrói o tesão que a natureza instigava em mim, meus companheiros de mata ou restinga, minha fé de mato e sal da terra. Há um deserto, dunas de ignorância e pecados entre homens que comandam atual momento insano, caminhos tortos entre os brasileiros, sua natureza.
De tudo talvez não reste nada, nem uma flor para romper o asfalto, o ódio.
Uma resposta
Falou tudo.